Momentos da Verdade
O mistério da história não é completamente escuro, pois é um véu que oculta apenas parcialmente a atividade criadora e as forças espirituais e a operação das leis espirituais. É comum dizer que o sangue dos mártires é a semente da Igreja, mas o que estamos afirmando é simplesmente que os atos individuais de decisão espiritual dão frutos sociais... Pois as grandes mudanças culturais e revoluções históricas que decidem o destino das nações ou o caráter de uma época são o resultado cumulativo de uma série de decisões espirituais... a fé e o discernimento, ou a recusa e cegueira, dos indivíduos. Ninguém pode pôr o dedo no último ato espiritual que inclina o equilíbrio e faz com que a ordem externa da sociedade assuma uma nova forma... O mistério da história não é completamente escuro, pois é um véu que oculta apenas parcialmente a atividade criadora e as forças espirituais e a operação das leis espirituais. É comum dizer que o sangue dos mártires é a semente da Igreja, mas o que estamos afirmando é simplesmente que os atos individuais de decisão espiritual dão frutos sociais... Pois as grandes mudanças culturais e revoluções históricas que decidem o destino das nações ou o caráter de uma época são o resultado cumulativo de uma série de decisões espirituais... a fé e o discernimento, ou a recusa e cegueira, dos indivíduos. Ninguém pode pôr o dedo no último ato espiritual que inclina o equilíbrio e faz com que a ordem externa da sociedade assuma uma nova forma...
Momentos da Verdade espirituais que ela professa conferir. Na ocasião de um jubileu, foi à confissão, pagou as últimas poucas moedas de seus minguados recursos, e tomou parte nas procissões, a fim de poder participar da absolvição prometida. Depois de completar o curso colegial, entrou para o sacerdócio e, atingindo rapidamente à eminência, foi logo chamado à corte do rei. Tornou-se também professor e mais tarde reitor da Universidade em que recebera educação. Em poucos anos o humilde estudante, que de favor se educara, tornou-se o orgulho de seu país e seu nome teve fama em toda a Europa. Foi, porém, em outro campo que Huss começou a obra da reforma. Vários anos após haver recebido a ordenação sacerdotal, foi nomeado pregador da capela de Belém. O fundador desta capela defendera, como assunto de grande importância, a pregação das Escrituras na língua do povo. Apesar da oposição de Roma a esta prática, ela não se interrompeu completamente na Boêmia. Havia, porém, grande ignorância das Escrituras, e os piores vícios prevaleciam entre o povo de todas as classes. Estes males Huss denunciou largamente, apelando para a Palavra de Deus a fim de encarecer os princípios da verdade e pureza por ele pregados. Um cidadão de Praga, Jerônimo, que depois se tornou intimamente ligado a Huss, trouxera consigo, ao voltar da Inglaterra, os escritos de Wycliffe. A rainha da Inglaterra, que se convertera aos ensinos de Wycliffe, era uma princesa boêmia, e por sua influência as obras do reformador foram também amplamente divulgadas em seu país natal. Estas obras lera-as Huss com interesse; cria que seu autor era cristão sincero e inclinava-se a considerar favoravelmente as reformas que advogava. Huss, conquanto não o soubesse, entrara já em caminho que o levaria longe de Roma. Por esse tempo chegaram a Praga dois estrangeiros da Inglaterra, homens de saber, que tinham recebido a luz, e haviam chegado para espalhá-la naquela terra distante. Começando com um ataque aberto à supremacia do papa, foram logo pelas autoridades levados a silenciar; mas, não estando dispostos a abandonar seu propósito, recorreram a outras medidas. Sendo artistas, bem como pregadores, prosseguiam pondo em prática a sua habilidade. Em local franqueado ao público pintaram dois quadros. Um representava a entrada de Cristo em Jerusalém, “manso, e assentado sobre uma jumenta” (Mateus 21:5), e seguido de Seus discípulos, descalços e com trajes gastos pelas viagens. O outro estampava uma procissão pontifical: o papa adornado com ricas vestes e tríplice coroa, montando cavalo, magnificamente adornado, precedido de trombeteiros, e seguido pelos cardeais e prelados em deslumbrante pompa. Ali estava um sermão que prendeu a atenção de todas as classes. Multidões vieram contemplar os desenhos. Ninguém deixara de compreender a moral, e muitos ficaram profundamente impressionados pelo contraste entre a mansidão e humildade de Cristo, o Mestre, e o orgulho e arrogância do papa, Seu servo professo. Houve grande comoção em
