30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

chorando. Ela me diz que é mãe de Morgan e me pergunta

quem sou.

— Sadie — digo —, uma vizinha. Meus sentimentos.

A mulher é vinte ou trinta anos mais velha que eu. Seu

cabelo é cinza e sua pele, um mapa de rugas. Está elegante,

com um vestido preto abaixo dos joelhos. Sua mão está fria,

e, quando ela aperta a minha, sinto o lenço entre nossas

mãos.

— Foi muito gentil de sua parte vir — diz ela. — Fico

feliz de saber que minha Morgan tinha amigos.

Empalideço, porque é claro que não éramos amigas. Mas

sua mãe enlutada não precisa saber disso.

— Ela era uma mulher adorável — digo, por falta de

coisa melhor para dizer.

Je rey está um metro e meio mais atrás, conversando

com um casal de idosos. Verdade seja dita, ele parece

entediado. Não demonstra a mesma tristeza que a mãe de

Morgan mostra abertamente. Ele não chora. Não chorar é

uma coisa masculina, entendo. E a dor pode se manifestar de

várias maneiras além do choro. Raiva, descrença. Mas não

vejo nada disso em Je rey quando ele dá um tapinha nas

costas do velho e solta uma risada.

Eu nunca estive tão perto dele antes. Nunca dei uma boa

olhada nele, até agora. Je rey é um homem polido, alto e

refinado, com fartos cabelos escuros penteados para trás.

Suas feições são sombrias, seus olhos se escondem atrás de

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!