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X Diário Económico Quinta-feira 29 Abril 2010 Energia oceânica em Peniche ■ A energia das ondas tem sido das mais faladas. A Martifer já teve um projecto (FLOW), mas “as condicionantes de mercado, e ainda algumas lacunas em termos legislativos” fez com que a empresa optasse por outros negócios. “O projecto não está esquecido, aguarda, contudo, condições que envolvam menos riscos”, disse fonte oficial ao Diário Económico. A EDP também entrou, com a Efacec, nesta energia e o ministério da Economia disse estar em “fase de finalização a negociação do contrato de concessão para viabilizar uma zona - piloto para testes ao norte da Peniche que contribua para o desenvolvimento desta tecnologia.” I.M. Consumo de electricidade verde é o dobro das energias fósseis O CONSUMO ELÉCTRICO nacional com base em energias renováveis, como a eólica, atingiu o dobro da energia fóssil no primeiro trimestre deste ano. Irina Marcelino irina.marcelino@economico.pt A produção e instalação de energias renováveis em Portugal avançam com segurança. O abastecimento de energia eléctrica em Portugal é cada vez mais garantido pelas fontes limpas. Só no primeiro trimestre de 2009 Portugal consumiu 5.262 GWh de energias renováveis, o dobro do que consumiram de electricidade feitaporcarvão,gásefuel,deacordocomdados fornecidos pela rede Eléctrica Nacional ao Diário Económico. Mas nem sempre isto foi assim. Segundo as mesmas estatísticas, as energias fósseis continuam a ser responsáveis pela maioria do abastecimento eléctrico em Portugal (23.708 GWh em 2009 num total de 49.869 GWh global). E a sua evolução ao longo dos anos tem vindo a decrescer, sim, mas ligeiramente, apesar de, entre 2007 e 2008, ter crescido (23.425 GWh para 23.797 GWh). O saldo importador neste primeiro trimestre foi negativo em 150 GWh, o que significa que o país está a exportar mais e a importar menos, sendo as energias renováveis as grandes responsáveis por essa evolução. Já em relação à produção renovável, os dados são muito optimistas: no primeiro trimestre de 2009, cerca de 73% do consumo foi garantido por energias limpas, entre as quais se contam as grandes hídricas, as eólicas, as mini hídricas, térmica renovável e a fotovoltaica. O valor, contudo, não é normal: na verdade, foram as condições meteorológicas (muito vento e chuva) dos três primeiros meses do ano que o permitiram. Dentro da produção em regime especial é a energia eólica que mais tem crescido, isto ape- O território nacional é limitado, assim como o seu mercado. E têm surgido alguns pequenos problemas ambientais na altura de licenciar parques eólicos. sar de as fontes renováveis em Portugal serem marcadas pelas grandes hídricas. No entanto, o Governo está também a apostar noutro tipo de energias: “Existe expectativa em relação à diminuição dos custos associados ao aproveitamento da energia solar para produção de electricidade pelo que o seu desenvolvimento será impulsionado através das licenças de demonstração já atribuídas e de inovadores programas de micro e mini-geração”, disse ao Diário Económico fonte oficial do ministério da Economia. E o mercado mexe-se Num mercado cujos ‘players’ são fabricantes, promotores, operadores e consórcios, algumas empresas portuguesas estão a olhar para fora do país com a intenção de expandirem o seu negócio. O território nacional é limitado, assim como o seu mercado. E têm surgido, de acordo com algumas empresas, alguns problemas ambientais na altura de licenciar os seus parques eólicos. Tal foi o caso da Iberwind (ver entrevista na página ao lado), cujos problemas com licenciamentos geraram “atrasos significativos na entrada em exploração de alguns parques, com O ministro espanhol da indústria espera obter um acordo antes do dia 1 de Julho sobre o novo marco regulatório para as energias renováveis. Em estudo está a redução das taxas que o governo paga para a produção de energias alternativas. No ano passado o regime especial recebeu 6.215 milhões de euros. consequente aumento dos seus custos de financiamento.” Também a Martifer disse ao Diário Económico ter havido alguns obstáculos e processos mais demorados, que já “estão ultrapassados. Vamos começar a instalar os primeiros MW do projecto Ventinveste (400MW) este ano”, disse fonte oficial da empresa. Os problemas parecem estar, de facto, resolvidosouemviasdeoser.ParaNavarroMachado, CEO da Iberwind, “o enquadramento regulamentar do licenciamento de parques eólicos é actualmente mais claro e eficiente do que era no passado, o que facilita e acelera o processo de licenciamento”. Também Dulce Pássaro, ministra do Ambiente, disse ao Diário Económico que se estão a licenciar “os projectos que respeitam a legislação em vigor, nomeadamente na área do ambiente”. E acrescenta: “todos os projectos, no âmbito dos respectivos procedimentos de licenciamento e autorização, têm de cumprir requisitos ambientais aplicáveis, pelo que seguem a tramitação legalmente estabelecida.Sóficamparadososinviáveis,oqueéuma franca minoria dos casos em projectos de energias renováveis. Por exemplo, no caso de parques eólicos a aprovação anda nos 95% quanto a projectos e nos 86% quanto a potência.” Já o ministério da Economia afirmou ter conhecimento “que as empresas promotoras estão a trabalhar com o ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território no sentido de viabilizarem, do ponto de vista ambiental, a concretização dos seus projectos.” Navarro Pedro, contudo, deixa o alerta: “O crescente aumento da densidade de parques eólicos e a maior dificuldade de encontrar locais viáveis para a sua instalação permite prever uma cada vez maior dificuldade em licenciar com sucesso novos projectos.” Daí que as empresas portuguesas estejam a apostar nos mercados externos. A Martifer, por exemplo, está a apostar nas eólicas em Espanha, Itália, França, Belgica, Grécia, República Checa e Estados Unidos. Na área industrial também eólica está a Alemanha, Polónia, Roménia, Brasil, Estados Unidos e África do Sul. E na energia solar, estão em Cabo Verde. A EDP Renováveis, por seu turno, tem estado imparável. Ainda esta semana acordou com a Vestas um contrato global para o fornecimento de aerogeradores relativos a um máximo de 2,1 GW de capacidade eólica, sendo este o maior contrato para o fornecimento de turbinas anunciado a nível mundial nos últimos dois anos. ■ Lucy Nicholson / Reuters

