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ABA RETORNA AO<br />
CENP, APós DOIs ANOs<br />
Presi<strong>de</strong>nte do Cenp,<br />
Luiz Lara celebrou a<br />
volta da associação<br />
ao Fórum e fala que,<br />
juntos, terão o foco<br />
nas melhorias do<br />
mercado. pág. 39<br />
EsPM E CÍRCUlO DE CRIATIVAs fAZEM EVENTO<br />
Encontro reuniu profissionais como Paulo<br />
Cunha, Adriana Cury e Luiza Helena Trajano<br />
para <strong>de</strong>bater o papel da mulher. pág. 36<br />
DIA DO JORNAlIsMO<br />
lEVA à REflExãO<br />
Data é lembrada dia<br />
7 e especialistas na<br />
área, como Ângela<br />
Ravazzolo, professora<br />
da ESPM Porto Alegre,<br />
comentam atual<br />
cenário. pág. 30<br />
propmark.com.br ANO 58 - Nº 2937 - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> R$ 20,00<br />
Freepik<br />
Profissionais <strong>de</strong> veículos<br />
encaram mudanças da mídia<br />
Especial <strong>de</strong>sta edição traz entrevistas com executivos dos principais grupos <strong>de</strong><br />
comunicação do Brasil, que buscam ferramentas, canais e mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócios<br />
capazes <strong>de</strong> enfrentar as transformações impostas por novas tecnologias e mudanças<br />
no consumo <strong>de</strong> conteúdo. Inteligência artificial, streaming e TV conectada são<br />
algumas das inovações que revolucionam o mercado, que registrou compra <strong>de</strong> mídia<br />
avaliada em R$ 21,2 bilhões em 2022, segundo dados do Cenp-Meios. pág. 18
editorial<br />
Armando Ferrentini<br />
aferrentini@editorareferencia.com.br<br />
Profissionais <strong>de</strong> veículos<br />
PROPMARK preparou nesta edição o Especial Profissionais <strong>de</strong><br />
O Veículo com o intuito <strong>de</strong> traçar um panaroma da mídia e ouvir<br />
as estratégias dos principais lí<strong>de</strong>res do segmento. Sejam <strong>de</strong> TV,<br />
rádio, jornal, site ou revista, os executivos relataram <strong>de</strong>safios em<br />
comum: o veículo <strong>de</strong> comunicação precisa atuar <strong>de</strong> forma multiplataforma<br />
e perseguir a inovação. O cenário <strong>de</strong> transformação do<br />
consumo <strong>de</strong> mídia vale para todos.<br />
Paulo Pessoa, diretor-executivo do mercado anunciante do Estadão,<br />
conta que a estratégia do veículo é se apresentar como um<br />
parceiro para as marcas que precisam se posicionar <strong>de</strong>ntro do atual<br />
momento. “Outro ponto é que estamos diversificando a nossa atuação,<br />
<strong>de</strong>senvolvendo novas audiências e produtos, exemplo disso<br />
é o Estadão Recomenda, vertical que avalia e recomenda produtos<br />
para nossa audiência, facilitando o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> compra.”<br />
A Record TV, por exemplo, fala com mais <strong>de</strong> 130 milhões <strong>de</strong> pessoas<br />
mensalmente e o alcance do portal R7 supera a média <strong>de</strong> 76 milhões<br />
<strong>de</strong> visitantes únicos. O serviço <strong>de</strong> streaming PlayPlus e a Record<br />
News complementam a atuação do grupo, que espera crescer 8,4%<br />
em <strong>2023</strong>. Formatos comerciais baseados em experiências multiplataformas<br />
ancoram o momento <strong>de</strong>safiador vivido pela TV aberta.<br />
Alarico Naves, superinten<strong>de</strong>nte-comercial e multiplataforma do<br />
Grupo Record, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a força da TV. “Além <strong>de</strong> alcance, a TV aberta<br />
possui gran<strong>de</strong> versatilida<strong>de</strong>, proporcionando soluções <strong>de</strong> negócios<br />
cada vez mais inovadoras, através do seu conteúdo e aliada a outras<br />
plataformas”, comenta ele, acrescentando que a TV aberta chega a<br />
alcançar mais <strong>de</strong> 93% da população no Brasil.<br />
No SBT, o foco é utilizar conteúdo, tecnologia, plataformas digitais<br />
e inovação digital a fim <strong>de</strong> encontrar soluções mais robustas <strong>de</strong> distribuição<br />
e <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> conteúdos linear e não<br />
linear. Segundo o diretor <strong>de</strong> negócios e marketing executivo, Fred<br />
Müller, a emissora possui investimento estratégico em inovação.<br />
Um dos exemplos é a aposta no meio digital, com canais como SBT<br />
Games, TV Zyn, SBT Sports e SBT News.<br />
Na Ban<strong>de</strong>irantes, rádio, televisão aberta, fechada e digital compõem<br />
o ecossistema <strong>de</strong> mídia da emissora. “Nunca vivemos em<br />
uma zona <strong>de</strong> conforto por não sermos lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> mercado. Sempre<br />
trabalhamos com múltiplas plataformas”, admite Cris Moreira, diretor-geral<br />
<strong>de</strong> comercialização do Grupo Ban<strong>de</strong>irantes.<br />
Uma estratégia interessante que mostra a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuação<br />
multiplataforma, mesmo para os meios nativos digitais, é a do UOL,<br />
que tem 82% <strong>de</strong> alcance da internet brasileira. O CEO Paulo Samia<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que é preciso misturar online com offline para uma entrega<br />
completa. Um exemplo disso é o CarnaUOL, maior projeto proprietário<br />
do grupo, que neste ano reuniu 15 mil pessoas no Allianz Parque,<br />
em São Paulo, com quase nove horas <strong>de</strong> shows ininterruptos.<br />
Já Manzar Feres, diretora <strong>de</strong> negócios integrados em publicida<strong>de</strong><br />
da Globo, frisa que o cenário dá conforto para afirmar que a TV terá<br />
protagonismo no futuro do digital. “O crescimento da TV conectada<br />
traz o melhor <strong>de</strong> dois mundos: a união da tela gran<strong>de</strong>, que sempre<br />
foi sinônimo <strong>de</strong> conteúdo premium, atenção concentrada e um<br />
lugar seguro; e do digital, que reflete a assertivida<strong>de</strong> e o surgimento<br />
<strong>de</strong> novos formatos”, salienta ela.<br />
Do lado do rádio, Katia Zaratin Santacroce, gerente-comercial da<br />
Antena 1, <strong>de</strong>staca que a emissora sempre foi pioneira em tecnologia.<br />
Ela justifica a afirmativa lembrando que a empresa foi a primeira<br />
rádio online do Brasil, uma das primeiras skills da Alexa no país e<br />
conta com um constante investimento em equipamentos <strong>de</strong> ponta<br />
não apenas no online, mas também no OnAir.<br />
E por fim, Exame se reposiciona como uma mediatech trazendo iniciativas<br />
como a Exame Aca<strong>de</strong>my, “um sinal <strong>de</strong> que a busca por qualificação<br />
e formação po<strong>de</strong> estar diretamente associada ao ambiente<br />
digital da informação”, ressalta o CMO Fernando Miranda.<br />
as Mais lidas da seMana no ProPMark.coM.br<br />
1ª<br />
Jose Gil/ Unsplash<br />
2ª<br />
3ª<br />
brasil conquista 10 troféus<br />
no Meta Vi<strong>de</strong>o awards<br />
A primeira edição do Meta Vi<strong>de</strong>o Awards premiou <strong>de</strong>z brasileiras:<br />
Dentsu, DPZ, VMLY&R, Africa, GUT, AlmapBBDO e Rocky.Monks<br />
foram as agências reconhecidas.<br />
investimento em mídia cresce 7% e<br />
ultrapassa r$ 74 bi, aponta kantar<br />
Em 2022, as marcas investiram R$ 74,1 bilhões em compra<br />
<strong>de</strong> mídia nos espaços publicitários brasileiros, uma variação<br />
positiva <strong>de</strong> 7% em comparação a 2021.<br />
as marcas mais valiosas,<br />
segundo ranking da interbrand<br />
Itaú, Bra<strong>de</strong>sco e Skol foram as três marcas mais valiosas, <strong>de</strong><br />
acordo com estudo anual da Interbrand. O ranking é composto<br />
por 25 empresas que, somadas, possuem um valor <strong>de</strong> mercado<br />
que ultrapassa R$ 150 bilhões.<br />
4ª<br />
O Grupo Petrópolis entrou com um pedido <strong>de</strong> recuperação judicial<br />
no Tribunal <strong>de</strong> Justiça do Rio <strong>de</strong> Janeiro. As dívidas somam R$ 4,2<br />
bilhões, segundo a <strong>de</strong>fesa.<br />
5ª<br />
Grupo Petrópolis entra com<br />
pedido <strong>de</strong> recuperação judicial<br />
inspirado no hit Ginga, iza<br />
convida pessoas a viajarem mais<br />
A Decolar lançou Vem <strong>de</strong>colar, campanha que <strong>de</strong>staca o<br />
movimento crescente <strong>de</strong> viagens. O filme é estrelado por Iza,<br />
que faz um remake <strong>de</strong> Ginga. A REF+ foi quem assinou a ação.<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 3
Índice<br />
Transformações<br />
da mídia instigam<br />
profissionais<br />
Especial traz entrevistas com<br />
lí<strong>de</strong>res dos principais meios do<br />
país, que falam sobre estratégias<br />
para se manter relevante num<br />
cenário <strong>de</strong> constantes mudanças.<br />
caPa<br />
18<br />
Rawpixel/ Freepik<br />
enTrevisTa<br />
cmo da FreeBrands<br />
relata plano<br />
<strong>de</strong> expansão<br />
Adilson Batista, que tem carreira sólida em<br />
agências e se tornou CMO da FreeBrands<br />
em janeiro, afirma que empresa planeja<br />
crescer três vezes em três anos. Companhia<br />
é dona do icônico FreeCô, lí<strong>de</strong>r na categoria<br />
<strong>de</strong> odorizadores sanitários, com 93% <strong>de</strong><br />
market share. pág. 16<br />
curTas<br />
Beoriginals é a nova<br />
produtora do mercado<br />
O diretor, roteirista e produtor Guga<br />
Lemes lança a Beoriginals, empresa<br />
<strong>de</strong> criação <strong>de</strong> formatos audiovisuais<br />
e produções originais para streaming,<br />
TV, cinema e plataformas digitais. Ela<br />
é associada ao Grupo beGiant. pág. 8<br />
Fotos: Divulgação<br />
mercado<br />
itaú é a marca mais<br />
valiosa do Brasil<br />
O banco Itaú mantém o posto <strong>de</strong> marca<br />
mais valiosa do Brasil, estimada em R$<br />
44,3 bilhões, segundo ranking divulgado<br />
pela consultoria global Interbrand. Na foto,<br />
campanha <strong>de</strong> reposicionamento do Itaú<br />
Personnalité com Seu Jorge. pág. 40<br />
mercado<br />
Kantar aponta<br />
investimento bruto<br />
Em 2022, as marcas investiram cerca<br />
<strong>de</strong> R$ 74,1 bilhões em compra <strong>de</strong> mídia<br />
no Brasil, uma variação positiva <strong>de</strong> 7%<br />
em comparação a 2021, segundo a Kantar<br />
Ibope Media. A diretora Paula Carvalho fala<br />
que se trata <strong>de</strong> “uma sinalização positiva<br />
para todo o mercado”. pág. 38<br />
editorial ................................................................3<br />
conexões ...............................................................6<br />
curtas ....................................................................8<br />
Quem Fez ............................................................10<br />
marcas .................................................................12<br />
inspiração ..........................................................14<br />
entrevista ...........................................................16<br />
Profissionais <strong>de</strong> veículo ...................................18<br />
opinião ................................................................29<br />
mídia ...................................................................30<br />
mercado ..............................................................36<br />
esG no mKT .........................................................41<br />
click do alê .........................................................42<br />
We Love mKT ......................................................44<br />
supercenas .........................................................45<br />
Última Página ....................................................46<br />
4 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
conexões<br />
Post: Galeria expõe o potencial <strong>de</strong><br />
agências in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes no Brasil<br />
Parabéns, Edu Simon, Patricia Capuchinho,<br />
Rafael Urenha, e toda a<br />
galera, por esse trabalho, e por serem<br />
quem são!<br />
Rodrigo Santini<br />
última Hora<br />
LinkedIn<br />
Post: Plataforma digital e<br />
expansão para América<br />
Latina: o que esperar do<br />
Contaí Summit<br />
Parabéns, Raquel Virgínia, sucesso<br />
no projeto, vai ser show!<br />
Miguel Caeiro<br />
dorinHo<br />
Espaço incrível, Edu Simon. É muito<br />
bom po<strong>de</strong>r estar com vocês, falando<br />
<strong>de</strong> negócios com os times da<br />
mídia.<br />
Regi Andra<strong>de</strong><br />
Instagram<br />
Post: As marcas brasileiras mais<br />
valiosas, segundo a Interbrand<br />
Com todas as circunstâncias do momento,<br />
Ambev ainda se mantém lá<br />
em cima, com Skol e Brahma.<br />
Dom Luan<br />
ERRATA<br />
Na matéria “Marcas investem na<br />
Páscoa para elevação <strong>de</strong> negócios”,<br />
a informação correta é que<br />
Dark Milk, da Cacau Show, contém<br />
55% <strong>de</strong> cacau, 25% <strong>de</strong> leite e 20%<br />
<strong>de</strong> açúcar.<br />
TOGEThERLAND<br />
O Publicis Groupe promoveu na semana passada o encontro<br />
Togetherland, em São Paulo, que reuniu as li<strong>de</strong>ranças<br />
da região latino-americana para <strong>de</strong>baterem temas como<br />
commerce, data, mídia, inteligência artificial, performance,<br />
digital e power of one. O evento contou com a presença <strong>de</strong><br />
Monica Gadsby, CEO da re<strong>de</strong> Publicis na América Latina,<br />
e Tim Jones, COO do Publicis nos Estados Unidos e CEO<br />
do Publicis Américas. Estiveram presentes 130 li<strong>de</strong>ranças<br />
regionais (foto acima), entre as quais Marcelo Reis, CEO da<br />
Leo Burnett Tailor Ma<strong>de</strong>, e Eduardo Lorenzi, CEO da Publicis<br />
Brasil, todos submetidos ao treinamento da Hiper Island.<br />
COMUNICAÇÃO<br />
A <strong>de</strong>putada Simone Marquetto (MDB/São Paulo) foi eleita<br />
vice-presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Comunicação da Câmara<br />
dos Deputados. A partamentar é jornalista e profissional <strong>de</strong><br />
relações públicas.<br />
DOOh<br />
A entida<strong>de</strong> Siga Antenado e a agência Ogilvy Brasil<br />
escolheran a Mídia Banco24Horas para apoiar a campanha<br />
sobre as adaptações nas parabólicas em função do sistema<br />
5G. A i<strong>de</strong>ia é informar a migração da banda do sinal <strong>de</strong><br />
televisão. “Como temos presença nacional, entregamos<br />
capilarida<strong>de</strong> no momento <strong>de</strong> consumo”, explica Célia<br />
Simões (foto acima), gerente <strong>de</strong> mídia da empresa <strong>de</strong> mídia<br />
especializada em DOOH.<br />
RENOVAÇÃO<br />
A Confe<strong>de</strong>ração Brasileira <strong>de</strong> Vôlei mantém apoio da GOL,<br />
parceira da instituição na modalida<strong>de</strong> vôlei <strong>de</strong> praia <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
2009, até 2024. Em contrapartida, a CBV vai disponibilizar<br />
espaços publicitários para a empresa aérea veicular suas<br />
ações nas competições. O acordo foi firmado entre Radamés<br />
Lattari, presi<strong>de</strong>nte em exercício da CBV, e Renata Maluf,<br />
diretora <strong>de</strong> marketing, produtos e canais da GOL.<br />
6 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
curtas<br />
cannes anuncia Palestrantes<br />
sBt reforMula área <strong>de</strong> inovação<br />
PuBlicis teM nova vP <strong>de</strong> estratégia<br />
Rogério Palatta/ Divulgação SBT<br />
Michelle Gass, presi<strong>de</strong>nte da Levi Strauss & Co<br />
Angelica Munson (Shiseido), Danai Guria<br />
(ONU Mulheres), Gilson Rodrigues (G10<br />
Favelas), Johanna Faries (Activision Blizzard),<br />
Les Binet (Adam&EveDDB), Michelle<br />
Gass (Levi Strauss & Co), Tiffany Rolfe<br />
(R/GA) e o medalhista <strong>de</strong> Ouro olímpico<br />
Michael Johnson estão entre os palestrantes<br />
do Cannes Lions, que será realizado na<br />
França, dos dias 19 a 23 <strong>de</strong> junho. “Em nossa<br />
70ª edição, os palestrantes representarão<br />
todo o espectro do marketing criativo.<br />
Fornecerão uma visão para o futuro e conselhos<br />
práticos para todos os <strong>de</strong>legados”,<br />
comenta Jenni Middleton, vice-presi<strong>de</strong>nte<br />
sênior e editora-chefe do Lions.<br />
lBtM ProMove na Produção<br />
Roberto Grosman e Caroline Scheinberg<br />
A área <strong>de</strong> novos negócios e plataformas<br />
digitais do SBT passa a comandar a estratégia<br />
<strong>de</strong> aquisições para plataformas. Novos<br />
mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócios e foco na experiência<br />
<strong>de</strong> espectadores e anunciantes estão na<br />
mira do plano, que quer impulsionar negócios<br />
por meio <strong>de</strong> conteúdo, tecnologia e inteligência<br />
<strong>de</strong> dados. Li<strong>de</strong>rada pelo diretor<br />
<strong>de</strong> transformação digital Roberto Grosman,<br />
a área conta com a gerente <strong>de</strong> novos<br />
negócios Carolina Scheinberg e o executivo<br />
<strong>de</strong> contas e gerente da área, Goyo Pessoa<br />
Garcia. A aquisição <strong>de</strong> novos formatos e<br />
conteúdo para TV aberta permanece sob a<br />
condução <strong>de</strong> Richard Vaun.<br />
Bolachas <strong>de</strong> choPe viraM vinil<br />
Juliana Elia era head da área <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2020<br />
A Publicis Brasil promoveu Juliana Elia<br />
ao cargo <strong>de</strong> vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> estratégia.<br />
Head da área <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2020, a executiva conduzirá<br />
um time <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 30 pessoas em<br />
projetos para todos os clientes da agência.<br />
“Sigo ao lado <strong>de</strong> um time sólido e focada<br />
em construir gran<strong>de</strong>s marcas, cada vez<br />
mais conectadas com o nosso tempo”, diz<br />
Juliana. Na Publicis <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2017, a executiva<br />
chegou como diretora e, três anos <strong>de</strong>pois,<br />
assumiu o cargo <strong>de</strong> head da unida<strong>de</strong>. Com<br />
mestrado em comunicação pela Birkbeck<br />
London University, tem mais <strong>de</strong> 15 anos<br />
<strong>de</strong> experiência, e passagens pela Isobar,<br />
Fischer e TBWA/Tequila.<br />
Mercado ganha Beoriginals<br />
Luciana Kley será creative production director<br />
Luciana Kley foi promovida a creative<br />
production director da Leo Burnett TM.<br />
Ela será responsável pela convergência das<br />
áreas <strong>de</strong> produção, pós-produção, RTV e<br />
art buyer, e respon<strong>de</strong>rá ao EVP, creative<br />
experience Vinicius Stanzione. “Temos<br />
<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a enxergar outras possibilida<strong>de</strong>s<br />
na forma <strong>de</strong> produzir, e tudo tem<br />
sido <strong>de</strong>safiador”, situa Luciana Kley. Com<br />
28 anos <strong>de</strong> carreira, Luciana trabalha na<br />
agência <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2018. Já passou por Loducca<br />
e Neogama, além das produtoras Mixer e<br />
O2 Filmes, em projetos para Peugeot, Ypê,<br />
Boticário, Renault, Bra<strong>de</strong>sco, Nivea, Samsung,<br />
Fiat e Mon<strong>de</strong>lēz.<br />
Ação é da Wie<strong>de</strong>n+Kennedy para Budweiser<br />
Em ação criada pela Wie<strong>de</strong>n+Kennedy,<br />
a Budweiser transformou porta-copos<br />
em discos <strong>de</strong> vinil, que tocam canções<br />
dos rappers Aori, Kamau e Stefanie, entre<br />
outros. Os discos serão distribuídos em<br />
bares <strong>de</strong> São Paulo e Curitiba, e po<strong>de</strong>m ser<br />
ouvidos também no Spotify, por meio <strong>de</strong><br />
código impresso no vinil. A expectativa<br />
é dar “holofote do tamanho que a nova<br />
geração <strong>de</strong> rappers do Brasil merece”, diz<br />
André Mota, brand manager da Budweiser,<br />
enquanto Felipe Ribeiro, CCO da W+K SP,<br />
adianta que a ação <strong>de</strong>ve transformar “algo<br />
pequeno em palcos gigantes para os artistas<br />
un<strong>de</strong>rground”.<br />
Guga Lemes dirigirá a nova produtora<br />
Com aporte <strong>de</strong> R$ 3 milhões, a produtora<br />
Beoriginals chega ao mercado pelas<br />
mãos do diretor, roteirista e produtor Guga<br />
Lemes. André Abujamra e Paulinho Moska<br />
estão entre os curadores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da<br />
operação associada ao Grupo Begiant, que<br />
fundou uma agência <strong>de</strong> advertainment no<br />
Brasil em 2013, tendo Lemes como sócio<br />
até hoje. “Conseguimos reunir uma pluralida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> talentos”, diz Lemes. A previsão<br />
é faturar R$ 6 milhões no primeiro ano,<br />
com 50% <strong>de</strong> produções próprias, 35% <strong>de</strong><br />
coproduções e licenciamentos e 15% a partir<br />
<strong>de</strong> leis <strong>de</strong> incentivo e editais. O negócio<br />
prevê crescimento <strong>de</strong> 20% ao ano.<br />
Diretor-presi<strong>de</strong>nte e<br />
jor na lis ta res pon sá vel<br />
Ar man do Fer ren ti ni<br />
Editora-chefe: Kelly Dores<br />
Editores: Neu sa Spau luc ci, Paulo<br />
Macedo e Alê Oliveira (Fotografia)<br />
Editores-assistentes: Janaina<br />
Langsdorff e Vinícius Novaes<br />
Editor especial: Pedro Yves<br />
Repórter: Carolina Vilela<br />
Revisor: José Carlos Boanerges<br />
Edição <strong>de</strong> Arte: Adunias Bispo da<br />
Luz<br />
Diagramador Pleno: Lucas<br />
Boccatto<br />
Departamento Comercial<br />
Gerentes: Mel Floriano<br />
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Monserrat Miró<br />
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Ferrentini<br />
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O PrO PMar k é uma pu bli ca ção da Edi to ra re fe rên cia Ltda.<br />
rua Fran çois Coty, 228 - São Pau lo - SP<br />
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as ma té rias as si na das não re pre sen tam ne ces sa ria men te a<br />
opi nião <strong>de</strong>s te jor nal, po <strong>de</strong>n do até mes mo ser con trá rias a ela.<br />
IMPRESSO EM CASA<br />
8 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
quEm fEz<br />
Paulo Macedo paulo@propmark.com.br<br />
MARCA<br />
Com i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> visual produzida pela Baars<br />
Creative Design, ação da petroleira tem por<br />
objetivo engajar seus colaboradores, parceiros,<br />
reven<strong>de</strong>dores, franqueados e consumidores.<br />
Ou seja, dar protagonismo às pessoas<br />
que fazem a Ipiranga acontecer todos os dias.<br />
Eles mostram novo conceito por meio <strong>de</strong> uniformes<br />
criados pela BAW Clothing.<br />
TalenT marcel<br />
iPiRANGA<br />
Fotos: Divulgação<br />
Título: Eu sou a Cara da Ipiranga; ECD: Vinicius<br />
Malinoski; criação: Matheus Dantas e Rodrigo<br />
Passos; conteúdo: Rafaela Ferreira; produtora:<br />
Tarricone; fotografia: Henrique Tarricone; influencers:<br />
Agência Spark; aprovação: Luciana Domagala<br />
e Bárbara Miranda.<br />
beLezA<br />
Estrelada por Maria Fernanda Cândido, a<br />
campanha conta com filme <strong>de</strong> 30 segundos,<br />
em exibição nas TVs abertas. Audiovisual<br />
retrata “potência, versatilida<strong>de</strong>, praticida<strong>de</strong><br />
e benefícios <strong>de</strong> um produto capaz <strong>de</strong><br />
cuidar da área dos olhos e do rosto ao mesmo<br />
tempo”. A atriz foi escolhida por representar<br />
a beleza da mulher madura.<br />
la casa crIaTIva<br />
GENOmmA LAb<br />
Título: Cicatricure eye cream for face relógio<br />
biológico; diretores: Angel Menen<strong>de</strong>z e José Peroza;<br />
produtora executiva: Rafaela Lopez; produtora:<br />
Yasmyn Rodrigues; diretores: Angel<br />
Menen<strong>de</strong>z e José Peroza; diretor <strong>de</strong> arte: Guilherme<br />
Martins.<br />
VIOLÊNCIA<br />
Criada para o governo do Paraná, a campanha<br />
objetiva incentivar que vítimas <strong>de</strong>nunciem<br />
imediatamente seus agressores. “Infelizmente,<br />
existem muitos fatores que levam mulheres<br />
a aceitarem caladas as agressões. Do total,<br />
45% <strong>de</strong>las não fazem ou não conseguem fazer<br />
nada”, diz Rafaela Coradin, diretora <strong>de</strong> atendimento<br />
da agência.<br />
TIF<br />
GOVERNO DO PARANÁ<br />
Título: A <strong>de</strong>núncia te liberta; heads <strong>de</strong> criação:<br />
Allan Falcone e Vandre Fernan<strong>de</strong>s; diretor <strong>de</strong> criação:<br />
Wal<strong>de</strong>mar Segundo; criação: Evandro Melquia<strong>de</strong>s,<br />
Wal<strong>de</strong>mar Segundo, Gustavo Luzz e Luiza<br />
Castilho; produtora: Lys Filmes; diretor: Henrique<br />
Faria; aprovação: Cleber Mata e Willian Silva.<br />
10 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
RE<br />
PUTA<br />
ÇÃO<br />
Um vacilo e você acaba com a sua.<br />
Vem aí o especial <strong>de</strong> 58 anos “Reputação das Marcas”.
