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Momentos da Verdade

O mistério da história não é completamente escuro, pois é um véu que oculta apenas parcialmente a atividade criadora e as forças espirituais e a operação das leis espirituais. É comum dizer que o sangue dos mártires é a semente da Igreja, mas o que estamos afirmando é simplesmente que os atos individuais de decisão espiritual dão frutos sociais... Pois as grandes mudanças culturais e revoluções históricas que decidem o destino das nações ou o caráter de uma época são o resultado cumulativo de uma série de decisões espirituais... a fé e o discernimento, ou a recusa e cegueira, dos indivíduos. Ninguém pode pôr o dedo no último ato espiritual que inclina o equilíbrio e faz com que a ordem externa da sociedade assuma uma nova forma...

O mistério da história não é completamente escuro, pois é um véu que oculta apenas parcialmente a atividade criadora e as forças espirituais e a operação das leis espirituais. É comum dizer que o sangue dos mártires é a semente da Igreja, mas o que estamos afirmando é simplesmente que os atos individuais de decisão espiritual dão frutos sociais... Pois as grandes mudanças culturais e revoluções históricas que decidem o destino das nações ou o caráter de uma época são o resultado cumulativo de uma série de decisões espirituais... a fé e o discernimento, ou a recusa e cegueira, dos indivíduos. Ninguém pode pôr o dedo no último ato espiritual que inclina o equilíbrio e faz com que a ordem externa da sociedade assuma uma nova forma...

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<strong>Momentos</strong> <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong>de<br />

perigo, ele próprio acudiria em seu auxílio. Ouvindo acerca <strong>da</strong> prisão do reformador, o<br />

fiel discípulo imediatamente se preparou para cumprir a promessa. Sem salvo-conduto,<br />

com um único companheiro, partiu para Constança. Ali chegando, convenceu-se de que<br />

apenas se havia exposto ao perigo, sem a possibili<strong>da</strong>de de fazer qualquer coisa para o<br />

livramento de Huss. Fugiu <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, mas foi preso em viagem para casa e conduzido de<br />

volta em ferros, sob a guar<strong>da</strong> de um grupo de sol<strong>da</strong>dos. Ao seu primeiro aparecimento<br />

perante o concílio, as tentativas de Jerônimo para responder às acusações apresenta<strong>da</strong>s<br />

contra ele eram defronta<strong>da</strong>s com clamores: “Às chamas! Que vá às chamas!” -<br />

Bonnechose. Foi lançado numa masmorra, acorrentado em posição que lhe causava<br />

grande sofrimento e alimentado a pão e água. Depois de alguns meses, as cruel<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />

prisão causaram-lhe uma enfermi<strong>da</strong>de que lhe pôs em perigo a vi<strong>da</strong>, e seus inimigos,<br />

receosos de que ele se lhes pudesse escapar, trataram-no com menos severi<strong>da</strong>de, posto<br />

que permanecesse na prisão durante um ano.<br />

A morte de Huss não deu os resultados que os sectários de Roma haviam esperado. A<br />

violação do salvo-conduto suscitara uma tempestade de indignação, e como meio mais<br />

seguro de agir, o concílio decidiu, em vez de queimar a Jerônimo, obrigá-lo, sendo<br />

possível, a retratar-se. Foi levado perante a assembléia e ofereceuse-lhe a alternativa de<br />

renunciar, ou morrer na fogueira. A morte, no início de sua prisão, teria sido uma<br />

misericórdia, à vista dos terríveis sofrimentos por que passara; mas agora, enfraquecido<br />

pela moléstia, pelos rigores do cárcere e pela tortura <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong>de e apreensão, separado<br />

dos amigos e desanimado pela morte de Huss, a fortaleza de Jerônimo cedeu, e ele<br />

consentiu em submeter-se ao concílio. Comprometeu-se a aderir à fé católica, e aceitou a<br />

ação do concílio ao condenar as doutrinas de Wycliffe e Huss, exceção feita, contudo, <strong>da</strong>s<br />

“santas ver<strong>da</strong>des” que tinham ensinado. -Bonnechose.<br />

Por este expediente Jerônimo se esforçou por fazer silenciar a voz <strong>da</strong> consciência e<br />

escapar <strong>da</strong> condenação. Mas, na solidão do calabouço,viu mais claramente o que havia<br />

feito. Pensou na coragem e fideli<strong>da</strong>de de Huss, e em contraste refletiu em sua própria<br />

negação <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de. Pensou no divino Mestre a quem se comprometera a servir, e que<br />

por amor dele suportara a morte de cruz. Antes de sua retratação encontrara conforto, em<br />

todos os sofrimentos, na certeza do favor de Deus; mas agora o remorso e a dúvi<strong>da</strong> lhe<br />

torturavam a alma. Sabia que ain<strong>da</strong> outras retratações haveria a fazer antes que pudesse<br />

estar em paz com Roma. O caminho em que estava entrando apenas poderia terminar em<br />

completa apostasia. Sua resolução estava toma<strong>da</strong>: não negaria ao Senhor para escapar de<br />

um breve período de sofrimento.<br />

Logo foi ele novamente levado perante o concílio. Sua submissão não satisfizera aos<br />

juízes. Sua sede de sangue, aguça<strong>da</strong> pela morte de Huss, clamava por novas vítimas.<br />

Apenas renunciando à ver<strong>da</strong>de, sem reservas, poderia Jerônimo preservar a vi<strong>da</strong>.<br />

Decidira-se, porém, a confessar sua fé e seguir às chamas seu irmão mártir. Renunciou à

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