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A outra - Mary Kubica

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rodar. Suas vozes são silenciadas pelo som do ar soprando.

Não demora muito, trinta segundos, talvez; trinta segundos

de conversa que perco. Mas o ventilador se cala e as vozes se

elevam. Suas palavras voltam para mim.

— O que você fez… — Ele suspira, sacudindo a cabeça.

— Eu estava fora de mim — admite ela. — Meu

temperamento tomou conta de mim, Je . Eu estava com

raiva. Você não pode me culpar por estar com raiva.

Ela está chorando agora, mas é mais um choramingo que

qualquer outra coisa, um choro suave que não produz

lágrimas. É manipulador. Ela está tentando ganhar

comiseração.

Não consigo desviar os olhos.

Ele fica calado por um minuto. Os dois estão calados.

Então, ele diz com voz leve como uma pena:

— Sempre odiei ver você chorar.

Ele amolece. Ambos amolecem.

Ele acaricia os cabelos dela pela segunda vez. Agora, ela

se inclina para a mão dele; não o afasta. Ela se aproxima

dele. Os braços dele envolvem a parte inferior das costas

dela. Ele a atrai para si. Ela passa os braços pelo pescoço

dele, deixando a cabeça cair em seu ombro. Por um instante,

ela fica calma. Eles são quase da mesma altura. Não posso

deixar de ver como se abraçam. Porque o que era selvagem e

cruel apenas alguns segundos atrás agora é estranhamente

doce.

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