ção. A movimentação encerra<br />
um ciclo <strong>de</strong> dois anos <strong>de</strong> relacionamento<br />
com a BETC. “Somos<br />
muito gratos ao talento<br />
e à <strong>de</strong>dicação que o time todo<br />
da BETC teve conosco. Mantemos<br />
um enorme respeito e carinho<br />
pela agência e <strong>de</strong>sejamos<br />
sempre muito sucesso”, disse<br />
Danielle.<br />
O Grupo Petrópolis está presente<br />
em quase todo o território<br />
nacional, por meio <strong>de</strong> oito<br />
plantas industriais (Petrópolis/<br />
Rio, Teresópolis/Rio, Boituva/<br />
São Paulo, Bragança Paulista/<br />
SP, Rondonópolis/Mato Grosso,<br />
Alagoinhas/Bahia, Itapissuma/Pernambuco<br />
e Uberaba/<br />
Minas Gerais), mais os centros<br />
<strong>de</strong> distribuição. Além <strong>de</strong> cervemarcas<br />
Grupo Petrópolis entra com pedido<br />
<strong>de</strong> recuperação judicial por dívidas<br />
Anunciante com investimento anual em marketing <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> R$ 350<br />
milhões afirma que medida é para manter suas operações inalteradas<br />
Fotos: Divulgação<br />
Ação promove Ita Draft, chope lançado para a tour do cantor <strong>de</strong> pago<strong>de</strong> Thiaguinho<br />
Além da marca Itaipava, Grupo Petrópólis também tem Petra, Black Princess e Cabaré<br />
pAULO MAcedO<br />
Um dos principais anunciantes<br />
do mercado brasileiro,<br />
com cerca <strong>de</strong> R$ 200 milhões<br />
<strong>de</strong> investimento anual em<br />
compra <strong>de</strong> mídia, e mais R$ 150<br />
milhões em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> marketing<br />
como eventos, promoções,<br />
relações públicas e incentivo,<br />
por exemplo, o Grupo Petrópolis<br />
protocolou na semana<br />
passada pedido <strong>de</strong> recuperação<br />
judicial com o propósito <strong>de</strong><br />
manter suas ativida<strong>de</strong>s, como<br />
<strong>de</strong>talhou comunicado suscinto<br />
encaminhado aos veículos <strong>de</strong><br />
imprensa. O processo, que está<br />
sendo conduzido na 5ª Vara<br />
Empresarial do Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
é mantido sob sigilo.<br />
“A empresa adotou este recurso,<br />
tendo como priorida<strong>de</strong><br />
manter a sua operação e produção<br />
regulares e a preservação<br />
dos 24 mil empregos diretos e<br />
estimados 100 mil indiretos gerados”,<br />
relata o grupo <strong>de</strong> bebidas<br />
fundado no Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
na cida<strong>de</strong> serrana <strong>de</strong> Petrópolis,<br />
em seu comunicado oficial.<br />
A publicida<strong>de</strong> da empresa<br />
é administrada pelas agências<br />
WMcCann (Itaipava, a principal<br />
do seu portfólio, e também<br />
Lokal e Crystal); VMLY&R<br />
(Cabaré, Petra - Petra Origem<br />
Puro Malte, Petra Aurum, Petra<br />
Schwarzbier, Petra Bock, Petra<br />
Equipe <strong>de</strong> marketing no dia do anúncio oficial da VMLY&R como substituta da BETC<br />
Weiss Bier, Petra Stark Bier e<br />
Petra Escura -, Cacildis e Black<br />
Princess, além do energético<br />
TNT Energy Drink); e The<br />
Group (live marketing).<br />
No caso da VMLY&R, a diretora<br />
<strong>de</strong> marketing Danielle<br />
Bibas afirmou por meio <strong>de</strong> comunicado<br />
distribuído no último<br />
mês <strong>de</strong> fevereiro que escolhera<br />
a agência para substituir<br />
a BETC Havas. E justificou a<br />
<strong>de</strong>cisão:<br />
“A VMLY&R tem uma visão<br />
muito forte <strong>de</strong> como criar marcas<br />
conectadas com a cultura e<br />
os anseios das pessoas e ainda<br />
conta com todas as capabilities<br />
do Grupo WPP ao seu dispor,<br />
o que nos abre novas possibilida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> pensar a comunica-<br />
jas e refrigerantes It!), o grupo<br />
também produz as vodkas Blue<br />
Spirit Ice e Nordka. Magneto é<br />
outro energético manufaturado<br />
pelo grupo.<br />
As agências envolvidas no<br />
atendimento às marcas do Grupo<br />
Petrópolis preferem não se<br />
manifestar sobre a situação,<br />
mas estão solidárias nesse momento<br />
e se mantendo ativas às<br />
<strong>de</strong>mandas do cliente. A notícia,<br />
porém, não é auspiciosa para o<br />
mercado publicitário, que recentemente<br />
sentiu o impacto<br />
<strong>de</strong> pedido similar da Americanas<br />
S.A. O valor da dívida do<br />
Petrópolis é <strong>de</strong> R$ 4,2 bilhões,<br />
segundo o InfoMoney, que diz<br />
ainda que o problema é caudatário<br />
da crise <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z da empresa<br />
nos últimos 18 meses.<br />
Recentemente, a marca Itaipava<br />
lançou o Ita Draft, chope<br />
em lata, com ação na novela<br />
Travessia, com promessa <strong>de</strong><br />
sorteio <strong>de</strong> ingressos (Você na<br />
tar<strong>de</strong>zinha), para os shows do<br />
cantor Thiaguinho. O artista fez<br />
um show na trama exibida pela<br />
TV Globo on<strong>de</strong> explicava que o<br />
produto era exclusivo para sua<br />
turnê. Os laureados, segundo<br />
a promessa do anunciante, teriam<br />
os custos <strong>de</strong> hospedagens<br />
e passagens nas 26 apresentações<br />
<strong>de</strong> Thiaguinho. A previsão<br />
era que os ingressos fossem<br />
sorteados até o dia 10 <strong>de</strong> maio.<br />
12 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
inspiração<br />
Que vem da alma<br />
Fotos: Arquivo Pessoal e Divulgação<br />
“O sucesso é uma coleção <strong>de</strong> fracassos do qual, pelo seu propósito,<br />
você <strong>de</strong>cidiu seguir em frente disposto a morrer em combate”<br />
RicaRdo Godoy<br />
Especial para o PRoPMaRK<br />
Quantas vezes em nossa carreira, mesmo<br />
bem-sucedida, nossa voz interior<br />
fala que não estamos no caminho certo?<br />
Um vazio que não conseguimos i<strong>de</strong>ntificar<br />
o porquê, mas ele segue incomodando.<br />
Muitas vezes é difícil sair da zona <strong>de</strong><br />
conforto, da estabilida<strong>de</strong> e do expertise já<br />
conquistado para correr o risco <strong>de</strong> iniciar<br />
algo do zero.<br />
Mas não tem outro caminho, é necessário<br />
arriscar.<br />
O risco é maior ainda quando se trata <strong>de</strong><br />
um negócio inovador, com regras não muito<br />
claras.<br />
Buscamos sempre encontrar como chave<br />
do sucesso alguma tecnologia ou conhecimento<br />
técnico, uma metodologia para i<strong>de</strong>ntificar<br />
o motivo que o negócio <strong>de</strong>u certo.<br />
Um <strong>de</strong>senvolvedor que criou algum algoritmo,<br />
agora mudou para o jargão <strong>de</strong> inteligência<br />
artificial.<br />
As dores que encontramos no mercado e<br />
achamos uma solução, uma receita do bolo.<br />
Será isso mesmo?<br />
Acredito que a força interior que cada<br />
um <strong>de</strong> nós tem é muito maior que tudo<br />
isso. Quando escutamos <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> essa<br />
voz i<strong>de</strong>ntificamos nosso propósito <strong>de</strong> vida<br />
e <strong>de</strong>cidimos iniciar essa jornada correndo o<br />
risco <strong>de</strong> nada dar certo, mas isso acaba sendo<br />
irrelevante perto da busca <strong>de</strong> mudar e<br />
ser relevante.<br />
Não é o sucesso que <strong>de</strong>termina que você<br />
está no caminho certo.<br />
O fracasso ensina muito mais, vira matéria-prima<br />
quando realmente estamos<br />
com nosso propósito <strong>de</strong>finido. O sucesso é<br />
uma coleção <strong>de</strong> fracassos do qual, pelo seu<br />
propósito, você <strong>de</strong>cidiu seguir em frente<br />
disposto a morrer em combate. Uma persistência<br />
inabalável.<br />
Toda tecnologia, toda ciência, é produto<br />
da inteligência, inclusive a artificial.<br />
O ser humano é o protagonista, porém o<br />
mais importante é construir valores interiores<br />
que nos aju<strong>de</strong>m a suportar toda a adversida<strong>de</strong><br />
imposta nas mais variadas jornadas.<br />
A resiliência, as virtu<strong>de</strong>s para nos fortalecer<br />
por <strong>de</strong>ntro, <strong>de</strong>fine a mudança <strong>de</strong> rota<br />
da realida<strong>de</strong> das coisas.<br />
Essas qualida<strong>de</strong>s estão além da inteligência,<br />
elas vêm da alma, do interior <strong>de</strong><br />
cada um <strong>de</strong> nós.<br />
Para conseguir ter a minha empresa, que<br />
hoje está no mundo inteiro, fui buscar for-<br />
ças <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim.<br />
Minha inspiração veio da filosofia para<br />
aumentar meu entendimento em relação<br />
ao mundo e enxergar a realida<strong>de</strong>, como no<br />
filme Matrix.<br />
Da humilda<strong>de</strong> para ver a realida<strong>de</strong> sem<br />
interferência do meu ego, do amor e do respeito<br />
ao próximo para estabelecer relações<br />
perenes, pois ninguém cria nada sozinho.<br />
Já dizia o mestre Raul Seixas, “sonho que<br />
se sonha só é só um sonho, mas sonho que<br />
se sonha junto é realida<strong>de</strong>”.<br />
Eu pratico kung-fu e aplicar os princípios<br />
das artes marciais tem sido minha inspiração<br />
diária para lidar com a gestão <strong>de</strong> uma<br />
empresa fluida.<br />
Se colocarmos água num copo, ela se torna<br />
o copo; se você colocar água numa garrafa<br />
ela se torna a garrafa. A água po<strong>de</strong> fluir<br />
ou po<strong>de</strong> colidir.<br />
Então, a minha recomendação é para que<br />
todos sejam água em suas relações diárias,<br />
sejam elas na vida profissional ou pessoal!<br />
Ricardo Godoy é CEO e head <strong>de</strong> inovação e<br />
transformação digital da Soul TV<br />
14 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
O que é Marketing Best?<br />
Marketing Best é um músico americano parente<br />
próximo do baterista Pete Best, que tocou com os<br />
Beatles até <strong>de</strong>ixar o grupo e ser substituído por<br />
Ringo Star. Best sempre cuidou da promoção <strong>de</strong><br />
seus shows com estratégias inovadoras, que por<br />
esta razão passaram a se chamar “estratégias <strong>de</strong><br />
marketing.” Anos <strong>de</strong>pois, para homenageá-lo, foi<br />
criado no Brasil um prêmio que leva seu nome e<br />
<strong>de</strong>staca os melhores casos do ano no país.<br />
AINDA BEM QUE VOCÊ NÃO PRECISA DELE<br />
PARA SABER QUE O MARKETING BEST É O<br />
MAIOR PRÊMIO DO MARKETING BRASILEIRO.<br />
Estamos <strong>de</strong> volta, maiores e melhores. Inscreva seus cases.<br />
Marketing Best. Tendência há 30 anos.
ENTrEvISTA<br />
ADILSON BATISTA<br />
CMO da FreeBrands<br />
ESTOu<br />
AprENDENDO<br />
A SEr um CmO<br />
Com uma carreira sólida em agências <strong>de</strong><br />
propaganda - tendo fundado inclusive a<br />
digital Today -, Adilson Batista assumiu<br />
em janeiro <strong>de</strong>ste ano o cargo <strong>de</strong> CMO<br />
na FreeBrands, dona do icônico FreeCô, lí<strong>de</strong>r na<br />
categoria <strong>de</strong> bloqueador <strong>de</strong> odores sanitários do<br />
país. A história do publicitário com a marca é <strong>de</strong><br />
longa data - foi ele quem lançou o produto em 2015<br />
no mercado. Posicionada como house of brands<br />
do segmento HPPC (Higiene Pessoal, Perfumaria e<br />
Cosméticos), a empresa conta ainda com as marcas<br />
Free Wipes, lenços ume<strong>de</strong>cidos antissépticos; Free<br />
Bite, que alivia a coceira causada por picadas <strong>de</strong><br />
insetos; Kissu, spray bucal contra o mau hálito; e<br />
o hidratante labial Beta. Nesta entrevista, Batista<br />
conta sobre os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> estar do outro lado do<br />
balcão e das estratégias <strong>de</strong> expansão da companhia.<br />
“O FreeCô tem 93% <strong>de</strong> market share na categoria <strong>de</strong><br />
odorizador <strong>de</strong> banheiro. Ele é praticamente sinônimo<br />
<strong>de</strong> categoria”, salienta Batista, que também fala<br />
sobre o processo <strong>de</strong> rebranding da marca.<br />
kelly dores<br />
Des<strong>de</strong> quando você trabalha com a<br />
FreeCô?<br />
Comecei a aten<strong>de</strong>r a marca<br />
com a minha agência, a Today,<br />
em 2015, bem no início da criação<br />
do produto. Os fundadores<br />
da FreeCô (Rafael Nasser, CEO e<br />
cofundador, e Renato Radomysler,<br />
diretor-comercial e cofundador)<br />
foram trabalhar numa<br />
empresa da família <strong>de</strong> marketing<br />
olfativo, que atuava no mercado<br />
B2B. E eles criaram a FreeCô<br />
em <strong>abril</strong> daquele ano para o segmento<br />
B2C. Depois dos primeiros<br />
testes do produto e vendas<br />
iniciais, eles me procuraram em<br />
novembro <strong>de</strong> 2015 para <strong>de</strong>senvolver<br />
uma estratégia para colocar<br />
o produto no mercado. E comecei<br />
o processo praticamente<br />
do zero. Eles já tinham o nome<br />
criado, embalagem, por exemplo,<br />
mas não tinha estratégia<br />
<strong>de</strong> comunicação. Eu tinha uma<br />
dor pessoal, porque trabalhava<br />
com muitos clientes, empresas<br />
gran<strong>de</strong>s, multinacionais, em que<br />
muitas coisas já vinham pre<strong>de</strong>terminadas,<br />
a agência não tinha<br />
tanta liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> interferir nos<br />
aspectos em que a agência não<br />
tem muito espaço. E eu vi com a<br />
FreeCô essa oportunida<strong>de</strong>, abracei<br />
e passei a aten<strong>de</strong>r a marca<br />
pessoalmente.<br />
E qual foi a estratégia adotada?<br />
Ao longo do tempo, fomos<br />
criando a cara da FreeCô para<br />
o mercado. Naquele momento,<br />
as re<strong>de</strong>s sociais estavam ganhando<br />
projeção e vimos uma<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usá-las como<br />
canal principal <strong>de</strong> comunicação,<br />
porque não tínhamos verba<br />
suficiente para fazer gran<strong>de</strong>s<br />
ações naquele momento, era<br />
uma startup. Começamos a fazer<br />
ações focadas no ambiente digital,<br />
usando muito o online para<br />
ouvir o público, saber opinião, o<br />
que achavam do produto, e eram<br />
conversas bem divertidas porque<br />
inicialmente as pessoas não<br />
conheciam o FreeCô.<br />
E como foi que você encerrou a<br />
sua agência e migrou para a Free-<br />
Brands?<br />
Eu passei muitos anos em<br />
agências e o que percebi é que<br />
minhas relações com os meus<br />
clientes iam além do aspecto da<br />
comunicação. Acabava me envolvendo<br />
com a operação, a tecnologia<br />
do cliente. Eu comecei<br />
a me ver nessa função do outro<br />
lado da mídia. É a primeira vez<br />
que trabalho em um anunciante.<br />
A oportunida<strong>de</strong> surgiu e acabei<br />
fazendo esse movimento. Eu<br />
encerrei a Today em 2021 e fui<br />
organizando a agência para que<br />
ela virasse pequenas empresas,<br />
como uma produtora e uma<br />
startup <strong>de</strong> tecnologia. Encerrei<br />
a operação principal e continuei<br />
com as empresas, que existem<br />
até hoje, e eu atuo com o papel<br />
<strong>de</strong> mentor. E, <strong>de</strong>pois disso, fez<br />
sentido assumir como CMO da<br />
FreeBrands em janeiro <strong>de</strong>ste<br />
ano, após um período atuando<br />
como consultor para a marca.<br />
E quais são os seus <strong>de</strong>safios como<br />
CMO?<br />
Muitos, mas acho que o principal<br />
<strong>de</strong>les é ser CMO. Estou<br />
apren<strong>de</strong>ndo a ser um CMO. No<br />
meu modo <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r, ser um<br />
CMO nos dias <strong>de</strong> hoje é conseguir<br />
juntar conhecimento profundo<br />
<strong>de</strong> público, das disciplinas<br />
<strong>de</strong> comunicação e muito conhecimento<br />
<strong>de</strong> tecnologia. A tecnologia<br />
entrou com muita força no<br />
ambiente <strong>de</strong> marketing e eu sou<br />
um aficionado por tecnologia.<br />
Que marcas fazem parte hoje da<br />
FreeBrands?<br />
A FreeCô, que é a primeira<br />
marca, tem oito anos e já conta<br />
com oito formatos. E temos<br />
um roadmap <strong>de</strong> lançamentos<br />
<strong>de</strong> mais produtos embaixo da<br />
marca FreeCô. Além disso, temos<br />
o FreeBite, que é uma marca<br />
mais jovem, tem um ano e<br />
meio. Trata-se <strong>de</strong> um gel para<br />
passar quando a pessoa é picada<br />
por mosquito. Ele alivia coceira<br />
e vermelhidão. Beta é ainda<br />
uma marca mais jovem, foi para<br />
o ponto <strong>de</strong> venda em <strong>de</strong>zembro<br />
do ano passado. Trata-se <strong>de</strong> um<br />
hidratante labial. A <strong>de</strong>manda<br />
foi muito alta, um sucesso <strong>de</strong><br />
vendas. Em maio ou junho, <strong>de</strong>vemos<br />
estar prontos para fazer<br />
um lançamento oficial do produto.<br />
E tem ainda o Free Wipes,<br />
que surgiu na pré-pan<strong>de</strong>mia. Em<br />
2019, o produto foi <strong>de</strong>senvolvido<br />
e logo <strong>de</strong>pois veio a pan<strong>de</strong>mia.<br />
Nesse momento, foi uma explosão<br />
<strong>de</strong> vendas e o produto virou<br />
um gran<strong>de</strong> sucesso no PDV também.<br />
Para FreeCô a gente faz mídia,<br />
Free Bite também, já o Free<br />
Wipes tem comunicação voltada<br />
para o PDV. E tem uma quinta<br />
marca, o Kissu, um spray bucal,<br />
em que <strong>de</strong>mos um passo atrás.<br />
Ele foi para o ponto <strong>de</strong> venda<br />
e não performou do jeito que<br />
imaginávamos, mas apren<strong>de</strong>mos<br />
muito com o consumidor.<br />
“ser um CmO é COnseguir<br />
juntar COnheCimentO<br />
prOfundO <strong>de</strong> públiCO, das<br />
disCiplinas <strong>de</strong> COmuniCaçãO<br />
e muitO COnheCimentO<br />
<strong>de</strong> teCnOlOgia”<br />
16 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
Então, o produto voltou para<br />
a prancheta, foi reformulado e<br />
agora está em fase <strong>de</strong> testes e<br />
aprovações. Ele tem uma a<strong>de</strong>são<br />
muito forte com o público mais<br />
jovem, por exemplo.<br />
Em quais mídias a empresa anuncia?<br />
Estamos neste momento com<br />
campanha <strong>de</strong> FreeCô na Globo<br />
regional, na macrorregião <strong>de</strong><br />
Campinas e <strong>de</strong> Ribeirão Preto,<br />
na EPTV. Nessas regiões, além<br />
<strong>de</strong> TV, também temos rádio, mídia<br />
exterior, digital e ponto <strong>de</strong><br />
venda.<br />
Por que fazer uma campanha regional?<br />
Nós apren<strong>de</strong>mos que FreeCô<br />
é muito conhecida nas capitais<br />
do Brasil, está presente nos 27<br />
estados, mas percebemos que<br />
há muito oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entrar<br />
em outras cida<strong>de</strong>s do país. Estamos<br />
numa estratégia <strong>de</strong> interiorização,<br />
<strong>de</strong> entrar em gran<strong>de</strong>s<br />
cida<strong>de</strong>s, porém que não sejam<br />
capitais. E fez todo o sentido começar<br />
pelo estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Nosso objetivo é pegar gran<strong>de</strong>s<br />
cida<strong>de</strong>s dos estados.<br />
Qual é o mote da ação?<br />
A gente criou uma campanha<br />
com uma dupla sertaneja e faz<br />
uma brinca<strong>de</strong>ira com a voz do<br />
número dois. O FreeCô se torna<br />
o protagonista em vários momentos.<br />
O mote é: Sem vergonha<br />
do número dois.<br />
Vocês trabalham com agências externas?<br />
Trabalhamos com in-house.<br />
Temos uma equipe própria que<br />
o marketing conduz, mas usamos<br />
agências externas quando a<br />
gente precisa. Para este projeto<br />
<strong>de</strong> comunicação em Campinas<br />
e Ribeirão Preto, por exemplo,<br />
trabalhamos com uma agência<br />
local, que conhece a região e os<br />
melhores canais <strong>de</strong> mídia. Temos<br />
também uma agência <strong>de</strong><br />
performance, a Buzzer Digital.<br />
Por que só agora a companhia <strong>de</strong>cidiu<br />
ter o cargo <strong>de</strong> CMO?<br />
Discutimos bastante internamente<br />
que o marketing tem<br />
um papel bastante estratégico<br />
nesse negócio da FreeBrands.<br />
O marketing tem o papel <strong>de</strong> apresentar<br />
o produto, criar <strong>de</strong>manda,<br />
porque nenhuma das nossas<br />
marcas é <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> primeira<br />
necessida<strong>de</strong>. A gente precisa<br />
fazer as pessoas lembrarem que<br />
eles existem. Como temos uma<br />
meta <strong>de</strong> triplicar a operação<br />
em três anos, fez sentido criar<br />
essa função. O marketing recebeu<br />
este ano um incremento <strong>de</strong><br />
verba <strong>de</strong> 30%. É uma estratégia<br />
<strong>de</strong> expansão. Temos 24 mil pontos<br />
<strong>de</strong> venda no país, mas alguns<br />
Divulgação<br />
<strong>de</strong>les não têm presença <strong>de</strong> todas<br />
as nossas marcas. O objetivo é<br />
otimizar.<br />
O carro-chefe da FreeBrands é o<br />
FreeCô, correto?<br />
Sim, <strong>de</strong>finitivamente. O FreeCô<br />
tem 93% <strong>de</strong> market share<br />
na categoria <strong>de</strong> odorizador <strong>de</strong><br />
banheiro. Ele é praticamente sinônimo<br />
<strong>de</strong> categoria. Estamos<br />
fazendo agora um rebranding<br />
comemorativo da marca, <strong>de</strong> oito<br />
anos, com refresh da logomarca,<br />
<strong>de</strong> abordagem, <strong>de</strong> tom <strong>de</strong> voz. A<br />
gente contratou a Dragon Rouge<br />
para nos ajudar nesse processo.<br />
Qual é o volume <strong>de</strong> vendas da marca?<br />
Em 2022, foram cinco milhões<br />
<strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s vendidas. A meta é<br />
chegar em 6,5 milhões neste ano.<br />
Houve crescimento <strong>de</strong> vendas em<br />
2022?<br />
No todo, o aumento foi <strong>de</strong> 20%.<br />
E qual é a expectativa para este<br />
ano?<br />
No mínimo, repetir o crescimento<br />
<strong>de</strong> 20%, o i<strong>de</strong>al é 30%<br />
para termos a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
crescer três vezes em três anos.<br />
Ainda há muito espaço para<br />
crescer. Comparado com o mercado<br />
americano <strong>de</strong> bloqueador<br />
<strong>de</strong> odores sanitários, nós temos<br />
menos <strong>de</strong> 15% do total <strong>de</strong>les, respeitando<br />
as proporcionalida<strong>de</strong>s.<br />
Obviamente, isso passa por um<br />
processo <strong>de</strong> educação do hábito<br />
<strong>de</strong> consumo do brasileiro. E<br />
como somos os puxadores da categoria,<br />
acabamos ficando com<br />
esse ônus, por outro lado, temos<br />
o maior share <strong>de</strong> mercado.<br />
Como o brasileiro enxerga a marca?<br />
Fizemos uma pesquisa recente<br />
por causa do rebranding da<br />
marca, em que entrevistamos<br />
qualitativamente quase 400<br />
pessoas. Elas dizem que amam o<br />
lado bem-humorado da marca e<br />
“O marketing<br />
reCebeu<br />
este anO um<br />
inCrementO<br />
<strong>de</strong> verba<br />
<strong>de</strong> 30%”<br />
como a FreeCô criou um tom <strong>de</strong><br />
voz que combate o constrangimento<br />
<strong>de</strong> falar do número dois.<br />
Eles acham divertida a comunicação.<br />
Recebemos muitos pedidos<br />
para criar novos produtos,<br />
como novas fragrâncias e um<br />
dos pedidos campeões é para<br />
lançamento <strong>de</strong> uma linha pet <strong>de</strong><br />
FreeCô, que estamos estudando<br />
já faz um tempo.<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 17
profissionais <strong>de</strong> veícuLo<br />
Lí<strong>de</strong>res apostam em diversificação<br />
dos canais <strong>de</strong> mídia e tecnologia<br />
Para seguir inovando e aten<strong>de</strong>ndo à <strong>de</strong>manda do consumidor mais<br />
exigente, executivos investem em conteúdo premium e multiplataforma<br />
Neusa spaulucci<br />
edição do PROPMARK<br />
A <strong>de</strong>sta semana traz o Especial<br />
Profissionais <strong>de</strong> Veículo,<br />
que <strong>de</strong>staca os executivos que<br />
estão à frente dos principais<br />
meios <strong>de</strong> comunicação do país.<br />
Não é fácil gerir um segmento<br />
em constante mutação. Os<br />
profissionais têm <strong>de</strong> enfrentar<br />
as turbulências e estar sempre<br />
atentos às mudanças <strong>de</strong> perfil e<br />
comportamento daquele que é<br />
o seu principal ativo: o leitor, o<br />
espectador, o ouvinte.<br />
Para manter viva a ativida<strong>de</strong>,<br />
os esforços são enormes.<br />
Mas nada que não se resolva<br />
com análises <strong>de</strong> mercado e uma<br />
boa dose <strong>de</strong> coragem. A Globo,<br />
por exemplo, <strong>de</strong>staca as oportunida<strong>de</strong>s<br />
da TV conectada. “O<br />
crescimento da TV conectada<br />
traz o melhor <strong>de</strong> dois mundos:<br />
a união da tela gran<strong>de</strong>, que<br />
sempre foi sinônimo <strong>de</strong> conteúdo<br />
premium, atenção concentrada<br />
e um lugar seguro; e do<br />
digital, que reflete a assertivida<strong>de</strong><br />
e o surgimento <strong>de</strong> novos<br />
formatos”, diz Manzar Feres,<br />
diretora <strong>de</strong> negócios integrados<br />
em publicida<strong>de</strong> da Globo.<br />