ENTREVISTA ARNALDO NAVARRO MACHADO, CEO Iberwind “Estamos a estudar outros países europeus” A Iberwind está a estudar colocar painéis solares nos seus parques eólicos. A estratégia da Iberwind passa sempre pela energia eólica? A actual estratégia da Iberwind passa fundamentalmente pela energia eólica. Isto não significa contudo que a Iberwind não esteja a estudar hipóteses de um melhor aproveitamento dos actuais parques eólicos e das suas infra-estruturas, promovendo a conjugação da energia eólica com outras formas de energia, como por exemplo a solar. Quanto produzem actualmente? Actualmente somos o maior produtor eólico em território português com uma potência instalada de 680 MW, tendo os nossos parques em média cerca de 2 500 horas equivalentes de vento por ano, pelo que produzimos cerca de 1,7 TWh de energia eléctrica anualmente (aproximadamente 3% do consumo eléctrico Nacional). Quanto esperam produzir futuramente? Depende da forma como forem elaborados os próximos concursos para a atribuição de pontos de ligação, bem como do enquadramento regulamentar do regime de sobre-equipamento que se encontra em fase final de elaboração. O mercado português é o único onde estão? Desde 2009 que temos estado a estudar outros mercados em diversos países europeus. Contudo neste momento ainda só estamos a operar em Portugal. Quais foram os vossos resultados no ano passado e que resultados se prevê para este ano? PUB Arnaldo Navarro Machado, CEO Iberwind “A actual estratégia da Iberwind passa fundamentalmente pela energia eólica. Isto não significa que não esteja a estudar hipóteses de um melhor aproveitamento dos actuais parques eólicos e das suas infra-estruturas, promovendo a conjugação da energia eólica com outras formas de energia” Em 2009 o nosso EBITDA ajustado (i.e. Resultado antes de Amortizações, Depreciações, Juros e Impostos) foi de 117.6 milhões de euros estando previsto para 2010 a obtenção de um EBITDA ajustado de 129.5 milhões de euros. Este crescimento no EBITDA ajustado resulta, essencialmente, da entrada em exploração de quatro novos parques eólicos (com uma potência instalada de 156 MW) ao longo de 2009. Importa salientar que o valor do investimento associado ao desenvolvimento dos 31 parques eólicos do nosso portfolio ascendeu a aproximadamente 1,2 mil milhões de euros. A Iberwind tem tido algum problema a nível ambiental no licenciamento dos seus projectos em Portugal? Ao longo do processo de licenciamento ambiental dos 31 parques eólicos que compõem o nosso portfolio, existiram em alguns casos problemas significativos durante o seu licenciamento ambiental, nomeadamente com condicionalismos ecológicos e restrições de ordenamento do território. O que vos fez perder? Os problemas de licenciamento geraram atrasos significativos na entrada em exploração de alguns parques eólicos com consequente aumento dos seus custos de financiamento. Noutros casos, as alterações impostas nos ‘layouts’ dos parques pelas condicionantes ambientais implicam perdas de produção durante todo o período de exploração do parque eólico. ■ I.M. Quinta-feira 29 Abril 2010 Diário Económico XI Quotas de mercado dos promotores de eólicas em Dezembro de 2009 Parques ligados à rede Empresa Quota (%) Iberwind 19,8 Enernova 15,8 Generg 12,3 EEVM 8,3 Electrabel 6,1 EDF EN Portugal 4,6 ENEOP2 4,4 Tecniera 3,4 Acciona 3,3 Iberdrola 2,6 Outros INEGI 19,4

