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Momentos da Verdade

O mistério da história não é completamente escuro, pois é um véu que oculta apenas parcialmente a atividade criadora e as forças espirituais e a operação das leis espirituais. É comum dizer que o sangue dos mártires é a semente da Igreja, mas o que estamos afirmando é simplesmente que os atos individuais de decisão espiritual dão frutos sociais... Pois as grandes mudanças culturais e revoluções históricas que decidem o destino das nações ou o caráter de uma época são o resultado cumulativo de uma série de decisões espirituais... a fé e o discernimento, ou a recusa e cegueira, dos indivíduos. Ninguém pode pôr o dedo no último ato espiritual que inclina o equilíbrio e faz com que a ordem externa da sociedade assuma uma nova forma...

O mistério da história não é completamente escuro, pois é um véu que oculta apenas parcialmente a atividade criadora e as forças espirituais e a operação das leis espirituais. É comum dizer que o sangue dos mártires é a semente da Igreja, mas o que estamos afirmando é simplesmente que os atos individuais de decisão espiritual dão frutos sociais... Pois as grandes mudanças culturais e revoluções históricas que decidem o destino das nações ou o caráter de uma época são o resultado cumulativo de uma série de decisões espirituais... a fé e o discernimento, ou a recusa e cegueira, dos indivíduos. Ninguém pode pôr o dedo no último ato espiritual que inclina o equilíbrio e faz com que a ordem externa da sociedade assuma uma nova forma...

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<strong>Momentos</strong> <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong>de<br />

Suas palavras não foram destituí<strong>da</strong>s de efeito. No dia que se seguiu à resposta de<br />

Lutero, Carlos fez com que fosse apresenta<strong>da</strong> uma mensagem à Dieta, anunciando sua<br />

resolução de prosseguir com a política de seus predecessores, mantendo e protegendo a<br />

religião católica. Visto que Lutero se recusara a renunciar a seus erros, seriam<br />

emprega<strong>da</strong>s as mais rigorosas medi<strong>da</strong>s contra ele e contra as heresias que ensinava. “Um<br />

simples monge, transviado por sua própria loucura, levantou-se contra a fé <strong>da</strong><br />

cristan<strong>da</strong>de. Para deter tal impie<strong>da</strong>de, sacrificarei meus reinos, meus tesouros, meus<br />

amigos, meu corpo, meu sangue, minha alma e minha vi<strong>da</strong>. Estou para despedir o<br />

agostiniano Lutero, proibindo-lhe causar a menor desordem entre o povo; procederei<br />

então contra ele e seus adeptos como hereges contumazes, pela excomunhão, pelo<br />

interdito e por todos os meios calculados para destruí-los. Apelo para os membros dos<br />

Estados a que se portem como fiéis cristãos.” -D’Aubigné. Não obstante, o imperador<br />

declarou que o salvo conduto de Lutero deveria ser respeitado, e que, antes de se poder<br />

instituir qualquer processo contra ele, deveria ser-lhe permitido chegar a casa em<br />

segurança.<br />

Insistiam agora os membros <strong>da</strong> Dieta em duas opiniões contrárias. Os emissários e<br />

representantes do papa, de novo pediam que o salvo-conduto do reformador fosse<br />

desrespeitado. “O Reno”, diziam eles, “deveria receber suas cinzas, como recebeu as de<br />

João Huss, há um século.” -D’Aubigné. Príncipes alemães, porém, conquanto fossem eles<br />

próprios romanistas e inimigos declarados de Lutero, protestavam contra tal brecha <strong>da</strong><br />

pública fé, como uma nódoa sobre a honra <strong>da</strong> nação. Apontavam para as calami<strong>da</strong>des que<br />

se seguiram à morte de Huss e declaravam que não ousavam atrair sobre a Alemanha e<br />

sobre a cabeça de seu jovem imperador, a repetição <strong>da</strong>queles terríveis males.<br />

O próprio Carlos, respondendo à vil proposta, disse: “Embora fossem a honra e a fé<br />

bani<strong>da</strong>s do mundo todo, deveriam encontrar um refúgio no coração dos príncipes.” -<br />

D’Aubigné. Houve ain<strong>da</strong> insistência por parte dos mais encarniçados inimigos papais de<br />

Lutero, a fim de tratar o reformador como Sigismundo fizera com Huss -abandonando-o à<br />

mercê <strong>da</strong> igreja; mas lembrando-se <strong>da</strong> cena em que Huss, em assembléia pública,<br />

apontara a suas cadeias e lembrara ao monarca a sua fé empenha<strong>da</strong>, Carlos V declarou:<br />

“Eu não gostaria de corar como Sigismundo.” -(Ver História do Concílio de Constança,<br />

de Lenfant.)<br />

Não obstante, Carlos havia delibera<strong>da</strong>mente rejeitado as ver<strong>da</strong>des apresenta<strong>da</strong>s por<br />

Lutero. “Estou firmemente resolvido a imitar o exemplo de meus maiores”, escreveu o<br />

monarca. Decidira não sair <strong>da</strong> sen<strong>da</strong> do costume, mesmo para an<strong>da</strong>r nos caminhos <strong>da</strong><br />

ver<strong>da</strong>de e justiça. Porque seus pais o fizeram, ele apoiaria o papado, com to<strong>da</strong> a sua<br />

cruel<strong>da</strong>de e corrupção. Assim, assumiu sua posição, recusando-se a aceitar qualquer luz<br />

em acréscimo à que seus pais haviam recebido, ou cumprir qualquer dever que eles não<br />

cumpriram. Muitos hoje se apegam de modo idêntico aos costumes e tradições de seus

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