Já a Record <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a força<br />
da TV, sua versatilida<strong>de</strong> e presença<br />
ainda massiva nos lares<br />
brasileiros, enquanto a tecnologia<br />
permite que a TV aberta<br />
esteja em qualquer <strong>de</strong>vice. “É<br />
importante mostrarmos a real<br />
força. Além <strong>de</strong> alcance, a TV<br />
aberta possui gran<strong>de</strong> versatilida<strong>de</strong>,<br />
proporcionando soluções<br />
<strong>de</strong> negócios cada vez mais inovadoras,<br />
através do seu conteúdo<br />
e aliada a outras plataformas”,<br />
fala Alarico Naves, superinten<strong>de</strong>nte-comercial<br />
e multiplataforma<br />
do Grupo Record.<br />
O SBT aposta nas mudanças<br />
rápidas no consumo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o<br />
com melhores oportunida<strong>de</strong>s<br />
polarizadas entre TV e experiência<br />
digital. “Para qualquer<br />
profissional, sem dúvida, é<br />
uma experiência ímpar. Hoje, o<br />
<strong>de</strong>safio está ligado à gestão <strong>de</strong><br />
Profissionais da indústria da comunicação têm <strong>de</strong> estar ligados a todos os movimentos<br />
pessoas com inclusão e diversida<strong>de</strong>”,<br />
comenta Fred Müller, da<br />
área <strong>de</strong> negócios do SBT.<br />
E para a TV Ban<strong>de</strong>irantes,<br />
embora tenham trazido mais<br />
complexida<strong>de</strong> ao ambiente da<br />
mídia, as novas tecnologias,<br />
formatos e plataformas abriram<br />
mais acesso ao investimento,<br />
<strong>de</strong>mocratizando a compra, antes<br />
mais onerosa. “O principal<br />
sucesso da TV Ban<strong>de</strong>irantes,<br />
hoje, é o Jornal da Band. Masterchef,<br />
Faustão na Band e Fórmula<br />
1 são outros programas <strong>de</strong><br />
sucesso, que vêm logo <strong>de</strong>pois<br />
do telejornal”, diz Cris Moreira,<br />
diretor-geral <strong>de</strong> comercialização<br />
do grupo.<br />
As emissoras <strong>de</strong> rádio, que<br />
há muito apren<strong>de</strong>ram que é investindo<br />
no novo que se sai <strong>de</strong><br />
crises, também aposta na inovação<br />
para continuar cada vez<br />
mais relevante. É o caso da Antena<br />
1, que conta com constante<br />
investimento em equipamentos<br />
<strong>de</strong> ponta não apenas no online,<br />
mas também no onAir. Katia<br />
Zaratin Santacroce, gerente-<br />
-comercial da Antena 1, afirma<br />
que as estratégias comerciais e<br />
as expectativas para este ano<br />
giram em torno do crescimento<br />
em todas as esferas.<br />
Freepik<br />
Não é fácil gerir<br />
um segmeNto<br />
em coNstaNte<br />
mutação<br />
A Exame aposta na contratação<br />
<strong>de</strong> profissionais com capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> enxergar novos horizontes,<br />
explorando inclusive<br />
inteligência artificial. A revista<br />
está cada vez mais focada em<br />
se <strong>de</strong>senvolver como mediatech.<br />
O CMO, Fernando Miranda,<br />
afirma que um dos gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios<br />
hoje é “manter sempre<br />
uma conversa relevante com o<br />
cliente, trazendo novida<strong>de</strong>s”.<br />
As principais ações da Folha<br />
<strong>de</strong> S.Paulo em termos <strong>de</strong><br />
inovação na publicida<strong>de</strong> e estratégias<br />
comerciais passam<br />
pela multiplataforma e diversificação<br />
<strong>de</strong> opções <strong>de</strong> conexão.<br />
É o que relata Marcelo Benez,<br />
diretor-executivo comercial da<br />
empresa.<br />
José Roberto Maluf, presi<strong>de</strong>nte<br />
da TV Cultura, é outro<br />
profissional <strong>de</strong> veículo que<br />
compõe este especial. Ele con-<br />
ta que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que assumiu a<br />
gestão, o objetivo era que a TV<br />
Cultura estivesse disponível no<br />
máximo <strong>de</strong> telas possível, ao<br />
alcance <strong>de</strong> todos. “Investimos<br />
em equipamentos mo<strong>de</strong>rnos,<br />
lançamos uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
programas e avançamos pelo<br />
Brasil”, afirma, que diz enten<strong>de</strong>r<br />
ainda que a palavra “inovação”<br />
não po<strong>de</strong> estar dissociada<br />
da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> cultura <strong>de</strong> um povo,<br />
assim como a educação, o turismo<br />
e o jornalismo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />
“Tudo isso resulta no<br />
conceito <strong>de</strong> economia criativa,<br />
i<strong>de</strong>ia tão em voga hoje em dia.”<br />
Paulo Pessoa, diretor-executivo<br />
do mercado anunciante do Estadão,<br />
fala das principais ações<br />
para o aprimoramento nas entregas<br />
que o Estadão Blue Studio faz<br />
em termos <strong>de</strong> conteúdo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
e alta performance. Segundo<br />
ele, um time que está preparado<br />
para enxergar as dores dos<br />
clientes e apresentar soluções,<br />
que são <strong>de</strong>senvolvidas a quatro<br />
mãos. “As entregas são mensuráveis<br />
e refletem os <strong>de</strong>safios do<br />
cliente, po<strong>de</strong>ndo passar por geração<br />
<strong>de</strong> leads, discussão da socieda<strong>de</strong><br />
civil com autorida<strong>de</strong>s do<br />
setor, entrega <strong>de</strong> conteúdo que a<br />
marca po<strong>de</strong> utilizar <strong>de</strong> maneira<br />
livre em suas plataformas.”<br />
O UOL, no ar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996,<br />
formou profissionais que atualmente<br />
li<strong>de</strong>ram a transformação<br />
dos negócios <strong>de</strong> mídia.<br />
Um <strong>de</strong>les é Paulo Samia, hoje<br />
CEO do grupo, que possui 108<br />
milhões <strong>de</strong> usuários únicos,<br />
com 82% <strong>de</strong> alcance da internet<br />
brasileira, atrás apenas <strong>de</strong><br />
Google e Facebook. “Temos,<br />
principalmente, a presença <strong>de</strong><br />
plataformas, que distribuem<br />
conteúdo, fazendo papel <strong>de</strong> veículo<br />
também”, ressalta Samia,<br />
que difun<strong>de</strong> a cultura colaborativa<br />
para ajudar na troca <strong>de</strong><br />
conhecimento e entendimento<br />
do cenário <strong>de</strong> mudanças. “É difícil<br />
pessoa que tenha todos os<br />
skills”, observa. Veja a seguir<br />
<strong>de</strong>talhes <strong>de</strong>sta e das outras entrevistas.<br />
Boa leitura!<br />
18 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
profissioNAis <strong>de</strong> veículo<br />
Alarico Naves sugere criativida<strong>de</strong><br />
para garantir conteúdos relevantes<br />
Superinten<strong>de</strong>nte comercial e multiplataforma do Grupo Record <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>r da TV, que ainda alcança mais <strong>de</strong> 93% da população brasileira<br />
Janaina Langsdorff<br />
Record TV fala com mais<br />
A <strong>de</strong> 130 milhões <strong>de</strong> pessoas<br />
mensalmente e o alcance do<br />
portal R7 supera a média <strong>de</strong><br />
76 milhões <strong>de</strong> visitantes únicos,<br />
sem contar as <strong>de</strong>mais<br />
plataformas que compõem o<br />
negócio. Hoje, o serviço <strong>de</strong><br />
streaming PlayPlus e a Record<br />
News complementam a atuação<br />
do grupo, que espera crescer<br />
8,4% em <strong>2023</strong> em relação ao<br />
ano passado.<br />
Formatos comerciais baseados<br />
em experiências multiplataformas<br />
ancoram o momento<br />
<strong>de</strong>safiador vivido pela TV aberta.<br />
“É importante mostrarmos<br />
a sua real força. Além <strong>de</strong> alcance,<br />
a TV aberta possui gran<strong>de</strong><br />
versatilida<strong>de</strong>, proporcionando<br />
soluções <strong>de</strong> negócios cada vez<br />
mais inovadoras, através do<br />
seu conteúdo e aliada a outras<br />
plataformas”, comenta Alarico<br />
Naves, superinten<strong>de</strong>nte comercial<br />
e multiplataforma do<br />
Grupo Record, que pelo segundo<br />
ano consecutivo comanda a<br />
transmissão multiplataforma<br />
do Paulistão <strong>2023</strong>.<br />
Itaú, Claro e McDonald’s estão<br />
entre os patrocinadores. TV<br />
aberta, R7.com e PlayPlus exibem<br />
com exclusivida<strong>de</strong> as partidas<br />
disputadas entre 16 clubes<br />
divididos em quatro grupos.<br />
O torneio tem espaço próprio<br />
no portal R7.com, com notícias,<br />
atualizações dos clubes,<br />
melhores momentos dos jogos<br />
e conteúdos voltados para<br />
o meio digital. Já as re<strong>de</strong>s sociais<br />
acrescentam os bastidores<br />
da cobertura esportiva do<br />
R7.com e da Record TV com<br />
uma linguagem irreverente e<br />
memes. O público ainda po<strong>de</strong><br />
se divertir com conteúdos produzidos<br />
entre um jogo e outro,<br />
incluindo reacts do narrador<br />
Silvio Luiz, e dos humoristas<br />
Carioca e Bola.<br />
Sincronia, pertinência, agilida<strong>de</strong><br />
e inovação pautam o novo<br />
cenário da mídia. A tecnologia<br />
permite que a TV aberta esteja<br />
em qualquer <strong>de</strong>vice, ao vivo ou<br />
em plataformas sob <strong>de</strong>manda,<br />
e “num futuro próximo, possibilitará<br />
que o seu conteúdo seja<br />
ainda mais imersivo, personalizado<br />
e com maior qualida<strong>de</strong>”,<br />
indica Naves.<br />
O executivo lembra que a TV<br />
aberta chega a alcançar mais<br />
<strong>de</strong> 93% da população no Brasil.<br />
“Além <strong>de</strong> acessível e gratuita,<br />
sabemos que a TV aberta ainda<br />
tem muita força e um gran<strong>de</strong><br />
alcance para continuar sendo<br />
um dos principais meios <strong>de</strong> comunicação<br />
por muitos anos”,<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Naves.<br />
Atento às transformações no<br />
consumo <strong>de</strong> mídia, o grupo investe<br />
em TV aberta sem per<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong> vista oportunida<strong>de</strong>s capazes<br />
Edu Moraes/ Divulgação Record TV<br />
Alarico Naves: conteúdo mais imersivo, personalizado, ágil e <strong>de</strong> maior qualida<strong>de</strong><br />
RecoRd TV, R7,<br />
Play Plus e RecoRd<br />
News foRmam o<br />
ecossisTema <strong>de</strong><br />
Negócios do gRuPo<br />
aTualmeNTe<br />
<strong>de</strong> atrair novos negócios. Em<br />
2022, a Record TV apostou em<br />
um reality show com presença<br />
no metaverso. Lá, as marcas<br />
pu<strong>de</strong>ram interagir com avatares<br />
<strong>de</strong> espectadores e explorar<br />
ações e conteúdos personalizados,<br />
<strong>de</strong>ntro e fora do programa<br />
A fazenda.<br />
“Em <strong>2023</strong>, o foco continua<br />
em novas ferramentas que aprimorem<br />
a entrega diferenciada<br />
<strong>de</strong> conteúdo <strong>de</strong>ntro da nossa<br />
programação”, avisa Naves.<br />
Uma das estratégias é a implementação<br />
<strong>de</strong> um ID único, que<br />
enriquecerá a base <strong>de</strong> dados da<br />
emissora, possibilitando o mapeamento<br />
da jornada do espectador<br />
nas plataformas.<br />
“Hoje, o consumidor é cada<br />
vez mais multimídia. Como um<br />
grupo <strong>de</strong> comunicação multiplataforma,<br />
é importante ter<br />
disponível para o mercado uma<br />
diversificação <strong>de</strong> canais, a fim<br />
<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r ao nosso anunciante<br />
e espectador, entregando conteúdos<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> em qualquer<br />
canal, seja linear ou digital”,<br />
argumenta Naves.<br />
Ao longo <strong>de</strong> sua trajetória na<br />
Record TV, Naves elenca cases<br />
<strong>de</strong> anunciantes, que se tornaram<br />
exclusivos da emissora. Há<br />
ainda trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos<br />
para marcas que ganharam reconhecimento<br />
em território<br />
nacional, após inserção <strong>de</strong> conteúdo<br />
<strong>de</strong> forma criativa, específica<br />
e inovadora.<br />
“Pela minha experiência,<br />
acredito que, quando o conteúdo<br />
consegue ser explorado com<br />
uma boa dose <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>,<br />
ele consegue ser mais relevante<br />
ao espectador e aten<strong>de</strong> à real<br />
necessida<strong>de</strong> do anunciante”,<br />
constata Naves.<br />
A área <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> marcas<br />
e conteúdo da Record TV dá<br />
suporte ao trabalho, que ainda<br />
conta com um time comercial<br />
estruturado sob uma proposta<br />
mais consultiva, técnica e integrada.<br />
A atuação já foi reconhecida<br />
por assegurar os resultados<br />
obtidos no último ano.<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 19
profissionais <strong>de</strong> veíCulo<br />
Cris Moreira enxerga espaço para<br />
<strong>de</strong>mocratização da mídia brasileira<br />
Diretor-geral <strong>de</strong> comercialização do Grupo Ban<strong>de</strong>irantes acredita que<br />
reinvenção do setor abre espaço para novas plataformas e receitas<br />
Janaina Langsdorff<br />
<strong>de</strong>rrota do Brasil para o<br />
A Marrocos na noite do último<br />
dia 25 <strong>de</strong> março, primeiro<br />
amistoso da seleção brasileira<br />
após a Copa do Mundo do Catar,<br />
realizada no fim <strong>de</strong> 2022, ren<strong>de</strong>u<br />
uma média <strong>de</strong> 9,6 pontos<br />
<strong>de</strong> audiência e 17,3% <strong>de</strong> participação<br />
para a TV Ban<strong>de</strong>irantes.<br />
Vice-lí<strong>de</strong>r na faixa das 19h08<br />
às 21h05 no Brasil, a emissora<br />
atingiu mais <strong>de</strong> 14,4 milhões<br />
<strong>de</strong> pessoas, segundo dados do<br />
Painel Nacional <strong>de</strong> Televisão<br />
(PNT), que reúne os índices <strong>de</strong><br />
15 mercados aferidos pela Kantar<br />
Ibope Media.<br />
O Jornal da Band sustentou a<br />
posição com 5,9 <strong>de</strong> média, share<br />
<strong>de</strong> 10,5% e pico <strong>de</strong> 12,2 pontos.<br />
“O principal sucesso da TV<br />
Ban<strong>de</strong>irantes, hoje, é o Jornal<br />
da Band. Masterchef, Faustão<br />
na Band e Fórmula 1 são outros<br />
programas <strong>de</strong> sucesso, que vêm<br />
logo <strong>de</strong>pois do telejornal”, diz<br />
Cris Moreira, diretor-geral <strong>de</strong><br />
comercialização do Grupo Ban<strong>de</strong>irantes,<br />
que acaba <strong>de</strong> assinar<br />
contrato para exibir os jogos da<br />
série B do Campeonato Brasileiro,<br />
na parceria firmada com a<br />
Brax Sports Assets.<br />
Rádio, televisão aberta, fechada<br />
e digital compõem o<br />
ecossistema <strong>de</strong> mídia da emissora,<br />
que observa um movimento<br />
<strong>de</strong> reinvenção da mídia<br />
brasileira. O panorama está<br />
imbuído na criação <strong>de</strong> novas<br />
plataformas e formatos, cada<br />
um tentando contar uma história<br />
para gerar novas fontes<br />
<strong>de</strong> receita e otimizar a verba<br />
do cliente. “Se o veículo tradicional<br />
não é mais suficiente, eu<br />
não consigo respon<strong>de</strong>r, porque<br />
entendo que estão tentando se<br />
reinventar. Mas, como tudo na<br />
vida, vamos saber se <strong>de</strong>u certo<br />
ou errado”, atenta Moreira.<br />
Por enquanto, a certeza está<br />
na <strong>de</strong>mocratização dos espaços.<br />
Televisão, rádio, impresso,<br />
mídia out-of-home e o meio digital<br />
estão mais acessíveis em<br />
Renato Pizzutto/Divulgação Band<br />
Cris Moreira: “A minha experiência está em ouvir o mercado, me adaptar e crescer”<br />
“O prOfissiOnal<br />
<strong>de</strong> mídia per<strong>de</strong>u<br />
um pOucO a mãO<br />
da experiência,<br />
da criaçãO”<br />
comparação a investimentos<br />
anteriormente consi<strong>de</strong>rados<br />
mais onerosos. “Passou o período<br />
<strong>de</strong> experiência e, agora,<br />
a mídia tenta se reinventar do<br />
ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> planejamento<br />
para errar menos no ambiente<br />
digital”, analisa Moreira.<br />
O executivo lembra que a<br />
televisão é um meio seguro e<br />
crível. “Po<strong>de</strong>mos citar como<br />
exemplo o Faustão na Band e<br />
os vários patrocinadores do<br />
programa, clientes cada vez<br />
mais experientes, com vivências<br />
interessantes, formatos<br />
inovadores e flexíveis”, exemplifica<br />
Moreira. A nova temporada<br />
estreou no dia 6 <strong>de</strong> março,<br />
com patrocínio do Atacadão,<br />
Bra<strong>de</strong>sco, Decolar, Harald, Kia,<br />
Kitano e Magazine Luiza. A expectativa<br />
é manter crescimento<br />
<strong>de</strong> dois dígitos ao ano, puxado<br />
por diferentes programas, especialmente<br />
<strong>de</strong> esporte e gastronomia.<br />
“A pan<strong>de</strong>mia, em vez<br />
<strong>de</strong> ser um período <strong>de</strong> queda ou<br />
estagnação, serviu como reinvenção”,<br />
conclui Moreira.<br />
Formatos alinhados aos conteúdos<br />
dos programas ten<strong>de</strong>m<br />
a trazer melhores resultados.<br />
Apresentadores <strong>de</strong> programas,<br />
por exemplo, estão no rádio ou<br />
em <strong>de</strong>sdobramentos no meio<br />
digital. “Antigamente, isso<br />
acontecia apenas com o Masterchef.<br />
Hoje, é com o Jornal da<br />
Band, a Fórmula 1, o Jogo aberto”,<br />
enumera Moreira. As <strong>de</strong>cisões<br />
são baseadas em pesquisas<br />
e conversas com o mercado<br />
“porque precisamos criar algo<br />
que seja realmente atraente”,<br />
certifica Moreira.<br />
A criativida<strong>de</strong> sempre foi<br />
aliada vital para renovar as entregas<br />
da Band. “Nunca vivemos<br />
em uma zona <strong>de</strong> conforto<br />
por não sermos lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> mercado.<br />
Sempre trabalhamos com<br />
múltiplas plataformas”, admite<br />
Moreira. Conteúdo e flexibilida<strong>de</strong><br />
comercial traduzidos em<br />
formatos e ferramentas <strong>de</strong> tecnologia<br />
mostram uma postura<br />
atemporal. “A minha experiência<br />
está em ouvir o mercado,<br />
me adaptar e crescer com ele,<br />
evoluir, do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong><br />
tecnologia, <strong>de</strong> conteúdo ou comercial”,<br />
conta Moreira.<br />
Ter uma atuação mo<strong>de</strong>rna<br />
não significa estar apoiado apenas<br />
em ferramentas. “O profissional<br />
<strong>de</strong> mídia per<strong>de</strong>u um<br />
pouco a mão da experiência,<br />
da criação, e está cada vez mais<br />
parametrizado em uma ferramenta<br />
<strong>de</strong> tecnologia por conta<br />
dos orçamentos apertados e<br />
das cobranças dos clientes”, repara<br />
Moreira. No passado, eles<br />
enfrentavam <strong>de</strong>safios para trazer<br />
resultados inusitados aos<br />
clientes. Hoje, “o que chamam<br />
<strong>de</strong> inovação não é o mesmo que<br />
eu chamo <strong>de</strong> inovação”, reclama<br />
Cris Moreira.<br />
20 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
proFissionais <strong>de</strong> Veículo<br />
Manzar Feres acredita que TV vai<br />
ser protagonista do futuro digital<br />
Diretora <strong>de</strong> negócios integrados em publicida<strong>de</strong> da Globo li<strong>de</strong>ra jornada<br />
rumo às oportunida<strong>de</strong>s abertas pela propaganda digital na televisão<br />
Janaina Langsdorff<br />
publicida<strong>de</strong> digital na televisão<br />
abre um filão ainda<br />
A<br />
inexplorado. Dados da Samsung<br />
Ads e Comscore apontam<br />
que meta<strong>de</strong> dos lares brasileiros<br />
já possui uma smart TV,<br />
favorita no consumo <strong>de</strong> conteúdo<br />
<strong>de</strong> streaming, com 95% da<br />
preferência, seguida por smartphones<br />
(90%), computadores<br />
(71%) e tablets (32%). “O crescimento<br />
da TV conectada traz<br />
o melhor <strong>de</strong> dois mundos: a<br />
união da tela gran<strong>de</strong>, que sempre<br />
foi sinônimo <strong>de</strong> conteúdo<br />
premium, atenção concentrada<br />
e um lugar seguro; e do digital,<br />
que reflete a assertivida<strong>de</strong> e o<br />
surgimento <strong>de</strong> novos formatos”,<br />
frisa Manzar Feres, diretora<br />
<strong>de</strong> negócios integrados em<br />
publicida<strong>de</strong> da Globo.<br />
Segundo a executiva, esse<br />
mercado quase triplicou nos<br />
Estados Unidos nos últimos<br />
três anos. Realida<strong>de</strong> também<br />
no Brasil, o “cenário nos dá<br />
conforto para afirmar que a TV<br />
terá protagonismo no futuro do<br />
digital”, prevê Manzar. Movida<br />
a <strong>de</strong>safios, ela não escon<strong>de</strong> o<br />
entusiasmo em li<strong>de</strong>rar projetos<br />
<strong>de</strong> transformação. IBM, PwC<br />
Consulting e Serasa Experian<br />
são alguns <strong>de</strong>les. “O meu papel<br />
passa por fazer <strong>de</strong>ssa minha<br />
paixão pela tecnologia uma expertise<br />
que possa ser levada a<br />
outras pessoas, disseminando<br />
a cultura data-driven, para que<br />
possamos evoluir em parcerias<br />
mais inteligentes no futuro”,<br />
<strong>de</strong>clara Manzar.<br />
Evolução tecnológica, dados<br />
e a conjuntura econômica do<br />
país influenciam transformações<br />
aceleradas, por exemplo,<br />
pela adoção <strong>de</strong> inteligência artificial<br />
generativa. Investimentos<br />
precisam ser mais eficazes<br />
para que marcas e players do<br />
setor possam aproveitar as<br />
chances que se avizinham. Geração<br />
<strong>de</strong> roteiros, direitos autorais,<br />
construção <strong>de</strong> campanhas<br />
publicitárias, criação e distribuição<br />
<strong>de</strong> conteúdo estão em<br />
discussão. “É necessário que<br />
o negócio original das empresas<br />
também se transforme. As<br />
recentes fusões <strong>de</strong> grupos internacionais<br />
têm como foco a<br />
busca por um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócio<br />
mais eficiente e a<strong>de</strong>quado<br />
às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sses novos<br />
tempos”, atenta Manzar.<br />
Transformada em mediatech,<br />
a Globo afia a sua atuação<br />
em um cenário acirrado <strong>de</strong><br />
competição. O processo começou<br />
com o projeto Uma só<br />
Globo, que uniu TV Globo, Globosat,<br />
Globo.com, Globoplay e<br />
Som Livre em uma única empresa.<br />
Novas formas <strong>de</strong> produzir<br />
e distribuir conteúdos com<br />
potencial <strong>de</strong> convergência entre<br />
os meios consumidos pelas<br />
Daniela Toviansky/Divulgação TV Globo<br />
Manzar Feres: paixão por tecnologia transformada em expertise para cultura data-driven<br />
TV conecTada<br />
une a aTenção e<br />
a segurança da<br />
Tela gran<strong>de</strong> à<br />
asserTiVida<strong>de</strong> do<br />
mundo digiTal<br />
pessoas diariamente, serviços<br />
digitais para o público e soluções<br />
publicitárias para o mercado<br />
dão continuida<strong>de</strong> ao plano.<br />
A Globo materializa os movimentos<br />
que impulsionam o<br />
setor. Está na TV aberta (TV<br />
Globo), TV por assinatura (com<br />
mais <strong>de</strong> 20 canais) e streaming<br />
(Globoplay). No ambiente digital,<br />
reúne g1, gshow, ge, globo.<br />
com, Receitas.com, Cartola e<br />
podcasts. Do awareness à conversão,<br />
essa estrutura oferece<br />
estratégias cross media com<br />
resultados complementares e<br />
mensuráveis.<br />
“Além do profundo conhecimento<br />
dos brasileiros, esse<br />
ecossistema é o que nos torna<br />
únicos”, aponta Manzar. Massivo<br />
na TV e segmentado no digital,<br />
com mais <strong>de</strong> 130 milhões <strong>de</strong><br />
Ids, o arsenal reproduz a capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> reinvenção do negócio<br />
da família Marinho, que registrou<br />
o “melhor faturamento<br />
digital da história da Globo em<br />
2022”, indica Manzar.<br />
Foram lançados o Globo DAI,<br />
entrega <strong>de</strong> campanhas segmentadas<br />
em programação linear, e<br />
o Pause Ads, formato não intrusivo<br />
em conteúdos premium,<br />
exclusivos do Globoplay. São<br />
soluções que garantem a segmentação<br />
do digital aliada à<br />
atenção da tela gran<strong>de</strong>. “Gran<strong>de</strong><br />
parte do consumo do Globoplay<br />
é na tela gran<strong>de</strong>, na TV<br />
conectada, que hoje já chega a<br />
80 milhões <strong>de</strong> brasileiros”, conta<br />
Manzar.<br />
A plataforma Gama, que une<br />
a inteligência <strong>de</strong> dados da Globo<br />
à execução <strong>de</strong> mídia programática,<br />
também chegou em 2022,<br />
trazendo um ambiente seguro e<br />
capaz <strong>de</strong> otimizar a performance<br />
<strong>de</strong> campanhas digitais com<br />
ganho <strong>de</strong> eficiência e inteligência<br />
para estratégias <strong>de</strong> ativação<br />
e retargeting. As plataformas<br />
são potencializadas pelo trabalho<br />
<strong>de</strong> creators e influenciadores<br />
nas re<strong>de</strong>s sociais, vertente<br />
com curadoria e composição <strong>de</strong><br />
entregas personalizadas.<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 21
Profissionais dE vEículo<br />
Paulo Pessoa fala que estratégia do<br />