Momentos da Verdade Praga, e os estrangeiros, depois de algum tempo, acharam necessário partir, para sua própria segurança. Mas a lição que haviam ensinado não ficou esquecida. Os quadros causaram profunda impressão no espírito de Huss, levando-o a um estudo mais acurado da Bíblia e dos escritos de Wycliffe. Embora ainda não estivesse preparado para aceitar todas as reformas defendidas por Wycliffe, via mais claramente o verdadeiro caráter do papado, e com maior zelo denunciava o orgulho, a ambição e corrupção da hierarquia. Da Boêmia a luz estendeu-se à Alemanha, pois perturbações havidas na Universidade de Praga determinaram a retirada de centenas de estudantes alemães. Muitos deles tinham recebido de Huss seu primeiro conhecimento da Escritura Sagrada e, ao voltarem, espalharam o evangelho em sua pátria. Notícias da obra em Praga foram levadas a Roma, e Huss foi logo chamado a comparecer perante o papa. Obedecer seria expor-se à morte certa. O rei e a rainha da Boêmia, a Universidade, membros da nobreza e oficiais do governo, uniram-se num apelo ao pontífice para que fosse permitido a Huss permanecer em Praga e responder a Roma por meio de delegação. Em vez de atender a este pedido, o papa procedeu ao processo e condenação de Huss, declarando então achar-se interditada a cidade de Praga. Naquela época, esta sentença, quando quer que fosse pronunciada, despertava geral alarma. As cerimônias que a acompanhavam, eram de molde a encher de terror ao povo que considerava o papa como representante do próprio Deus, tendo as chaves do Céu e do inferno, e possuindo poder para invocar juízos temporais bem como espirituais. Acreditava-se que as portas do Céu se fechavam contra a região atingida pelo interdito; que,até que o papa fosse servido remover a excomunhão, os mortos eram excluídos das moradas da bemaventurança. Como sinal desta terrível calamidade, suspendiam-se todos os cultos. As igrejas foram fechadas. Celebravam-se os casamentos no pátio da igreja. Os mortos, negando-se-lhes sepultamento em terreno consagrado, eram, sem os ritos fúnebres, inumados em fossos ou no campo. Assim, por meio de medidas que apelavam para a imaginação, Roma buscava dirigir a consciência dos homens. A cidade de Praga encheu-se de tumulto. Uma classe numerosa denunciou Huss como a causa de todas as suas calamidades, e rogaram fosse ele entregue à vingança de Roma. Para acalmar a tempestade, o reformador retirou-se por algum tempo à sua aldeia natal. Escrevendo aos amigos que deixara em Praga, disse: “Se me retirei do meio de vós, foi para seguir o preceito e exemplo de Jesus Cristo, a fim de não dar lugar aos malintencionados para atraírem sobre si a condenação eterna, e a fim de não ser para os piedosos causa de aflição e perseguição. Retirei-me também pelo receio de que os sacerdotes ímpios pudessem continuar por mais tempo a proibir a pregação da Palavra de Deus entre vós; mas não vos deixei para negar a verdade divina, pela qual, com o auxílio de Deus, estou disposto a morrer.” -Os Reformadores Antes da Reforma, de Bonnechose. Huss não cessou seus labores, mas viajou pelo território circunjacente, pregando a ávidas
- Page 19 and 20: Momentos da Verdade Durante século
- Page 21 and 22: Momentos da Verdade fosse sacrifica
- Page 23 and 24: Momentos da Verdade dos habitantes
- Page 25 and 26: Momentos da Verdade agora as advert
- Page 27 and 28: Momentos da Verdade Não podemos sa
- Page 29 and 30: Momentos da Verdade Capitulo 2 - Fo
- Page 31 and 32: Momentos da Verdade de vencedores.
- Page 33 and 34: Momentos da Verdade haviam sido seu
- Page 35 and 36: Momentos da Verdade Há outra quest
- Page 37 and 38: Momentos da Verdade rejeitado a Cri
- Page 39 and 40: Momentos da Verdade semiconversos,
- Page 41 and 42: Momentos da Verdade obra. Como os e
- Page 43 and 44: Momentos da Verdade abertamente o p
- Page 45 and 46: Momentos da Verdade Capitulo 4 - Um
- Page 47 and 48: Momentos da Verdade destas igrejas
- Page 49 and 50: Momentos da Verdade Os pais, ternos
- Page 51 and 52: Momentos da Verdade Nas escolas aon
- Page 53 and 54: Momentos da Verdade infinito de Cri
- Page 55 and 56: Momentos da Verdade fosse permitido
- Page 57 and 58: Momentos da Verdade Capitulo 5 - Ca
- Page 59 and 60: Momentos da Verdade Outro mal contr
- Page 61 and 62: Momentos da Verdade dinheiro do rei
- Page 63 and 64: Momentos da Verdade Cumpriram-se as
- Page 65 and 66: Momentos da Verdade “Em verdade m
- Page 67 and 68: Momentos da Verdade faculdades. Exp
- Page 69: Momentos da Verdade Capitulo 6 - Do
- Page 73 and 74: Momentos da Verdade ser dada ao mun
- Page 75 and 76: Momentos da Verdade tua alma; e, ac
- Page 77 and 78: Momentos da Verdade forma piramidal
- Page 79 and 80: Momentos da Verdade abjuração ant
- Page 81 and 82: Momentos da Verdade alegria e paz.
