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12Evite o 'stand by' e desligue - Económico

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4 Diário <strong>Económico</strong> Quinta-feira 29 Abril 2010<br />

DESTAQUE<br />

DESTAQUE CRISE FINANCEIRA<br />

Governo e PSD<br />

prometem acordo<br />

para reforçar PEC<br />

Sócrates e Passos Coelho estão a negociar mais medidas<br />

para o PEC. Os mercados esperam, com os nervos em franja.<br />

Margarida Peixoto<br />

margarida.peixoto@economico.pt<br />

Foi preciso mais de um mês e um<br />

corte na notação da dívida da República<br />

para que o primeiro-ministro<br />

e o líder do PSD chegassem<br />

a acordo sobre a necessidade de<br />

passar à prática o Programa de<br />

Estabilidade e Crescimento (PEC).<br />

Ontem, José Sócrates e Pedro Passos<br />

Coelho prometeram trabalhar<br />

em conjunto para acrescentar<br />

mais medidas de austeridade ao<br />

pacotejáprevisto.ODiário<strong>Económico</strong><br />

sabe que em cima da<br />

mesa estão mais restrições nas<br />

despesas, no endividamento e nas<br />

obras públicas.<br />

Da reunião de ontem entre<br />

Passos Coelho e Sócrates saiu,<br />

para já, pouco mais do que um sinal<br />

político de confiança enviado<br />

ao país e ao exterior. “O Governo<br />

e o principal partido da oposição<br />

decidiram trabalhar em conjunto<br />

para responder em primeiro lugar<br />

ao ataque especulativo e sem<br />

fundamento ao euro e à dívida<br />

soberana”, garantiu o primeiroministro,<br />

à saída do encontro,<br />

perante dez câmaras, dez fotógrafos<br />

e dezenas de jornalistas,<br />

entre os quais sete meios de comunicação<br />

estrangeiros.<br />

Passos Coelho, por seu lado,<br />

deu um passo atrás no discurso de<br />

oposição ao PEC que tem feito desde<br />

que foi eleito e fez questão de<br />

dissipar as dúvidas sobre a capacidade<br />

do Governo de implementar<br />

as medidas de austeridade: “Manifestei<br />

a disponibilidade do PSD<br />

para neste momento em que precisamos<br />

de uma resposta pronta<br />

não deixar dúvidas de que estas<br />

medidas possam entrar em vigor”,<br />

disse o líder dos social-democratas,<br />

sinalizando assim que o PSD<br />

não vai bloquear na Assembleia a<br />

aprovação das medidas.<br />

Contudo, o PSD não inverteu o<br />

tom do discurso sem garantir nada<br />

em troca. “Estamos muito disponíveis<br />

para considerar e ouvir propostas<br />

do PSD e de outros partidos”,<br />

reconheceu José Sócrates.<br />

“O primeiro-ministro mostrou<br />

abertura para considerar medidas<br />

de reforço no PEC que se venham a<br />

afigurar necessárias para se garantir<br />

a trajectória descendente do défice<br />

orçamental”, sublinhou Passos<br />

Coelho sem dizer quais.<br />

O primeiro acordo alcançado<br />

foi a necessidade de antecipar já<br />

para este ano três medidas que só<br />

estavam previstas para 2011 – as<br />

alterações às regras do subsídio de<br />

desemprego, a introdução de mais<br />

condições para aceder a prestações<br />

sociais e mais fiscalização na atribuição<br />

destes apoios.<br />

Mas isto não chega. “O PSD está<br />

a preparar mais medidas” para<br />

apresentar, confirmou Miguel Relvas,<br />

secretário-geral do partido ao<br />

Diário <strong>Económico</strong>, acrescentando<br />

quesãodecontençãodadespesa<br />

mas que ainda não estão fechadas.<br />

Segundo apurou o Diário <strong>Económico</strong>,<br />

os social-democratas estão<br />

em negociações com o Governo<br />

para decidir quais serão aquelas<br />

que se somarão ao PEC. Em cima<br />

da mesa estão mais restrições à<br />

despesa (eventualmente a definição<br />

de um tecto para a despesa total)<br />

e ao endividamento, em troca<br />

da viabilização dos limites aos benefícios<br />

e deduções fiscais. Também<br />

está a ser considerado um<br />

maior aperto nas obras públicas.<br />

Para já, o Governo decidiu não<br />

avançar com as auto-estradas que<br />

ainda não tenham sido lançadas,<br />

mas não colocou qualquer data<br />

para o arranque, nem alterou o calendário<br />

das que já têm troços concessionados.PeranteoacordoentreoGovernoeoPSD,PauloPortas,líderdo<br />