Estadão é ser parceiro das marcas<br />
Executivo conta ainda que jornal está diversificando a atuação,<br />
<strong>de</strong>senvolvendo novas audiências e produtos, como Estadão Recomenda<br />
NEusa spaulucci<br />
Um dos Profissionais <strong>de</strong> Veículo<br />
selecionados para<br />
compor este Especial é Paulo<br />
Pessoa, diretor-executivo do<br />
mercado anunciante do Estadão.<br />
Ele fala das principais<br />
inovações para o aprimoramento<br />
nas entregas que o Estadão<br />
Blue Studio faz em termos<br />
<strong>de</strong> conteúdo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e alta<br />
performance. Segundo ele, um<br />
time que está preparado para<br />
enxergar as dores dos clientes<br />
e apresentar soluções, que são<br />
<strong>de</strong>senvolvidas a quatro mãos.<br />
“As entregas são mensuráveis<br />
e refletem os <strong>de</strong>safios do cliente,<br />
po<strong>de</strong>ndo passar por geração<br />
<strong>de</strong> leads, discussão da socieda<strong>de</strong><br />
civil com autorida<strong>de</strong>s do<br />
setor, entrega <strong>de</strong> conteúdo que<br />
a marca po<strong>de</strong> utilizar <strong>de</strong> maneira<br />
livre em suas plataformas,<br />
entre outros”.<br />
Por tudo o que planeja e<br />
apresenta ao mercado, Pessoa,<br />
que é engenheiro eletrônico por<br />
formação, pelo Instituto Superior<br />
Técnico <strong>de</strong> Lisboa, e MBA<br />
na Universida<strong>de</strong> Nova Lisboa,<br />
comenta ainda sobre as estratégias<br />
traçadas para este ano,<br />
que não são poucas nem fáceis.<br />
Ele sabe que se trata <strong>de</strong> um ano<br />
<strong>de</strong>safiador, pois o cenário internacional<br />
e o local não são dos<br />
mais animadores. O executivo<br />
conta que a estratégia do Estadão<br />
é se apresentar como um<br />
parceiro para as marcas que<br />
precisam se posicionar <strong>de</strong>ntro<br />
do atual momento. “Outro ponto<br />
é que estamos diversificando<br />
a nossa atuação, <strong>de</strong>senvolvendo<br />
novas audiências e produtos,<br />
exemplo disso é o Estadão<br />
Recomenda, vertical que avalia<br />
e recomenda produtos para<br />
nossa audiência, facilitando o<br />
processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> compra.<br />
Temos parceria, em mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
afiliação, com gran<strong>de</strong>s marcas<br />
como Amazon e Magalu.”<br />
Quando se trata <strong>de</strong> fazer um<br />
pequeno panorama da mídia<br />
impressa, ele é taxativo e diz<br />
Paulo Pessoa: renovação em 2021 foi muito bem recebida pelo mercado<br />
Divulgação<br />
“As entregAs são<br />
mensuráveis<br />
e refletem<br />
os <strong>de</strong>sAfios<br />
do cliente”<br />
servada mundialmente”, alerta.<br />
Ele não concorda muito<br />
quando se fala na mudança do<br />
perfil do leitor, principalmente<br />
em se tratando do meio jornal.<br />
Ele afirma que continua existindo<br />
um público significativo<br />
e fiel que valoriza o produto<br />
acreditar que não se po<strong>de</strong> mais<br />
se referir a simplesmente mídia<br />
impressa. Para ele, esse mo<strong>de</strong>lo<br />
<strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado<br />
uma das plataformas<br />
mais relevantes disponíveis<br />
para o mercado, que tem um<br />
papel fundamental em algumas<br />
estratégias <strong>de</strong> comunicação.<br />
“Do ponto <strong>de</strong> vista do produto,<br />
a renovação <strong>de</strong> formato e<br />
conteúdo que fizemos em 2021<br />
foi muito bem recebida pelo<br />
mercado, assinantes e leitores,<br />
fortalecendo o produto impresso<br />
e minimizando a tendência<br />
<strong>de</strong> ‘extinção’, que po<strong>de</strong> ser obimpresso<br />
e, em complemento,<br />
é forte consumidor das plataformas<br />
digitais. “O nosso <strong>de</strong>safio<br />
é distribuir o conteúdo <strong>de</strong><br />
interesse das nossas audiências<br />
e adaptar ao estilo e formato<br />
que caracteriza cada plataforma,<br />
seja impresso, digital,<br />
áudio ou ví<strong>de</strong>o. Um exemplo<br />
claro que fazemos no Estadão<br />
é o Estadão Expresso Bairros,<br />
produto que <strong>de</strong>senvolve conteúdo<br />
específico para cada uma<br />
das subprefeituras da cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> São Paulo e distribuído gratuitamente<br />
na versão impressa,<br />
digital e através <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s sociais”,<br />
lembra.<br />
Para ele, o jornal impresso<br />
não corre “risco”. Pessoa tem<br />
certeza que o meio continuará<br />
existindo, pois há uma <strong>de</strong>manda<br />
significativa por esse formato.<br />
“O impresso possibilita uma<br />
experiência <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong><br />
informação distinta dos meios<br />
digitais, focando na curadoria<br />
dos conteúdos <strong>de</strong> maior interesse,<br />
que são apresentados <strong>de</strong><br />
modo coerente e com a análise<br />
e a profundida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quadas”,<br />
argumenta o executivo.<br />
Ele fala com a experiência <strong>de</strong><br />
quem viveu em meio a estratégias,<br />
pois, apesar da engenharia<br />
eletrônica, ele <strong>de</strong>sempenhou<br />
diversas funções <strong>de</strong>ntro das<br />
áreas <strong>de</strong> marketing, estratégia<br />
e comercial em várias empresas<br />
<strong>de</strong> telecomunicações, como<br />
Portugal Telecom, Embratel<br />
e Oi. “Atuei como managing<br />
director em duas startups <strong>de</strong><br />
marketing digital no Brasil. Ao<br />
longo da minha carreira profissional,<br />
enfrentei <strong>de</strong>safios<br />
em mercados altamente competitivos,<br />
<strong>de</strong> rápida evolução<br />
e constante necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
transformação. Essas experiências<br />
foram fundamentais para<br />
enfrentar o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> transformação<br />
digital das áreas comerciais<br />
e marketing <strong>de</strong> produto do<br />
Estadão, diante <strong>de</strong>sse cenário<br />
<strong>de</strong> mudanças que o segmento<br />
<strong>de</strong> mídia vem enfrentando nos<br />
últimos anos”, conclui.<br />
22 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
proFissionais <strong>de</strong> veículo<br />
Fred Müller aponta aceleração <strong>de</strong><br />
mudanças no consumo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o<br />
Diretor <strong>de</strong> negócios e marketing do SBT elenca TV e experiências digitais<br />
como os ambientes mais promissores <strong>de</strong> crescimento do mercado<br />
Janaina Langsdorff<br />
pan<strong>de</strong>mia da Covid-19 provocou<br />
uma queda <strong>de</strong> 7% no<br />
A<br />
mercado publicitário global em<br />
2020. No Brasil, o tombo foi <strong>de</strong><br />
10,5%. A recuperação veio já no<br />
ano seguinte, com crescimento<br />
<strong>de</strong> 22,6% no mundo e 13,8% no<br />
Brasil. A Pesquisa Global <strong>de</strong> Entretenimento<br />
e Mídia 2022-2026,<br />
da consultoria PwC Brasil, projeta<br />
uma expansão mundial <strong>de</strong><br />
6,6% até 2026, quando o setor<br />
<strong>de</strong>ve alcançar a cifra <strong>de</strong> US$ 1<br />
trilhão em receita.<br />
No mercado nacional, a expectativa<br />
é atingir o índice <strong>de</strong><br />
5% no mesmo período. Em<br />
2022, o avanço reportado pelo<br />
Cenp-Meios foi <strong>de</strong> 7,6% ante o<br />
ano anterior, o que correspon<strong>de</strong><br />
a uma movimentação <strong>de</strong> mídia<br />
da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> R$ 21,2 bilhões.<br />
Mas mesmo antes do surto<br />
sanitário, o mercado <strong>de</strong> mídia<br />
já vivia uma crise. Avanços<br />
tecnológicos e a mudança<br />
no hábito <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> mídia<br />
obrigaram grupos tradicionais<br />
em todo o mundo a reverem<br />
as suas estratégias e mo<strong>de</strong>los<br />
<strong>de</strong> negócios, movimentando<br />
o mercado para uma era <strong>de</strong><br />
transição. “Fusões e aquisições<br />
po<strong>de</strong>m permitir que empresas<br />
e marcas cresçam, e agreguem<br />
mudanças favoráveis na natureza<br />
<strong>de</strong> seus negócios”, acredita<br />
Fred Müller, que assumiu<br />
a área <strong>de</strong> negócios e marketing<br />
do SBT em 2019, após 20 anos<br />
na Globosat.<br />
A emissora fundada por Silvio<br />
Santos completou 40 anos<br />
em 2021, e segue aclamada pelo<br />
povo brasileiro. “Para qualquer<br />
profissional, sem dúvida, é<br />
uma experiência ímpar. Hoje, o<br />
<strong>de</strong>safio está ligado à gestão <strong>de</strong><br />
pessoas com inclusão e diversida<strong>de</strong>.<br />
Já do ponto <strong>de</strong> vista dos<br />
negócios, a mudança <strong>de</strong> hábitos<br />
<strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o, seja<br />
para creators, seja para gestores<br />
da área, será cada vez mais acelerada”,<br />
confirma Müller.<br />
Segundo o executivo, os<br />
Beatriz Nadler/Divulgação SBT<br />
Fred Müller: <strong>de</strong>safio está na gestão <strong>de</strong> pessoas e em novos hábitos <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o<br />
caminhada <strong>de</strong><br />
inovação da<br />
emissora <strong>de</strong> silvio<br />
santos tem Games,<br />
tv Zyn, sBt sports<br />
e sBt news<br />
principais fatores que contextualizam<br />
esse cenário são estratégia<br />
<strong>de</strong> mercado, necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> obter sinergia a partir <strong>de</strong><br />
uma soma <strong>de</strong> esforços e ganho<br />
<strong>de</strong> eficiência com a obtenção<br />
<strong>de</strong> recursos, além <strong>de</strong> mais oportunida<strong>de</strong>s<br />
e entregas. “Claro<br />
que para todo esse processo<br />
existe um plano <strong>de</strong> negócios<br />
com <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> métricas, estratégias,<br />
metas e objetivos que<br />
<strong>de</strong>vem ser seguidos”, sustenta<br />
o diretor <strong>de</strong> negócios e marketing<br />
do SBT.<br />
As transformações vivenciadas<br />
nos últimos anos impulsionaram<br />
a indústria <strong>de</strong> mídia,<br />
a TV e as experiências digitais,<br />
espaços que sinalizam as oportunida<strong>de</strong>s<br />
mais promissoras <strong>de</strong><br />
crescimento do mercado. “O<br />
SBT utiliza conteúdo, tecnologia,<br />
plataformas digitais e inovação<br />
digital a fim <strong>de</strong> encontrar<br />
soluções mais robustas <strong>de</strong> distribuição<br />
e <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong><br />
produção <strong>de</strong> conteúdos linear e<br />
não linear”, explica Müller.<br />
Certa <strong>de</strong> que a consolidação<br />
<strong>de</strong> uma cultura <strong>de</strong> dados é essencial<br />
para a sustentabilida<strong>de</strong><br />
e perenida<strong>de</strong> dos negócios, a<br />
emissora observa movimentos<br />
e tendências. “Estamos sempre<br />
firmando as melhores parcerias<br />
para potencializar as entregas<br />
aos nossos clientes e os resultados<br />
obtidos”, conta Müller.<br />
Segundo o executivo, o SBT<br />
possui investimento estratégico<br />
na caminhada da inovação.<br />
Um dos exemplos é a aposta<br />
no meio digital, com trabalho<br />
guiado por frequência <strong>de</strong> publicações,<br />
narrativa estruturada,<br />
hashtags pertinentes e o correto<br />
entendimento da linguagem<br />
<strong>de</strong> cada plataforma. SBT<br />
Games, TV Zyn, SBT Sports e<br />
SBT News são algumas das iniciativas,<br />
“que crescem <strong>de</strong> forma<br />
orgânica e consistente”, assegura<br />
Müller.<br />
Canal mais visto do SBT no<br />
YouTube, a TV Zyn possui cerca<br />
<strong>de</strong> cinco milhões <strong>de</strong> inscritos e<br />
mais <strong>de</strong> 2,1 bilhões <strong>de</strong> visualizações.<br />
Pautada em conteúdo<br />
igualitário e diverso, a vertical<br />
está presente também no<br />
Facebook (cerca <strong>de</strong> 1 milhão<br />
<strong>de</strong> seguidores), Instagram (1,9<br />
milhão), Twitter (1 milhão) e<br />
TikTok (3,3 milhões).<br />
Já a vertical SBT Games realizou<br />
em janeiro a sua primeira<br />
postagem <strong>de</strong>senvolvida com<br />
a ajuda da inteligência artificial.<br />
ChatGPT foi utilizado para<br />
escrever o texto, enquanto o<br />
MidJourney apoiou a criação<br />
das imagens. A peça combina<br />
os personagens dos jogos Super<br />
Mario World e Street Fighter.<br />
O diretor <strong>de</strong> negócios e marketing<br />
do SBT ainda menciona<br />
a contratação <strong>de</strong> Roberto Grosman<br />
para a posição <strong>de</strong> chief<br />
transformation officer (CTO),<br />
em novembro <strong>de</strong> 2022. Grosman<br />
li<strong>de</strong>ra o SBT Lab. O <strong>de</strong>safio<br />
é buscar novas estratégias<br />
<strong>de</strong> inovação, unindo a essência<br />
da TV aberta às necessida<strong>de</strong>s e<br />
avanços em novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />
negócios com o viés digital e<br />
foco na experiência dos clientes<br />
e anunciantes.<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 23
pRofissionais <strong>de</strong> VeíCulo<br />
José Roberto Maluf fala que projeto<br />
é apresentar propósito da TV Cultura<br />
Ele conta que a estratégia é estar em maior número <strong>de</strong> telas e ao alcance<br />
<strong>de</strong> todos; i<strong>de</strong>ia também é mostrar as possibilida<strong>de</strong>s para os anunciantes<br />
José Roberto Maluf: “Em breve iremos lançar o aplicativo da Cultura”<br />
ta no conceito <strong>de</strong> economia criativa,<br />
i<strong>de</strong>ia tão em voga hoje em<br />
dia”, comenta.<br />
Segundo ele, a equipe inova<br />
diariamente na Fundação Padre<br />
Anchieta, claro que “<strong>de</strong>ntro dos<br />
limites da emissora”. “Como<br />
já disse, estamos em todas as<br />
telas, temos orquestra – Brasil<br />
Jazz Sinfônica –; duas rádios<br />
respeitadíssimas – Cultura FM<br />
e Cultura Brasil; somos equipamento<br />
cultural aberto ao público<br />
com o imóvel da Avenida Briga<strong>de</strong>iro<br />
Faria Lima; o Solar Fábio<br />
Prado, que atualmente abriga o<br />
Museu da Casa Brasileira e hoje<br />
é um ponto <strong>de</strong> encontro do paulistano<br />
aos fins <strong>de</strong> semana; e<br />
somos também uma geradora<br />
<strong>de</strong> conteúdos importantes. Seja<br />
no sentido da investigação estética<br />
– como foi a série In<strong>de</strong>pendências<br />
–, seja no sentido<br />
<strong>de</strong> trazer os temas <strong>de</strong> inovação<br />
que hoje não se tratam <strong>de</strong> futuro,<br />
mas <strong>de</strong> presente – como a<br />
série Exponencial e tantas outras<br />
ações <strong>de</strong> nossa programação,<br />
tanto na TV aberta como nos<br />
nossos canais digitais”.<br />
Sobre as estratégias comerciais<br />
e as expectativas da empresa<br />
para este ano, Maluf afirma<br />
que a principal <strong>de</strong>las é apresentar<br />
ao mercado publicitário<br />
Divulgação<br />
“Buscamos<br />
<strong>de</strong>senvolver<br />
projetos com<br />
marcas que<br />
tenham os mesmos<br />
princípios que<br />
a cultura”<br />
o propósito da TV Cultura e as<br />
importantes causas da emissora,<br />
que estão atreladas a conteúdos<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e à diversida<strong>de</strong> da<br />
gra<strong>de</strong>. “Buscamos <strong>de</strong>senvolver<br />
projetos com marcas que tenham<br />
os mesmos princípios que<br />
a Cultura, contribuindo para a<br />
formação crítica do público com<br />
conteúdos editorais que não<br />
buscam apenas a audiência.”<br />
Na opinião <strong>de</strong>le, a TV continua<br />
pautando todas as telas,<br />
pela estrutura, profissionalismo,<br />
credibilida<strong>de</strong> e cobertura.<br />
Para ele, o dispositivo mais usado<br />
continua sendo a TV. “Para<br />
<strong>2023</strong>, os investimentos publicitários<br />
<strong>de</strong>verão ser mo<strong>de</strong>rados,<br />
a maioria das empresas está focada<br />
em resultados imediatos<br />
e vendas online”, acredita ele,<br />
acrescentando: “Com a acessibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> se produzir produtos<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> com tecnologia, a<br />
Neusa spaulucci<br />
José Roberto Maluf, presi<strong>de</strong>nte<br />
da TV Cultura, é outro profissional<br />
<strong>de</strong> veículo que compõe<br />
este Especial. Formado em direito<br />
pela USP e pós-graduado<br />
pela PUC, on<strong>de</strong> também foi professor<br />
<strong>de</strong> direito civil, por <strong>de</strong>z<br />
anos, Maluf também é jornalista<br />
e esteve à frente <strong>de</strong> diversas<br />
entida<strong>de</strong>s, como Sindicato das<br />
Empresas <strong>de</strong> Radiodifusão do<br />
Estado <strong>de</strong> São Paulo, e editor <strong>de</strong><br />
diversas publicações. O cargo <strong>de</strong><br />
presi<strong>de</strong>nte da Fundação Padre<br />
Anchieta – que administra a TV<br />
Cultura, Rádios Cultura Brasil e<br />
FM, TV Rá Tim Bum, Univesp TV<br />
e TV Educação, além da Brasil<br />
Jazz Sinfônica e Museu da Casa<br />
Brasileira –, ele assumiu em 2019<br />
para um mandato <strong>de</strong> três anos,<br />
mas foi reconduzido à função<br />
em votação unânime do Conselho<br />
Curador da FPA para uma<br />
nova gestão até junho <strong>de</strong> 2025.<br />
Ele conta que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que assumiu<br />
a gestão, o objetivo era que<br />
a TV Cultura estivesse disponível<br />
no máximo <strong>de</strong> telas possível,<br />
ao alcance <strong>de</strong> todos. “Investimos<br />
em equipamentos mo<strong>de</strong>rnos,<br />
lançamos uma infinida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> programas e avançamos pelo<br />
Brasil. Hoje nossa programação<br />
alcança 213 milhões <strong>de</strong> brasileiros<br />
em 26 estados e no Distrito<br />
Fe<strong>de</strong>ral, sendo 5.570 municípios,<br />
por meio da TV aberta,<br />
TV por assinatura e parabólicas.<br />
Temos, atualmente, 60 afiliadas<br />
geradoras e 340 retransmissoras<br />
espalhadas pelo Brasil. Recentemente,<br />
a TV Cultura também<br />
chegou aos Estados Unidos, pela<br />
BraziTV. E, em breve, iremos<br />
lançar um aplicativo da Cultura,<br />
em que será possível ver<br />
a programação da emissora e<br />
ter acesso a conteúdos exclusivos”,<br />
afirma.<br />
Ele afirma enten<strong>de</strong>r que a palavra<br />
“inovação” não po<strong>de</strong> estar<br />
dissociada da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> cultura<br />
<strong>de</strong> um povo, assim como a educação,<br />
o turismo e o jornalismo<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. “Tudo isso resulescolha<br />
do consumidor não necessariamente<br />
passa pela marca<br />
e a pulverização da mídia, principalmente<br />
digital, aproxima os<br />
consumidores <strong>de</strong> marcas menores.<br />
Portanto, fica cada vez<br />
mais importante a construção e<br />
a fi<strong>de</strong>lização <strong>de</strong> marcas junto aos<br />
consumidores”. Ele fala também<br />
que <strong>de</strong>ntro da esfera comercial,<br />
uma das soluções que acompanham<br />
o crescimento da TV é o<br />
merchandising. “Em que a mídia<br />
<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser uma interrupção e<br />
passa a fazer parte do contexto.<br />
A diferença está na forma como<br />
ele é aplicado, utilizando-se <strong>de</strong><br />
storytellings, e este é o <strong>de</strong>safio”,<br />
confessa. Ele acredita que o<br />
maior <strong>de</strong>safio seja fazer conteúdos<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e verda<strong>de</strong>iros,<br />
que sejam plurais, que discutam<br />
questões contemporâneas que<br />
aju<strong>de</strong>m o telespectador a formar<br />
opiniões.<br />
O futuro da TV aberta, para o<br />
executivo, está interligado a um<br />
mo<strong>de</strong>lo segmentado, em que a<br />
interação entre as geradoras e<br />
emissoras <strong>de</strong> conteúdo e os telespectadores<br />
será o foco. “E, por<br />
isso, já é preciso pensar no fenômeno<br />
da personalização do conteúdo.<br />
Passando também pela<br />
inovação no que diz respeito à<br />
entrega <strong>de</strong> conteúdo multiplataforma,<br />
com a i<strong>de</strong>ia do ‘on <strong>de</strong>mand’”.<br />
Para ele, é muito importante<br />
enten<strong>de</strong>r, quando se pensa<br />
no futuro da TV aberta no Brasil,<br />
as dimensões continentais do<br />
país. “Muitas regiões ainda são e<br />
serão servidas por longo tempo<br />
pelo sinal aberto. Nas capitais e<br />
cida<strong>de</strong>s mais populosas, o conceito<br />
da multitela por certo estará<br />
cada vez mais presente. No<br />
entanto, há lugares <strong>de</strong>ste país, e<br />
eu diria que são muitos, em que<br />
a <strong>de</strong>mocratização do acesso à informação<br />
ainda se dará por muito<br />
tempo através da TV aberta”,<br />
avalia. Na opinião <strong>de</strong>le, mais importante<br />
do que discutir o futuro<br />
da televisão aberta seria <strong>de</strong>bater<br />
um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócio sustentável<br />
para ela nas próximas três a<br />
quatro décadas.<br />
24 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
ProfiSSionaiS <strong>de</strong> veículo<br />
Paulo Samia <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a combinação<br />
<strong>de</strong> meios nativos digitais e offline<br />
CEO do UOL monta inventário interconectado para oferta <strong>de</strong> entregas<br />
completas aos anunciantes e <strong>de</strong> conteúdo relevante aos consumidores<br />
Janaina Langsdorff<br />
UOL testemunhou o nascimento<br />
da internet no Bra-<br />
O<br />
sil. No ar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996, formou<br />
profissionais que hoje li<strong>de</strong>ram<br />
a transformação dos negócios<br />
<strong>de</strong> mídia. Um <strong>de</strong>les é Paulo<br />
Samia. O executivo começou<br />
a sua carreira no Universo Online<br />
em 2000 como gerente-financeiro,<br />
cargo que ocupou por<br />
cinco anos. Chegou a dirigir o<br />
UOL Argentina até 2006, quando<br />
<strong>de</strong>ixou o Brasil para cursar<br />
um MBA na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Colúmbia, em Nova York.<br />
No retorno ao mercado brasileiro,<br />
passou por consultorias<br />
estratégicas e empresas <strong>de</strong> tecnologia<br />
e, em 2016, voltou para<br />
o UOL como diretor <strong>de</strong> planejamento<br />
estratégico. Um ano<br />
<strong>de</strong>pois, assumiu a posição <strong>de</strong><br />
diretor <strong>de</strong> negócios e, em 2019,<br />
foi nomeado CEO do UOL, que<br />
hoje possui 108 milhões <strong>de</strong> usuários<br />
únicos, com 82% <strong>de</strong> alcance<br />
da internet brasileira, atrás<br />
apenas <strong>de</strong> Google e Facebook.<br />
A home do UOL soma 25 milhões<br />
<strong>de</strong> usuários únicos, 1,1<br />
bilhão <strong>de</strong> visitas, consi<strong>de</strong>rando<br />
conteúdo próprio, parceiros e<br />
produtos, além <strong>de</strong> 29 milhões<br />
<strong>de</strong> usuários, que assistem ví<strong>de</strong>os<br />
no <strong>de</strong>sktop e mobile. Embalada<br />
por metaverso, realida<strong>de</strong><br />
virtual e inteligência artificial,<br />
a evolução exige o acompanhamento<br />
das mudanças para<br />
adaptação a novos formatos e<br />
criação <strong>de</strong> produtos em parceria<br />
com agências e marcas.<br />
“Temos, principalmente, a<br />
presença <strong>de</strong> plataformas, que<br />
distribuem conteúdo, fazendo<br />
papel <strong>de</strong> veículo também”, ressalta<br />
Paulo Samia. O executivo<br />
difun<strong>de</strong> a cultura colaborativa<br />
para ajudar no entendimento<br />
das tendências. O UOL acaba <strong>de</strong><br />
fechar parceria com o principal<br />
serviço gratuito <strong>de</strong> streaming<br />
<strong>de</strong> televisão da Paramount no<br />
Brasil, a Pluto TV, e será responsável<br />
pelas vendas diretas<br />
e programáticas da plataforma.<br />
É uma junção <strong>de</strong> forças. O UOL<br />
<strong>de</strong>tém tradição na venda <strong>de</strong><br />
inventário digital e equipe comercial<br />
próxima dos <strong>de</strong>cisores<br />
do mercado, enquanto a Pluto<br />
TV cresce com ofertas na TV<br />
conectada. “Não po<strong>de</strong>mos ficar<br />
restritos aos meios tradicionais<br />
digitais, é preciso misturar<br />
meios nativos digitais com<br />
meios tradicionais do offline<br />
para uma entrega completa”,<br />
observa Samia.<br />
Um dos expoentes da frente<br />
<strong>de</strong> projetos que mesclam experiências<br />
online e offline é o<br />
CarnaUOL, maior projeto proprietário<br />
do grupo. Em <strong>2023</strong>,<br />
na sua oitava edição, reuniu 15<br />
mil pessoas no Allianz Parque,<br />
em São Paulo, com quase nove<br />
horas <strong>de</strong> shows ininterruptos.<br />
Mariana Pekin/Divulgação UOL<br />
