30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Tenho que desviar os olhos, porque seu olhar é tão

intenso que me penetra.

E, então, ele me puxa para si e me abraça, e, dessa vez, eu

permito.

Ele leva os lábios a meu ouvido e sussurra:

— Pode acreditar, há momentos em que agradeço a Deus

pelas coisas terem acontecido assim, porque, senão, talvez

eu nunca houvesse conhecido você.

Não há nada a dizer sobre isso. Não posso dizer que

também estou feliz por ela ter morrido. Que tipo de pessoa

eu seria? Depois de um minuto, recuo. Will volta para o

fogão. Ele segura o pegador, vira as costeletas de porco na

frigideira. Aviso que vou subir rapidinho para me trocar.

Na sala de estar, Tate está brincando com Lego na

mesinha de centro. Digo olá, e ele se levanta do chão e me

aperta com força, gritando:

— Mamãe chegou!

Pede-me para brincar com ele.

— Depois do jantar — prometo. — Mamãe vai se trocar.

Mas, antes que eu possa ir, ele puxa minha mão,

gritando:

— Estátua, estátua!

Não sei o que ele quer dizer com estátua, mas estou

cansada demais para que ele fique me puxando. Ele não faz

por mal, mas me puxa forte. Machuca minha mão.

— Tate, devagar — digo, e retiro minha mão da dele.

Ele faz beicinho.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!