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12Evite o 'stand by' e desligue - Económico

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18 Diário <strong>Económico</strong> Quinta-feira 29 Abril 2010<br />

POLÍTICA<br />

Professores alegam<br />

ilegalidades no concurso<br />

e recorrem ao PGR<br />

Fenprof garante que inclusão da avaliação cria situações de discriminação,<br />

sobretudo para professores que estavam de licença. Especialistas apoiam.<br />

Catarina Madeira<br />

catarina.madeira@economico.pt<br />

A Federação Nacional dos Professores<br />

(Fenprof) vai recorrer ao<br />

Procurador-geral da República<br />

para tentar suspender a norma<br />

que impõe a avaliação como critério<br />

a ter em conta no concurso<br />

dos professores contratados, que<br />

decorreu até sexta-feira passada.<br />

A Fenprof entende que a inclusão<br />

da avaliação como critério<br />

pode ser inconstitucional porque<br />

gera discriminações. Mário Nogueira,<br />

secretário-geral da<br />

Fenprof, garantiu ontem que a<br />

queixa será entregue ao PGR esta<br />

semana, considerando “que a<br />

avaliação nos concursos é legal,<br />

mas desencadeia um conjunto de<br />

ilegalidades que proporcionalmente<br />

são mais gravosas”. Uma<br />

opinião partilhada por especialistas<br />

em direito do trabalho.<br />

Mário Nogueira alega que os<br />

professores que não obtiveram a<br />

avaliação quantitativa (que é exigida<br />

no concurso) – alguns porque<br />

se encontravam de licença de<br />

maternidade, isenção de componente<br />

lectiva ou porque estavam<br />

colocados nos Açores, onde esta<br />

avaliação não decorreu – serão<br />

prejudicados. Foi também com<br />

base neste argumento que o sindicato,<br />

(que representa quase<br />

60% dos professores) recorreu<br />

também aos tribunais, apresentando<br />

providências cautelares no<br />

Tribunal Administrativo de<br />

Coimbra e Beja e duas intimações,<br />

em Lisboa e Porto.<br />

Especialistas em direito do<br />

trabalho contactados pelo Diário<br />

O concurso contestado<br />

Nototal,sãocercade30mil<br />

professores que estão abrangidos<br />

pelo concurso que agora está a<br />

suscitar polémica. São apenas os<br />

professores contratados<br />

(professores a contrato a termo).<br />

O concurso refere-se ao biénio<br />

2010/2011. Os professores que<br />

concorrem às vagas abertas pelas<br />

escolas são organizados com base<br />

numa lista hierárquica que, além<br />

de ter em conta factores como o<br />

“Existem<br />

ilegalidades e<br />

situações de<br />

legalidade<br />

duvidosa (...).<br />

Estamos perante<br />

uma situação em<br />

que a PGR pode<br />

intervir”, explicou<br />

Mário Nogueira.<br />

“São várias as<br />

situações de<br />

tratamento<br />

desigual de<br />

docentes que se<br />

encontram na<br />

mesma situação”,<br />

sublinha Ana<br />

Drago, deputada<br />

do Bloco.<br />

tempo de serviço e as<br />

habilitações profissionais, leva em<br />

conta a avaliação. Esta dá uma<br />

bonificação de um a dois pontos<br />

(caso a nota seja “Muito Bom” ou<br />

“Excelente”) na candidatura, além<br />

de ser factor preferencial de<br />

desempate. Contudo, há escolas<br />

que decidiram dar a mesma nota<br />

a todos os professores, como por<br />

exemplo na Madeira, onde todos<br />

tiveram “Bom”.<br />

<strong>Económico</strong> acreditam que a<br />

queixa da Fenprof pode ter fundamento,<br />

já que as consequências<br />

da inclusão da avaliação no<br />

concurso podem violar alguns<br />

princípios da Constituição, a começar<br />

pelo princípio da igualdade<br />

(artigo 13º). “Pode levantar<br />

questões de incompatibilidade<br />

constitucional”, avalia Luís Gonçalves<br />

da Silva, professor na Faculdade<br />

de Direito da Universidade<br />

de Lisboa. “Caso não se verifique<br />

nenhuma norma transitória<br />

ou um regime específico que<br />

salvaguarde uma situação como a<br />