Paulo Samia: trabalho colaborativo para entendimento das mudanças do mercado<br />
UOL tem 108<br />
miLhões <strong>de</strong><br />
UsUáriOs únicOs,<br />
cOm 82% <strong>de</strong><br />
aLcance da<br />
internet<br />
O inventário interconectado<br />
potencializa a operação com<br />
plataformas <strong>de</strong> interesses específicos.<br />
O portal é o carro-chefe,<br />
mas Splash (entretenimento),<br />
Nossa (estilo <strong>de</strong> vida), Ecoa<br />
(causas sociais) e Universa (universo<br />
feminino) diversificam a<br />
atuação do grupo. Formatos digitais<br />
clássicos, como displays e<br />
banners, convivem agora com a<br />
explosão dos ví<strong>de</strong>os. “As marcas<br />
po<strong>de</strong>m entregar uma campanha<br />
e transmitir mensagens<br />
<strong>de</strong> forma muito mais completa<br />
em relação a outros formatos”,<br />
diz o CEO do UOL, que produz<br />
mais <strong>de</strong> nove horas <strong>de</strong> conteúdo<br />
diário em ví<strong>de</strong>o ao vivo,<br />
fora inúmeros conteúdos produzidos<br />
nos canais <strong>de</strong> entretenimento.<br />
O UOL ainda opera com uma<br />
plataforma <strong>de</strong> streaming monetizada<br />
por meio <strong>de</strong> assinaturas<br />
ou publicida<strong>de</strong>, instaurando<br />
um novo canal <strong>de</strong> distribuição.<br />
Os podcasts também mostram<br />
crescimento tão latente quanto<br />
os resultados obtidos a partir<br />
<strong>de</strong> conteúdos gerados por<br />
pequenos e médios influenciadores.<br />
“Queremos estar presentes<br />
ao longo da jornada <strong>de</strong><br />
consumo <strong>de</strong> conteúdo das pessoas,<br />
seja ouvindo um podcast<br />
no carro, lendo notícias em<br />
casa ou assistindo programas<br />
no UOL News”, exemplifica<br />
Paulo Samia.<br />
O UOL ainda investe na produção<br />
<strong>de</strong> conteúdo analítico,<br />
com investigações mais aprofundadas,<br />
que po<strong>de</strong>m ser consumidas<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />
do período <strong>de</strong> acesso. Há ainda<br />
conteúdos exclusivos para assinantes<br />
e projetos <strong>de</strong> bran<strong>de</strong>d<br />
content. Abrangência, cobertura,<br />
segurança, credibilida<strong>de</strong><br />
e multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formatos<br />
estão entre os diferenciais do<br />
negócio, que permite ao anunciante<br />
participar <strong>de</strong> todos os<br />
momentos <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> conteúdo<br />
das pessoas, em um só<br />
projeto, sem precisar buscar diferentes<br />
veículos.<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 25
proFissionais dE vEículo<br />
Fernando Miranda conta que Exame<br />
está hoje mais focada no mediatech<br />
Revista <strong>de</strong> negócios já usa inteligência artificial em várias ações para se<br />
comunicar com maior eficiência e rapi<strong>de</strong>z com os clientes e os leitores<br />
Neusa spaulucci<br />
CMO da Exame, Fernando<br />
O Miranda, que faz parte do<br />
grupo <strong>de</strong>sta edição <strong>de</strong> Profissionais<br />
<strong>de</strong> Veículo, afirma que um<br />
dos gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios atuando<br />
no atual cargo é “manter sempre<br />
uma conversa relevante<br />
com o cliente, trazendo novida<strong>de</strong>s”.<br />
“O mercado <strong>de</strong> mídia e<br />
educação está saturado <strong>de</strong> mais<br />
do mesmo, minha missão aqui<br />
é criar um produto diferente,<br />
que gere impacto e lembrança<br />
na mente do cliente”, analisa.<br />
Experiência para manter o<br />
tônus da revista <strong>de</strong> negócios<br />
não falta. Miranda está no mercado<br />
<strong>de</strong> trabalho nas áreas <strong>de</strong><br />
marketing e comercial há mais<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, com passagens<br />
pelo Banco do Brasil e pelo Infomoney,<br />
da XP Inc..<br />
Ele conta que uma das ações<br />
do título nos últimos tempos<br />
em termos <strong>de</strong> inovação foi a<br />
contratação recente da head <strong>de</strong><br />
educação, Heloisa Jardim, que<br />
comanda a Exame Aca<strong>de</strong>my. “A<br />
Heloisa vem <strong>de</strong> Harvard, uma<br />
das instituições mais respeitadas<br />
do mundo, e está em linha<br />
com o que queremos em termos<br />
<strong>de</strong> profissionais altamente qualificados.<br />
Além disso, em breve<br />
vamos anunciar algumas aquisições<br />
interessantes, que vão<br />
revelar mais sobre para on<strong>de</strong> o<br />
Grupo Exame caminha e para<br />
on<strong>de</strong> vamos investir nossos esforços<br />
<strong>de</strong> inovação”, comenta.<br />
O executivo revela ainda que<br />
a CTO Izabela Anholett já tem<br />
li<strong>de</strong>rado frentes <strong>de</strong> recomendação<br />
<strong>de</strong> conteúdo para os leitores<br />
utilizando inteligência artificial.<br />
“Outra inovação que estamos<br />
li<strong>de</strong>rando é na frente <strong>de</strong> newsletters.<br />
Hoje já temos uma inteligência<br />
artificial que envia o<br />
conteúdo personalizado para o<br />
cliente no momento em que ele<br />
está com o e-mail aberto”, conta.<br />
As estratégias comerciais e<br />
as expectativas da Exame para<br />
este ano estão, segundo ele,<br />
cada vez mais focadas em se<br />
<strong>de</strong>senvolver como mediatech<br />
para entregar aos clientes, leitores<br />
e consumidores um mo<strong>de</strong>lo<br />
<strong>de</strong> mídia que vá além da<br />
informação propriamente dita.<br />
“Com toda a tradição e autorida<strong>de</strong><br />
que a Exame conquistou<br />
ao longo dos anos, hoje enxergamos<br />
que são inúmeras as<br />
potencialida<strong>de</strong>s para <strong>de</strong>sdobramentos<br />
<strong>de</strong> negócios, especialmente<br />
na área da educação.”<br />
Miranda fala da Exame Aca<strong>de</strong>my,<br />
que hoje é responsável<br />
por uma parcela significativa da<br />
receita total da revista, e isso “é<br />
um sinal <strong>de</strong> que a busca por qualificação<br />
e formação po<strong>de</strong> estar<br />
diretamente associada ao ambiente<br />
digital da informação”.<br />
“Hoje temos especialistas <strong>de</strong><br />
diversas áreas que, além <strong>de</strong> produzirem<br />
conteúdo, oferecem<br />
capacitação por meio <strong>de</strong> cursos<br />
livres até MBAs e cursos <strong>de</strong> pós-<br />
-graduação, por exemplo”, argumenta,<br />
acrescentando: “Temos<br />
tradição nas premiações<br />
como Melhores do Mercado,<br />
Maiores e Melhores, Superagro,<br />
Divulgação<br />
Fernando Miranda: “Acreditamos que ainda há formas para contornar as dificulda<strong>de</strong>s”<br />
“Hoje já temos<br />
uma inteligência<br />
artificial que<br />
envia o conteúdo<br />
personalizado<br />
para o cliente”<br />
Fórum <strong>de</strong> Infraestrutura, Cida<strong>de</strong>s<br />
e Investimentos, entre outros,<br />
que são rankings e eventos<br />
que fomentam o mercado e os<br />
negócios brasileiros”.<br />
Para ele, a mídia impressa e<br />
online brasileira, há anos, vem<br />
se transformando drasticamente,<br />
nos dois ambientes - físico<br />
e digital. “Certamente os novos<br />
mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />
e anúncios, e a própria mídia<br />
digital, tornaram o panorama<br />
da mídia tradicional, <strong>de</strong> papel,<br />
muito mais complicado. Além<br />
<strong>de</strong> ferramentas e novos mecanismos<br />
<strong>de</strong> propaganda e comercialização,<br />
há uma questão<br />
geracional, na qual hábitos estão<br />
transformando o interesse<br />
por <strong>de</strong>terminados tipos <strong>de</strong> canais<br />
<strong>de</strong> comunicação”, opina.<br />
Mas, segundo ele, não há<br />
como negar o importante papel<br />
da mídia impressa no que diz<br />
respeito à credibilida<strong>de</strong>. “Nesse<br />
sentido, acreditamos que<br />
ainda há formas para contornar<br />
as dificulda<strong>de</strong>s apresentadas.<br />
Sobre o online, <strong>de</strong>pois da mídia<br />
programática, haverá outras<br />
pequenas revoluções, por isso<br />
a necessida<strong>de</strong> constante <strong>de</strong> se<br />
reinventar e entregar soluções e<br />
conteúdos relevantes”, afirma.<br />
Miranda fala que uma das<br />
maneiras mais eficazes <strong>de</strong> enfrentar<br />
as mudanças <strong>de</strong> perfil<br />
do leitor é ouvindo-o, “<strong>de</strong>scobrindo<br />
o que ele vem buscar na<br />
Exame”. “Uma das principais<br />
mudanças que sentimos e nos<br />
fez ter uma diretriz voltada para<br />
a mediatech vai justamente ao<br />
encontro a essa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
entregar aos leitores e consumidores<br />
<strong>de</strong> notícias muito mais<br />
do que eles esperam. Escutar o<br />
leitor é <strong>de</strong>scobrir o que ele gosta<br />
<strong>de</strong> ler, quando ele gosta <strong>de</strong><br />
ler, é curadoria. Num mundo<br />
com tanta informação, queremos<br />
entregar a informação certa,<br />
para a pessoa certa, na hora<br />
certa. Parece óbvio, mas não é”,<br />
esclarece.<br />
Na opinião <strong>de</strong>le, o futuro do<br />
meio revista é uma questão<br />
complexa, embora a pergunta<br />
possa parecer simples. “Nossa<br />
origem é o meio impresso e<br />
editorial, e certamente jamais<br />
per<strong>de</strong>remos a admiração e a<br />
vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> seguir na mídia tradicional.<br />
Entretanto, o mundo<br />
está em constante evolução e<br />
os meios e formas <strong>de</strong> consumir<br />
informações já são outros.<br />
Acredito que o segredo esteja<br />
no equilíbrio em conseguir<br />
i<strong>de</strong>ntificar o papel <strong>de</strong> cada formato,<br />
porque, certamente, eles<br />
têm aspectos que são insubstituíveis,<br />
no sentido que um não<br />
anula o outro, pelo contrário, se<br />
complementam”, conclui.<br />
26 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
proFissionais <strong>de</strong> veículo<br />
Marcelo Benez revela que a Folha<br />
se concentra na multiplataforma<br />
Diretor-comercial fala<br />
sobre a diversificação<br />
<strong>de</strong> opções <strong>de</strong> conexão<br />
que a empresa adota<br />
Divulgação<br />
Neusa spaulucci<br />
Marcelo Benez, diretor-executivo comercial<br />
da Folha <strong>de</strong> S.Paulo, on<strong>de</strong> está há 28<br />
anos, também está na lista <strong>de</strong> Profissionais<br />
<strong>de</strong> Veículo <strong>de</strong> maior sucesso do país. Ele, que<br />
também é ex-presi<strong>de</strong>nte da divisão Brasil e<br />
atual membro da diretoria global da International<br />
News Media Association e professor<br />
convidado <strong>de</strong> marketing e comunicação<br />
na pós-graduação em administração <strong>de</strong> empresas<br />
da Fundação Getúlio Vargas, fala dos<br />
<strong>de</strong>safios à frente <strong>de</strong> veículos <strong>de</strong> comunicação<br />
como a Folha. Para ele, li<strong>de</strong>rar um time comercial<br />
atualmente, precisa ter domínio das<br />
palavras-chaves flexibilida<strong>de</strong> e motivação<br />
para a reinvenção. “Como profissional em<br />
meio à transformação da indústria <strong>de</strong> notícias,<br />
é preciso muita estratégia, transparência<br />
com a equipe em relação aos objetivos,<br />
proativida<strong>de</strong> e disposição”, conta.<br />
Benez conta que as principais ações da Folha<br />
em termos <strong>de</strong> inovação na publicida<strong>de</strong> e<br />
estratégias comerciais passam pela multiplataforma<br />
e diversificação <strong>de</strong> opções <strong>de</strong> conexão<br />
com os mais <strong>de</strong> 57 milhões <strong>de</strong> visitantes<br />
únicos da Folha em todas as plataformas<br />
(comScore, Fev/<strong>2023</strong>), no sentido <strong>de</strong> se consolidar<br />
o portfólio <strong>de</strong> ferramentas <strong>de</strong> comunicação<br />
à disposição do anunciante, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
mídia impressa ao metaverso, mobile, eventos,<br />
bran<strong>de</strong>d content, re<strong>de</strong>s sociais, podcasts<br />
e hubs <strong>de</strong> conteúdo até pesquisas <strong>de</strong> mercado<br />
com o Datafolha.<br />
“A mídia impressa vem se transformando<br />
na era digital e hoje alcança uma segmentação<br />
da audiência da Folha, que não produz<br />
papel e, sim, conteúdo”, comenta.<br />
Ele fala que, para um veículo como a Folha,<br />
é o melhor dos mundos ter a abrangência e o<br />
alcance da Folha Digital somados à credibilida<strong>de</strong><br />
e ao lastro da edição impressa. “O consumo<br />
do jornal puramente impresso vem se<br />
transformando em grau mais ou menos intenso<br />
em todos os países do mundo.”<br />
Segundo ele, no caso da Folha, a edição<br />
impressa já não é mais exclusivamente impressa,<br />
porque é automaticamente digitalizada<br />
e está disponível para ser lida na palma<br />
da mão, através dos dispositivos móveis, pelo<br />
novíssimo app que a Folha lançou. “E a versão<br />
impressa segue tangível e documentando os<br />
fatos, disponível para o consumo <strong>de</strong> notícias<br />
na situação <strong>de</strong> leitura que ele preferir”.<br />
Marcelo Benez: “Como profissional em meio à transformação da indústria <strong>de</strong> notícias, é preciso muita estratégia”<br />
Via Zoom<br />
INSCREVA-SE<br />
Parceiros Estratégicos<br />
Parceiros <strong>de</strong> Mídia<br />
insights by GoAd <strong>2023</strong><br />
04 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> das 9h às 11h<br />
Co-curadoria José Saad, GoAd Media<br />
Cota Bronze<br />
ASSOCIAÇÃO<br />
BRASILEIRA DE<br />
ANUNCIANTES<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 27
profiSSionAiS <strong>de</strong> veículo<br />
Katia Zaratin Santacroce afirma<br />
que Antena 1 mantém pioneirismo<br />
Os investimentos em inovação são gran<strong>de</strong>s, segundo a gerente<br />
comercial, porque os planos são ambiciosos para o online e OnAir<br />
Neusa spaulucci<br />
Katia Zaratin Santacroce,<br />
gerente-comercial da Antena<br />
1, resume em uma frase qual<br />
o plano da emissora em termos<br />
<strong>de</strong> inovação: “Antena 1 sempre<br />
foi pioneira em tecnologia”.<br />
E justifica a afirmativa lembrando<br />
que a empresa foi a<br />
primeira rádio online do Brasil,<br />
uma das primeiras skills da<br />
Alexa no país e conta com um<br />
constante e importante investimento<br />
em equipamentos <strong>de</strong><br />
ponta não apenas no online,<br />
mas também no OnAir.<br />
“Estamos trazendo o estúdio<br />
da Paulista (avenida em São<br />
Paulo) para a nossa maravilhosa<br />
se<strong>de</strong> na região da Cida<strong>de</strong> Jardim<br />
(também em São Paulo) para<br />
apresentar o universo Antena<br />
1 visualmente para o público,<br />
mantendo a essência musical,<br />
mas comprovando ao mercado<br />
que existe uma sinergia incrível<br />
para chegar no ouvinte, que<br />
é nosso principal ativo, e obviamente<br />
também priorida<strong>de</strong> para<br />
esse cliente”.<br />
Ela conta ainda que as estratégias<br />
comerciais e as expectativas<br />
da empresa para este ano<br />
giram em torno do crescimento<br />
em todas as esferas, “tanto em<br />
audiência, como em abrangência<br />
com novas emissoras<br />
integrando a re<strong>de</strong> (atualmente<br />
conta com 27 rádios, chegando<br />
a mais <strong>de</strong> 700 municípios), e<br />
também faturamento”.<br />
“Novos produtos e plataformas<br />
que estão surgindo, mas<br />
que para nós já são velhas conhecidas,<br />
como por exemplo o<br />
streaming, estão num patamar<br />
elevado frente a qualquer player<br />
e é isso que estamos levando ao<br />
mercado, tanto pelas equipes<br />
comerciais como por campanhas<br />
para o tra<strong>de</strong> que chancelam<br />
esse discurso e apresentam não<br />
apenas números, mas consistência<br />
em operacionalizá-los”. Para<br />
ela, o áudio hoje é uma forma<br />
extremamente eficaz <strong>de</strong> se fazer<br />
presente junto às pessoas.<br />
Katia Zaratin Santacroce: áudio é eficiente para se fazer presente junto às pessoas<br />
“A nossa memória audível<br />
é incrível. Sons importantes<br />
jamais são esquecidos, e qualquer<br />
um po<strong>de</strong> comprovar fazendo<br />
esse exercício, seja por<br />
uma música especial, um som<br />
da infância ou um tema característico.<br />
Muitas marcas icônicas<br />
<strong>de</strong>scobriram isso e não abrem<br />
mão <strong>de</strong> usar o ‘seu som’. O rádio<br />
está em todo lugar, a qualquer<br />
hora, <strong>de</strong> diversas formas:<br />
ele emociona, é companhia,<br />
informa em tempo real, embala<br />
uma conversa e traz trilha<br />
sonora a qualquer ambiente. O<br />
rádio é <strong>de</strong>mocrático”, <strong>de</strong>creta.<br />
Katia comenta ainda o perfil<br />
do ouvinte e dos <strong>de</strong>safios que<br />
a mudança provocou na mídia<br />
em geral e na eletrônica em<br />
especial.<br />
Divulgação<br />
“AntenA 1 é lí<strong>de</strong>r<br />
AbsolutA no<br />
streAming <strong>de</strong><br />
rádio no brAsil”<br />
Ela diz enten<strong>de</strong>r que o rádio<br />
é o meio mais fácil <strong>de</strong> ser consumido,<br />
pois está em todos os<br />
lugares. “Num país continental<br />
como Brasil, e falo por experiência<br />
própria, pois estive em<br />
praticamente todas as praças<br />
do país, e o público só cresce,<br />
todo mundo ouve rádio. Cada<br />
um tem suas preferências, mas<br />
consome o meio. O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio<br />
é manter esse meio tão<br />
assertivo e apaixonante cada<br />
vez mais nas campanhas. O<br />
gran<strong>de</strong> objetivo é encantar o<br />
cliente com possibilida<strong>de</strong>s inovadoras,<br />
e o mercado tem estado,<br />
há algum tempo, aberto a<br />
receber essas novida<strong>de</strong>s”, analisa<br />
a gerente-comercial.<br />
Para ela, o futuro do rádio<br />
será o consumo <strong>de</strong> streamings<br />
<strong>de</strong> áudio, “algo que vem muito<br />
forte e a Antena 1 é lí<strong>de</strong>r absoluta<br />
no streaming <strong>de</strong> rádio no<br />
Brasil, com mais <strong>de</strong> o dobro <strong>de</strong><br />
audiência do que a segunda<br />
colocada”. “O futuro do rádio<br />
é digital. E na Antena 1 o futuro<br />
é agora”.<br />
Katia atua <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano 2000<br />
em veículos <strong>de</strong> comunicação.<br />
Já passou por mídia impressa,<br />
online e pelo rádio.<br />
Ela afirma que sempre teve<br />
paixão pela publicida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>scobriu<br />
no rádio um “encanto<br />
que é bastante comum nas<br />
pessoas <strong>de</strong>sse meio”, a “tal picada<br />
do bichinho do rádio”. E<br />
foi na Antena 1, em 2005.<br />
“Depois passei pelo diário<br />
Lance!, pelo Grupo Liberal do<br />
Pará, por muitos anos, tive a<br />
experiência incrível <strong>de</strong> participar<br />
por mais <strong>de</strong> dois anos<br />
<strong>de</strong> uma mesa redonda diária<br />
<strong>de</strong> futebol via telefone, no<br />
rádio, claro, e em 2019 voltei<br />
à Antena 1, on<strong>de</strong> há um ano<br />
encabeço a equipe comercial<br />
<strong>de</strong> São Paulo, num momento<br />
muito promissor para a empresa,<br />
tanto em crescimento<br />
no mercado como em iniciativas<br />
e investimentos da gestão<br />
buscando ainda maior visibilida<strong>de</strong><br />
e evolução”, avalia.<br />
28 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
opinião<br />
Divulgação<br />
ABA volta ao Cenp<br />
nelcina tropardi<br />
estrutura do ecossistema publicitário<br />
A vem se transformando, marcada por<br />
um processo <strong>de</strong> internacionalização e digitalização.<br />
Cofundadora do Cenp (Conselho<br />
Executivo <strong>de</strong> Normas-Padrão), em 1998, a<br />
ABA vinha avaliando a evolução do mercado<br />
e apontando para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover<br />
<strong>de</strong>bates mais alinhados às mudanças<br />
constantes das últimas décadas, como<br />
as novas tendências <strong>de</strong> comunicação e mídia.<br />
Assim, em janeiro <strong>de</strong> 2021, em <strong>de</strong>cisão<br />
tomada por unanimida<strong>de</strong> por sua diretoria<br />
nacional, a ABA se <strong>de</strong>sligou do Cenp.<br />
Na sequência, a ABA construiu, <strong>de</strong> forma<br />
pioneira, o Movimento pelas<br />
Boas Práticas do Mercado<br />
Publicitário Brasileiro, um<br />
importante marco do processo<br />
<strong>de</strong> amadurecimento<br />
da percepção da entida<strong>de</strong><br />
sobre os novos contornos<br />
do mercado publicitário,<br />
que reuniu centenas <strong>de</strong><br />
players do mercado para o<br />
aprofundamento das discussões<br />
sobre a <strong>de</strong>safiadora<br />
empreitada <strong>de</strong> mudança e<br />
evolução setorial sobre formas <strong>de</strong> relacionamento<br />
mais transparentes, livres e sustentáveis.<br />
Reunimos 80 li<strong>de</strong>ranças <strong>de</strong> anunciantes,<br />
entida<strong>de</strong>s, veículos, agências e plataformas<br />
digitais para criar um verda<strong>de</strong>iro manifesto<br />
para uma publicida<strong>de</strong> livre, pujante,<br />
transparente, ética e responsável centrada<br />
em cinco princípios fundamentais:<br />
1. Compromisso com a transparência e<br />
livre negociação<br />
2. Não obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> certificações<br />
e/ou tabelas fixas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto<br />
3. Valorização das estratégias <strong>de</strong> brand<br />
safety e combate às frau<strong>de</strong>s<br />
“firmamos<br />
nesse retorno<br />
o compromisso<br />
do cenp em<br />
promover a<br />
harmonia e<br />
equilíbrio nas<br />
relações”<br />
4. Garantia <strong>de</strong> mídia visível, confiável e<br />
posicionando o consumidor no centro da<br />
estratégia<br />
5. Valorização <strong>de</strong> auditoria e medição<br />
<strong>de</strong> compra e entrega <strong>de</strong> mídia em qualquer<br />
plataforma <strong>de</strong> contato com o consumidor<br />
Em novembro <strong>de</strong> 2021, este movimento<br />
resultou no Guia <strong>de</strong> Melhores Práticas ao<br />
Mercado Publicitário: por uma Publicida<strong>de</strong><br />
Livre, Pujante, Transparente, Ética e Responsável!.<br />
Sempre <strong>de</strong>ixamos claro nossa abertura<br />
para o diálogo com todo o mercado e, em<br />
março <strong>de</strong> 2022, retomamos as conversas<br />
com o Cenp, pontuando como <strong>de</strong>veria funcionar<br />
a autorregulamentação<br />
do novo mercado publicitário<br />
na visão da ABA, o que inclui<br />
alto nível <strong>de</strong> governança e compliance,<br />
fomento à transparência<br />
dos planos <strong>de</strong> incentivo,<br />
não obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> certificações<br />
e/ou tabelas <strong>de</strong> preços,<br />
<strong>de</strong>ntre outras premissas.<br />
Com o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> um Novo<br />
Cenp, um ano após a retomada<br />
<strong>de</strong>sse diálogo, e a redação do<br />
Novo Estatuto, comunicamos ao mercado o<br />
retorno da ABA ao Cenp, conforme <strong>de</strong>cisão<br />
aprovada por votação em Reunião Extraordinária<br />
<strong>de</strong> Diretoria, realizada em 15 <strong>de</strong><br />
março <strong>de</strong> <strong>2023</strong>, e a indicação <strong>de</strong> oito representantes<br />
que atuarão junto ao Conselho<br />
Executivo do órgão.<br />
Seguindo o propósito da ABA, <strong>de</strong> mobilizar<br />
o marketing para transformar os negócios<br />
e a socieda<strong>de</strong>, firmamos nesse retorno<br />
o compromisso do Cenp em promover a<br />
harmonia e o equilíbrio nas relações entre<br />
anunciantes, veículos, agências e novos<br />
elos digitais, por meio <strong>de</strong> autorregulação<br />
ética baseada em melhores técnicas e práticas<br />
do mercado.<br />
Nelcina Tropardi é presi<strong>de</strong>nte da ABA e diretora-<br />
-geral <strong>de</strong> jurídico, rel. gv., ESG e compliance da<br />
Dasa<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 29
míDia<br />
Freepik<br />
Dia do Jornalismo remete a reflexões<br />
em função <strong>de</strong> panorama adverso<br />
Fake news e avanço do digital são os principais <strong>de</strong>talhes que <strong>de</strong>safiam<br />
os veículos; re<strong>de</strong>s sociais são hoje os meios <strong>de</strong> informação dos jovens<br />
Neusa spaulucci<br />
Na próxima sexta-feira (7),<br />
o dia é <strong>de</strong>dicado ao jornalismo,<br />
setor que sofre nos últimos<br />
tempos ataques <strong>de</strong> todos<br />
os lados, sem falar na crise que<br />
vive <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o avanço do digital<br />
e mais recentemente das famigeradas<br />
fake news.<br />
Para Antonio Rocha Filho,<br />
professor do curso <strong>de</strong> jornalismo<br />
da ESPM e coor<strong>de</strong>nador do<br />
Centro Experimental <strong>de</strong> Jornalismo,<br />
também da ESPM, é até<br />
discutível se há crise em curso<br />
