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Momentos da Verdade

O mistério da história não é completamente escuro, pois é um véu que oculta apenas parcialmente a atividade criadora e as forças espirituais e a operação das leis espirituais. É comum dizer que o sangue dos mártires é a semente da Igreja, mas o que estamos afirmando é simplesmente que os atos individuais de decisão espiritual dão frutos sociais... Pois as grandes mudanças culturais e revoluções históricas que decidem o destino das nações ou o caráter de uma época são o resultado cumulativo de uma série de decisões espirituais... a fé e o discernimento, ou a recusa e cegueira, dos indivíduos. Ninguém pode pôr o dedo no último ato espiritual que inclina o equilíbrio e faz com que a ordem externa da sociedade assuma uma nova forma...

O mistério da história não é completamente escuro, pois é um véu que oculta apenas parcialmente a atividade criadora e as forças espirituais e a operação das leis espirituais. É comum dizer que o sangue dos mártires é a semente da Igreja, mas o que estamos afirmando é simplesmente que os atos individuais de decisão espiritual dão frutos sociais... Pois as grandes mudanças culturais e revoluções históricas que decidem o destino das nações ou o caráter de uma época são o resultado cumulativo de uma série de decisões espirituais... a fé e o discernimento, ou a recusa e cegueira, dos indivíduos. Ninguém pode pôr o dedo no último ato espiritual que inclina o equilíbrio e faz com que a ordem externa da sociedade assuma uma nova forma...

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<strong>Momentos</strong> <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong>de<br />

ato de pôr de lado o grande indicador do erro e falsi<strong>da</strong>de, fora aberto o caminho para<br />

Satanás governar os espíritos como melhor lhe aprouvesse.<br />

Um desses profetas pretendia haver sido instruído pelo anjo Gabriel. Um estu<strong>da</strong>nte<br />

que se lhe unira, abandonara seus estudos declarando que fora pelo próprio Deus dotado<br />

de sabedoria para expor Sua Palavra. Outros que naturalmente eram propensos ao<br />

fanatismo, a eles se uniram. A ação destes entusiastas criou não pequeno excitamento. A<br />

pregação de Lutero tinha levado o povo em to<strong>da</strong> parte a sentir a necessi<strong>da</strong>de de reforma,<br />

e agora algumas pessoas realmente sinceras foram transvia<strong>da</strong>s pelas pretensões dos novos<br />

profetas. Os dirigentes do movimento seguiram para Wittenberg e instaram com<br />

Melâncton e seus cooperadores para que aceitassem suas pretensões. Disseram: “Nós<br />

somos enviados por Deus para instruir ao povo. Temos familiarmente entretido conversas<br />

com o Senhor; sabemos o que acontecerá; em uma palavra, somos apóstolos e profetas, e<br />

apelamos para o Dr. Lutero.” -D’Aubigné.<br />

Os reformadores estavam surpresos e perplexos. Com semelhante elemento não<br />

haviam ain<strong>da</strong> deparado, e não sabiam o que fazer. Disse Melâncton: “Há efetivamente<br />

espírito extraordinário nestes homens; mas que espírito? ... De um lado acautelemo-nos<br />

de entristecer o Espírito de Deus, e de outro, de sermos desgarrados pelo espírito de<br />

Satanás.” -D’Aubigné. O fruto do novo ensino logo se tornou manifesto. O povo foi<br />

levado a negligenciar a Bíblia, ou lançá-la inteiramente à parte. Nas escolas estabeleceuse<br />

confusão. Estu<strong>da</strong>ntes, repelindo to<strong>da</strong> restrição, abandonavam seus estudos e retiravamse<br />

<strong>da</strong> universi<strong>da</strong>de. Os homens que se julgavam competentes para reanimar e dirigir a<br />

obra <strong>da</strong> Reforma, conseguiram unicamente levá-la às bor<strong>da</strong>s <strong>da</strong> ruína. Os representantes<br />

de Roma recuperaram então sua confiança, e exclamaram exultantemente: “Mais uma<br />

luta, e tudo será nosso.” -D’Aubigné.<br />

Lutero, em Wartburgo, ouvindo o que ocorrera, disse com profundo pesar: “Sempre<br />

esperei que Satanás nos man<strong>da</strong>ria esta praga.” -D’Aubigné. Percebeu o ver<strong>da</strong>deiro caráter<br />

desses pretensos profetas, e viu o perigo que ameaçava a causa <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de. A oposição<br />

do papa e do imperador não lhe tinha causado perplexi<strong>da</strong>de e angústia tão grandes como<br />

as que experimentava agora. Dos professos amigos <strong>da</strong> Reforma haviam surgido seus<br />

piores inimigos. As mesmas ver<strong>da</strong>des que lhe haviam trazido tão grande alegria e<br />

consolação, estavam sendo emprega<strong>da</strong>s para provocar conten<strong>da</strong> e criar confusão na<br />

igreja. Na obra <strong>da</strong> Reforma, Lutero fora compelido à frente pelo Espírito de Deus, e<br />

levado além do que ele pessoalmente teria ido. Não se propusera assumir as posições que<br />

assumiu, nem efetuar mu<strong>da</strong>nças tão radicais. Não fora senão o instrumento nas mãos do<br />

Poder infinito. Contudo, muitas vezes estremecia pelos resultados de seu trabalho.<br />

Dissera uma vez: “Se eu soubesse que minha doutrina tivesse prejudicado a um homem,<br />

um único homem, por humilde e obscuro que fosse -o que não pode ser, pois que é o<br />

próprio evangelho -eu preferiria morrer dez vezes a não retratar-me.” -D’Aubigné.

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