maternidade”, conclui. Apesar<br />

da legislação contemplar um regime<br />

específico, Mário Nogueira<br />

argumentaquealeiremeteparaa<br />

avaliação futura ou para a do ano<br />

anterior.“Oraafuturanãoéconhecidaeadoanopassadonão<br />

foi quantitativa”, acrescenta.<br />

Pedro Romano Martinez, presidente<br />

do Instituto do Direito do<br />

Trabalho da Faculdade de Direito<br />

da Universidade de Lisboa, defende<br />

que, “se alguns professores<br />

não podem cumprir um dos critérios<br />

e, por isso, não concorrem<br />

em pé de igualdade, pode estar<br />

em causa o princípio da igualdade”<br />

e sublinha que “a questão da<br />

maternidadeéamaisóbvia”e<br />

“põe em causa, não só o princípio<br />

da igualdade, mas também a protecção<br />

da maternidade consagrado<br />

na Constituição”.<br />

Os sindicatos esperam agora<br />

queasituaçãoseresolvaentrea<br />

JustiçaeoParlamento.Nasemana<br />

passada, o PS rejeitou agendar<br />

a votação de um diploma do PCP<br />

para impedir avaliação no concurso<br />

de professores, que reunia<br />

o consenso de toda a oposição.<br />

Ontem o Bloco de Esquerda entregou<br />

no Parlamento um projecto<br />

com a mesma finalidade. E segunda-feira,<br />

a própria Fenprof,<br />

que chegou a declarar “guerra” à<br />

ministra, marcou uma concentração<br />

em S. Bento, pedindo para<br />

ser recebida pelo primeiro-ministro<br />

(texto ao lado).<br />

A Fenprof garante que recebeu<br />

agarantiadaministradequea<br />

avaliação não teria efeitos, mas<br />

Isabel Alçada garante, por sua<br />

vez,quenãodeuessagarantia.■<br />

TRÊS PERGUNTAS A...<br />

LUÍS MIGUEL MONTEIRO<br />

Especialista em direito do trabalho<br />

“Não pode haver<br />

prejuízo por uma<br />

razão que não<br />

lhes seja imputada”<br />

Luís Miguel Monteiro, especialista<br />

em direito do trabalho, defende que<br />

pode estar em causa o princípio da<br />

igualdade e o da protecção da<br />

maternidade.<br />

Aoteremcontaaavaliação,<br />

que alguns professores não<br />

puderam concluir, o concurso<br />

viola o princípio da igualdade?<br />

Se a avaliação é tida como um<br />

critério e alguns professores não<br />

puderam cumprir esse critério<br />

deveria haver um regime de<br />

excepção. As pessoas não podem<br />

ser prejudicadas se não tiverem<br />

completado a avaliação por uma<br />

razão que não lhes seja imputada.<br />

Éocasodasdocentesem<br />

licença de maternidade ou<br />

colocados nos Açores, onde a<br />

avaliação exigida não foi feita?<br />

A questão da licença de<br />

maternidadeéamaisevidente,<br />

porque põe em causa o princípio da<br />

igualdade mas também da<br />

protecção da maternidade.<br />

O que pode ser feito?<br />

Um dos mecanismos de correcção é<br />

a atribuição da nota máxima a<br />

todos os professores nestas<br />

condições, o que não parece justo.<br />

Também se pode aplicar a mesma<br />

regra aplicada aos funcionários<br />

públicos ausentes, por exemplo por<br />

requisição, substituindo a avaliação<br />

de desempenho por uma avaliação<br />

curricular. ■<br />

PRIMEIRA GREVE DOS FUNCIO<br />

Protestos<br />

Professores concentra-se junto à<br />

residência oficial de Sócrates<br />

após semana de greves.<br />

Inês David Bastos<br />

Inês.bastos@economico.pt<br />

É já na próxima segunda-feira - e<br />

depois de uma semana marcada<br />

porgreves-queosprofessores<br />

vão concentrar-se junto à residência<br />

oficial do primeiro-ministro<br />

em protesto contra a inclusão<br />

da avaliação no concurso<br />

de professores. Esta concentração<br />

- que faz parte de um pacote<br />

de protestos estipulado pela<br />

Fenprof - vem elevar o tom da<br />

contestação social, que esta semana<br />

ficou marcada pela greve<br />

dos transportes públicos (sobretudo<br />

na CP), dos CTT (que se prolonga<br />

até dia 7 de Maio) e ontem

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