30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— Quero brincar de estátua — geme.

Mas eu digo:

— Vamos montar Lego. Depois do jantar, prometo.

Vejo o castelo que ele já começou a criar, completo, com

torre e guarita. É impressionante. Há um miniboneco

sentado no alto da torre, vigiando, enquanto outros três

estão na mesinha, prontos para atacar.

— Você fez isso sozinho? — pergunto.

Tate diz que sim, sorrindo orgulhosamente enquanto eu

subo a escada para me trocar.

A casa está na penumbra. Além da escassez de janelas, e,

portanto, de iluminação natural, a casa é revestida com

painéis de madeira antigos, o que escurece tudo. É sombria.

Não ajuda em nada a mudar nosso humor, especialmente em

dias como este, que são bem deprimentes.

No andar de cima, encontro a porta do quarto de Otto

encostada. Ele está ali, como sempre, ouvindo música e

fazendo a lição de casa. Bato na porta e grito um olá.

— Oi — responde ele.

Fico imaginando como terá sido o trajeto de Otto para a

escola, se ele ficou com a roupa molhada o dia todo; deve ter

se encharcado para ir da balsa até o ônibus da escola, do

outro lado; se ele se sentou com alguém no almoço. Eu

poderia lhe perguntar, mas a verdade é que prefiro não saber

a resposta. Como dizem, a ignorância é uma bênção.

A porta de Imogen está aberta. Espio, mas ela não está no

quarto.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!