X Diário <strong>Económico</strong> Quinta-feira 29 Abril 2010<br />

Energia<br />

oceânica<br />

em Peniche<br />

■ A energia das ondas tem<br />

sido das mais faladas. A<br />

Martifer já teve um<br />

projecto (FLOW), mas “as<br />

condicionantes de<br />

mercado, e ainda algumas<br />

lacunas em termos<br />

legislativos” fez com que a<br />

empresa optasse por<br />

outros negócios. “O<br />

projecto não está<br />

esquecido, aguarda,<br />

contudo, condições que<br />

envolvam menos riscos”,<br />

disse fonte oficial ao Diário<br />

<strong>Económico</strong>. A EDP também<br />

entrou, com a Efacec, nesta<br />

energia e o ministério da<br />

Economia disse estar em<br />

“fase de finalização a<br />

negociação do contrato de<br />

concessão para viabilizar<br />

uma zona - piloto para<br />

testes ao norte da Peniche<br />

que contribua para o<br />

desenvolvimento desta<br />

tecnologia.” I.M.<br />

Consumo de electricidade verde<br />

é o dobro das energias fósseis<br />

O CONSUMO ELÉCTRICO nacional com base em energias renováveis, como a eólica,<br />

atingiu o dobro da energia fóssil no primeiro trimestre deste ano.<br />

Irina Marcelino<br />

irina.marcelino@economico.pt<br />

A produção e instalação de energias renováveis<br />

em Portugal avançam com segurança.<br />

O abastecimento de energia eléctrica em Portugal<br />

é cada vez mais garantido pelas fontes limpas.<br />

Só no primeiro trimestre de 2009 Portugal<br />

consumiu 5.262 GWh de energias renováveis, o<br />

dobro do que consumiram de electricidade feitaporcarvão,gásefuel,deacordocomdados<br />

