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A outra - Mary Kubica

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conseguido se não houvesse sido interrompida. É só uma

questão de tempo até eu tentar de novo.

Algumas noites, eu saía daquela casa e ficava na rua,

observando Will pela janela de sua própria casa. Na maioria

das noites, a luz da varanda ficava acesa, como um farol

para Sadie quando ela não estava lá. Isso me irritava. Ele

amava Sadie mais do que a mim. Eu odiava Sadie por isso. Eu

gritei com ela. Eu queria matá-la, eu a queria morta. Mas

não era tão fácil assim.

Enquanto eu estava na rua, via fumaça saindo da chaminé

para a noite, cinza contra o céu azul-marinho. Havia

abajures acesos dentro da casa. Um brilho amarelo preenchia

a janela, onde as cortinas se separavam formando um V

perfeito.

Tudo ali parecia um maldito cartão-postal.

Certa noite, fiquei olhando por aquela janela. Por um

segundo, fechei os olhos e me imaginei do outro lado com

ele. Em minha cabeça, eu agarrava seu suéter. Ele puxava

meu cabelo, pressionava sua boca contra a minha. Era

selvagem e feroz. Ele mordia meu lábio. Eu sentia gosto de

sangue.

Mas o barulho de um motor de carro me despertou. Abri

os olhos e vi o carro subindo a rua. Como a locomotiva azul

de Thomas e seus amigos, o desenho animado. Saí do caminho

e pulei na valeta, onde o motorista não pudesse me ver

espreitando nas sombras.

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