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A outra - Mary Kubica

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Ele abre a porta para mim. Olho para ele e vejo como se

parece cada dia mais com Will. Agora que está mais velho, os

ângulos de seu rosto são mais acentuados. Não tem mais a

gordura de bebê para suavizar os contornos. Está cada dia

mais alto, finalmente curtindo o estirão que há tanto tempo

o ignora, mantendo-o baixinho enquanto os outros meninos

da escola crescem. Logo chegará à altura deles. Otto é bonito

como Will. Logo fará as meninas desmaiarem. Mas ele ainda

não sabe disso.

— Como foi seu dia? — pergunto.

Ele dá de ombros.

— Bem, eu acho.

É uma resposta indecisa. Aproveito a oportunidade:

— Acha? — pergunto, querendo mais.

Quero saber como foi o dia dele de verdade, se está se

dando bem com as outras crianças da escola, se gosta dos

professores, se está fazendo amigos. Como ele não diz nada,

cutuco:

— Em uma escala de um a dez, como você o classificaria?

É bobagem, uma dessas coisas que os médicos dizem

quando tentam medir a dor de um paciente. Otto dá de

ombros de novo e me diz que seu dia foi seis, o que

considera moderado, decente, um dia bom.

— Tem dever de casa?

— Um pouco.

— Precisa de ajuda?

Ele sacode a cabeça. Consegue fazer sozinho.

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