D Grau - 3ª Edição
3ª Edição da revista dos alunos de Física e Engenharia Física da FCUL, produzida e editada pelo NFEF-FCUL.
3ª Edição da revista dos alunos de Física e Engenharia Física da FCUL, produzida e editada pelo NFEF-FCUL.
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Estudos e Investigação VS Motivação
Estou no 3º ano da Licenciatura em Física e
posso dizer que estes últimos anos me deram
muito conhecimento útil, onde aprendi a ser autodidata.
Ao longo do meu percurso académico
tive a oportunidade de fazer estágios e participar
em projetos que me enriqueceram e alimentaram
a minha curiosidade. Foram também anos de reflexão
sobre o futuro enquanto futura física, da
incerteza do que irá acontecer a seguir, de dúvidas
em relação a emprego, e no limbo entre a
investigação e o mercado de trabalho.
Durante almoços, pausas, aulas, conversei
com colegas sobre o que cada um iria fazer nos
próximos 2, 5, 10 anos. A incerteza não era só
minha. De modo a desbravar esse caminho que
existe no percurso de alguém de física, decidi
pesquisar sobre os vários caminhos que diferentes
pessoas tinham feito, sobre centros de investigação
e empresas que tinham lugar para a Física.
Após o 1º ano, fiz um estágio de verão no Instituto
de Astrofísica e Ciências do Espaço. Daqui
retirei uma lição: estas experiências também nos
podem mostrar aquilo que não queremos fazer
no nosso dia-a-dia. Porém, esta pequena amostra
de investigação incentivou-me a continuar a
procurar mais professores e centros para estagiar.
Então, no verão seguinte fiz o estágio no
Centro de Física Teórica e Computacional num
projeto que tinha como objetivo estudar a dinâmica
de pontes líquidas ao passarem entre duas
placas padronizadas. A liberdade de errar e testar,
por mim mesma, código, simulações, sistemas
diferentes, suscitou-me ainda mais a curiosidade
sobre o tema, o que fez com que estas
semanas de verão parecessem 2 dias.
De momento continuo neste projeto, agora
como bolseira, onde estudo pontes líquidas, que,
basicamente, são colunas de líquido que unem
duas superfícies sólidas, como películas de sabão
entre as bolhas de uma espuma. O que me
motivou a continuar este projeto foi a existência
de diversas utilizações, por exemplo processos
como a recuperação de petróleo presente em rochas
ou o alívio dos sintomas da asma. O facto
de sentir que não estava a tirar dados e resultados
“para nada” fez-me ver significado no que
estava a fazer, que havia um propósito por trás
de todos os 0’s e 1’s.
Pulmão no seu estado normal (esquerda) e pulmão
afligido por asma (direita)
Fonte: Asthma Canada
Em paralelo com o projeto de investigação,
existem as aulas, que, em comparação, podem
parecer ser mais monótonas e não desafiantes.
Porém, acredito que em qualquer unidade curricular,
seminário ou laboratório, é necessário ver
o que existe para além das equações e dos teoremas,
dos enunciados e dos problemas, o útil
no quotidiano. Ter-me apercebido que em cada
matéria havia uma razão para estar a aprendê-la
fez-me continuar motivada e conseguir conciliar
a investigação com o estudo.
Este texto tem como principal objetivo e intenção
motivar e mostrar aos estudantes que é
possível haver conciliação entre os estudos e as
atividades extracurriculares, com a investigação.
Desmistificar a ideia de que só os alunos de mestrado
ou doutoramento estão inseridos em projetos
de investigação e mostrar que também os de
licenciatura têm essa possibilidade.
Extração de petróleo contido em rochas
Fonte: Nadja A. Henke, Petra Peters-Wendisch and Volker
F. Wendisch. Potential of Low-Salinity Waterflooding
Technology to Improve Oil Recovery
Nem tudo são flores, enfrentei algumas dificuldades,
principalmente a falta de tempo. Em
deadlines, tanto do projeto como de testes ou trabalhos,
ficava muitas vezes indecisa em relação
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