mesmo. Segundo ele, se pensarmos<br />
na mídia tradicional e<br />
na queda <strong>de</strong> receita para financiamento<br />
do trabalho jornalístico,<br />
que ocorre não apenas<br />
pela menor arrecadação com<br />
publicida<strong>de</strong>, mas também pela<br />
redução <strong>de</strong> recursos vindos das<br />
assinaturas (ou pagar pelo acesso),<br />
é evi<strong>de</strong>nte que o jornalismo<br />
vive uma crise. “Des<strong>de</strong> que a<br />
internet comercial ganhou força,<br />
em meados dos anos 1990,<br />
isso só se acentua. A circulação<br />
das edições impressas <strong>de</strong> jornais<br />
e revistas <strong>de</strong>spenca, a audiência<br />
<strong>de</strong> emissoras <strong>de</strong> rádio<br />
e <strong>de</strong> TV é apenas uma fração<br />
do que era há alguns anos e os<br />
acessos ao conteúdo jornalístico<br />
nos meios digitais da mídia<br />
tradicional não compensam a<br />
diferença”, relata.<br />
O professor comenta ainda<br />
que as pessoas hoje consomem<br />
notícias pelas re<strong>de</strong>s sociais<br />
e via canais <strong>de</strong> YouTube, além<br />
<strong>de</strong> aplicativos <strong>de</strong> mensagens,<br />
como WhatsApp, o que nem<br />
sempre significa jornalismo<br />
profissional ou <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />
“Ou nem mesmo é jornalismo,<br />
já que muitos dos chamados<br />
influenciadores digitais po<strong>de</strong>m<br />
até ter habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação,<br />
mas estão longe <strong>de</strong> prati-<br />
“O FacebOOk (40%)<br />
per<strong>de</strong>u terrenO e<br />
FOi ultrapassadO<br />
pelO YOutube<br />
(43%)”<br />
car jornalismo ao publicar uma<br />
informação sem checagem”,<br />
cutuca.<br />
Ele levanta ainda dados do<br />
Digital News Report - estudo<br />
feito anualmente pelo Reuters<br />
Institute for the Study of Journalism,<br />
que em sua edição <strong>de</strong><br />
2022 ouviu 93 mil consumidores<br />
<strong>de</strong> notícias em 46 países<br />
- que são muito ilustrativos da<br />
queda da conexão entre jornalismo<br />
tradicional e público.<br />
“Há uma queda generalizada<br />
na confiança das notícias. No<br />
Brasil, o índice <strong>de</strong> pessoas que<br />
evitam notícias chega a 54%,<br />
o dobro do número registrado<br />
cinco anos antes, no estudo <strong>de</strong><br />
2017”, revela.<br />
“Acesso direto a sites ou aplicativos<br />
<strong>de</strong> notícias é <strong>de</strong> 23%,<br />
contra 28% <strong>de</strong> acesso a notícias<br />
por re<strong>de</strong>s sociais. O Facebook<br />
ainda é a re<strong>de</strong> social mais importante<br />
para acesso a notícias<br />
30 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
no mundo (30% dos acessos pelas<br />
re<strong>de</strong>s), mas per<strong>de</strong>u espaço.<br />
Os jovens preferem re<strong>de</strong>s mais<br />
ligadas a imagens, como Instagram<br />
e TikTok”, acrescenta.<br />
Rocha Filho continua e puxa<br />
um recorte feito sobre o Brasil,<br />
que afirma que quase dois terços<br />
das pessoas (64%) recebem<br />
suas notícias das re<strong>de</strong>s sociais.<br />
“O Facebook (40%) per<strong>de</strong>u<br />
terreno e foi ultrapassado pelo<br />
YouTube (43%) como a re<strong>de</strong> social<br />
mais popular para o consumo<br />
<strong>de</strong> notícias. Também houve<br />
um forte aumento no uso <strong>de</strong><br />
re<strong>de</strong>s visuais, como Instagram<br />
(35%) e TikTok (12%), para notícias.<br />
Aplicativos <strong>de</strong> mensagens<br />
WhatsApp (41%) e Telegram<br />
(9%) continuam sendo formas<br />
importantes <strong>de</strong> discutir e compartilhar<br />
notícias”, explica.<br />
Para ele, é difícil falar em<br />
uma via que leve à mudança.<br />
“Tenho a impressão <strong>de</strong> que o<br />
caminho passa necessariamente,<br />
neste momento, por reforço<br />
da produção <strong>de</strong> conteúdo<br />
jornalístico <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, para<br />
diferenciar <strong>de</strong> fake news e <strong>de</strong><br />
quem apenas reproduz conteúdo<br />
alheio. Em outras palavras,<br />
fazer bom jornalismo, em busca<br />
<strong>de</strong> matérias relevantes e <strong>de</strong><br />
informações exclusivas importantes”,<br />
argumenta.<br />
Outro ponto levantado por<br />
ele é a procura <strong>de</strong> novas formas<br />
para aumentar a audiência<br />
e potencializar o alcance do<br />
conteúdo jornalístico produzido.<br />
“Po<strong>de</strong> ser via re<strong>de</strong>s sociais<br />
ou por meio <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong><br />
parceria com as empresas <strong>de</strong><br />
tecnologia, ou em consórcios<br />
<strong>de</strong> empresas jornalísticas, ou<br />
ainda com o apoio <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s<br />
representativas da categoria ou<br />
dos meios jornalísticos (Abraji,<br />
Fenaj, ANJ e Abert)”, sugere,<br />
acrescentando também: “Buscar<br />
novas formas <strong>de</strong> remuneração<br />
pelo conteúdo jornalístico<br />
produzido. Não saberia dizer<br />
aqui exatamente como. Aliás,<br />
este é o ponto mais crucial <strong>de</strong><br />
todos: como levantar dinheiro<br />
para pagar uma boa prática<br />
jornalística, uma boa equipe<br />
<strong>de</strong> profissionais e uma boa<br />
produção jornalística. Receita<br />
publicitária tradicional, ou por<br />
meios digitais, e pagamento<br />
via assinaturas não <strong>de</strong>vem ser<br />
<strong>de</strong>scartados, mas criar novos<br />
canais para arrecadação. Patrocínios,<br />
talvez? Levantamento<br />
<strong>de</strong> fundos <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s públicas<br />
ou privadas interessadas<br />
em boas práticas jornalísticas,<br />
como fazem alguns veículos alternativos?<br />
Não sei dizer”.<br />
Ângela Ravazzolo: “Tenho uma visão otimista, creio que o jornalismo não vai morrer”<br />
“nãO é Fácil ser<br />
jOrnalista, pOrque<br />
praticar O bOm<br />
jOrnalismO pO<strong>de</strong><br />
incOmOdar”<br />
A também professora do curso<br />
<strong>de</strong> jornalismo da ESPM Porto<br />
Alegre, Ângela Ravazzolo,<br />
afirma que o setor é um campo<br />
em transformação, dinâmico,<br />
curioso, tumultuado muitas vezes.<br />
“Então, creio que a crise, se<br />
pensarmos no conceito como<br />
um momento <strong>de</strong> transformação,<br />
<strong>de</strong> susto, mas também <strong>de</strong><br />
novas possibilida<strong>de</strong>s, faz parte<br />
do jornalismo, da história da<br />
profissão, antes mesmo do cenário<br />
digital”, argumenta.<br />
Para ela, isso não significa<br />
menosprezar os problemas que<br />
o setor enfrenta hoje com as<br />
fake news e com a falta <strong>de</strong> investimento,<br />
em alguns casos,<br />
na reportagem profissional.<br />
“Mas tenho uma visão otimista,<br />
creio que o jornalismo não<br />
vai morrer nunca. Não é fácil<br />
ser jornalista, porque praticar o<br />
Divulgação<br />
bom jornalismo po<strong>de</strong> incomodar,<br />
<strong>de</strong>sacomodar alguns setores<br />
da socieda<strong>de</strong>. No entanto,<br />
não consigo imaginar uma socieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>mocrática sem uma<br />
imprensa livre. O caminho para<br />
a qualificação constante exige<br />
estudo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, investimento<br />
em profissionais e práticas<br />
éticas e um olhar aberto<br />
para cenários inovadores”.<br />
Fake News<br />
Quando não se encontra resposta<br />
para algum fato, o negócio<br />
é perguntar para um especialista.<br />
No caso, o assunto é se<br />
há saída para se livrar das fake<br />
news. O duro é ouvir que “se<br />
fosse fácil resolver, a gente não<br />
estaria vivendo esse fenômeno<br />
com tanta intensida<strong>de</strong> há quase<br />
<strong>de</strong>z anos”. É o que diz o professor<br />
Rocha Filho. Segundo<br />
ele, os principais estudiosos do<br />
tema preveem algumas ações<br />
conjuntas para ajudar a combater<br />
a <strong>de</strong>sinformação. “A primeira<br />
é um trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>smascarar<br />
as chamadas fake news, o<br />
mais rápido possível, antes que<br />
elas ganhem corpo. Esse trabalho<br />
vem sendo <strong>de</strong>senvolvido<br />
bravamente pelo jornalismo<br />
profissional e pelas agências<br />
<strong>de</strong> fact-checking em todo o<br />
mundo. Porém, fica a sensação<br />
<strong>de</strong> estarmos enxugando gelo.<br />
Quanto mais se trabalha para<br />
<strong>de</strong>smentir conteúdo enganoso<br />
que circula pelas re<strong>de</strong>s, mais<br />
novas peças <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinformação<br />
surgem, com mais velocida<strong>de</strong>”,<br />
diz. É aí, para Rocha Filho, que<br />
entra o aspecto regulador. “Isso<br />
passa por um controle oficial,<br />
vindo dos po<strong>de</strong>res Legislativo,<br />
Judiciário e Executivo, no<br />
sentido <strong>de</strong> criar leis, estabelecer<br />
punições e fazer valer a<br />
fiscalização para coibir quem<br />
dissemina <strong>de</strong>sinformação. Mas<br />
também passa por uma política<br />
mais clara <strong>de</strong> filtragem das<br />
próprias empresas <strong>de</strong> tecnologia,<br />
da forma como veiculam<br />
informação, como permitem<br />
que <strong>de</strong>terminados conteúdos<br />
alcancem um maior número <strong>de</strong><br />
pessoas, como tratam conteúdos<br />
ofensivos ou mentirosos,<br />
como restringem ou não o acesso<br />
a fake news ou a peças com<br />
discurso <strong>de</strong> ódio”, comenta.<br />
Nos dois casos, conforme palavras<br />
<strong>de</strong>le, na regulamentação<br />
oficial ou na autorregulamentação<br />
privada das empresas, corre-se<br />
o risco da censura. “Quem<br />
vai dizer o que é errado e o que<br />
não é? Como as empresas vão<br />
estabelecer o que <strong>de</strong>ve ou não<br />
ser retirado do ar? Há uma longa<br />
discussão em andamento no<br />
governo fe<strong>de</strong>ral e no Congresso<br />
sobre o tema. Em princípio acho<br />
que é preciso haver algum tipo<br />
<strong>de</strong> regulação. Porém, isso precisa<br />
ser feito com muito cuidado,<br />
para não dar margem a censura<br />
ou a um comprometimento da<br />
liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa e <strong>de</strong> expressão”,<br />
questiona.<br />
Ele levanta ainda a educação<br />
midiática da população, ou<br />
alfabetização midiática, como<br />
preferem alguns estudiosos.<br />
Segundo o professor, é preciso<br />
ensinar as pessoas a ler <strong>de</strong> maneira<br />
crítica o material <strong>de</strong> mídia<br />
que recebem e consomem.<br />
“Apren<strong>de</strong>r a diferenciar uma<br />
notícia apurada <strong>de</strong> maneira ética<br />
e profissional <strong>de</strong> uma peça<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sinformação tosca, feita<br />
apenas para influenciar a opinião<br />
pública”.<br />
Para ele, a população precisa<br />
ser treinada a olhar criticamente<br />
para o material que recebe,<br />
mesmo que venha <strong>de</strong> uma fonte<br />
jornalística profissional e conhecida<br />
ou <strong>de</strong> alguém próximo,<br />
em quem se confia. “Sabendo<br />
avaliar o conteúdo, a forma<br />
como está apresentado, o tipo<br />
<strong>de</strong> informação e <strong>de</strong> fontes, é<br />
possível enten<strong>de</strong>r se uma notícia<br />
está bem amparada e é confiável”,<br />
avalia.<br />
Rocha Filho diz ainda que<br />
hoje o nível <strong>de</strong> conhecimento<br />
da população sobre a forma<br />
como o jornalismo profissional<br />
trabalha é muito pequeno e é<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 31
míDia<br />
preciso enten<strong>de</strong>r os processos<br />
jornalísticos que po<strong>de</strong>m ajudar<br />
a diferenciar informação boa <strong>de</strong><br />
erro ou mesmo <strong>de</strong> mentira. “Alguns<br />
especialistas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m<br />
que essa educação midiática<br />
aconteça ainda no ensino fundamental,<br />
para formar cidadãos<br />
críticos com relação ao consumo<br />
<strong>de</strong> mídia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequenos”,<br />
conta, acrescentando: “Concordo<br />
com esse combo: ações <strong>de</strong><br />
checagem e <strong>de</strong>smascaramento,<br />
regulação da circulação das mídias<br />
e educação midiática”.<br />
Ângela acrescenta ainda que<br />
as notícias falsas, <strong>de</strong>sinformação<br />
e <strong>de</strong>sonestida<strong>de</strong> já ocorriam<br />
antes da internet e das<br />
re<strong>de</strong>s sociais. “Mas, neste cenário<br />
digital complexo e veloz,<br />
creio que a educação midiática,<br />
começando já com crianças e<br />
jovens nas escolas, é uma ferramenta<br />
potente <strong>de</strong> transformação<br />
para o bem”, sugere.<br />
Para ela, quando as pessoas enten<strong>de</strong>m<br />
o mecanismo das fake<br />
news e apren<strong>de</strong>m a se posicionar,<br />
a i<strong>de</strong>ntificar estratégias da<br />
mentira ou da manipulação,<br />
apren<strong>de</strong>m a buscar por conta<br />
própria informações confiáveis.<br />
“E assim é possível combater<br />
com inteligência e eficiência<br />
essas mentiras ou distorções”.<br />
iNcógNita<br />
Sobre quais mudanças ainda<br />
estão por vir Rocha Filho<br />
diz também que é muito difícil<br />
<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r, porque ele vai<br />
mais longe na história do jornalismo<br />
e lembra das revoluções<br />
causadas pela criação, inicialmente<br />
da imprensa, com Gutenberg,<br />
<strong>de</strong>pois passando pelo<br />
surgimento do rádio, da televisão,<br />
da internet (e sua evolução<br />
para as re<strong>de</strong>s sociais), chegando<br />
agora à inteligência artificial,<br />
trazendo novos questionamentos<br />
e <strong>de</strong>safios, po<strong>de</strong>mos<br />
imaginar que o futuro é uma<br />
completa incógnita em termos<br />
do que está por vir.<br />
“A médio prazo entendo que<br />
haverá uma radicalização ainda<br />
maior <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> conteúdo<br />
voltada para o digital,<br />
para o consumo imediato, neste<br />
momento para o consumo<br />
no telefone celular (mas no futuro<br />
po<strong>de</strong> ser por outro meio,<br />
ainda <strong>de</strong>sconhecido ou não<br />
criado), e com a possibilida<strong>de</strong><br />
do uso cada vez maior da automatização<br />
e da inteligência artificial<br />
para substituir ativida<strong>de</strong>s<br />
simples. Isso já é feito na atualização<br />
<strong>de</strong> resultados básicos<br />
<strong>de</strong> jogos, por exemplo, e há alguns<br />
experimentos com textos<br />
Divulgação<br />
Antonio Rocha Filho: “A médio prazo entendo que haverá uma radicalização ainda maior”<br />
“O jOrnalismO<br />
é um eternO<br />
aprendizadO,<br />
surpreen<strong>de</strong>nte,<br />
e pOr issO<br />
mesmO muitO<br />
interessante<br />
e ricO”<br />
mais simples”, conta.<br />
Ele busca ainda no ChatGPT<br />
e suas variantes mais mo<strong>de</strong>rnas<br />
que estão aí para mostrar que é<br />
possível elaborar textos maiores<br />
em apenas um parágrafo,<br />
com certo sentido, a partir da<br />
informação acumulada previamente,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> treinamento<br />
da máquina. “Claro que<br />
ainda é tudo muito incipiente e<br />
o próprio GPT comete erros básicos<br />
<strong>de</strong> informação, pois não<br />
tem a expertise <strong>de</strong> um jornalista<br />
experiente e treinado para<br />
conferir informações publicadas<br />
na re<strong>de</strong>. Porém, nada impe<strong>de</strong><br />
que isso se <strong>de</strong>senvolva e se<br />
torne menos impreciso com o<br />
tempo”, avalia o professor.<br />
Conforme fala <strong>de</strong>le, a função<br />
dos seres humanos, no caso,<br />
dos jornalistas, vai ser atuar<br />
justamente nas situações e<br />
possibilida<strong>de</strong>s que a máquina<br />
não consegue <strong>de</strong>senvolver. “A<br />
sensibilida<strong>de</strong>, o olhar crítico, o<br />
conhecimento individualizado<br />
e as experiências <strong>de</strong> vida. Mesmo<br />
com a máquina mais bem<br />
treinada do mundo, será preciso,<br />
pelo menos por enquanto,<br />
a inteligência humana para<br />
programar esse conhecimento<br />
do computador. Além, é claro,<br />
do diferencial da sensibilida<strong>de</strong><br />
e do senso crítico, do olhar do<br />
ser humano. Nenhuma máquina,<br />
até agora, seria capaz <strong>de</strong><br />
reproduzir gran<strong>de</strong>s furos <strong>de</strong> reportagem<br />
que só a presença e a<br />
atuação <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> jornalista<br />
po<strong>de</strong>m produzir”, relata.<br />
A professora da ESPM Porto<br />
Alegre vai na mesma linha e<br />
fala ainda que é difícil prever<br />
mudanças e não se arrisca a<br />
fazer uma previsão. Mas, afirma<br />
que, apostaria em algo que<br />
já está ocorrendo: “o <strong>de</strong>safio da<br />
inteligência artificial”. “Ainda<br />
assim, as máquinas não conseguem<br />
substituir o olhar aguçado<br />
e criativo <strong>de</strong> um bom repórter”,<br />
afirma.<br />
O repórter “faz tudo”, outra<br />
novida<strong>de</strong> do jornalismo, já<br />
é uma realida<strong>de</strong> na opinião do<br />
professor da ESPM. Ele fala que<br />
esse repórter já está no mercado<br />
<strong>de</strong> trabalho, “com todos os<br />
benefícios e sacrifícios que isso<br />
po<strong>de</strong> significar”. “Já há alguns<br />
anos, valoriza-se o profissional<br />
que sabe cumprir as mais diversas<br />
funções na produção <strong>de</strong><br />
uma matéria jornalística. Foi-se<br />
o tempo em que havia o repórter,<br />
o fotógrafo, o cinegrafista,<br />
o editor <strong>de</strong> texto, o editor <strong>de</strong><br />
áudio, o editor <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o, cada<br />
um com sua parte do trabalho.<br />
Hoje, quanto mais completo for<br />
o profissional, mais possibilida<strong>de</strong>s<br />
ele tem <strong>de</strong> se inserir rapidamente<br />
no mercado <strong>de</strong> trabalho,<br />
que valoriza isso, a partir do<br />
uso <strong>de</strong> equipamentos simples<br />
<strong>de</strong> captação e do domínio <strong>de</strong><br />
softwares também <strong>de</strong> simples<br />
operação”, diz.<br />
Rocha Filho conta que emissoras<br />
<strong>de</strong> TV como a Re<strong>de</strong> Globo<br />
e a CNN Brasil e gran<strong>de</strong>s portais<br />
jornalísticos como UOL e G1<br />
já apostam no formato em que<br />
o próprio repórter transmite<br />
suas matérias, geradas em um<br />
celular, com um tripé e iluminação<br />
portáteis, sem apoio <strong>de</strong><br />
outra pessoa. “O mesmo raciocínio<br />
vale para o repórter, que<br />
precisa elaborar um texto com<br />
suporte <strong>de</strong> fotos, ví<strong>de</strong>os, áudios<br />
e mandar tudo com qualida<strong>de</strong><br />
próxima à da publicação<br />
para a redação, não sem antes<br />
ter <strong>de</strong> fazer uma edição básica<br />
no material”, afirma.<br />
Para ele, isso é bom, sem dúvidas,<br />
do ponto <strong>de</strong> vista da empresa<br />
jornalística, que otimiza a<br />
produção e reduz custos, além<br />
<strong>de</strong> ganhar agilida<strong>de</strong> para captação,<br />
edição e publicação, tão<br />
necessária no jornalismo em<br />
tempo real. “Do ponto <strong>de</strong> vista<br />
do profissional, isso po<strong>de</strong> sig-<br />
32 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
nificar, além da possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ele conseguir se colocar rapidamente<br />
no mercado <strong>de</strong> trabalho,<br />
também uma sobrecarga<br />
<strong>de</strong> obrigações. Sem falar no<br />
empobrecimento da categoria<br />
profissional como um todo e na<br />
queda da qualida<strong>de</strong> do material<br />
produzido, na média”. Consi<strong>de</strong>rando,<br />
claro, que a especialização<br />
nas respectivas fases <strong>de</strong><br />
produção ou no formato específico<br />
<strong>de</strong> conteúdo, e a consequente<br />
qualida<strong>de</strong>, ten<strong>de</strong> a ser<br />
menor numa situação em que o<br />
profissional precisa fazer tudo<br />
ao mesmo tempo agora.<br />
habiliDaDes<br />
Ângela lembra que, nas últimas<br />
décadas, os jornalistas<br />
profissionais vêm enfrentando<br />
o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> reunir habilida<strong>de</strong>s<br />
em diferentes campos. Eles<br />
precisam se preparar para ativida<strong>de</strong>s<br />
que incluem escrita, linguagem<br />
audiovisual, domínio<br />
<strong>de</strong> ferramentas digitais e entendimento<br />
<strong>de</strong> métricas, entre<br />
outras tantas. Ao mesmo tempo,<br />
não é possível saber tudo.<br />
Então, “fazer tudo” po<strong>de</strong> ser<br />
complicado. “Mas entendo que<br />
é preciso formar profissionais<br />
atentos, que não sabem tudo,<br />
mas que têm o conhecimento<br />
<strong>de</strong>sse cenário amplo e a competência<br />
para buscar, pesquisar e<br />
apren<strong>de</strong>r ao longo <strong>de</strong> toda a carreira.<br />
O jornalismo é um eterno<br />
aprendizado e surpreen<strong>de</strong>nte,<br />
por isso mesmo muito interessante<br />
e rico”, argumenta.<br />
Rocha Filho diz acreditar que<br />
a resposta para as empresas se<br />
manterem no futuro está nos<br />
próprios movimentos do mercado.<br />
“Poucas gran<strong>de</strong>s marcas<br />
tradicionais seguem um mo<strong>de</strong>lo<br />
como o que tinham há duas<br />
ou três décadas. Grupos como<br />
Folha, Estadão, Globo, só para<br />
citar os maiores do Brasil, buscam<br />
diversificar produtos, formas<br />
<strong>de</strong> arrecadação e meios<br />
<strong>de</strong> alcançar a audiência, o que<br />
inclui produtos como conteúdo<br />
patrocinado e eventos. A questão<br />
do digital permeia tudo.<br />
Não haverá empresa jornalística<br />
como as que conhecemos<br />
hoje. Tomemos o exemplo da<br />
Re<strong>de</strong> Globo, que nos últimos<br />
anos vem radicalizando a opção<br />
por veiculação <strong>de</strong> conteúdo,<br />
cada vez mais exclusivo e<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, via streaming”,<br />
exemplifica.<br />
Segundo ele, as que sobreviverão<br />
são as gran<strong>de</strong>s empresas,<br />
Jornalismo <strong>de</strong>ve vencer<br />
a guerra entre fato e fake<br />
Muito se fala da crise do jornalismo,<br />
principalmente<br />
por sofrer tantas mudanças e<br />
ter “conquistado” um concorrente<br />
nada saudável: as fake<br />
news. Todavia, contudo, portanto,<br />
entretanto, mas, mesmo<br />
assim, Jorge Tarquini, consultor<br />
e professor da área na ESPM,<br />
fala que há motivos para comemorar<br />
o Dia do Jornalismo<br />
nesta sexta-feira (7). Para ele,<br />
o setor atravessa uma crise no<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócios, na maneira<br />
como se produz e consume<br />
notícias e jornalismo em geral<br />
e no embate entre informação<br />
real e fake news. “A imprensa<br />
já atravessou outros períodos<br />
em que mudanças da socieda<strong>de</strong><br />
e da tecnologia nos impunham<br />
<strong>de</strong>safios. Não é diferente hoje”,<br />
<strong>de</strong>clara, acrescentando: “O<br />
mo<strong>de</strong>lo baseado em gran<strong>de</strong>s<br />
conglomerados <strong>de</strong> comunicação<br />
foi substituído pelo mo<strong>de</strong>lo<br />
vinculado às gigantes <strong>de</strong> tecnologia<br />
com seus algoritmos e sua<br />
onipresença, onisciência e onipotência.<br />
Mas há tantos bons<br />
exemplos <strong>de</strong> novos pequenos<br />
negócios <strong>de</strong> bom jornalismo<br />
florescendo sob esse monte <strong>de</strong><br />
neve que tem, sim, o que comemorar.<br />
Enquanto uns choram,<br />
tem muita gente ven<strong>de</strong>ndo lenços.<br />
Ainda bem”, comenta.<br />
Tarquini diz acreditar que o<br />
jornalismo vencerá essa guerra<br />
contra as fake news – “a exemplo<br />
da Inquisição, há processos<br />
longos, mas os ciclos sempre se<br />
acabam e novos tempos <strong>de</strong> iluminismo<br />
florescem”. Mas, ainda<br />
segundo ele, só haverá esse<br />
futuro quando os jornalistas<br />
Divulgação<br />
Jorge Tarquini: apesar <strong>de</strong> tudo, há motivos para comemorar o Dia do Jornalismo<br />
enten<strong>de</strong>rem que terão, obrigatoriamente,<br />
rumos do nosso trabalho. E não<br />
<strong>de</strong> dividir o palco se esqueçam que, quando o<br />
com outros atores –, mas <strong>de</strong>ixando<br />
assunto é importante, é para o<br />
claro qual é o seu papel. jornalismo que as pessoas cor-<br />
“Um exemplo: influenciadores, rem em busca <strong>de</strong> informação”,<br />
hoje, são bajulados em qualquer<br />
lembra.<br />
evento ou coletiva nos lan-<br />
Ele fala ainda que, durante<br />
çamentos <strong>de</strong> qualquer indústria.<br />
a pan<strong>de</strong>mia, todos os jornais<br />
Deve ficar claro que, para digitais cresceram em média<br />
além <strong>de</strong> ressentimentos, cada 30% em audiência. “O UOL<br />
