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A outra - Mary Kubica

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considerando a possibilidade de que não estejam juntos. De

que ela tenha saído do prédio e ele ido ao banheiro.

Mas vejo um movimento. Ele levanta as mãos

bruscamente quando ela o empurra.

Eles estão escondidos no canto mais distante da sala.

Je rey está apoiado na parede. Ele estende a mão para

acariciar os cabelos dela, mas ela o afasta de novo, tão forte

que ele recolhe a mão contra si como se estivesse ferido.

A ex-mulher dá um tapa no rosto de Je rey nesse

momento. Encolho-me, voltando para a porta como se eu

mesma houvesse sido atingida. A cabeça dele vira

bruscamente para a direita e depois volta para o centro.

Prendo a respiração, pois ela levanta a voz e eu ouço essas

palavras mais altas que o resto.

— Não estou arrependida do que fiz — confessa ela. —

Ela tirou tudo de mim, Je . Tudo, e me deixou sem nada.

Você não pode me culpar por tentar recuperar o que é meu.

— Ela espera um pouco antes de acrescentar: — Não

lamento que ela esteja morta.

Je rey a pega pelo pulso. Eles se entreolham. Movem a

boca, mas as vozes são baixas. Não consigo ouvir o que

dizem. Mas posso imaginar, e o que imagino é odioso e

mordaz.

Com cuidado, adentro a sala mais um passo. Prendo a

respiração, aguço a atenção, tento desesperadamente

entender o que eles dizem. No começo, só capto frases como

não vai contar e nunca vai saber. Um ventilador começa a

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