Momentos da Verdade

O mistério da história não é completamente escuro, pois é um véu que oculta apenas parcialmente a atividade criadora e as forças espirituais e a operação das leis espirituais. É comum dizer que o sangue dos mártires é a semente da Igreja, mas o que estamos afirmando é simplesmente que os atos individuais de decisão espiritual dão frutos sociais... Pois as grandes mudanças culturais e revoluções históricas que decidem o destino das nações ou o caráter de uma época são o resultado cumulativo de uma série de decisões espirituais... a fé e o discernimento, ou a recusa e cegueira, dos indivíduos. Ninguém pode pôr o dedo no último ato espiritual que inclina o equilíbrio e faz com que a ordem externa da sociedade assuma uma nova forma... O mistério da história não é completamente escuro, pois é um véu que oculta apenas parcialmente a atividade criadora e as forças espirituais e a operação das leis espirituais. É comum dizer que o sangue dos mártires é a semente da Igreja, mas o que estamos afirmando é simplesmente que os atos individuais de decisão espiritual dão frutos sociais... Pois as grandes mudanças culturais e revoluções históricas que decidem o destino das nações ou o caráter de uma época são o resultado cumulativo de uma série de decisões espirituais... a fé e o discernimento, ou a recusa e cegueira, dos indivíduos. Ninguém pode pôr o dedo no último ato espiritual que inclina o equilíbrio e faz com que a ordem externa da sociedade assuma uma nova forma...

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Momentos da Verdade palavras “cheias de adoração, temor e esperança, como quando alguém fala a um amigo.” “Eu sei que Tu és nosso Pai e nosso Deus”, dizia ele, “e que dispersarás os perseguidores de Teus filhos; pois Tu mesmo corres perigo conosco. Toda esta causa é Tua, e é unicamente constrangidos por Ti que lançamos mãos à mesma. Defende-nos, pois, ó Pai!” -D’Aubigné. A Melâncton, que se achava aniquilado sob o peso da ansiedade e temor, ele escreveu: “Graça e paz em Cristo -em Cristo, digo eu, e não no mundo. Amém. Odeio com ódio enorme esses extremos cuidados que vos consomem. Se a causa é injusta, abandonai-a; se a causa é justa, porque desmentiríamos as promessas dAquele que nos manda dormir sem temor?... Cristo não faltará à obra de justiça e verdade. Ele vive, Ele reina; que temor, pois, poderemos ter?” -D’Aubigné. Deus ouviu os clamores de Seus servos. Deu aos príncipes e ministros graça e coragem para manterem a verdade contra os dominadores das trevas deste mundo. Diz o Senhor: “Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido.” 1 Pedro 2:6. Os reformadores protestantes haviam edificado sobre Cristo, e as por tas do inferno não prevaleceriam contra eles.

Momentos da Verdade Capitulo 12 - Os Nobres da França O protesto de Espira e a Confissão de Augsburgo, que assinalaram a vitória da Reforma na Alemanha, foram seguidos de anos de conflitos e trevas. Enfraquecido por divisões entre seus mantenedores, atacado por poderosos inimigos, o protestantismo parecia destinado a ser totalmente destruído. Milhares selaram seu testemunho com o próprio sangue. Irrompeu a guerra civil; a causa protestante foi traída por um de seus principais adeptos; os mais nobres dos príncipes reformados caíram nas mãos do imperador e foram, de cidade em cidade, arrastados como cativos. Mas, no momento de seu triunfo aparente, foi o imperador afligido com a derrota. Viu a presa arrancada ao seu poder, sendo, por fim, obrigado a conceder tolerância às doutrinas cuja destruição fora o anelo de sua vida. Pusera em risco o reino, seus tesouros e a própria vida, no intuito de esmagar a heresia. Via agora os exércitos assolados pelas batalhas, os tesouros exauridos, seus muitos reinos ameaçados de revolta, enquanto, por toda parte, a fé que em vão se esforçara por suprimir, estava a estender-se. Carlos V estivera a batalhar contra o Poder onipotente. Deus dissera: “Haja luz”, mas o imperador havia procurado perpetuar as trevas. Falhara o seu propósito; e, prematuramente envelhecido e consumido pela longa luta, abdicou o trono e sepultou-se em um claustro. Na Suíça, como na Alemanha, houve para a Reforma dias tenebrosos. Ao mesmo tempo em que muitos cantões aceitaram a fé reformada, outros se apegaram com cega persistência ao credo de Roma. Sua perseguição aos que desejavam receber a verdade, deu finalmente origem à guerra civil. Zwínglio, e muitos que a ele se haviam unido na Reforma, caíram no campo de sangue de Cappel. Oecolampadius, vencido por estes terríveis desastres, morreu logo depois. Roma estava triunfante, e em muitos lugares parecia prestes a recobrar tudo o que perdera. Mas Aquele cujos conselhos são desde a eternidade, não abandonara Sua causa nem Seu povo. Sua mão lhes traria o livramento. Suscitara, em outros países, obreiros para levar avante a Reforma. Em França, antes que o nome de Lutero fosse ouvido como reformador, já o dia começara a raiar. Um dos primeiros a receber a luz foi o idoso Lefèvre, homem de extenso saber, professor na Universidade de Paris e sincero e zeloso romanista. Em suas pesquisas da literatura antiga, sua atenção foi dirigida para a Escritura, e introduziu o estudo desta entre os seus alunos. Lefèvre era entusiasta adorador dos santos, e empreendera a preparação de uma história dos santos e mártires, como a apresentam as lendas da igreja. Era esta uma obra que implicava grande trabalho; entretanto, ia ele bem adiantado na obra, quando, julgando que poderia obter proveitoso auxílio da Escritura Sagrada, começou o estudo desta com esse objetivo. Ali encontrou, na verdade, referência a santos, mas não idênticas às que figuravam no calendário romano. Um caudal de luz divina irrompeu-lhe no espírito. Com espanto e desgosto abandonou a

