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D Grau - 3ª Edição

3ª Edição da revista dos alunos de Física e Engenharia Física da FCUL, produzida e editada pelo NFEF-FCUL.

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Noções matemáticas

No que se refere à matemática, a Relatividade

Geral foi em grande parte construída recorrendo

à geometria diferencial com ênfase na

geometria Riemanniana e na geometria Pseudo-

Riemanniana. É uma teoria que envolve bastante

cálculo tensorial devido à sua natureza geométrica

e envolve também equações diferenciais,

cálculo diferencial e integral.

Sendo algo fundamental na Relatividade

Geral, um tensor é, de uma forma muito simples

e geral, uma matriz organizada de objetos matemáticos,

como números ou funções. Um tensor é

uma entidade matemática que generaliza o conceito

de vetor. Enquanto um vetor é uma quantidade

que possui magnitude e direção, um tensor

é uma quantidade que possui múltiplas componentes,

cada uma das quais se comporta como

um vetor em um espaço multidimensional. Outro

ponto importante compreender é a ordem (rank)

de um tensor. Em termos genéricos a complexidade

de um tensor está associado à sua ordem,

que consiste no número total de índices contravariantes

(índice em cima) e covariantes (índice em

baixo) de um tensor. Os tensores de ordem 0 são

chamados de escalares, os tensores de ordem 1

são chamados de vetores, os tensores de ordem

2 podem ser chamados de matrizes ou tensores.

Tensores de ordens acima de 2 podem receber

diversos nomes, mas por norma são chamados

de tensores.

Tendo estas bases assentes pode-se

passar para a compreensão fundamental da geometria

usada em Relatividade Geral, começando

por perceber o que é um elemento de linha e a

da métrica associada a este. Um elemento de

linha é um objeto geométrico que é usado para

representar uma linha num espaço, por exemplo,

bidimensional, tridimensional, quadridimensional,

entre outros. Ele é definido por dois pontos,

também conhecidos como nós ou vértices,

que representam as extremidades da linha. É

descrito pela métrica, que é um tensor que descreve

como a distância entre dois pontos varia

ao longo de diferentes trajetórias no espaço em

questão. Um exemplo muito simples destes conceitos

é a noção de espaço euclidiano dado pelo

seguinte elemento de linha

onde se define dx i = (dx 1 , dx 2 , dx 3 ) =

(dx, dy, dz) e onde g ij é a métrica do elemento

linha que neste exemplo é dada por

1 0

0

g ij = ⎣0 1 0⎦ . (2)

0 0 1

A métrica é construída com base nos elementos

presentes no elemento de linha, isto é, cada

elemento dx i corresponde a uma entrada na matriz.

Por exemplo, o elemento dx 2 corresponde a

dx × dx que pode ser escrito como dx 1 × dx 1 que

corresponde à entrada na matriz g 11 . Seguindo

este pensamento é fácil de obter g ij olhando para

o elemento de linha. Uma métrica bastante importante

em Relatividade Geral é a métrica de

Minkowski dada, em unidades naturais (c=1), por

−1 0 0 0

η µν = ⎢ 0 1 0 0

⎣ 0 0 1 0⎦ , (3)

0 0 0 1

Em Relatividade Geral a métrica é a quantidade

fundamental da teoria, é o campo fundamental

da teoria. Esta quantidade permite definir por si

uma outra quantidade denominada de conexões

da métrica (Γ a bc ). As conexões da métrica são

uma quantidade bastante importante pois não só

possuem uma relação com a curvatura, como

será visto mais a frente, como também desempenham

um papel importante na equações da dinâmica

na Relatividade Geral. Na mecânica clássica,

a segunda lei de Newton é dada de uma

forma geral por

F = mẍ , (4)

e em Relatividade Geral esta lei tem um paralelo

dado por

ẍ µ + Γ µ ναẋ ν ẋ α = 0 , (5)

ao qual se dá o nome de equação da geodésica,

e descreve a trajetória que um objeto em movimento

livre (sem forças externas atuando sobre

ele) seguiria em um espaço-tempo curvo. Na

imagem a seguir estão representadas geodésicas

numa superfície de revolução.

ds 2 = dx 2 + dy 2 + dz 2 = g ij dx i dx j , (1)

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