um tem um papel no ecossistema<br />
cresceu cerca <strong>de</strong> 20%. E, segun-<br />
da informação. E nós temos do estudo do Datafolha durante<br />
<strong>de</strong> ressignificar e compreen<strong>de</strong>r a crise sanitária provocada pela<br />
qual é o nosso”, avalia.<br />
Covid-19, a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobriu<br />
O consultor e professor da<br />
que a confiabilida<strong>de</strong> nas<br />
ESPM dá uma preciosa dica mídias nos abre uma excelente<br />
para os profissionais: “Atualize- frente: TV <strong>de</strong>tém 61%, jornais<br />
-se, sempre! E pense em você 56%, rádio 59% e as mídias sociais<br />
como a própria grife, a própria<br />
apenas 12%. Dá para pen-<br />
marca. Foi-se o tempo em que sar muito sobre o que e como<br />
os veículos e empresas gerenciavam<br />
<strong>de</strong>vemos fazer a partir disso,<br />
nossas carreiras ou os não?”, pergunta.<br />
Ns<br />
com maiores recursos financeiros,<br />
que sejam capazes <strong>de</strong> investir<br />
e inovar para se adaptar<br />
aos novos tempos, aos novos<br />
formatos <strong>de</strong> produção e consumo<br />
da audiência. E, claro, ainda<br />
conforme o professor, as empresas<br />
que forem surgindo, já<br />
nesse cenário. “Alguns nativos<br />
digitais já estão no mercado há<br />
alguns anos, como os sites Nexo<br />
Jornal e o Jota, para mostrar<br />
que um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócios<br />
é possível. As mais diversas<br />
startups, e aí não falo apenas <strong>de</strong><br />
empresas jornalísticas, mas das<br />
mais diversas áreas <strong>de</strong> atuação,<br />
estão aí para provar que a inovação<br />
é um imperativo”.<br />
Já Ângela diz acreditar que<br />
o <strong>de</strong>safio, para as empresas <strong>de</strong><br />
forma geral, é se adaptar a essa<br />
velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformação e<br />
inovação do cenário digital. “A<br />
exigência <strong>de</strong> mudança e adaptação<br />
fazem parte da história da<br />
socieda<strong>de</strong>, mas a disseminação<br />
da internet, das re<strong>de</strong>s sociais e<br />
da inteligência artificial impacta<br />
<strong>de</strong> forma específica as empresas<br />
jornalísticas. Embora seja<br />
difícil dizer ou prever quem vai<br />
e como vai sobreviver, me parece<br />
claro que a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
adaptação e <strong>de</strong> inovação po<strong>de</strong><br />
ajudar nesse processo que, aliás,<br />
não é <strong>de</strong> hoje, ele já vem se<br />
<strong>de</strong>senhando há anos, e cada<br />
vez mais acelerado”, conclui.<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 33
míDia<br />
Para ele, torna-se incapaz<br />
fazer uma investigação que<br />
exija enfrentar dificulda<strong>de</strong>s,<br />
fazer entrevistas, gastar a sola<br />
do sapato na rua, em busca<br />
da observação ou do acesso a<br />
um documento ou informação<br />
exclusiva, só possível em alguns<br />
casos no contato olho no<br />
olho, ou vivenciando a experiência<br />
in loco.<br />
Rocha Filho lembra <strong>de</strong> outra<br />
questão importante sobre a<br />
tecnologia: a internet <strong>de</strong>mocratizou<br />
a produção e o consumo<br />
<strong>de</strong> informação (qualquer um<br />
com um celular e internet po<strong>de</strong><br />
produzir), embora <strong>de</strong> forma irregular,<br />
pois nem todos têm o<br />
mesmo acesso a equipamentos<br />
mo<strong>de</strong>rnos e re<strong>de</strong>s robustas <strong>de</strong><br />
dados na internet.<br />
“Só que esse acesso amplo à<br />
re<strong>de</strong> e a informações traz também<br />
o que talvez seja o maior<br />
risco para o jornalismo profissional.<br />
Primeiro, que não se<br />
precisa mais pagar ou consumir<br />
a mídia tradicional para<br />
ter acesso à informação. Outro<br />
ponto é a disseminação <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecnologia<br />
ajuda muito, mas po<strong>de</strong><br />
levar ao comodismo, diz professor<br />
cenário <strong>de</strong> hoje é muito diferente<br />
do que foi no passa-<br />
O<br />
do, cujo repórter tinha <strong>de</strong> gastar<br />
impulsos telefônicos, muita<br />
conversa e discussão, além <strong>de</strong><br />
sola <strong>de</strong> sapato atrás <strong>de</strong> uma boa<br />
pauta ou reportagem. A tecnologia<br />
é a principal responsável<br />
pela mudança radical. Será que<br />
ela ajuda mais do que atrapalha?<br />
O professor da ESPM, Antonio<br />
Rocha Filho, acha que<br />
não se <strong>de</strong>ve ir “nem tanto lá<br />
nem tanto cá”.<br />
É claro que a tecnologia trouxe<br />
gran<strong>de</strong>s avanços e facilida<strong>de</strong>s<br />
para a prática jornalística.<br />
“Costumo dar aos meus alunos<br />
o exemplo <strong>de</strong> como era navegar<br />
em gran<strong>de</strong>s bases <strong>de</strong> dados até<br />
meados dos anos 1990 e como é<br />
feito hoje. Para fazer uma matéria<br />
sobre os bens e rendimentos<br />
<strong>de</strong> candidatos em eleições,<br />
por exemplo, era preciso ir ao<br />
Tribunal Regional Eleitoral,<br />
fazer o pedido da documentação<br />
entregue pelos candidatos,<br />
esperar a aprovação do TRE,<br />
tirar cópias <strong>de</strong> toda a papelada<br />
(centenas, milhares <strong>de</strong> páginas)<br />
e <strong>de</strong>pois levar pra redação,<br />
juntar tudo, analisar no olho<br />
e dali tirar alguma conclusão,<br />
para fazer uma reportagem,<br />
um trabalho muito <strong>de</strong>morado<br />
e penoso. Hoje os dados estão<br />
disponíveis online no TRE e<br />
com programas simples <strong>de</strong> leitura<br />
<strong>de</strong> documentos e organização<br />
dos dados em planilhas,<br />
é bem mais fácil arrumar uma<br />
boa matéria”, relata ele.<br />
Segundo ele, o mesmo raciocínio<br />
vale para qualquer apuração<br />
jornalística que envolva<br />
pesquisa <strong>de</strong> dados que alguém<br />
não queira ver publicados, ou<br />
mesmo ter acesso remoto a<br />
pessoas distantes, dada a facilida<strong>de</strong><br />
que a tecnologia nos dá<br />
<strong>de</strong> acessar e organizar informações<br />
e <strong>de</strong> falar com pessoas a<br />
distância, pela internet.<br />
“Porém, isso po<strong>de</strong> levar a<br />
uma preguiça no profissional<br />
<strong>de</strong> jornalismo, que se acomoda<br />
com uma pesquisa básica no<br />
Google ou nas re<strong>de</strong>s sociais, e<br />
não consegue pensar ou enxergar<br />
além da tela do computador<br />
ou do celular”, analisa.<br />
Para publicar uma boa reportagem tem <strong>de</strong> gastar sola <strong>de</strong> sapato, além <strong>de</strong> muita conversa olho no olho, afirma professor da ESPM<br />
“aO lOngO <strong>de</strong><br />
tOda história<br />
das sOcieda<strong>de</strong>s,<br />
O jOrnalismO<br />
e a prática<br />
jOrnalística<br />
sempre estiveram<br />
relaciOnadOs<br />
à tecnOlOgia”<br />
Freepik<br />
sinformação, as popularmente<br />
chamadas fake news”, afirma,<br />
acrescentando: “Assim, entendo<br />
que é preciso encontrar um<br />
meio-termo entre o proveito<br />
que a tecnologia po<strong>de</strong> trazer<br />
para a nossa profissão, e usar<br />
isso da melhor forma possível.<br />
E, ao mesmo tempo, estar atentos<br />
para as armadilhas que ela<br />
nos traz”.<br />
A professora do curso <strong>de</strong> jornalismo<br />
da ESPM, na unida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Porto Alegre, Ângela Ravazzolo,<br />
concorda que a tecnologia<br />
é fundamental, e é um caminho<br />
sem volta.<br />
“Ao longo <strong>de</strong> toda história<br />
das socieda<strong>de</strong>s, o jornalismo<br />
e a prática jornalística sempre<br />
estiveram relacionados à<br />
tecnologia. Gutenberg revolucionou<br />
a forma <strong>de</strong> divulgar<br />
as escritas. Seguimos neste<br />
caminho <strong>de</strong> transformação, e<br />
isso é bom. A questão é: como<br />
nos posicionamos diante <strong>de</strong>ssa<br />
tecnologia? Nós, jornalistas,<br />
não precisamos e não po<strong>de</strong>mos<br />
ter medo da tecnologia”,<br />
conclui.<br />
Ns<br />
34 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
miDia<br />
Clear Channel lança formato 3D<br />
Play e faz mudanças no comando<br />
As movimentações buscam expandir a atuação da empresa no<br />
Brasil e auxiliar no crescimento <strong>de</strong> novos negócios na América Latina<br />
Pedro Yves<br />
Clear Channel anunciou o<br />
A lançamento do formato 3D<br />
Play, por meio <strong>de</strong> parceria entre<br />
a Clear Channel Brasil e a VATI,<br />
produtora <strong>de</strong> execução publicitária<br />
com especialização em<br />
3D. Com esse projeto, a Clear<br />
Channel é a primeira a replicar<br />
o efeito 3D simultaneamente<br />
abrangendo todas as faces digitais<br />
dos circuitos localizados<br />
no Rio <strong>de</strong> Janeiro, Porto Alegre<br />
e Curitiba. A principal característica<br />
<strong>de</strong>sse formato é trazer<br />
experiência com alto impacto<br />
em todo o circuito digital e<br />
não em apenas uma tela. Para<br />
garantir mais e melhor visibilida<strong>de</strong>,<br />
o material contará com<br />
20 segundos <strong>de</strong> exibição (o formato<br />
padrão é <strong>de</strong> 10 segundos).<br />
“A parceria entre a Clear<br />
Channel e a VATI vem para<br />
elevar o nível do 3D no OOH,<br />
fortalecendo as possibilida<strong>de</strong>s<br />
do meio com uma proposta<br />
exclusiva e inédita. Com isso,<br />
oferecemos mais <strong>de</strong>staque às<br />
marcas em um formato novo,<br />
mas que mantém as principais<br />
características do meio, como<br />
alcance, impacto e frequência”,<br />
explica Wlamir Lino, diretor-comercial<br />
nacional e <strong>de</strong><br />
marketing da Clear Channel.<br />
Promoções<br />
Paralelamente ao lançamento<br />
do projeto 3D Play, a empresa<br />
realizou mudanças na área<br />
executiva. Wlamir Lino assumiu<br />
a gestão da área <strong>de</strong> vendas<br />
internacionais, com a missão<br />
<strong>de</strong> centralizar e padronizar as<br />
negociações comerciais entre<br />
todas as unida<strong>de</strong>s Clear Channel<br />
na América Latina, incluindo<br />
Brasil, Chile, Peru e México.<br />
Além disso, o executivo também<br />
atuará na linha <strong>de</strong> frente<br />
com as <strong>de</strong>mais unida<strong>de</strong>s do<br />
grupo na Ásia, Europa e América<br />
do Norte.<br />
A gerente-comercial em Brasília,<br />
Marcella Faezy, foi promovida<br />
e assume também a área<br />
Parceria entre a Clear Channel e a VATI traz para o Brasil a tecnologia 3 D para replicar em totens e painéis <strong>de</strong> mídia out of home<br />
Wlamir Lino agora respon<strong>de</strong> também pelas vendas internacionais da Clear Channel<br />
<strong>de</strong> vendas internacionais, centralizando<br />
todas as ativida<strong>de</strong>s<br />
comerciais entre o Brasil e as<br />
<strong>de</strong>mais operações pelo mundo.<br />
Outra movimentação no<br />
time envolve o, até então, gerente-comercial<br />
<strong>de</strong> São Paulo,<br />
William Freitas, que passa a<br />
assumir o cargo <strong>de</strong> gerente-comercial<br />
Brasil e será responsável<br />
pelas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócios<br />
da Clear Channel nas praças <strong>de</strong><br />
São Paulo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Porto<br />
Alegre, Curitiba e Campinas.<br />
No marketing, a gerente Juliana<br />
Marques passa a respon-<br />
Fotos: Divulgação<br />
<strong>de</strong>r também pela vertical <strong>de</strong><br />
inovação da companhia. A área,<br />
agora <strong>de</strong>nominada “marketing<br />
e inovação”, também terá o<br />
<strong>de</strong>safio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver novas<br />
estratégias para a condução <strong>de</strong><br />
iniciativas da empresa no mercado<br />
nacional, incluindo na<br />
pauta da companhia questões<br />
<strong>de</strong> ESG.<br />
“Esse intercâmbio com as<br />
<strong>de</strong>mais unida<strong>de</strong>s pelo mundo<br />
tem nos permitido experienciar<br />
novos conhecimentos e<br />
oferecer às agências e anunciantes<br />
tecnologias e ferramentas<br />
inovadoras que incluem<br />
o uso <strong>de</strong> dados, mídia<br />
programática e geolocalização,<br />
entre muitas outras. Desta<br />
forma, estamos sempre antecipando<br />
os movimentos e as<br />
tendências do setor, <strong>de</strong>finindo<br />
os caminhos para melhorar o<br />
relacionamento com nossos<br />
clientes e aten<strong>de</strong>r seus <strong>de</strong>safios”,<br />
afirmou Wlamir Lino.<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 35
MErCado<br />
ESPM e Círculo <strong>de</strong> Criativas Brasil<br />
<strong>de</strong>batem sobre <strong>de</strong>safios femininos<br />
Com a presença <strong>de</strong> Luiza Helena Trajano, participantes discutiram temas<br />
como falta <strong>de</strong> mulheres na li<strong>de</strong>rança empresarial, preconceito e etarismo<br />
carolina vilela<br />
evento Circulando: mais<br />
O mulheres no mercado, feito<br />
em parceria com o Círculo <strong>de</strong><br />
Criativas Brasil e sediado na<br />
ESPM, reuniu profissionais <strong>de</strong><br />
renome da indústria da comunicação<br />
no último dia 28.<br />
Com foco na visibilida<strong>de</strong> e<br />
fortalecimento do papel da mulher<br />
no setor <strong>de</strong> comunicação,<br />
o encontro contou com painéis<br />
que tinham como objetivo<br />
apontar as dores que o público<br />
feminino ainda enfrenta no<br />
mercado, como a falta <strong>de</strong> mulheres<br />
nas li<strong>de</strong>ranças e os preconceitos<br />
difundidos.<br />
O primeiro painel contou<br />
com a presi<strong>de</strong>nte do Conselho<br />
do Magazine Luiza e presi<strong>de</strong>nte<br />
do Grupo Mulheres do Brasil,<br />
Luiza Helena Trajano, que subiu<br />
ao palco junto <strong>de</strong> Adriana<br />
Cury, lí<strong>de</strong>r-fundadora do Círculo<br />
<strong>de</strong> Criativas Brasil, e Paulo<br />
Cunha, professor e coor<strong>de</strong>nador<br />
do curso <strong>de</strong> comunicação e<br />
publicida<strong>de</strong> da ESPM, que mediaram<br />
a conversa.<br />
Durante o painel, Luiza contou<br />
sobre o seu início <strong>de</strong> carreira,<br />
vinda da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Franca,<br />
no interior <strong>de</strong> São Paulo, os <strong>de</strong>safios<br />
e a trajetória até se tornar<br />
uma das empresárias mais renomadas<br />
do Brasil.<br />
“Eu sou uma mulher do interior,<br />
então imaginem eu chegando<br />
em São Paulo para mostrar<br />
uma empresa totalmente<br />
<strong>de</strong>sconhecida na época. Três<br />
coisas me ajudaram muito no<br />
caminho. A primeira, foi que<br />
eu nasci em uma família que há<br />
70 anos já tinha mulheres empreen<strong>de</strong>doras.<br />
Segundo, eu sou<br />
filha única e sobrinha única, e<br />
filha única tem uma autoestima<br />
incrível, né? Eu me acho a tal.<br />
E terceiro, eu tenho muita fé.<br />
Acredito que, quando a gente<br />
faz o bem, o mal não chega na<br />
gente”, afirmou a empresária.<br />
Luiza também disse que,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, reconheceu as<br />
dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas pelas<br />
Adriana Cury, Luiza Helena Trajano e Paulo Cunha durante o primeiro painel do evento, sediado na ESPM, em São Paulo<br />
mulheres no mundo corporativo,<br />
mas que nunca se <strong>de</strong>ixou<br />
abalar, que a vida profissional é<br />
feita <strong>de</strong> ciclos.<br />
“Eu acredito na fusão do<br />
masculino com o feminino,<br />
mas ainda temos uma distância<br />
muito gran<strong>de</strong>. Eu confronto<br />
os homens, porque eles foram<br />
criados <strong>de</strong> uma forma diferente<br />
na questão <strong>de</strong> gestão empresarial.<br />
Hoje, o mercado é totalmente<br />
diferente e é importante<br />
enten<strong>de</strong>r que estamos apren<strong>de</strong>ndo.<br />
O mundo precisa <strong>de</strong><br />
li<strong>de</strong>rança. E ser lí<strong>de</strong>r é levar as<br />
pessoas mais longe do que elas<br />
imaginam”, pontuou.<br />
A empresária também usou<br />
o seu espaço para incentivar os<br />
alunos que estavam no auditório<br />
da ESPM a “começarem já”<br />
os projetos que têm na gaveta e<br />
per<strong>de</strong>rem o medo <strong>de</strong> errar.<br />
“Eu queria lançar um movimento<br />
aqui que é o ‘É pra já’. O<br />
mundo está muito rápido para a<br />
gente ficar protelando as coisas.<br />
Comecem fazendo, não se importem<br />
muito com o que os outros<br />
vão pensar. A primeira coisa<br />
é não ter vergonha <strong>de</strong> errar,<br />
<strong>de</strong> estar nos lugares. A melhor<br />
qualida<strong>de</strong> que eu tenho é não<br />
ter compromisso com o acerto,<br />
porque são dos ensaios <strong>de</strong> erros<br />
que a gente apren<strong>de</strong>. Claro que<br />
a gente tem medo, mas a única<br />
forma <strong>de</strong> vencer isso é falar<br />
que estamos com medo e tentar<br />
mesmo assim. Redirecione<br />
o medo e faça”, finalizou Luiza.<br />
Em seguida, veio o painel Preconceitos:<br />
Esse tema precisa sair<br />
das nossas pautas, mo<strong>de</strong>rado<br />
por Ana Paula Dolabella, head<br />
<strong>de</strong> RH e do núcleo <strong>de</strong> inclusão<br />
da ESPM, que contou com a participação<br />
<strong>de</strong>: Samantha Almeida,<br />
diretora <strong>de</strong> inovação e diversida<strong>de</strong><br />
da Globo; Dilma Campos,<br />
fundadora e CEO da Nossa Praça<br />
e head <strong>de</strong> ESG da BPartners;<br />
Letícia Rodrigues, CD da FCB/<br />
Brasil e cofundadora do Perifa<br />
Lions; Michele Levy, sócia da<br />
Fotos: Alê Oliveira<br />
consultoria Filhos no Currículo;<br />
e Renata Leão, ECD da David. A<br />
conversa foi iniciada com a provocação<br />
“por que ainda precisamos<br />
falar sobre preconceito?”,<br />
e a resposta das participantes<br />
se tornou unânime: porque ele<br />
ainda não acabou.<br />
“Nós vamos continuar tocando<br />
nesse assunto, mas o que eu<br />
queria falar é um pouco em direção<br />
ao futuro. Se a gente voltar<br />
um pouquinho no passado,<br />
aquela foi uma época on<strong>de</strong> não<br />
se tinha noção ou percepção<br />
<strong>de</strong>sse preconceito, mas hoje<br />
nós temos. Isso significa que<br />
nós somos os agentes para quebrar<br />
isso e, se daqui duas gerações<br />
o preconceito continuar<br />
existindo, nós falhamos. A gente<br />
não po<strong>de</strong> achar que o mundo<br />
po<strong>de</strong> continuar <strong>de</strong>ssa forma. A<br />
gente sabe e cabe a nós reconhecer<br />
e enten<strong>de</strong>r o que temos<br />
<strong>de</strong> fazer para mudar”, afirmou<br />
Dilma Campos.<br />
Samantha Almeida pontuou<br />
36 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar<br />
os objetivos e reconhecer o<br />
que é inegociável para cada um.<br />
“Não cabe o conformismo, mas<br />
vale uma avaliação saudável<br />
porque o excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>safio nos<br />
leva à exaustão, mas o excesso<br />
<strong>de</strong> conformismo leva à frustração”,<br />
afirmou ela.<br />
Renata Leão <strong>de</strong>stacou que o<br />
mercado da comunicação “não<br />
nasceu para ser o mais diverso<br />
do mundo”. “O mundo da propaganda<br />
nasceu <strong>de</strong> um boys<br />
club, que se reunia, fumavam<br />
seus charutos e tomavam as<br />
<strong>de</strong>cisões. Mas, com o tempo,<br />
percebemos que as coisas precisavam<br />
mudar. Então, sim,<br />
o <strong>de</strong>sconforto <strong>de</strong> alguns é um<br />
preço pequeno a se pagar pelo<br />
progresso social.”<br />
As convidadas também <strong>de</strong>bateram<br />
sobre alguns preconceitos<br />
específicos, como o social<br />
- ligado à <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> -,<br />
LGBTfobia, etarismo, machismo<br />
e o matriarcal no ambiente<br />
<strong>de</strong> trabalho. Sobre o social,<br />
Letícia falou sobre a criação do<br />
Perifa Lions e como o projeto<br />
apresentou para os estudantes<br />
da Unasp Capão Redondo, local<br />
<strong>de</strong> nascimento da iniciativa,<br />
uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ingressarem<br />
no mercado.<br />
“O nosso gatilho para a criação<br />
do Perifa foi a frase ‘professor,<br />
eu nunca saí do Capão,<br />
como você quer que eu saia <strong>de</strong><br />
São Paulo?’, dita por um dos<br />
alunos ali. Eles vinham <strong>de</strong> uma<br />
região que não era vista pelo<br />
mercado e nem pelos profissionais,<br />
aqueles talentos estavam<br />
longe do mercado e as vagas<br />
não chegavam até eles. Essa<br />
frase significou uma sensação<br />
<strong>de</strong> falta <strong>de</strong> pertencimento e por<br />
isso fundamos o Perifa Lions.<br />
Ali, enten<strong>de</strong>mos que o mercado<br />
precisava enxergar esses talentos<br />
e esses talentos precisavam<br />
se enxergar nesse mercado”,<br />
explicou a CD da FCB/Brasil.<br />
Letícia falou também sobre o<br />
aumento das inscrições no projeto<br />
<strong>de</strong> <strong>2023</strong>, que passou <strong>de</strong> 38<br />
inscritos no ano anterior para<br />
125. “Isso é um reflexo <strong>de</strong>ssa<br />
sensação <strong>de</strong> pertencimento.<br />
Claro que eles vão encontrar<br />
dificulda<strong>de</strong>s no mercado, mas<br />
primeiro eles precisam entrar e<br />
enten<strong>de</strong>r que po<strong>de</strong>m fazer parte.<br />
Nós vivemos em um ciclo<br />
vicioso do ‘quem indica’ e é importante<br />
que esses jovens ocupem<br />
os lugares nas empresas<br />
e ocupem os gran<strong>de</strong>s festivais.<br />
Esse foi o nosso maior motivador”,<br />
finalizou a executiva.<br />
Já sobre o preconceito com a<br />
comunida<strong>de</strong> LGBTQIAP+, Renata<br />
Leão acredita que a pauta<br />
tem <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>batida “<strong>de</strong> cima<br />
Michele Levy, Renata Leão, Dilma Campos, Letícia Rodrigues, Samantha Almeida (no ví<strong>de</strong>o) e Ana Paula Dolabella<br />
“É fato que as<br />
siglas avançaram<br />
muito com os<br />
anos, mas a t, <strong>de</strong><br />
transexuais,<br />
ficou para trás”<br />
para baixo”, com o letramento<br />
dos lí<strong>de</strong>res das empresas.<br />
“Essa é uma pauta diária e<br />
eles precisam enten<strong>de</strong>r que<br />
isso é uma priorida<strong>de</strong>. Nós temos<br />
<strong>de</strong> formar e empregar essas<br />
pessoas. É fato que as siglas<br />
avançaram muito com os anos,<br />
mas a T, <strong>de</strong> transexuais, ficou<br />
para trás. Nós precisamos ter<br />
vergonha disso. O letramento<br />
das li<strong>de</strong>ranças das empresas é<br />
importante para fazer com que<br />
sintam o <strong>de</strong>sconforto <strong>de</strong> não ter<br />
pessoas trans em seus quadros<br />
<strong>de</strong> funcionários. Como lí<strong>de</strong>r,<br />
não dá para fugir e nenhum<br />
<strong>de</strong>les <strong>de</strong>ve dormir sossegado<br />
enquanto isso não avançar”,<br />
ressaltou a ECD da David.<br />
No tema machismo e racismo,<br />
foi a vez <strong>de</strong> Dilma Campos<br />
ter a palavra e, em sua fala, a<br />
executiva afirmou que as mulheres,<br />
principalmente as que<br />
possuem filhos, foram as que<br />
mais per<strong>de</strong>ram os seus empregos<br />
durante a pan<strong>de</strong>mia e ainda<br />
pontuou que os dados sobre o<br />
crescimento do empreen<strong>de</strong>dorismo<br />
feminino não <strong>de</strong>vem ser<br />
tratados com glamour.<br />
“As <strong>de</strong>missões <strong>de</strong>ssas mulheres<br />
geraram o movimento<br />
<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo por sobrevivência,<br />
mas isso veio com<br />
um glamour enorme. Quando a<br />
gente analisa, esse aumento só<br />
aconteceu para que essas mulheres<br />
tivessem voz, porque, no<br />
mercado, isso foi tirado <strong>de</strong>las.<br />
Segundo a ONU, o mundo só vai<br />
alcançar a equida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero<br />
daqui 280 anos. Nós temos <strong>de</strong><br />
evoluir e acelerar isso. Então,<br />
precisa, sim, <strong>de</strong> letramento,<br />
mas, mais do que isso, temos<br />
<strong>de</strong> nos comprometer com a<br />
causa”, pontuou Dilma.<br />
Michele Levy trouxe o dado<br />
<strong>de</strong> que 40% das mulheres saem<br />
do mercado <strong>de</strong> trabalho após a<br />
chegada da maternida<strong>de</strong> e, para<br />
ela, uma das formas <strong>de</strong> resolver<br />
essa questão é mostrar para<br />
essa parcela da população que<br />
é possível ser mãe e ser bem-<br />
-sucedida em seus cargos.<br />
“Nós temos <strong>de</strong> olhar para<br />
cima e ver que é possível.<br />
Quando a gente tem filhos, temos<br />
um laboratório <strong>de</strong> inovações<br />
diário em casa e isso são<br />
skills que agregam no mercado.<br />
Filhos são potências e não<br />
barreiras para carreira, mas as<br />
empresas precisam criar um<br />
ambiente propício. Além disso,<br />
precisamos falar <strong>de</strong> cultura<br />
também. Precisamos naturalizar<br />
