30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Geographic velha, no porão, que havia sido do avô de Mouse.

O pai dela tentara jogar fora as revistas quando o avô

morrera, mas Mouse não deixara. Para ela, eram fascinantes.

Mouse colou o mapa na parede de seu quarto com fita

adesiva. Ficou em pé na cama e encontrou a Cordilheira dos

Andes naquele mapa, desenhando um grande círculo ao

redor dela com uma caneta roxa. Ela apontou para o círculo

no mapa e disse a seu porquinho-da-índia – na gaiola dele,

no chão, ao lado de sua cama – que ele provinha dali. Mas

ela sabia que seu porquinho-da-índia não havia vindo da

Cordilheira dos Andes. Ele havia vindo de um pet shop.

Mamãe Falsa ficava sempre chamando Bert de porco. Ao

contrário de Mouse, ela não lera o livro sobre porquinhosda-índia.

Ela não entendia que Bert era um roedor, não um

porco, que nem era parente dos porcos. Ela não sabia que

eles só tinham esse nome porque guinchavam como porcos,

e porque, certa vez, alguém achou que eles pareciam porcos

– mas não eram. De jeito nenhum. Esse alguém, na opinião

de Mouse, estava errado.

Mouse, na sala, contou tudo isso a Mamãe Falsa. Ela não

queria parecer uma sabichona, mas Mouse sabia muitas

coisas. Ela conhecia grandes palavras, e era capaz de

encontrar lugares distantes em um mapa, e de dizer algumas

palavras em francês e chinês. Às vezes ela ficava tão

empolgada que não conseguia deixar de compartilhar tudo.

Porque ela não sabia o que uma garota de sua idade deveria

saber ou não, então, ela dizia tudo que sabia.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!