CDS, já marcou posição: “No PEC o<br />

O ministro alemão<br />

da Economia,<br />

Rainer Bruederle,<br />

vai encontrar-se<br />

comoGoverno<br />

português em<br />

Lisboa, no final da<br />

semana, para<br />

discutir a crise<br />

financeira.<br />

Paul Krugman<br />

defendeu que “o<br />

desequilíbrio das<br />

contas públicas de<br />

Portugal não é,<br />

nem de perto, tão<br />

severo com o<br />

problema grego”.<br />

Governo não quis conversar com o<br />

CDS. Mantenho sempre a mesma<br />

atitude”, disse, propondo a suspensãoimediatadoTGVerescisões<br />

por mútuo acordo na Função<br />

Pública, entre outras medidas. Já o<br />

BE e o PCP condenaram o acordo<br />

do Governo com a direita. “Vai<br />

exigir às vítimas da crise o pouco<br />

que têm”, criticou Francisco Louçã,<br />

líder do Bloco. “Perante este<br />

verdadeiro roubo feito a Portugal, o<br />

papel que PS e PSD (com o apoio<br />

do Presidente da República) se<br />

preparam para assumir é de participarem<br />

nessa operação”, defendeu<br />

Jerónimo de Sousa, secretário-geral<br />

do PCP.<br />

Holofotes virados para Portugal<br />

A descida do ‘rating’ da República<br />

e as constantes comparações da<br />

economia portuguesa à grega – à<br />

beira de entrar em incumprimento<br />

– viraram os holofotes todos<br />

para Portugal. Ontem, a linguagem<br />

da Comissão não foi diferente<br />

da usada na avaliação do PEC,<br />

mas havia uma declaração pronta<br />

sobre as áreas onde há maior<br />

preocupação. “As receitas não fiscais,<br />

as despesas de capital e as<br />

transferências sociais”, explicou<br />

Amadeu Altafaj, porta-voz de Olli<br />

Rehn.Nuncaocomissáriosetinha<br />

pronunciado de forma tão<br />

clara sobre as rubricas onde suspeita<br />

que o OE/2010 vai falhar.<br />

Jürgen Stark, membro do comité<br />

executivo do Banco Central<br />

Europeu, já tinha dito que não vê<br />

“qualquer relação entre Portugal e<br />

a Grécia” e Paul Krugman defendeu<br />

no seu blog que “o desequilíbrio<br />

das contas públicas de Portugal<br />

não é, nem de perto, tão severo<br />

com o problema grego”. Ainda assim,<br />

o Nobel da Economia sublinhou<br />

que “o país foi palco de uma<br />

bolha imobiliária e o mercado<br />

pensa agora que os bancos portugueses<br />

estão em sarilhos”.<br />

Outro problema a considerar é<br />

a possibilidade da ajuda à Grécia<br />

ter de ser maior do que o inicialmente<br />

previsto. O director do FMI<br />

elevou a fasquia das necessidades<br />

gregas para 120 mil milhões de<br />

euros a três anos. Se o FMI mantiver<br />

a parcela de um terço, sobram<br />

80 mil milhões para a UE, dos<br />

quais Portugal teria de suportar<br />

dois mil milhões de euros, o equivalente<br />

a 1,2% do PIB português.<br />

(Ver pág. 12). ■ Com L.R.<br />

“ Transmiti a<br />

disponibilidade<br />

do PSD para neste<br />

momento em que<br />

precisamos de dar<br />

uma resposta<br />

pronta não deixar<br />

dúvidas de que<br />

estas medidas<br />

[as do PEC] possam<br />

entrar em vigor.<br />

O primeiroministro<br />

mostrou<br />

abertura para<br />

considerar medidas<br />

de reforço no PEC<br />

quesevenham<br />

a afigurar<br />

necessárias.<br />

Quaisquer que<br />

sejam as diferenças<br />

políticas, não<br />

nos impedirão de<br />

oferecer a Portugal<br />

um quadro de<br />

estabilidade. Não<br />

se conte com falta<br />

de condições para<br />

que os objectivos<br />

sejam atingidos.”<br />

Economistas nacio<br />

Antecipar medidas do PEC é um<br />

bom começo, mas insuficiente.<br />

Luís Reis Pires<br />

luis.pires@economico.pt<br />

PedroPassosCoelho<br />

A Standard & Poor’s (S&P) conseguiu<br />

o que ainda ninguém tinha<br />

conseguido: pôs o Governo a<br />

negociar com a oposição as medidas<br />

de consolidação e a discutir<br />

o melhor caminho para acalmar<br />

os mercados e evitar um cenário<br />

de incumprimento. O resultado<br />

da reunião de ontem é<br />

um bom primeiro passo, mas insuficiente,<br />

dizem os economistas<br />

contactados pelo Diário <strong>Económico</strong>,<br />

que pedem mais medidas,<br />

sobretudo do lado da despesa.<br />

“Ainda bem [que Governo e<br />

oposição já se começaram a en-<br />

tender]”, diz Silva Lopes, economista<br />

e ex-ministro das Finanças,<br />

para quem o resultado da<br />

reunião de ontem entre José Sócrates<br />

e Pedro Passos Coelho “é<br />

um bom indício”. Mas a antecipação<br />

de algumas medidas previstas<br />

no PEC é apenas “um primeiro<br />

passo”, que precisa de<br />

continuidade. (ver págs. 6 e 7)<br />

“AgoraéprecisooGovernoouvir<br />

as propostas do PSD, porque admito<br />

que haja para lá algumas<br />

coisas legítimas e que podem ser<br />

aproveitadas”, remata.<br />

Já João César das Neves, economista<br />

e professor da Universidade<br />

Católica, concorda que a<br />

abertura do Governo para negociar<br />

e o sentido de Estado do<br />

maior partido da oposição são<br />

bons sinais, mas acrescenta que

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