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A outra - Mary Kubica

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Will diz que vão construir alguma coisa com esses tijolos

minúsculos que eu encontro espalhados pela casa toda,

montar brinquedos e máquinas que se mexem.

— Tate mal pode esperar. E, além disso — diz ele,

voltando-se do espelho de frente para mim —, pode ser bom

para Otto, Imogen e você passarem algumas horas sozinhos.

Momento de conexão.

Eu resmungo, pois sei que não haverá conexão entre Otto,

Imogen e eu esta noite.

Passo por ele. Saio do banheiro e vou para o quarto. Will

me segue. Ele se senta na beira da cama para pôr suas meias

enquanto eu me visto.

Os dias estão ficando mais frios. O frio entra na clínica

pelas portas e janelas. As paredes são porosas, as portas da

clínica estão sempre se abrindo e fechando. Toda vez que um

paciente entra ou sai, o ar frio entra.

Reviro uma pilha de roupas em busca de um suéter

marrom, uma dessas coisas versáteis que vão bem com

quase tudo. O suéter não é meu; pertencia a Alice. Estava em

casa quando chegamos. É um suéter gostoso, gasto, e essa é

metade da razão de eu gostar dele. Está meio deformado,

cheio de bolinhas, tem uma gola larga com nervuras e

grandes bolsos, tipo avental, onde posso afundar as mãos.

Tem quatro botões de falsa madrepérola alinhados na frente,

e fica justo, porque Alice era menor que eu.

— Você viu meu suéter? — pergunto.

— Qual?

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