<strong>Momentos</strong> <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong>de<br />

Capitulo 12 - Os Nobres <strong>da</strong> França<br />

O protesto de Espira e a Confissão de Augsburgo, que assinalaram a vitória <strong>da</strong><br />

Reforma na Alemanha, foram seguidos de anos de conflitos e trevas. Enfraquecido por<br />

divisões entre seus mantenedores, atacado por poderosos inimigos, o protestantismo<br />

parecia destinado a ser totalmente destruído. Milhares selaram seu testemunho com o<br />

próprio sangue. Irrompeu a guerra civil; a causa protestante foi traí<strong>da</strong> por um de seus<br />

principais adeptos; os mais nobres dos príncipes reformados caíram nas mãos do<br />

imperador e foram, de ci<strong>da</strong>de em ci<strong>da</strong>de, arrastados como cativos. Mas, no momento de<br />

seu triunfo aparente, foi o imperador afligido com a derrota. Viu a presa arranca<strong>da</strong> ao seu<br />

poder, sendo, por fim, obrigado a conceder tolerância às doutrinas cuja destruição fora o<br />

anelo de sua vi<strong>da</strong>. Pusera em risco o reino, seus tesouros e a própria vi<strong>da</strong>, no intuito de<br />

esmagar a heresia. Via agora os exércitos assolados pelas batalhas, os tesouros exauridos,<br />

seus muitos reinos ameaçados de revolta, enquanto, por to<strong>da</strong> parte, a fé que em vão se<br />

esforçara por suprimir, estava a estender-se. Carlos V estivera a batalhar contra o Poder<br />

onipotente. Deus dissera: “Haja luz”, mas o imperador havia procurado perpetuar as<br />

trevas. Falhara o seu propósito; e, prematuramente envelhecido e consumido pela longa<br />

luta, abdicou o trono e sepultou-se em um claustro.<br />

Na Suíça, como na Alemanha, houve para a Reforma dias tenebrosos. Ao mesmo<br />

tempo em que muitos cantões aceitaram a fé reforma<strong>da</strong>, outros se apegaram com cega<br />

persistência ao credo de Roma. Sua perseguição aos que desejavam receber a ver<strong>da</strong>de,<br />

deu finalmente origem à guerra civil. Zwínglio, e muitos que a ele se haviam unido na<br />

Reforma, caíram no campo de sangue de Cappel. Oecolampadius, vencido por estes<br />

terríveis desastres, morreu logo depois. Roma estava triunfante, e em muitos lugares<br />

parecia prestes a recobrar tudo o que perdera. Mas Aquele cujos conselhos são desde a<br />

eterni<strong>da</strong>de, não abandonara Sua causa nem Seu povo. Sua mão lhes traria o livramento.<br />

Suscitara, em outros países, obreiros para levar avante a Reforma.<br />

Em França, antes que o nome de Lutero fosse ouvido como reformador, já o dia<br />

começara a raiar. Um dos primeiros a receber a luz foi o idoso Lefèvre, homem de<br />

extenso saber, professor na Universi<strong>da</strong>de de Paris e sincero e zeloso romanista. Em suas<br />

pesquisas <strong>da</strong> literatura antiga, sua atenção foi dirigi<strong>da</strong> para a Escritura, e introduziu o<br />

estudo desta entre os seus alunos. Lefèvre era entusiasta adorador dos santos, e<br />

empreendera a preparação de uma história dos santos e mártires, como a apresentam as<br />

len<strong>da</strong>s <strong>da</strong> igreja. Era esta uma obra que implicava grande trabalho; entretanto, ia ele bem<br />

adiantado na obra, quando, julgando que poderia obter proveitoso auxílio <strong>da</strong> Escritura<br />

Sagra<strong>da</strong>, começou o estudo desta com esse objetivo. Ali encontrou, na ver<strong>da</strong>de,<br />

referência a santos, mas não idênticas às que figuravam no calendário romano. Um<br />

cau<strong>da</strong>l de luz divina irrompeu-lhe no espírito. Com espanto e desgosto abandonou a

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