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Revista Grid - 4ª edição

Edição de março/2023 da Revista Grid.

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A longa passagem de Rubens

Barrichello pela Fórmula 1

começou com quatro

temporadas pela Jordan e

outras três pela Stewart

Rubão e Rubinho: conexão de quatro décadas

de conquistas e dramas nas pistas de corridas

Vinicius Branca

E o que tão marcante teria acontecido na primeira vez

de Dudu no kart? “Eu cheguei e disse ‘o papai pode te

ajudar?’, e ele disse ‘você falou muita coisa, agora eu

não sei identificar o que é’. Hoje sou muito mais solícito

quando eles precisam”, conta, comparando a própria

condição com a de Rubão há quatro décadas. “Tenho

um filho de 21 anos que já tem noção total. Ele senta

num kart e vai mais rápido que eu. Hoje, mesmo, num

treino de kart, vi o Dudu fazendo uma coisa com o traçado.

Cheguei e falei ‘olha, filho, dá para fazer isso’. Ele

fez o que falei e viu uma melhora. É impressionante

como esses moleques aprendem rápido”, divaga.

A história de Rubinho passa longe do clichê do menino

pobre que venceu na vida. “Nunca me faltou nada.

Não faltou comida, não faltou amor. Meu pai sempre

me passou tudo aquilo que ele tinha. Eu tive meus limites

e minhas situações, claro. Esperava chegar o Natal

porque sabia que teria um presente. Uma das melhores

lembranças é de poder ir para a pista quando voltava da

escola. Quando tinha 16 anos viajei para fora para correr,

e aí o que mais me faltava era estar com o meu pai, eu

adorava passar um tempo com ele vendo alguma coisa

na televisão”, aponta, supondo que Fefo, aos 17, deva

sentir o mesmo agora, vivendo na Espanha.

Se não fosse piloto, Rubens estaria ligado igualmente

ao mundo dos carros. “Trabalharia com alguma coisa

de engenharia mecânica. Era o que ia cursar quando

era moleque. E o meu pai falava ‘dorme e estuda’, eu

sempre fui muito dedicado. Eu era CDF na escola, para

o meu pai não ter qualquer argumento para me tirar o

kart”, conta, citando a sigla da antiga expressão que denotava

um “cabeça de ferro” – trocando em miúdos, o

sujeito que dá total prioridade aos estudos. A cobrança

aos filhos vem do exemplo do pai, logo se vê. “A coisa

mais gostosa do mundo é viver com o sorriso na cara e

aprender com os fracassos, e a gente fracassa todo dia”.

Os últimos tempos têm sido de novas experiências

longe do mundo do automobilismo. “Passei dois dias

com o Fefo numa aldeia indígena tupinambá em Ilhéus

e fiquei maravilhado com tudo que aprendi da situação

de lá. A gente vai criando uma situação para poder ajudar,

que seja um por cento. Se puder ajudar uma pessoa

daquelas mil que estão lá, estarei fazendo algo pelo

nosso mundo”, sugere. “Eu também quero voltar a ação

do instituto para a questão da fome. A gente não tem

noção do quanto o Brasil passa de fome”, assume, falando

do Instituto Família Barrichello, que tem toda sua

atividade voltada à educação através do esporte.

Apesar da operação do instituto ter sido iniciada em

2006, a decisão de sua criação vem de bem antes. “Foi

em 1981 ou 1982, quando fomos parar o carro no estacionamento

do kartódromo em Interlagos. Tinha um meni-

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