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A outra - Mary Kubica

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que o sr. Nilsson afirmou que me viu discutindo com Morgan

nos dias anteriores à morte dela.

Mas também tenho consciência suficiente para saber que,

se eu fizer isso, poderá parecer impetuoso – ameaçador,

inclusive –, e essa não é a impressão que quero dar.

Dou a volta no quarteirão e vou para casa.

Momentos depois, estou só na cozinha, espiando por

baixo da tampa de uma frigideira para ver o que Will está

fazendo para o jantar. Costeletas de porco. O cheiro é divino.

Estou ali em pé, com os sapatos ainda nos pés e a bolsa a

tiracolo. A bolsa é pesada. A tira entra profundamente em

minha pele, mas eu mal sinto seu peso, porque é meu

estômago que dói mais. Estou com fome, totalmente

faminta. O dia foi tão corrido que nem tive tempo de

almoçar.

Sem uma palavra, Will entra na cozinha e se enrosca em

mim por trás. Aninha o queixo em meu ombro. Desliza suas

mãos quentes sob a parte de baixo de minha blusa,

envolvendo-me. Desliza o polegar para cima e para baixo em

meu umbigo, tocando-me como se eu fosse uma guitarra.

Fico tensa com o toque dele.

— Como foi seu dia? — pergunta ele.

Penso no tempo em que os braços de Will em volta de

mim me faziam sentir segura, invulnerável e amada. Por um

momento, só o que quero é virar e ficar de frente para ele,

descarregar meu triste dia de trabalho e o confronto com o

policial Berg. Mas eu sei exatamente o que aconteceria se eu

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