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A outra - Mary Kubica

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Ver a faca na mão dele me faz perder o apetite.

— Não está com fome? — pergunta Will ao ver que não

estou comendo.

Não respondo à pergunta dele. Em vez disso, pego o garfo

e levo um pedaço de carne à boca. As lembranças voltam, e

mal consigo mastigar.

Mas mastigo, porque Will está me observando, assim

como Tate. Tate, que não gosta de costeletas de porco.

Temos a regra das três mordidas em casa. Depois de três

mordidas, você pode deixar de comer. Ele só deu uma.

Otto, por outro lado, come vorazmente, cortando a carne

como um lenhador.

Eu nunca pensei muito em facas antes. Eram apenas

talheres. Isso até o dia em que Will e eu entramos na sala do

diretor da escola pública de Otto em Chicago e lá estava meu

filho, sentado em uma cadeira, de costas para nós,

algemado. Foi chocante ver meu filho com as mãos presas às

costas como um criminoso comum. Will havia recebido uma

ligação do diretor dizendo que havia um problema na escola

e que precisávamos conversar. Eu interrompi meu turno no

pronto-socorro. Enquanto me dirigia sozinha para a escola

para encontrar Will lá, eu pensava em uma reprovação ou

em sinais negligenciados de uma dificuldade de

aprendizagem que ainda não conhecíamos. Talvez Otto fosse

disléxico. A ideia de Otto enfrentando um problema me

entristeceu. Eu queria ajudar.

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