12Evite o 'stand by' e desligue - Económico
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6 Diário <strong>Económico</strong> Quinta-feira 29 Abril 2010<br />
DESTAQUE<br />
MANIFESTO<br />
ENTENDAM-SE<br />
Cristina Oliveira da Silva<br />
cristina.silva@economico.pt<br />
Se as medidas que o Governo<br />
apresentou ontem aos parceiros<br />
sociais forem avante, mais de um<br />
terço dos desempregados terá de<br />
aceitar ofertas de emprego que<br />
paguem um salário igual ao subsídio<br />
de desemprego.<br />
Actualmente, para além de<br />
outros critérios que se mantêm<br />
(despesas e tempo de deslocação,<br />
por exemplo), os desempregados<br />
há menos de seis meses só são<br />
obrigados a aceitar emprego<br />
quando o salário oferecido for superior<br />
em 25%. Já os desempregados<br />
há mais de seis meses têm<br />
de aceitar salários superiores em<br />
10%. Agora, no que diz respeito<br />
apenas ao salário, o Governo propõe<br />
alterar esta situação e quer<br />
que os desempregados há mais de<br />
um ano sejam obrigados a aceitar<br />
uma remuneração igual ou superior<br />
ao valor do subsídio. Ora,<br />
tendo em conta os actuais desempregados,<br />
são quase 207 mil os<br />
inscritos nos centros de emprego<br />
(ou seja 36,2% do total, peso pouco<br />
superior ao registado em 2009)<br />
há mais de um ano que terão de<br />
aceitar esta opção, sob pena de, à<br />
segunda recusa, perderem a inscrição<br />
e o subsídio de desemprego<br />
(caso o recebam). Já os restantes<br />
365 mil desempregados, nessa situação<br />
há menos de um ano, terão<br />
de aceitar uma oferta que pague<br />
mais 10% do que o subsídio.<br />
Seovalormédiodaprestação<br />
se mantiver em 532 euros (como<br />
em 2009), isto significa que os<br />
desempregados terão de aceitar<br />
salários iguais a este valor se estiverem<br />
desempregados há mais de<br />
um ano ou, caso contrário, superiores<br />
a 585,2 euros. Mas esta<br />
nova regra não chega para compensar<br />
o valor médio das ofertas<br />
de emprego, que, no ano passado,<br />
ficou em 523 euros.<br />
O documento de trabalho<br />
apresentado ontem ainda não é<br />
final e espera pela posição de patrões<br />
e sindicatos mas já aponta<br />
para a redução do subsídio máximo<br />
que os desempregados podem<br />
receber, apesar de manter a regra<br />
de que o subsídio equivale a 65%<br />
do salário de referência. Mas a<br />
proposta do Governo sugere que<br />
ninguém possa, “em qualquer<br />
caso”, receber uma prestação<br />
Toda a gente fala e sabe<br />
que durante anos a fio a<br />
vaidade lusa era quem mais<br />
ordenava. E o que fizeram<br />
os governantes? Nada.<br />
Zero.<br />
Agora aguentem-se.<br />
Quanto a entendimentos<br />
estamos conversados. Onde<br />
houver dois portugueses há<br />
discussão. Ninguém quer<br />
ser o índio.<br />
FERNANDO, LISBOA<br />
Chegou a hora da verdade.<br />
Somos tão fracos quanto a<br />
Grécia. Vivemos há muitos<br />
anos acima das nossas<br />
“superior a 75% do valor líquido<br />
da remuneração de referência”<br />
(composta por um conjunto de 12<br />
salários). Actualmente, este tecto<br />
era mais alto uma vez que se fixava<br />
em 100% do valor líquido da<br />
remuneração de referência. Ainda<br />
assim, o Diário <strong>Económico</strong> sabe<br />
queonovolimitesóseráaplicado<br />
a salários médio-altos, apesar de<br />
ainda não estar definido onde começa<br />
este limiar.<br />
Estas alterações não impedem<br />
quesecontinueamanterumsubsídiomínimode419,22eurose<br />
um máximo de 1258 euros.<br />
A ministra do Trabalho defendeu<br />
ontem que as propostas do<br />
Executivo são “equilibradas” e<br />
que podem apoiar o regresso rápido<br />
ao mercado de trabalho,<br />
adiantando ainda que a intenção<br />
não é reduzir o valor do subsídio.<br />
O corte no subsídio e as regras<br />
mais restritas na recusa de emprego<br />
já tinham sido anunciadas<br />
no Programa de Estabilidade e<br />
Crescimento. Ontem, o primeiroministro<br />
falou em antecipar a<br />
aplicação das novas medidas já<br />
para este ano, apesar de essa ter<br />
sido uma intenção sempre demonstrada<br />
pela ministra Helena<br />
André. José Sócrates também disse<br />
