30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Mouse em geral trabalhava em casa, no aposento que

chamavam de escritório. Ele tinha outro escritório, em um

grande edifício em outro lugar que Mouse vira uma vez, mas

ele não ia trabalhar lá todos os dias como outros pais que ela

conhecia. Ele ficava em casa, no escritório, com a porta

fechada, conversando ao telefone com os clientes quase o dia

inteiro.

Mas, às vezes, ele tinha que ir ao outro escritório, como

no dia em que levara Mamãe Falsa para casa. E às vezes ele

tinha que ir embora. Então, ele ficava longe por dias.

Na noite em que Mamãe Falsa chegou em casa, ele entrou

sozinho. Deixou sua maleta ao lado da porta, pendurou seu

casaco no gancho. Agradeceu ao casal de idosos do outro

lado da rua por ficar de olho nela. Acompanhou-os até a

porta, com Mouse atrás.

Mouse e o pai ficaram observando-os atravessar a rua

devagar e voltar para casa. Parecia que era difícil. Parecia

doer. Mouse achava que não queria envelhecer.

Quando eles se foram, seu pai fechou a porta. Ele se virou

para Mouse e disse que tinha uma surpresa para ela; que ela

precisava fechar os olhos.

Mouse tinha certeza de que a surpresa era um

cachorrinho, aquele pelo qual ela implorava desde o dia em

que passaram pela vitrine do pet shop – grande, fofo e

branco. Na época, seu pai havia dito não, porque um

cachorrinho dava muito trabalho; mas, talvez houvesse

mudado de ideia. Ele fazia isso às vezes quando ela queria

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!