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Momentos da Verdade

O mistério da história não é completamente escuro, pois é um véu que oculta apenas parcialmente a atividade criadora e as forças espirituais e a operação das leis espirituais. É comum dizer que o sangue dos mártires é a semente da Igreja, mas o que estamos afirmando é simplesmente que os atos individuais de decisão espiritual dão frutos sociais... Pois as grandes mudanças culturais e revoluções históricas que decidem o destino das nações ou o caráter de uma época são o resultado cumulativo de uma série de decisões espirituais... a fé e o discernimento, ou a recusa e cegueira, dos indivíduos. Ninguém pode pôr o dedo no último ato espiritual que inclina o equilíbrio e faz com que a ordem externa da sociedade assuma uma nova forma...

O mistério da história não é completamente escuro, pois é um véu que oculta apenas parcialmente a atividade criadora e as forças espirituais e a operação das leis espirituais. É comum dizer que o sangue dos mártires é a semente da Igreja, mas o que estamos afirmando é simplesmente que os atos individuais de decisão espiritual dão frutos sociais... Pois as grandes mudanças culturais e revoluções históricas que decidem o destino das nações ou o caráter de uma época são o resultado cumulativo de uma série de decisões espirituais... a fé e o discernimento, ou a recusa e cegueira, dos indivíduos. Ninguém pode pôr o dedo no último ato espiritual que inclina o equilíbrio e faz com que a ordem externa da sociedade assuma uma nova forma...

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<strong>Momentos</strong> <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong>de<br />

dos meus próprios membros manchado ou infectado com esta detestável podridão, eu o<br />

<strong>da</strong>ria para que vós o cortásseis. ... E, demais, se visse um de meus filhos contaminado por<br />

ela, não o pouparia. ... Eu mesmo o entregaria e sacrificaria a Deus.” As lágrimas<br />

abafaram-lhe as palavras, e to<strong>da</strong> a assembléia chorou, exclamando em uníssono:<br />

“Viveremos e morreremos pela religião católica!” -D’Aubigné.<br />

Terríveis se tornaram as trevas <strong>da</strong> nação que rejeitara a luz <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de. “A graça que<br />

traz a salvação” havia aparecido; mas a França, depois de lhe contemplar o poder e<br />

santi<strong>da</strong>de, depois de milhares terem sido atraídos por sua divina beleza, depois de ci<strong>da</strong>des<br />

e aldeias terem sido ilumina<strong>da</strong>s por seu fulgor,desviou-se,preferindo as trevas à luz.<br />

Haviam repudiado o dom celestial, quando este lhes foi oferecido. Tinham chamado ao<br />

mal bem, e ao bem mal, até serem vítimas voluntárias do próprio engano. Agora, ain<strong>da</strong><br />

que efetivamente cressem que, perseguindo ao povo de Deus estavam fazendo a obra<br />

divina, sua sinceri<strong>da</strong>de não os inocentava. A luz que os teria salvo do engano, <strong>da</strong> mancha<br />

de sua alma pelo crime de sangue, haviam-na voluntariamente rejeitado.<br />

Um juramento solene para extirpar a heresia foi feito na grande catedral, onde, quase<br />

três séculos mais tarde, a “Deusa <strong>da</strong> Razão” deveria ser entroniza<strong>da</strong> por uma nação que se<br />

tinha esquecido do Deus vivo. Novamente se formou a procissão, e os representantes <strong>da</strong><br />

França aprestaram-se a iniciar a obra que haviam jurado fazer. “A pequenas distâncias<br />

haviam-se erigido ca<strong>da</strong>falsos, nos quais certos cristãos protestantes deveriam ser<br />

queimados vivos, e arranjaram para que as fogueiras fossem acesas no momento em que<br />

o rei se aproximasse e a procissão fizesse alto para testemunhar a execução.” -Wylie. As<br />

minúcias <strong>da</strong>s torturas suporta<strong>da</strong>s por aquelas testemunhas de Cristo são demasiado<br />

dilacerantes para serem descritas; não houve, porém, vacilação por parte <strong>da</strong>s vítimas.<br />

Exigindo-se-lhes retratar-se, um respondeu: “Creio unicamente no que os profetas e<br />

apóstolos anteriormente pregaram, e no que creu to<strong>da</strong> a multidão dos santos. Minha fé<br />

tem uma confiança em Deus que resistirá a todos os poderes do inferno.” -História <strong>da</strong><br />

Reforma no Tempo de Calvino, D’Aubigné.<br />

Repeti<strong>da</strong>s vezes a procissão fazia alto nos lugares de tortura. Atingindo o seu ponto de<br />

parti<strong>da</strong>, no palácio real, a multidão dispersou-se, e o rei e os prelados retiraram-se,<br />

satisfeitos com as realizações do dia, e exprimindo o desejo de que a obra, ora inicia<strong>da</strong>,<br />

continuasse até à completa destruição <strong>da</strong> heresia. O evangelho <strong>da</strong> paz que a França<br />

rejeitara havia de ser efetivamente desarraigado, e terríveis seriam os resultados. No dia<br />

21 de janeiro de 1793, a duzentos e cinqüenta e oito anos do próprio dia em que a França<br />

se entregara inteiramente à perseguição dos reformadores, passou pelas ruas de Paris<br />

outra procissão, com um intuito muito diferente. “De novo era o rei a figura principal;<br />

novamente havia tumultos e aclamações; repetiu-se o clamor pedindo mais vítimas;<br />

reergueram-se negros ca<strong>da</strong>falsos; e de novo encerraram-se as cenas do dia com horríveis<br />

execuções; Luiz XVI, lutando de mãos com seus carcereiros e executores, era arrastado

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