- Page 83 and 84: Momentos da Verdade Os líderes pap
- Page 85 and 86: Momentos da Verdade Capitulo 7 - Co
- Page 87 and 88: Momentos da Verdade Todo momento qu
- Page 89 and 90: Momentos da Verdade senão as que s
- Page 91 and 92: Momentos da Verdade Entra Lutero, e
- Page 93 and 94: Momentos da Verdade majestade do pa
- Page 95 and 96: Momentos da Verdade aumentam suas a
- Page 97 and 98: Momentos da Verdade ficou opresso d
- Page 99 and 100: Momentos da Verdade Assim escreveu
- Page 101 and 102: Momentos da Verdade A oposição é
- Page 103 and 104: Momentos da Verdade Quando em Worms
- Page 105 and 106: Momentos da Verdade levantou naquel
- Page 107 and 108: Momentos da Verdade mãos’; isto
- Page 109 and 110: Momentos da Verdade interdito, sepa
- Page 111 and 112: Momentos da Verdade tímidas e resp
- Page 113 and 114: Momentos da Verdade disse calmament
- Page 115 and 116: Momentos da Verdade pais. Quando o
- Page 117 and 118: Momentos da Verdade Depois de sua p
- Page 119 and 120: Momentos da Verdade confiar em si p
<strong>Momentos</strong> <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong>de<br />
espirituais que ela professa conferir. Na ocasião de um jubileu, foi à confissão, pagou as<br />
últimas poucas moe<strong>da</strong>s de seus minguados recursos, e tomou parte nas procissões, a fim<br />
de poder participar <strong>da</strong> absolvição prometi<strong>da</strong>. Depois de completar o curso colegial, entrou<br />
para o sacerdócio e, atingindo rapi<strong>da</strong>mente à eminência, foi logo chamado à corte do rei.<br />
Tornou-se também professor e mais tarde reitor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de em que recebera<br />
educação. Em poucos anos o humilde estu<strong>da</strong>nte, que de favor se educara, tornou-se o<br />
orgulho de seu país e seu nome teve fama em to<strong>da</strong> a Europa.<br />
Foi, porém, em outro campo que Huss começou a obra <strong>da</strong> reforma. Vários anos após<br />
haver recebido a ordenação sacerdotal, foi nomeado pregador <strong>da</strong> capela de Belém. O<br />
fun<strong>da</strong>dor desta capela defendera, como assunto de grande importância, a pregação <strong>da</strong>s<br />
Escrituras na língua do povo. Apesar <strong>da</strong> oposição de Roma a esta prática, ela não se<br />
interrompeu completamente na Boêmia. Havia, porém, grande ignorância <strong>da</strong>s Escrituras,<br />
e os piores vícios prevaleciam entre o povo de to<strong>da</strong>s as classes. Estes males Huss<br />
denunciou largamente, apelando para a Palavra de Deus a fim de encarecer os princípios<br />
<strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de e pureza por ele pregados.<br />
Um ci<strong>da</strong>dão de Praga, Jerônimo, que depois se tornou intimamente ligado a Huss,<br />
trouxera consigo, ao voltar <strong>da</strong> Inglaterra, os escritos de Wycliffe. A rainha <strong>da</strong> Inglaterra,<br />
que se convertera aos ensinos de Wycliffe, era uma princesa boêmia, e por sua influência<br />
as obras do reformador foram também amplamente divulga<strong>da</strong>s em seu país natal. Estas<br />
obras lera-as Huss com interesse; cria que seu autor era cristão sincero e inclinava-se a<br />
considerar favoravelmente as reformas que advogava. Huss, conquanto não o soubesse,<br />
entrara já em caminho que o levaria longe de Roma.<br />
Por esse tempo chegaram a Praga dois estrangeiros <strong>da</strong> Inglaterra, homens de saber,<br />
que tinham recebido a luz, e haviam chegado para espalhá-la naquela terra distante.<br />
Começando com um ataque aberto à supremacia do papa, foram logo pelas autori<strong>da</strong>des<br />
levados a silenciar; mas, não estando dispostos a abandonar seu propósito, recorreram a<br />
outras medi<strong>da</strong>s. Sendo artistas, bem como pregadores, prosseguiam pondo em prática a<br />
sua habili<strong>da</strong>de. Em local franqueado ao público pintaram dois quadros. Um representava<br />
a entra<strong>da</strong> de Cristo em Jerusalém, “manso, e assentado sobre uma jumenta” (Mateus<br />
21:5), e seguido de Seus discípulos, descalços e com trajes gastos pelas viagens. O outro<br />
estampava uma procissão pontifical: o papa adornado com ricas vestes e tríplice coroa,<br />
montando cavalo, magnificamente adornado, precedido de trombeteiros, e seguido pelos<br />
cardeais e prelados em deslumbrante pompa.<br />
Ali estava um sermão que prendeu a atenção de to<strong>da</strong>s as classes. Multidões vieram<br />
contemplar os desenhos. Ninguém deixara de compreender a moral, e muitos ficaram<br />
profun<strong>da</strong>mente impressionados pelo contraste entre a mansidão e humil<strong>da</strong>de de Cristo, o<br />
Mestre, e o orgulho e arrogância do papa, Seu servo professo. Houve grande comoção em