fornecidos pela rede Eléctrica Nacional ao Diário<br />

<strong>Económico</strong>. Mas nem sempre isto foi assim.<br />

Segundo as mesmas estatísticas, as energias<br />

fósseis continuam a ser responsáveis pela maioria<br />

do abastecimento eléctrico em Portugal<br />

(23.708 GWh em 2009 num total de 49.869<br />

GWh global). E a sua evolução ao longo dos<br />

anos tem vindo a decrescer, sim, mas ligeiramente,<br />

apesar de, entre 2007 e 2008, ter crescido<br />

(23.425 GWh para 23.797 GWh).<br />

O saldo importador neste primeiro trimestre foi<br />

negativo em 150 GWh, o que significa que o país<br />

está a exportar mais e a importar menos, sendo<br />

as energias renováveis as grandes responsáveis<br />

por essa evolução.<br />

Já em relação à produção renovável, os dados<br />

são muito optimistas: no primeiro trimestre de<br />

2009, cerca de 73% do consumo foi garantido<br />

por energias limpas, entre as quais se contam as<br />

grandes hídricas, as eólicas, as mini hídricas,<br />

térmica renovável e a fotovoltaica. O valor, contudo,<br />

não é normal: na verdade, foram as condições<br />

meteorológicas (muito vento e chuva) dos<br />

três primeiros meses do ano que o permitiram.<br />

Dentro da produção em regime especial é a<br />

energia eólica que mais tem crescido, isto ape-<br />

O território nacional é limitado,<br />

assim como o seu mercado. E têm<br />

surgido alguns pequenos<br />

problemas ambientais na altura<br />

de licenciar parques eólicos.<br />

sar de as fontes renováveis em Portugal serem<br />

marcadas pelas grandes hídricas. No entanto, o<br />

Governo está também a apostar noutro tipo de<br />

energias: “Existe expectativa em relação à diminuição<br />

dos custos associados ao aproveitamento<br />

da energia solar para produção de electricidade<br />

pelo que o seu desenvolvimento será<br />

impulsionado através das licenças de demonstração<br />

já atribuídas e de inovadores programas<br />

de micro e mini-geração”, disse ao Diário <strong>Económico</strong><br />

fonte oficial do ministério da Economia.<br />

E o mercado mexe-se<br />

Num mercado cujos ‘players’ são fabricantes,<br />

promotores, operadores e consórcios, algumas<br />

empresas portuguesas estão a olhar para fora<br />

do país com a intenção de expandirem o seu negócio.<br />

O território nacional é limitado, assim<br />

como o seu mercado. E têm surgido, de acordo<br />

com algumas empresas, alguns problemas ambientais<br />

na altura de licenciar os seus parques<br />

eólicos.<br />

Tal foi o caso da Iberwind (ver entrevista na página<br />

ao lado), cujos problemas com licenciamentos<br />

geraram “atrasos significativos na entrada<br />

em exploração de alguns parques, com<br />

O ministro espanhol da indústria espera obter um acordo antes do dia 1 de Julho sobre o novo marco<br />

regulatório para as energias renováveis. Em estudo está a redução das taxas que o governo paga para<br />

a produção de energias alternativas. No ano passado o regime especial recebeu 6.215 milhões de euros.<br />

consequente aumento dos seus custos de financiamento.”<br />

Também a Martifer disse ao Diário<br />

<strong>Económico</strong> ter havido alguns obstáculos e processos<br />

mais demorados, que já “estão ultrapassados.<br />

Vamos começar a instalar os primeiros<br />

MW do projecto Ventinveste (400MW) este<br />

ano”, disse fonte oficial da empresa.<br />

Os problemas parecem estar, de facto, resolvidosouemviasdeoser.ParaNavarroMachado,<br />

CEO da Iberwind, “o enquadramento regulamentar<br />

do licenciamento de parques eólicos é<br />

actualmente mais claro e eficiente do que era<br />

no passado, o que facilita e acelera o processo<br />

de licenciamento”. Também Dulce Pássaro, ministra<br />

do Ambiente, disse ao Diário <strong>Económico</strong><br />

que se estão a licenciar “os projectos que respeitam<br />

a legislação em vigor, nomeadamente na<br />

área do ambiente”. E acrescenta: “todos os projectos,<br />

no âmbito dos respectivos procedimentos<br />

de licenciamento e autorização, têm de<br />

cumprir requisitos ambientais aplicáveis, pelo<br />

que seguem a tramitação legalmente estabelecida.Sóficamparadososinviáveis,oqueéuma<br />

franca minoria dos casos em projectos de energias<br />

renováveis. Por exemplo, no caso de parques<br />

eólicos a aprovação anda nos 95% quanto<br />

a projectos e nos 86% quanto a potência.”<br />

Já o ministério da Economia afirmou ter conhecimento<br />

“que as empresas promotoras estão a<br />

trabalhar com o ministério do Ambiente e do<br />

Ordenamento do Território no sentido de viabilizarem,<br />

do ponto de vista ambiental, a concretização<br />

dos seus projectos.”<br />

Navarro Pedro, contudo, deixa o alerta: “O crescente<br />

aumento da densidade de parques eólicos<br />

e a maior dificuldade de encontrar locais viáveis<br />

para a sua instalação permite prever uma<br />

cada vez maior dificuldade em licenciar com<br />

sucesso novos projectos.”<br />

Daí que as empresas portuguesas estejam a<br />

apostar nos mercados externos. A Martifer, por<br />

exemplo, está a apostar nas eólicas em Espanha,<br />

Itália, França, Belgica, Grécia, República Checa<br />

e Estados Unidos. Na área industrial também<br />

eólica está a Alemanha, Polónia, Roménia, Brasil,<br />

Estados Unidos e África do Sul. E na energia<br />

solar, estão em Cabo Verde.<br />

A EDP Renováveis, por seu turno, tem estado<br />

imparável. Ainda esta semana acordou com a<br />

Vestas um contrato global para o fornecimento<br />

de aerogeradores relativos a um máximo de 2,1<br />

GW de capacidade eólica, sendo este o maior<br />

contrato para o fornecimento de turbinas anunciado<br />

a nível mundial nos últimos dois anos. ■<br />

Lucy Nicholson / Reuters

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