D Grau - 3ª Edição
3ª Edição da revista dos alunos de Física e Engenharia Física da FCUL, produzida e editada pelo NFEF-FCUL.
3ª Edição da revista dos alunos de Física e Engenharia Física da FCUL, produzida e editada pelo NFEF-FCUL.
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Astroinformática – o céu não é o limite!
O universo ao nosso redor está povoado
por todo o tipo de objetos e fenómenos fascinantes
e curiosos. Estrelas, planetas, galáxias, nuvens
de poeira, buracos negros, entre tantos outros.
Como sabemos que eles estão de facto lá?
Como separamos uns dos outros? E como sabemos
se nossas previsões e explicações sobre
eles estão corretas?
É da união entre modelos teóricos com
dados observacionais que vem a resposta. Os
dados nos permitem não só testar os nossos modelos,
como também aperfeiçoá-los, e demonstrar
que ainda temos lacunas a serem explicadas.
Na Astronomia, o avanço da tecnologia expandiu
os horizontes do conhecimento de maneira vertiginosa.
Os novos telescópios têm a capacidade
de medir com precisão múltiplas variáveis para
uma quantidade enorme de objetos, gerando assim
uma quantidade de dados que nunca foi antes
vista.
Enquanto por um lado tudo isto é empolgante,
resta a pergunta: como é possível um
ser humano extrair qualquer tipo de informação
de datasets tão gigantes e complexos? Como
é que visualizamos e “planificamos” dados que
foram obtidos para a esfera celeste, sem perder
rigor científico? Como estes dados são armazenados,
distribuídos e compartilhados pelas inúmeras
instituições científicas? Como organizar
dados vindos de diferentes fontes e catálogos?
Isto sem falar na complexidade das simulações.
Virtual Observatory (VO): unificando o
conhecimento
A ideia de um Virtual Observatory, como
o próprio nome diz, é de recriar um observatório
com muitos telescópios, em ambiente digital.
Podemos fazer uma analogia com o Google: enquanto
nós, no nosso dia a dia, vamos ao Google
pesquisar por diferentes informações, um astrónomo
pode ir a um VO e pesquisar um conjunto
de dados que precise para sua pesquisa. Em termos
mais práticos, podemos dizer que um VO é
uma união de diversos catálogos astronómicos e
softwares que, aliados à internet, permitem que
astrónomos façam sua pesquisa em um ambiente
user-friendly.
Vários países já têm seus próprios Virtual
Observatories. A International Virtual Observatory
Aliance é uma organização internacional
que busca estabelecer padrões técnicos para a
operação dos VO – ou seja, para que os diferentes
observatórios funcionem da mesma maneira
na perspetiva do utilizador, e para que eles se comuniquem
entre si. Assim, qualquer astrónomo,
de qualquer parte do mundo consegue usá-los.
Estes são alguns dos desafios da Astroinformática,
uma nova área de conhecimento
que busca desenvolver respostas para os desafios
de uma Astronomia em constante expansão,
ficando na interseção entre esta e a Data Science.
As respostas não são simples, e como
costuma acontecer na Ciência, requerem inovações,
criatividade e multidisciplinariedade. Não é
à toa que muitas universidades pelo mundo todo
já têm grupos de pesquisa dedicados somente à
Astroinformática.
Vamos falar um pouco sobre algumas
das capacidades desta área nas próximas secções.
Buraco negro Sgr A*, no centro da nossa galáxia.
Imagem também processada pelo EHT, em 2022.
Fonte: ESO
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