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A outra - Mary Kubica

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Passei direto pelo carro de polícia estacionado na frente

da escola. Nem pensei nisso.

Mas, então, ao ver Otto sentado na cadeira, algemado, a

mamãe ursa que há dentro de mim despertou

imediatamente. Acho que nunca fiquei tão furiosa em toda

minha vida. Tire isso dele agora mesmo, ordenei. Você não tem

o direito, disse, mas, se o policial tinha o direito ou não, eu

não sabia. Ele estava a poucos centímetros de Otto, olhando

para o garoto cujos olhos estavam grudados no chão, a

cabeça inclinada para a frente, os braços estranhamente

amarrados para trás, de modo que não conseguia se sentar

direito. Otto parecia tão pequeno na cadeira, desamparado e

frágil. Aos catorze anos, ele ainda não havia passado pelo

mesmo estirão de crescimento que outros meninos de sua

idade. Era uma cabeça mais baixo que a maioria deles, e duas

vezes mais magro. Embora Will e eu estivéssemos ali com

ele, Otto estava sozinho. Totalmente sozinho. Qualquer um

podia ver isso. E isso partiu meu coração.

O diretor da escola estava do outro lado de uma grande

mesa, sombrio.

Sr. e sra. Foust, disse, levantando-se e estendendo a mão

para nos cumprimentar. Uma mão que Will e eu ignoramos.

Doutora, corrigi-o. O policial deu um sorriso malicioso.

O saco de evidências no canto da mesa do diretor, como

eu logo soube, continha uma faca. E não uma faca qualquer:

uma faca de chef, de vinte centímetros, do jogo premiado de

Will, roubada naquela manhã do suporte que ficava no canto

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