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A outra - Mary Kubica

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meu próprio jantar, lavava minha louça, ia dormir em um

horário razoável. Na maioria das noites, papai tomava uma

ou duas cervejas a caminho de casa; parava no bar quando

saía do trem e só voltava para casa quando eu já estava

dormindo. Eu o ouvia tropeçar pela casa, derrubar coisas, e,

na manhã seguinte, haveria uma bagunça para eu arrumar.

Eu mesma me inscrevi na faculdade. Morei sozinha em

um dormitório e depois em um apartamento pequeno. Tentei

viver com uma colega uma vez; não deu certo para mim.

Minha colega de quarto era descuidada e irresponsável,

entre outras coisas. Também era manipuladora, uma

completa cleptomaníaca.

Ela pegava recados telefônicos para mim, mas nunca os

dava. Fazia uma bagunça em nosso apartamento. Comia

minha comida, roubava dinheiro de minha carteira, cheques

de meu talão. Usava meu cartão de crédito para comprar

coisas para si. Ela negava, claro, mas eu olhava os extratos

bancários e encontrava cheques dados em lugares como

salões de beleza, lojas de departamento, saques. Quando pedi

ao banco que me apresentasse os cheques, pude ver

claramente que a letra não era minha.

Eu poderia ter dado queixa; mas, por algum motivo,

decidi não dar.

Ela pegava minhas roupas sem pedir. Devolvia tudo

amassado e sujo, às vezes manchado, cheirando a fumaça de

cigarro. Eu as encontrava penduradas em meu armário

assim. Quando lhe perguntava, ela olhava para minhas

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