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10 Diário Económico Quinta-feira 29 Abril 2010
MANIFESTO
ENTENDAM-SE
ABERTURA NA TERÇA-FEIRA
7493,94 pontos
As oito horas e meia de caos na bolsa
Num dia de verdadeira montanha-russa, o PSI 20 termina a recuar quase 2% e regista a sessão mais
“
Tiago Figueiredo Silva
e Rui Barroso
tiago.silva@economico.pt
A sessão de ontem da praça lisboeta
foi o equivalente a comprar
um bilhete para andar numa das
“montanhas-russas” espalhadas
pelo mundo. Ao longo das oito
horas de negociação, o PSI 20 enfrentou
um sobe-e-desce como
há muito não se via. O despertar
não podia ter sido mais abrupto,
com o índice a resvalar uns históricos
6,54%. Mas a hora de almoço
abriu o apetite dos investidores.
A esperança de que fossem
revelados novos detalhes no planodeajudaàGréciaeoentendimentoentrePSePSDlevaramo
PSI 20 a subir 1%. No entanto, o
desfecho da sessão viria a ditar a
estocada final, com a bolsa nacional
a registar uma queda de
1,89%, numa sessão em que 11
empresas tocaram mínimos de,
pelo menos, mais de um ano.
Além do caos e da incerteza
terem sido as características do-
Entendam-se?! É preciso
ter lata. Devia ser antes um
ultimato ao Governo:
Resolvam. E se não são
capazes demitam-se.
Também podem fugir - aliás
nem sequer seriam os
primeiros. Já outros o
fizeram antes, ainda que
Os dois dias “loucos” vividos pelo PSI 20
As últimas duas sessões do índice de referência nacional tem sido uma
verdadeira “loucura”. O desempenho do PSI 20 oscilou ao “sabor” das
notícias relativas ao ‘rating’ nacional e à crise de dívida na Grécia.
Depois de na terça-feira ter registado a sessão mais “negra” do último
ano e meio, ontem, o sobe-e-desce foi uma constante. Contas feitas, o
PSI 20 acumula uma perda de 7,15% nas últimas duas sessões.
minantes, a sessão entrou para os
livros de história do PSI 20, pelo
facto de nunca se terem negociado
tantas acções como ontem.
Contas feitas, trocaram de mãos
mais de 271 milhões de acções
num montante de 508 milhões
de euros. Na prática, isto significa
que num só dia foram transaccionados
quase cinco vezes
mais títulos do que a média de
volume verificada desde o arranquedoano.
O recorde anterior do dia
mais movimentado de sempre
remontavaa16deFevereirode
2007, com a revisão em alta da
OPA lançada pela Sonaecom sobre
a PT a fazer disparar o volume
de negócios para os 266,5
milhões de títulos. O principal
contributo para o volume histórico
veio do BCP. O banco liderado
por Carlos Santos Ferreira,
que chegou a afundar 17% para
negociar num novo mínimo recorde
de 0,55 euros. Negociou
150 milhões de títulos que representaram
mais de metade do
para cargos dourados na
esfera internacional, depois
de deixarem o lodo e a
podridão para trás. E
também não vamos lá com
um governo presidencial.
Não esquecer o grande
contributo que o actual PR
deu com a história da “boa
É noticiado
que a S&P se
prepara para
cortar o ‘rating’
de Portugal.
Para já não acredito
que a volatilidade
acabe. No final
do dia a S&P cortou
o ‘rating’ de Espanha,
portanto espera-se
queapressão
continue” hoje.
Duarte Leite de Castro
IG Markets
moeda”. Para não falar que
agora, como antes, à frente
dos outros estará o seu
próprio interesse.
ISA
Não existem Portugueses
de Esquerda ou de Direita.
Existem apenas
S&P baixa
‘rating’ de
Portugal em dois
níveis para A-.
ABERTURA
DE ONTEM
-4,33%
nos 6.843
pontos.
S&P coloca
dívida grega
em ‘junk bond’.
total transaccionado no PSI 20.
“Háfugadeinvestidorese,
dado o elevado volume, são os
institucionais que estão a sair”,
justificou o analista da IG
Markets, Duarte Leite de Castro,
ao Diário Económico. O CEO da
corretora Dif Broker foi mais longe
ao considerar que “este dia
histórico apenas é comparável,
em termos de volume, aos
‘crashs’ de 1998 e 1998, com a
crise da América Latina, dia em
que a bolsa abriu a baixar quase
20%”. Pedro Lino refere que “assistimos
a quedas superiores a
12% de acções principais, o que
indicia que o pânico tomou conta
dos investidores”.
Além do pânico, que se agudizou
depois da Standard &
Poor’s ter cortado o ‘rating’ de
Espanha (ver pág. 13), a volatilidade
poderá ser o melhor adjectivo
para caracterizar o dia
de ontem. Reflexo disso, a diferença
entre o mínimo e o máximodoPSI20duranteodia,que
atingiu os 8,9%, o sexto dife-
Portugueses! A obrigação
de quem assume a
responsabilidade de
governar é a de garantir
que Portugal sobreviva
independente e soberano. É
OBRIGAÇÃO deles garantir
que todos aqueles que
querem trabalhar o possam
Depois do fecho do mercado,
a S&P cortou os ‘ratings’ dos bancos
portugueses. O líder do PSD anunciou
que iria reunir-se de emergência
com José Sócrates e o ministro das
Finanças garantiu que o país iria
fazer o que fosse necessário para
eliminar o défice. Bolsa caiu 5,36%.
rencial mais elevado de sempre.
“Após as vendas de acções e
com a estabilização dos mercados
europeus, muitos investidores
quevenderamosseustítulosvoltaram
a recomprar, originando
esta volatilidade histórica”, referiu
Pedro Lino. Já o ‘trader’ da
GoBulling, Bruno Costa, disse
que “a volatilidade reflecte quase
sempre a aversão ao risco esperada,
pelo que as novas intervenções
das agências de ‘rating’ e as
promessas de mais cortes no curto-prazo
para outros países agitouosentimentodomercado”.
A somar a isto, o PSI 20 é o
segundo índice mais volátil nos
últimos 20 e nos últimos 30
dias, sendo apenas superado
pela inevitável bolsa grega. Tendo
em conta os especialistas, a
volatilidade veio para ficar.
“Para já não acredito que a volatilidade
acabe. No final do dia a
S&P cortou o ‘rating’ de Espanha,
portanto espera-se que a
pressão continue” hoje, perspectiva
Leite de Castro. ■