Instalações do VLT (Fonte: ESO)
O Projeto ESPRESSO no Very Large Telescope do ESOO ESPRESSO (SPectrograph for Rocky Exoplanetsand Stable Spectroscopic Observations)é um espectrógrafo de alta resolução ultraestável,construído para medir velocidades radiaiscom elevada precisão num longo período detempo, com o principal objetivo científico de detetare caracterizar gémeos da terra na zona habitávelem estrelas do tipo solar. O ESPRESSOestá instalado no Very Large Telescope do ObservatórioEuropeu do Sul (ESO/VLT) e foi construídopelo Observatoire de Genève e Universidadede Berna (Suíça), pelo Instituto de Astrofísicae Ciências do Espaço (IA) da Universidadede Lisboa e Universidade do Porto (Portugal),pelo Istituto Nazionale di Astrofisica em Trieste eBrera (Itália), pelo Instituto de Astrofísica de Canarias(Espanha) e pelo Observatório Europeudo Sul.Em 1995, foi detetado por Michel Mayor e DidierQueloz um planeta gigante (denominado de51 Peg b), semelhante a Júpiter, a orbitar umaestrela que se encontra a 50 anos-luz do nossoSistema Solar. Esta descoberta valeu aos seusautores o prémio Nobel da Física em 2019. A deteçãodeste planeta foi feita com base na técnicadas "velocidades radiais". Esta técnica baseiaseno facto de que, quando uma estrela tem umplaneta na sua companhia, a ação gravitacionaldeste faz a estrela percorrer uma órbita no espaço.Na verdade, ambos os corpos (planeta eestrela) dançam em torno um do outro. Visto pornós, na direção radial (direção que liga o observadorao objeto observado), a estrela vai parecerafastar-se e aproximar-se à medida que rodopiaem torno do seu companheiro. Ora, quando umobjeto se afasta de nós, pelo efeito de Doppler,o seu espectro de luz sofre um desvio para overmelho (e para o azul quando se aproxima).Medindo as variações de "cor"é possível determinara velocidade radial do objeto. Neste casoem concreto, medindo a velocidade radial da estrela,noite após noite, poderemos ver uma variaçãoperiódica, à medida que esta orbita o seuplaneta companheiro. A partir de toda a informaçãoobtida, é possível inferir os parâmetrosorbitais do planeta e a sua massa. No entanto,para conseguir medir as pequeníssimas variaçõesde "cor"causadas pelo planeta é imperativoter acesso a um espectrógrafo de elevada resoluçãoe estabilidade.Em 1995, o espectrógrafo utilizado na deteçãode 51 Peg b tinha uma precisão de aproximadamente10 m/s. Este planeta tem uma massacerca de 300x superior à Terra e produz na estrelauma variação na velocidade radial destacom uma amplitude de aproximadamente 55 m/s.Já um planeta como a nossa Terra produz nonosso Sol uma amplitude de apenas 0,1 m/s (ou10 cm/s). Para podermos sonhar com a deteçãode planetas idênticos ao nosso é, por isso,necessário desenvolver novos instrumentos capazesde atingir uma precisão desta ordem degrandeza.Em 2009, o ESO desafiou a comunidade internacionala construir um instrumento capaz deatingir esse nível de precisão. Essa resposta foidata pelo consórcio ESPRESSO, um grupo deinstituições portuguesas, suíças, espanholas eitalianas. Além da construção do espectrógrafomais preciso do mundo, o ESO queria tambémum instrumento que fosse capaz de combinar aluz dos 4 grandes telescópios que constituem oVLT, cada um com um espelho de 8 metros dediâmetro, transformando o VLT num telescópio“virtual” com um espelho de 16 metros de diâmetro!O telescópio com a maior abertura ópticado mundo. Essa parte do desafio ficou sob responsabilidadeda equipa portuguesa.Vista aérea do observatório do Paranal ao pôr-do-sol,onde são visíveis os edifícios dos 4 telescópios de 8metros do VLT.Fonte: G.Hüdepohl, ESO39