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A outra - Mary Kubica

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vermelhas?

O ranho escorre de seu nariz, seus olhos estão meio

vidrados, como se ela estivesse febril, e não preciso pensar

muito para saber por que ela está ali. Ela é minha paciente.

Foi me ver. Ela tosse forte, esquecendo de cobrir a boca. As

crianças sempre fazem isso.

— Você faz assim — diz ela, enquanto com sua mão suja

e cheia de germes pega uma fileira de contas amarelas e as

conduz pela subida, pela espiral amarela. — Você faz assim

— diz quando as contas por fim chegam ao outro lado e ela

as solta.

Ela leva as mãos aos quadris e olha para mim, de novo

com expectativa.

Sorrio para a garota e começo a empurrar as contas

vermelhas.

Mas, antes que elas cheguem longe, ouço alguém sibilar

dra. Foust atrás de mim. É a voz de uma mulher, claramente

irritada.

— O que está fazendo aí, dra. Foust?

Eu me volto e vejo Joyce atrás de mim. Sua postura é

ereta e sua expressão, firme. Ela diz que meu paciente das

onze já chegou, que está me esperando na sala de exames

três. Levanto-me lentamente, sacudo minhas pernas rígidas.

Não faço ideia de por que achei que seria uma boa me sentar

no chão e brincar com a garotinha. Digo a ela que tenho que

voltar ao trabalho, que talvez possamos brincar de novo

mais tarde, e a garota sorri timidamente para mim. Ela não

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