30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Continuo correndo. Quando chego às margens da cidade –

uma cidadezinha por excelência, com uma igreja metodista,

uma pousada, uma agência dos correios e vários lugares para

comer, incluindo uma sorveteria sazonal, coberta com

tapumes de madeira compensada nesta época do ano –,

começa a chover. O que inicia como uma garoa logo cai em

torrentes. Corro o mais rápido que minhas pernas aguentam

e entro em um café para esperar a tempestade passar.

Abro a porta e entro, pingando. Nunca estive aqui antes.

Este café é rústico e provinciano, o tipo de lugar onde os

velhos passam o dia, tomando café, reclamando da política

local e do clima.

A porta do café nem fechou ainda quando ouço uma

mulher perguntar:

— Alguém foi ao funeral de Morgan?

Essa mulher está sentada em uma cadeira bamba, de

encosto quebrado, no meio do salão, comendo bacon com

ovos.

— Pobre Je rey — diz ela, balançando a cabeça

tristemente. — Ele deve estar arrasado.

Ela pega uma caixinha de creme e enche seu café.

— É tudo tão horrível — acrescenta outra mulher.

É uma tropa de mulheres de meia-idade sentadas a uma

longa mesa de madeira ao lado da janela do café.

— É indizível — diz a mesma mulher.

Digo à dona que quero uma mesa para um, perto da

janela. Passa uma garçonete e pergunta o que desejo, e eu

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!