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12Evite o 'stand by' e desligue - Económico

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II Diário <strong>Económico</strong> Quinta-feira 29 Abril 2010<br />

DESTAQUE<br />

NOVAS<br />

ENERGIAS<br />

DE<br />

José Manuel Perdigoto<br />

Director-Geral<br />

Direcção-Geral da Energia e Geologia<br />

“A alteração à<br />

legislação está a ser<br />

feita com o objectivo<br />

de um mercado<br />

mais flexível.<br />

Não pode haver um<br />

estrangulamento<br />

à criatividade.”<br />

Paulo Ferrão<br />

Director Geral MIT Portugal<br />

“Há poucos<br />

incentivos para as<br />

empresas investirem<br />

na investigação em<br />

energias renováveis.<br />

Projectos como<br />

o InovGrid são<br />

importantes para<br />

para chamar as<br />

empresas para junto<br />

das universidades.”<br />

ENERGIA<br />

INOVADORA<br />

“NÃO PODE HAVER um estrangulamento à criatividade<br />

nas energias renováveis”, afirma o director da DGEG.<br />

Irina Marcelino<br />

irina.marcelino@economico.pt<br />

De um processo de produção quase directo,<br />

que só tinha de ir da central para a rede e da<br />

rede para a casa dos consumidores, o futuro da<br />

produção de energia vai ser muito mais complexo.<br />

A electricidade, que surge em nossa casa<br />

sem pensarmos de onde vem, assim como os<br />

sistemas de aquecimento e arrefecimento, virão<br />

de muitas mais fontes: do vento (do meio do<br />

mar), do sol, do rio, do oceano, da madeira e até<br />

do lixo. Os nossos carros serão, um dia, eléctricos,<br />

usarão biocombustível ou andarão com recurso<br />

ao hidrogénio. Mas para que esse dia chegue,<br />

ainda há muitas coisas que têm de ser acertadas.<br />

E se, durante anos, nada ou quase nada se investiu<br />

em novas tecnologias, esquecidas à conta<br />

dos baixos preços dos combustíveis fósseis - há,<br />

no entanto, quem ainda discuta o fim do petróleo<br />

- , hoje as empresas e governos correm para<br />

descobrir a tecnologia ou o combustível mais<br />

completo. Mas não só. Futuramente terão de se<br />

desenvolver novas formas de ligação, armazenamento<br />

e distribuição de energia. E os próprios<br />

consumidores terão possibilidade de controlar<br />

toda a energia que consomem. Aliás, já<br />

começam a ter.<br />

A EDP Inovação, por exemplo, lançou um projecto<br />

neste sentido, o InovGrid (ver página 4<br />

deste suplemento), que visa dotar a rede eléctrica<br />

de informação e equipamentos capazes<br />

de automatizar a gestão das redes, melhorar a<br />

qualidade de serviço, diminuir os custos de<br />

operação e, principalmente, promover a eficiência.<br />

“Antes de pensar na geração de energia,<br />

teremos de colocar um enorme foco na<br />

eficiência energética”, afirmou fonte oficial da<br />

EDP Inovação ao Diário <strong>Económico</strong>. A empresa<br />

do Grupo EDP está, actualmente, envolvida<br />

em vários projectos de inovação em parceria<br />

com os segmentos de inovação de várias áreas<br />

de negócio do Grupo EDP. Grupo que, aliás,<br />

investiu em 2009 qualquer coisa como 41 milhões<br />

de euros em I&D. Entre os projectos está<br />

o Ondas de Portugal - cuja Companhia de<br />

Energia Oceânica foi adquirida pela EDP e<br />

pela Efacec, tendo uma infraestrutura montada<br />

em Aguçadoura - o projecto WindFloat,<br />

que tem em investigação projectos de eólicas<br />

‘offshore’, o Centro Demonstração CPV (tecnologiasdefotovoltaicoconcetrado),ojáreferido<br />