que entraria em vigor já em<br />
2010 medidas como a auditoria e a<br />
introdução de condição de recursos<br />
nas prestações sociais. Juntamente<br />
com outras iniciativas já<br />
aprovadas, esta é uma forma de o<br />
Executivo dar um sinal de empenho<br />
na redução do défice (ver página<br />
7).<br />
Segurança Social corta<br />
subsídio mais cedo<br />
No documento ontem distribuído<br />
aos parceiros, o Governo sugere<br />
“encurtar” os prazos que hoje são<br />
aplicados no corte da prestação de<br />
desemprego, nomeadamente<br />
quando há recusa de ofertas de<br />
emprego. E assume o mesmo critério<br />
para faltas de comparência. Só<br />
faltasaberseo Executivoquerapenas<br />
acelerar o processo administrativo<br />
ou se também quer restringirasfaltas.Actualmente,sódetermina<br />
o fim da inscrição do desempregadoasegundafaltadecomparência<br />
no centro de emprego ou no<br />
local de trabalho para o qual tenha<br />
sido encaminhado, bem como o<br />
segundo incumprimento de apresentação<br />
quinzenal. ■<br />
possibilidades. Acabaramse<br />
os tempos das vacas<br />
gordas e dos benefícios<br />
sociais e pensões chorudas.<br />
Temos mesmos de apertar<br />
os cintos e bem<br />
apertadinhos!<br />
MANUEL DE FREITAS, VISEU<br />
Desempregados forçados a<br />
aceitar oferta igual ao subsídio<br />
A medida aplicar-se-ia a um terço dos actuais desempregados. Governo<br />
também quer limitar o valor dos subsídios de desemprego mais elevados.<br />
Cortes no subsídio<br />
de desemprego<br />
O Governo ainda não decidiu a<br />
partir de que limiar poderá<br />
aplicar o novo tecto de subsídio<br />
de desemprego. No entanto, se a<br />
decisão abarcar salários<br />
superiores a mil euros, estes<br />
sentirão a redução da prestação.<br />
Um trabalhador que formule a<br />
sua remuneração de referência<br />
(que conta com um conjunto de<br />
12 salários) através de um<br />
ordenado bruto de cerca de 1.040<br />
euros, tem hoje direito a um<br />
subsídio de 676 euros. Se o seu<br />
salário líquido for de 842 euros, o<br />
beneficiário terá um corte no<br />
valor da prestação, já que o<br />
subsídio ultrapassa 75% do<br />
ordenado líquido (cerca de 632<br />
euros). Já quem ganha o salário<br />
mínimo (475 euros) nunca seria<br />
afectado pela mudança, não<br />
sendo também essa a intenção<br />
do Executivo. Estas pessoas<br />
contam com um salário líquido de<br />
422,75 euros (descontando<br />
apenas para a Segurança Social)<br />
e recebem um subsídio de 308,75<br />
euros. O valor mantém-se já que<br />
75% do salário líquido ultrapassa<br />
aquele montante (317 euros).<br />
AS OUTRAS PROPOSTAS<br />
● O Governo quer flexibilizar<br />
a acumulação de rendimentos<br />
de trabalho com prestações,<br />
“nomeadamente” de desemprego<br />
parcial, o que abre a porta<br />
à introdução deste regime<br />
no caso de empregos a tempo<br />
inteiro, tal como a UGT sugeria.<br />
● Para combater a fraude,<br />
o Governo propõe que os<br />
trabalhadores tenham de se<br />
inscrever na Segurança Social<br />
antes de começarem a trabalhar.<br />
● Metade das entrevistas de<br />
emprego que ocorram em áreas<br />
consideradas prioritárias (a partir<br />
de indicadores de recusa de<br />
emprego) serão acompanhadas<br />
por técnicos de emprego.<br />
● Os Gabinetes de Inserção<br />
Profissional terão metas<br />
quantificáveis de inserção<br />
profissional e colocações.<br />
● Prioridade à integração<br />
de beneficiários de baixas<br />
prestações em contratos<br />
de emprego-inserção<br />
(trabalho social).<br />
● Maior eficácia na aplicação<br />
de sanções.<br />
● Designação de 200 gestores<br />
de ofertas.<br />
● Todas as medidas adoptadas<br />
serão avaliadas no prazo<br />
de um ano pela Comissão<br />
de Acompanhamento.<br />
O manifesto do DE está<br />
correcto. Penso que<br />
realmente os dois maiores<br />
partidos (PS e PSD) devem<br />
chegar o mais rapidamente<br />
aumacordosérioequese<br />
deixem de “guerras” de<br />
politiquice que não leva a<br />
lado nenhum. Tenho<br />
TRÊS PERGUNTAS A...<br />
ANTÓNIO CARLOS SANTOS<br />
Antigo secretário de Estado<br />
dos Assuntos Fiscais<br />
“Não é impensável<br />
um cenário<br />
mais exigente”