Primeira imagem do buraco negro M87* (Fonte: ESO)
Astroinformática – o céu não é o limite!O universo ao nosso redor está povoadopor todo o tipo de objetos e fenómenos fascinantese curiosos. Estrelas, planetas, galáxias, nuvensde poeira, buracos negros, entre tantos outros.Como sabemos que eles estão de facto lá?Como separamos uns dos outros? E como sabemosse nossas previsões e explicações sobreeles estão corretas?É da união entre modelos teóricos comdados observacionais que vem a resposta. Osdados nos permitem não só testar os nossos modelos,como também aperfeiçoá-los, e demonstrarque ainda temos lacunas a serem explicadas.Na Astronomia, o avanço da tecnologia expandiuos horizontes do conhecimento de maneira vertiginosa.Os novos telescópios têm a capacidadede medir com precisão múltiplas variáveis parauma quantidade enorme de objetos, gerando assimuma quantidade de dados que nunca foi antesvista.Enquanto por um lado tudo isto é empolgante,resta a pergunta: como é possível umser humano extrair qualquer tipo de informaçãode datasets tão gigantes e complexos? Comoé que visualizamos e “planificamos” dados queforam obtidos para a esfera celeste, sem perderrigor científico? Como estes dados são armazenados,distribuídos e compartilhados pelas inúmerasinstituições científicas? Como organizardados vindos de diferentes fontes e catálogos?Isto sem falar na complexidade das simulações.Virtual Observatory (VO): unificando oconhecimentoA ideia de um Virtual Observatory, comoo próprio nome diz, é de recriar um observatóriocom muitos telescópios, em ambiente digital.Podemos fazer uma analogia com o Google: enquantonós, no nosso dia a dia, vamos ao Googlepesquisar por diferentes informações, um astrónomopode ir a um VO e pesquisar um conjuntode dados que precise para sua pesquisa. Em termosmais práticos, podemos dizer que um VO éuma união de diversos catálogos astronómicos esoftwares que, aliados à internet, permitem queastrónomos façam sua pesquisa em um ambienteuser-friendly.Vários países já têm seus próprios VirtualObservatories. A International Virtual ObservatoryAliance é uma organização internacionalque busca estabelecer padrões técnicos para aoperação dos VO – ou seja, para que os diferentesobservatórios funcionem da mesma maneirana perspetiva do utilizador, e para que eles se comuniquementre si. Assim, qualquer astrónomo,de qualquer parte do mundo consegue usá-los.Estes são alguns dos desafios da Astroinformática,uma nova área de conhecimentoque busca desenvolver respostas para os desafiosde uma Astronomia em constante expansão,ficando na interseção entre esta e a Data Science.As respostas não são simples, e comocostuma acontecer na Ciência, requerem inovações,criatividade e multidisciplinariedade. Não éà toa que muitas universidades pelo mundo todojá têm grupos de pesquisa dedicados somente àAstroinformática.Vamos falar um pouco sobre algumasdas capacidades desta área nas próximas secções.Buraco negro Sgr A*, no centro da nossa galáxia.Imagem também processada pelo EHT, em 2022.Fonte: ESO31