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Momentos da Verdade

O mistério da história não é completamente escuro, pois é um véu que oculta apenas parcialmente a atividade criadora e as forças espirituais e a operação das leis espirituais. É comum dizer que o sangue dos mártires é a semente da Igreja, mas o que estamos afirmando é simplesmente que os atos individuais de decisão espiritual dão frutos sociais... Pois as grandes mudanças culturais e revoluções históricas que decidem o destino das nações ou o caráter de uma época são o resultado cumulativo de uma série de decisões espirituais... a fé e o discernimento, ou a recusa e cegueira, dos indivíduos. Ninguém pode pôr o dedo no último ato espiritual que inclina o equilíbrio e faz com que a ordem externa da sociedade assuma uma nova forma...

O mistério da história não é completamente escuro, pois é um véu que oculta apenas parcialmente a atividade criadora e as forças espirituais e a operação das leis espirituais. É comum dizer que o sangue dos mártires é a semente da Igreja, mas o que estamos afirmando é simplesmente que os atos individuais de decisão espiritual dão frutos sociais... Pois as grandes mudanças culturais e revoluções históricas que decidem o destino das nações ou o caráter de uma época são o resultado cumulativo de uma série de decisões espirituais... a fé e o discernimento, ou a recusa e cegueira, dos indivíduos. Ninguém pode pôr o dedo no último ato espiritual que inclina o equilíbrio e faz com que a ordem externa da sociedade assuma uma nova forma...

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<strong>Momentos</strong> <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong>de<br />

crer que todo dever religioso se resumia em reconhecer a supremacia do papa, adorar os<br />

santos e fazer donativos aos monges, e que isto era suficiente para lhes garantir lugar no<br />

Céu.<br />

Homens de saber e pie<strong>da</strong>de haviam trabalhado em vão para efetuar uma reforma<br />

nessas ordens monásticas; Wycliffe, porém, com intuição mais clara, feriu o mal pela<br />

raiz, declarando que a própria organização era falsa e que deveria ser aboli<strong>da</strong>.<br />

Despertavam-se discussões e in<strong>da</strong>gações. Atravessando os monges o país, vendendo<br />

perdões do papa, muitos foram levados a duvi<strong>da</strong>r <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de comprar perdão<br />

com dinheiro e suscitaram a questão se não deveriam antes buscar de Deus o perdão em<br />

vez de buscá-lo do pontífice de Roma. Não poucos se alarmavam com a capaci<strong>da</strong>de dos<br />

frades, cuja avidez parecia nunca se satisfazer. “Os monges e sacerdotes de Roma”,<br />

diziam eles, “estão-nos comendo como um câncer. Deus nos deve livrar, ou o povo<br />

perecerá.” -D’Aubigné. Para encobrir sua avareza, pretendiam os monges mendicantes<br />

seguir o exemplo do Salvador, declarando que Jesus e Seus discípulos haviam sido<br />

sustentados pela cari<strong>da</strong>de do povo. Esta pretensão resultou em prejuízo de sua causa, pois<br />

levou muitos à Escritura Sagra<strong>da</strong>, a fim de saberem por si mesmos a ver<strong>da</strong>de -resultado<br />

que de todos os outros era o menos desejado de Roma. A mente dos homens foi dirigi<strong>da</strong> à<br />

Fonte <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de, que era o objetivo de Roma ocultar.<br />

Wycliffe começou a escrever e publicar folhetos contra os frades, porém não tanto<br />

procurando entrar em discussão com eles como despertando o espírito do povo aos<br />

ensinos <strong>da</strong> Bíblia e seu Autor. Ele declarava que o poder do perdão ou excomunhão não o<br />

possuía o papa em maior grau do que os sacerdotes comuns, e que ninguém pode ser<br />

ver<strong>da</strong>deiramente excomungado a menos que primeiro haja trazido sobre si a condenação<br />

de Deus. De nenhuma outra maneira mais eficaz poderia ele ter empreendido a demolição<br />

<strong>da</strong> gigantesca estrutura de domínio espiritual e temporal que o papa erigira, e em que<br />

alma e corpo de milhões se achavam retidos em cativeiro.<br />

De novo foi Wycliffe chamado para defender os direitos <strong>da</strong> coroa inglesa contra as<br />

usurpações de Roma; e, sendo designado embaixador real, passou dois anos na Holan<strong>da</strong>,<br />

em conferência com os emissários do papa. Ali entrou em contato com eclesiásticos <strong>da</strong><br />

França, Itália e Espanha, e teve oportuni<strong>da</strong>de de devassar os bastidores e informar-se de<br />

muitos fatos que lhe teriam permanecido ocultos na Inglaterra. Aprendeu muita coisa que<br />

o orientaria em seus trabalhos posteriores. Naqueles representantes <strong>da</strong> corte papal lia ele<br />

o ver<strong>da</strong>deiro caráter e objetivos <strong>da</strong> hierarquia. Voltou para a Inglaterra a fim de repetir<br />

mais abertamente e com maior zelo seus ensinos anteriores, declarando que a cobiça, o<br />

orgulho e o engano eram os deuses de Roma.<br />

Num de seus folhetos disse ele, falando do papa e seus coletores: “Retiram de nosso<br />

país os meios de subsistência dos pobres, e muitos milhares de marcos, anualmente, do

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