InovGrid e ainda o projecto de rede de<br />

carregamento de veículos eléctricos, um tema<br />

que, acredita a empresa, será “um vector de<br />

crescimento da EDP”. Até porque os próprios<br />

carros serão um factor de estabilidade para a<br />

PRIORIDADES NA INVESTIGAÇÃO<br />

■ A construção de eólicas nas<br />

cidades, as eólicas ‘offshore’,<br />

adaptação das torres eólicas ao meio<br />

ambiente, as células fotovoltaicas, as<br />

pilhas de combustível, o hidrogénio, o<br />

bioetanol ou o combustível feito a<br />

partir de algas, os veículos eléctricos,<br />

a energia das ondas. Além do<br />

software de gestão de sistemas que<br />

integração todas estas energias.<br />

Estas são algumas das tendências<br />

que marcarão o futuro da<br />

investigação no sector energético,<br />

que se quer mais amigo do ambiente<br />

e menos dependente dos<br />

combustíveisfósseis.Éoquedefende<br />

o ‘Research Prioritiies for Renewable<br />

Energy Technology by 2020<br />

and beyond’, feito pela EUREC,<br />

associação europeia<br />

de investigadores científicos<br />

em energias. I.M.<br />

rede, através do conceito V2G: os veículos<br />

compram energia à rede quando necessitam<br />

ou está barata e vendem-na quando não precisam<br />

ou esta está mais cara.<br />

Mas há muito mais inovação em Portugal. Quer<br />

nas empresas, quer nas universidades. Paulo<br />

Ferrão, director do MIT Portugal, lembra alguns<br />

casos de empresas e projectos inovadores<br />

na área da energia, nomeadamente da Efacec,da<br />

empresa Bruno Janz, o ISA e o próprio<br />

InovGrid, “importante para para chamar as empresas<br />

para junto das universidades.”<br />

No que respeita precisamente às universidades,<br />

Paulo Ferrão afirma existirem muitos casos de<br />

investigação em nichos ligados às renováveis. E<br />

acredita que Portugal terá algo a dizer no desenvolvimento<br />

de equipamentos, nomeadamente<br />

para as eólicas ‘offshore’ ou na energia fotovoltaica.<br />

Já Gustavo Fernandes, da Martifer Solar, destaca<br />

a importância da energia fotovoltaica: “Portugal<br />

tem excelente potencial”, referiu, também<br />

na conferência do Diário <strong>Económico</strong>, acrescentando:<br />

“Há centenas, senão milhares, de investigadores<br />

a trabalhar nesta área.”<br />

Teresa Ponce de Leão, presidente do Laboratório<br />

Nacional de Energia e Geologia (LNEG, o<br />

ex-INETI) afirma no entanto que “é um facto<br />

de que toda a investigação, mesmo a nível europeu,<br />

é pequena face às necessidades.”<br />

A Comissão Europeia já começou, entretanto, a<br />

incentivar as redes de conhecimento e trabalho<br />

conjunto, como é o caso da European Energy<br />

Research Alliance ou as European Industrial<br />

Initiatives, “que dependendo da maturidade<br />

tecnológica podem assumir o padrão de parcerias<br />

publico-privados ou programação conjunta<br />

a ser financiada parcialmente pela comissão”,<br />

recorda a responsável, que afirma ainda que<br />

Portugal seguiu a onda, criando pólos de competitividade<br />

e ‘clusters’ tecnológicos.<br />

E para potenciar a investigação, brevemente<br />

em Portugal será feita uma alteração à legislação<br />

com o objectivo de se ter um mercado<br />

mais flexível que permita o acesso a potências<br />

mais baixas por tecnologias inovadoras, disse,<br />

na semana passada, José Manuel Perdigoto, director<br />

geral da Direcção Geral de Energia e<br />

Geologia, na conferência Energias Renováveis,<br />

realizada pelo Diário <strong>Económico</strong>. “Não<br />

pode haver um estrangulamento à criatividade,<br />

tal como existe hoje”, afirmou, lembrando<br />

que é “necessário um sistema mais flexível,<br />

nomeadamente a atribuição de potência para<br />

as novas tecnologias.”<br />

Quanto a apoios financeiros para a investigação,<br />

José Manuel Perdigoto afirmou esta a preparar-se<br />

algumas linhas. E descartou quem critica<br />

o apoio público que é dado às renováveis:<br />

“todas as tecnologias que se lançam têm de ser<br />

incentivadas. O gás natural, quando foi lançado,<br />

foi financiado em termos de infraestruturas. O<br />

incentivo é necessário. É preciso perceber que<br />

vai haver retorno a médio-longo prazo.” Para o<br />

responsável, porém, é certo que, um dia, o apoio<br />

findará. E que os preços junto do consumidor<br />

final irão aumentar. “É nesse cenário que as tecnologias<br />

se tornarão rentáveis”, destacou.<br />

Uma coisa é certa: o paradigma energético, intensificado<br />

pela finitude dos hidrocarbonetos e<br />

os problemas ambientais, mudou. ■<br />

1<br />

3<br />

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