a chegada <strong>de</strong> uma criança<br />
como qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida”, afirmou<br />
Michele.<br />
O último tema <strong>de</strong>batido trazido<br />
para a conversa foi o etarismo<br />
e, sobre isso, Samantha<br />
Almeida ressaltou a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> se repensar a caixa da<br />
ida<strong>de</strong>.<br />
“A ida<strong>de</strong> não afeta todos os<br />
grupos da mesma forma. Ela<br />
afeta as mulheres <strong>de</strong> uma forma<br />
muito cruel. Hoje, a perspectiva<br />
<strong>de</strong> vida aumentou e<br />
precisamos rever as questões<br />
culturais sobre esse tema porque<br />
as pessoas não vão se engajar<br />
na prática se o teórico não<br />
existir”, afirmou Samantha.<br />
Além disso, a executiva também<br />
falou da importância da<br />
mistura <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s no aprendizado.<br />
“Assim como precisamos<br />
apren<strong>de</strong>r com quem está há<br />
muito tempo nos espaços, nós<br />
também precisamos apren<strong>de</strong>r<br />
com o olhar <strong>de</strong> inovação <strong>de</strong><br />
quem está chegando. Precisamos<br />
enten<strong>de</strong>r que estamos falando<br />
<strong>de</strong> nós, não dos outros,<br />
porque, se tudo <strong>de</strong>r certo, a<br />
geração que vai precisar pensar<br />
no etarismo é a geração que vai<br />
sobreviver e ela somos nós”,<br />
completou Samantha.<br />
Outro ponto levantado pela<br />
conversa foi o inconformismo<br />
como combustível da mudança,<br />
pontuado por Letícia<br />
Rodrigues, que afirmou que a<br />
mudança só acontece a partir<br />
do inconformismo e só assim a<br />
socieda<strong>de</strong> vai avançar. Já para<br />
Michele Levy, o avanço também<br />
virá no momento em que<br />
as conversas sobre o combate<br />
aos preconceitos sair da bolha<br />
dos convertidos.<br />
“Precisamos falar com os homens,<br />
trazê-los para essa conversa.<br />
Então, homens, usem as<br />
vozes <strong>de</strong> vocês, não se calem!<br />
Porque se calar é <strong>de</strong>ixar que<br />
as coisas se perpetuem. Não<br />
permitam que isso aconteça”,<br />
completou a sócia da consultoria<br />
Filhos no Currículo.<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 37
meRcado<br />
Investimento publicitário bruto<br />
no Brasil ultrapassa R$ 74 bilhões<br />
Estudo Insi<strong>de</strong> Advertising, da Kantar Ibope Media, mostra os principais<br />
movimentos da publicida<strong>de</strong> em 2022; turismo foi o <strong>de</strong>staque do ano<br />
Paula: “2022 foi um ano <strong>de</strong> transição das restrições”<br />
Divulgação<br />
CONHEÇA O<br />
Em 2022, as marcas investiram cerca <strong>de</strong><br />
R$ 74,1 bilhões em compra <strong>de</strong> mídia<br />
no Brasil, uma variação positiva <strong>de</strong> 7%<br />
em comparação a 2021. Os dados constam<br />
da terceira edição do relatório Insi<strong>de</strong> Advertising,<br />
da Kantar Ibope Media, divulgada<br />
no dia 29 último. Esse valor não leva<br />
em conta os <strong>de</strong>scontos <strong>de</strong> agência praticados<br />
pelo mercado, sendo, portanto, auferido<br />
pelo preço bruto da tabela <strong>de</strong> venda<br />
dos meios e veículos <strong>de</strong> comunicação. Já<br />
o Cenp-Meios consi<strong>de</strong>ra os <strong>de</strong>scontos e<br />
divulgou investimento <strong>de</strong> R$ 21,2 bilhões<br />
em 2022 e crescimento <strong>de</strong> 7,6% sobre<br />
2021. Participam da pesquisa do Cenp 326<br />
agências.<br />
Segundo a Kantar, entre os setores que<br />
mais investiram, o turismo apresentou o<br />
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maior crescimento por conta da reabertura<br />
das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> entretenimento – um<br />
salto <strong>de</strong> 50%. A alta foi impulsionada, principalmente,<br />
por eventos culturais (+197%),<br />
viagens (+57%) e hotéis (+36%). O segmento<br />
é seguido pelas indústrias automotiva<br />
(+33%) e <strong>de</strong> bebidas (+31%), <strong>de</strong>staques<br />
que também apontam para o reflexo da<br />
reabertura econômica e maior movimentação<br />
das pessoas na disposição das marcas<br />
em investir.<br />
Além disso, os dados mostram que o<br />
aumento do investimento não se apoia<br />
apenas no repasse <strong>de</strong> inflação nas tabelas<br />
<strong>de</strong> preços, mas também na maior veiculação<br />
<strong>de</strong> peças e maior ocupação dos inventários.<br />
A ocupação dos espaços publicitários<br />
cresceu mais <strong>de</strong> 10% tanto nos canais<br />
digitais como OOH, rádio e sobretudo<br />
cinema, que se recupera dos fechamentos<br />
<strong>de</strong> 2020/2021.<br />
“2022 foi um ano ainda atípico, <strong>de</strong> transição<br />
entre as restrições e a normalida<strong>de</strong>.<br />
Neste cenário, um aumento, ainda que<br />
mais mo<strong>de</strong>rado, tanto no investimento<br />
como na ocupação dos inventários, é uma<br />
sinalização positiva para todo o mercado,<br />
indicando a disposição das marcas e oportunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> negócio”, diz Paula Carvalho,<br />
diretora-comercial para media owners<br />
da Kantar Ibope Media.<br />
O monitoramento apontou que as marcas<br />
mais valiosas do Brasil, segundo o<br />
Brand Z 2022, tiveram em comum o fato<br />
<strong>de</strong> usarem vários pontos <strong>de</strong> contato para<br />
entregar suas mensagens. Em média, adotaram<br />
6,5 meios para veicular publicida<strong>de</strong>.<br />
Meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>las, inclusive, usou todos os<br />
sete meios: cinema, internet, jornal, OOH,<br />
rádio, revista e TV. Em relação às praças,<br />
Brasília (16%), São Paulo (15%), Campinas<br />
(11%) e Belo Horizonte (10%) apresentaram<br />
o maior crescimento em investimento publicitário<br />
<strong>de</strong> 2021 para 2022.<br />
Os dados apresentados pela Kantar Ibope<br />
Media são calculados a partir <strong>de</strong> uma<br />
metodologia proprietária e acordada com<br />
o mercado local. Com o registro das inserções<br />
publicitárias exibidas nos principais<br />
meios e veículos <strong>de</strong> comunicação e do preço<br />
<strong>de</strong> tabela <strong>de</strong> venda, antes <strong>de</strong> qualquer<br />
redução ou <strong>de</strong>sconto negociados, chega-se<br />
a uma estimativa do investimento <strong>de</strong>stinado<br />
para a compra <strong>de</strong> espaço por setores,<br />
anunciantes e marcas. A cobertura do Insi<strong>de</strong><br />
Advertising monitorou sete meios: cinema,<br />
internet, jornal, OOH, rádio, revista<br />
e TV (aberta e por assinatura).<br />
38 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
MerCAdo<br />
Mercado repercute volta da ABA<br />
ao Cenp, após dois anos ausente<br />
Cenp Hub reuniu li<strong>de</strong>ranças das principais entida<strong>de</strong>s da indústria<br />
da comunicação em São Paulo, na última quinta-feira (30)<br />
Fotos: Alê Oliveira<br />
Sandra Martinelli, Luiz Lara, Adriana Cury, Regina Augusto, Manzar Feres, Fernanda<br />
Antonelli e Mario D’Andrea<br />
Painel reuniu Luiz Lara, Mario D’Andrea, Melissa Vogel, Flavio Rezen<strong>de</strong> e Frank Pflaumer:<br />
li<strong>de</strong>ranças <strong>de</strong> algumas das principais entida<strong>de</strong>s do mercado<br />
tida<strong>de</strong> e Luiz Lara assumiu<br />
como presi<strong>de</strong>nte – a ca<strong>de</strong>ira<br />
<strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte-executivo foi<br />
extinta.<br />
Presi<strong>de</strong>nte do Cenp, Luiz<br />
Lara <strong>de</strong>stacou o po<strong>de</strong>r da comunicação<br />
– fundamental, nas<br />
palavras <strong>de</strong>le – para a construção<br />
<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>mocracia sólida.<br />
“Como disse o Edu Lyra,<br />
da Gerando Falcões, não basta<br />
construir pontes, é preciso<br />
atravessá-las”, disse. “Hoje é<br />
um dia especial, <strong>de</strong> celebração,<br />
que nos faz olhar para o<br />
lado e, juntos, fazer um mercado<br />
melhor. A missão, agora,<br />
é com a gente”, afirmou.<br />
Agora, com o retorno ao<br />
Cenp, a ABA volta a integrar<br />
as instâncias <strong>de</strong>cisórias do<br />
Fórum, como o Conselho Superior,<br />
a Diretoria Executiva e<br />
a Assembleia Geral Extraordinária,<br />
além <strong>de</strong> Comitês e Grupos<br />
<strong>de</strong> Trabalho.<br />
Frank Pflaumer, CMO da<br />
Seara e 1º VP da ABA, afirmou<br />
que a associação tem hoje um<br />
papel <strong>de</strong> mostrar o caminho<br />
para todos os anunciantes,<br />
“principalmente para aqueles<br />
<strong>de</strong> outras parte do Brasil, por<br />
meio das frentes <strong>de</strong> advocacy”.<br />
Já Sandra Martinelli, presi<strong>de</strong>nte-executiva<br />
da ABA, disse<br />
que o retorno ao Cenp vai fortalecer<br />
a atuação da entida<strong>de</strong><br />
“Hoje é um dia<br />
especial, <strong>de</strong><br />
celebração, que<br />
nos faz olHar<br />
para o lado e,<br />
juntos, fazer um<br />
mercado melHor.<br />
a missão, agora,<br />
é com a gente”<br />
Vinícius noVaes<br />
Uma das principais notícias<br />
do ano, pelo menos até<br />
aqui, o retorno da ABA (Associação<br />
Brasileira <strong>de</strong> Anunciantes)<br />
ao Cenp (Fórum <strong>de</strong> Autorregulação<br />
do Mercado Publicitário)<br />
foi dada ao mercado<br />
durante o Cenp Hub, evento<br />
realizado na semana passada,<br />
em São Paulo, que reuniu alguns<br />
dos principais nomes da<br />
indústria da comunicação.<br />
Em uma reunião da diretoria<br />
executiva, realizada na última<br />
quinta-feira (30), a entida<strong>de</strong><br />
ratificou seu retorno ao Fórum,<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma ausência<br />
<strong>de</strong> pouco mais <strong>de</strong> dois anos. À<br />
época, a Associação Brasileira<br />
<strong>de</strong> Anunciantes lembrou que<br />
havia sido uma das entida<strong>de</strong>s<br />
a fundar o Cenp, há mais <strong>de</strong><br />
20 anos, quando o mercado e<br />
os atores do ecossistema publicitário<br />
se encontravam em<br />
‘estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
muito diverso do atual, com<br />
<strong>de</strong>safios e perspectivas completamente<br />
diferentes’.<br />
De 2021 para cá, no entanto,<br />
muita coisa mudou, sobretudo<br />
no Cenp. O Fórum <strong>de</strong> Autorregulação<br />
do Mercado Publicitário<br />
trocou <strong>de</strong> diretoria: Caio<br />
Barsotti <strong>de</strong>ixou o cargo <strong>de</strong><br />
presi<strong>de</strong>nte-executivo da enna<br />
construção <strong>de</strong> um mercado<br />
justo, mo<strong>de</strong>rno, competitivo e<br />
responsável.<br />
“Nos últimos anos, temos<br />
nos <strong>de</strong>dicado a dialogar com<br />
li<strong>de</strong>ranças <strong>de</strong> anunciantes,<br />
entida<strong>de</strong>s, veículos, agências<br />
e plataformas digitais. Agora,<br />
com a ABA <strong>de</strong> volta ao Cenp,<br />
teremos ainda mais força para<br />
fazer avançar nossas ban<strong>de</strong>iras<br />
em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> uma publicida<strong>de</strong><br />
livre”, afirmou.<br />
AutorregulAção<br />
A Força da Autorregulação<br />
foi o tema <strong>de</strong> um dos painéis<br />
do Cenp Hub. Nele Melissa Vogel,<br />
presi<strong>de</strong>nte do IAB Brasil,<br />
<strong>de</strong>stacou o papel do Cenp, o<br />
qual classificou como ‘emulador’<br />
das novas práticas do<br />
mercado.<br />
Presi<strong>de</strong>nte da Abap (Associação<br />
Brasileira das Agências<br />
<strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong>), Mario<br />
D’Andrea enfatizou a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> lutar por uma série <strong>de</strong><br />
melhores práticas.<br />
“A publicida<strong>de</strong> brasileira<br />
só é o que é pelas mentes<br />
que passaram pela profissão<br />
ao longo dos anos. E as condições<br />
que o mercado tem <strong>de</strong><br />
oferecer são importantes para<br />
continuarmos entre os melhores<br />
da publicida<strong>de</strong> mundial”,<br />
disse.<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 39
mercaDo<br />
Itaú repete <strong>de</strong>sempenho como<br />
marca mais valiosa do Brasil<br />
Bancos e cervejas dominam o ranking <strong>de</strong> 25 marcas avaliadas pela<br />
consultoria global Interbrand, que supera a cifra <strong>de</strong> R$ 153 bilhões<br />
banco Itaú mantém o posto<br />
<strong>de</strong> marca mais valiosa<br />
O<br />
do Brasil, estimada em R$ 44,3<br />
bilhões, segundo ranking que<br />
acaba <strong>de</strong> ser divulgado pela<br />
consultoria global Interbrand.<br />
O rival Bra<strong>de</strong>sco aparece na sequência,<br />
com valor <strong>de</strong> R$ 28,6<br />
bilhões.<br />
As cervejas também repetem<br />
a sua hegemonia no estudo.<br />
Skol, com R$ 18,8 bilhões,<br />
e Brahma, com R$ 13,3 bilhões,<br />
ambas da Ambev, ocupam a terceira<br />
e quarta posições, respectivamente.<br />
Avaliado em R$ 10,3<br />
bilhões, o Banco do Brasil fecha<br />
o grupo das cinco marcas mais<br />
valiosas, que representa 75% do<br />
valor total do relatório.<br />
Juntas, as 25 empresas elencadas<br />
superam a cifra <strong>de</strong> R$ 153<br />
bilhões, o que equivale a uma<br />
expansão <strong>de</strong> 6% em relação ao<br />
levantamento anterior. Serviços<br />
financeiros (59%), bebidas<br />
alcoólicas (22%) e varejo (12%)<br />
são as categorias mais representativas.<br />
Campanha do banco Itaú com a atriz Fernanda Montenegro e a bebê Alice emocionou os brasileiros com mensagem <strong>de</strong> esperança<br />
Reprodução<br />
grupo das<br />
cinco marcas<br />
mais valiosas<br />
representa 75%<br />
do valor total<br />
do relatório<br />
Degrau a Degrau<br />
A prepon<strong>de</strong>rância do setor<br />
financeiro segue entre os <strong>de</strong>staques<br />
<strong>de</strong>sta edição das Marcas<br />
brasileiras mais valiosas. O estreante<br />
Nubank, por exemplo,<br />
já é o dono da sétima colocação,<br />
com valor <strong>de</strong> R$ 3,8 bilhões. Do<br />
varejo <strong>de</strong> moda, a Renner ganha<br />
espaço ao registrar crescimento<br />
<strong>de</strong> 14%, o maior índice<br />
apurado.<br />
A varejista gaúcha subiu apenas<br />
uma posição, da 12ª para<br />
11ª, mas o seu valor <strong>de</strong> marca<br />
pulou <strong>de</strong> R$ 1,7 bilhão para R$<br />
1,9 bilhão. Além <strong>de</strong> recuperar<br />
lucro, a empresa passou a ser<br />
admirada por <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r ban<strong>de</strong>iras<br />
emergentes, inovações e o<br />
firmar compromisso com a sustentabilida<strong>de</strong>.<br />
Localiza (13%), PagSeguro<br />
(13%), Atacadão (13%), Hering<br />
(12%), Assaí (11%), Porto Seguro<br />
(11%) e Drogasil (10%) são as<br />
<strong>de</strong>mais companhias que ganharam<br />
<strong>de</strong>staque na pesquisa.<br />
Serviços financeiros, bebidas alcoólicas e varejo são as categorias mais representativas<br />
TomBo<br />
Já a Americanas, que luta<br />
para manter as suas portas<br />
abertas após i<strong>de</strong>ntificar inconsistências<br />
contábeis <strong>de</strong> R$ 20<br />
bilhões, amarga o maior tombo<br />
do levantamento. A marca caiu<br />
da 10ª para a 19ª colocação.<br />
Embora as informações financeiras<br />
utilizadas para elaborar<br />
o ranking consi<strong>de</strong>rem os<br />
anos <strong>de</strong> 2021 e 2022, a força <strong>de</strong><br />
marca das Lojas Americanas sofreu<br />
impacto expressivo com o<br />
rombo fiscal que veio à tona no<br />
último mês <strong>de</strong> janeiro. A <strong>de</strong>svalorização<br />
foi <strong>de</strong> 53%, encolhendo<br />
para R$ 844 milhões.<br />
rísticas encontradas nas marcas<br />
que apresentaram os melhores<br />
<strong>de</strong>sempenhos. “As marcas <strong>de</strong><br />
maior crescimento do estudo<br />
foram as que souberam se<br />
adaptar às rápidas alterações<br />
comportamentais <strong>de</strong> seu público<br />
nesta era on<strong>de</strong> a rapi<strong>de</strong>z e a<br />
certeza da mudança dão forma<br />
ao novo normal”, ressalta Beto<br />
Almeida, CEO da Interbrand.<br />
O Itaú, por exemplo, potencializou<br />
a conexão da marca<br />
com os brasileiros ao colocar no<br />
ar campanha com a atriz Fernanda<br />
Montenegro e a bebê Alice,<br />
que voltaram a emocionar<br />
as pessoas na mensagem <strong>de</strong> fim<br />
<strong>de</strong> ano do banco.<br />
Com a presença <strong>de</strong> Ludmilla,<br />
João Gomes, Marcos Mion e seu<br />
filho Romeo, o filme assinado<br />
pela Africa pedia mais respeito<br />
e acolhimento em <strong>2023</strong>, conectando<br />
a marca aos <strong>de</strong>sejos da<br />
aTrIBuTos<br />
Alinhamento <strong>de</strong> estratégia,<br />
empatia no relacionamento<br />
mantido com os consumidores<br />
e presença no momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão<br />
<strong>de</strong> compra são as caractesocieda<strong>de</strong>.<br />
Já com o piloto britânico<br />
Lewis Hamilton, a Galeria<br />
colocou o Itaú Personnalité<br />
na dianteira das conversas entre<br />
os brasileiros.<br />
crITérIos<br />
Realizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002, o<br />
ranking das Marcas brasileiras<br />
mais valiosas tem metodologia<br />
<strong>de</strong>senvolvida em conjunto com<br />
a London School of Economics,<br />
que analisa performance financeira,<br />
percepção, influência, conhecimento,<br />
consi<strong>de</strong>ração, preferência,<br />
uso, recomendação e<br />
rejeição. Há ainda uma análise<br />
<strong>de</strong> força <strong>de</strong> marca, apoiada por<br />
uma pesquisa quantitativa realizada<br />
pela Provokers. Nesta<br />
edição, foram entrevistadas<br />
mais <strong>de</strong> 1,1 mil pessoas, entre<br />
homens e mulheres <strong>de</strong> todo<br />
Brasil, acima <strong>de</strong> 15 anos, das<br />
classes A, B e C.<br />
40 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
ESG NO MKT<br />
Freepik<br />
O Brasil do futuro<br />
passa pela energia<br />
O mundo inteiro está numa busca <strong>de</strong>senfreada<br />
por fontes energéticas alternativas<br />
Alexis Thuller PAgliArini<br />
mundo inteiro está preocupado com<br />
O as fontes energéticas. A <strong>de</strong>manda por<br />
energia só cresce, mas os meios para obtê-<br />
-la nos países <strong>de</strong>senvolvidos ainda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />
fundamentalmente <strong>de</strong> combustíveis<br />
poluentes, como <strong>de</strong>rivados do petróleo<br />
e carvão.<br />
O ritmo <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> fontes alternativas,<br />
como eólica e solar, aumenta, mas não<br />
no compasso da <strong>de</strong>manda e, principalmente,<br />
na urgência estabelecida no Pacto Global da<br />
ONU, on<strong>de</strong> espera-se uma contenção significativa<br />
do aquecimento global até 2030 e a<br />
condição <strong>de</strong> Carbono Neutro até 2050.<br />
O contrapé <strong>de</strong>corrente da invasão da Rússia<br />
na Ucrânia, com toda a repercussão nos<br />
países da Otan e o consequente impacto no<br />
fornecimento <strong>de</strong> gás (um combustível menos<br />
poluente) à Europa, compromete o cronograma<br />
<strong>de</strong> países genuinamente <strong>de</strong>dicados<br />
a melhorar sua matriz energética.<br />
Na falta do gás, alguns países se viram<br />
obrigados a aumentar o uso do sujo carvão<br />
para fazer frente às <strong>de</strong>mandas do inverno rigoroso<br />
no Hemisfério Norte.<br />
Não é o caso do Brasil. Graças à aposta nas<br />
hidrelétricas no passado, o Proálcool e, mais<br />
recentemente, o bom crescimento das fontes<br />
eólicas e solares, sem falar na biomassa, nosso<br />
país obteve uma matriz energética invejável,<br />
com perto <strong>de</strong> 80% advindos <strong>de</strong> fontes<br />
renováveis.<br />
É uma condição única, que nos coloca em<br />
posição privilegiada nesse mundo carente<br />
<strong>de</strong> energia limpa.<br />
Os países <strong>de</strong>senvolvidos lançam programas<br />
mirabolantes para tentar tirar o atraso,<br />
como o Moving Forward Act, dos EUA, um<br />
programa <strong>de</strong> incentivo <strong>de</strong> nada menos do<br />
que US$ 1,5 trilhão para acelerar a geração <strong>de</strong><br />
energia ver<strong>de</strong> naquele país.<br />
Além da energia eólica e da solar, que<br />
crescem significativamente no mundo inteiro,<br />
inclusive no Brasil, on<strong>de</strong>, juntas, já representam<br />
mais <strong>de</strong> 23% da matriz energética,<br />
uma opção corre por fora: a do hidrogênio<br />
ver<strong>de</strong>. O hidrogênio é uma fonte <strong>de</strong> energia<br />
supereficiente, três vezes mais po<strong>de</strong>rosa<br />
que a gasolina, por exemplo. E, o melhor,<br />
seu único resíduo, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> usado, é água.<br />
Aí você pergunta: por que então não estão<br />
todos <strong>de</strong>dicados a produzir hidrogênio? A<br />
resposta é simples: para se produzir hidrogênio,<br />
é necessária muita energia para se<br />
aplicar a eletrólise e separar o H2 do oxigênio<br />
existente na água.<br />
Para países on<strong>de</strong> a matriz energética<br />
ainda é suja, não faz sentido usar uma gran<strong>de</strong><br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combustíveis poluentes<br />
para gerar uma outra fonte não poluente.<br />
Mas o Brasil tem água em abundância e<br />
energia limpa.<br />
Po<strong>de</strong>mos rapidamente produzir o tal<br />
do hidrogênio ver<strong>de</strong>, gerado por fontes renováveis.<br />
Aos países <strong>de</strong>senvolvidos, resta a<br />
opção do hidrogênio azul, advindo <strong>de</strong> fontes<br />
poluidoras, mas tendo o CO2 “enterrado”.<br />
Um processo a ser consi<strong>de</strong>rado, mas muito<br />
mais caro.<br />
Pois bem, imagine o nosso Brasil gerando<br />
uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hidrogênio ver<strong>de</strong>.<br />
Além <strong>de</strong> exportar o exce<strong>de</strong>nte, seremos<br />
também atraentes às empresas interessadas<br />
numa produção mais limpa.<br />
No processo conhecido como nearshoring,<br />
atrairíamos indústrias estrangeiras para<br />
produzir aqui, usando energia limpa.<br />
Perante esse quadro, não é exagero afirmar<br />
que o Brasil está realmente à frente <strong>de</strong><br />
uma janela <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> única para gerar<br />
riqueza e se transformar no país do presente<br />
e não aquele do futuro que nunca chega.<br />
Fala-se muito – e com razão – da proteção<br />
e recuperação do meio ambiente no Brasil e<br />
do potencial dos créditos <strong>de</strong> carbono, mas<br />
uma visão estratégica do tal Brasil Ver<strong>de</strong><br />
passa obrigatoriamente por uma política<br />
que privilegie a produção <strong>de</strong> energia limpa.<br />
E rápido!<br />
Porque o mundo inteiro está numa busca<br />
<strong>de</strong>senfreada por fontes energéticas alternativas,<br />
se utilizando <strong>de</strong> polpudos recursos para<br />
incentivar o seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
Nessa corrida, o Brasil já saiu na frente,<br />
mas tem <strong>de</strong> continuar em passo acelerado.<br />
A janela <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> está aberta para o<br />
Brasil, mas não por muito tempo.<br />
Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4<br />
alexis@criativista.com.br<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 41
click do Alê<br />
Alê Oliveira aleoliveira@propmark.com.br<br />
Jens é homenageado pela filha Anne Olesen<br />
Jens Olesen celebra seus 80 anOs<br />
Um dos principais nomes da publicida<strong>de</strong> brasileira, Jens Olesen reuniu amigos e familiares para<br />
comemorar seus 80 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. A festa ocorreu no último sábado (25), no Espaço Escandinavo,<br />
em São Paulo. O dinamarquês chegou ao Brasil em 1976, e se tornou um dos maiores nomes<br />
da história da propaganda brasileira, presidindo a McCann-Erickson Brasil por 30 anos.<br />
Tiago Ferrentini<br />
Jens comemora aniversário ao lado <strong>de</strong> amigos<br />
Jens e Renata Olesen celebram data com amigos e<br />
familiares<br />
Armando Ferrentini parabeniza Jens Olesen<br />
Milton “Cebola” Mastrocessario com Jens Olesen<br />
Tiago Ferrentini comemora com Jens Olesen<br />
Octavio <strong>de</strong> Barros e Jens Olesen<br />
Jens e Renata Olesen com Clarice e Armando Ferrentini<br />
Jens Olesen ao lado <strong>de</strong> Rogério Avelar, prefeito <strong>de</strong> Lagoa<br />
Santa-MG; dr. Renato Pacheco, cônsul-geral da Suécia; e<br />
professor Carlos Alberto Xavier<br />
Jan Olesen e Silvia Chagas<br />
Olesen com o bolo comemorativo dos seus 80 anos<br />
42 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
DOria lança biOgrafia<br />
João Doria reuniu uma multidão <strong>de</strong> amigos, publicitários, políticos e<br />
familiares no lançamento do livro O po<strong>de</strong>r da transformação. O evento<br />
foi realizado no último dia 27, na Livraria da Travessa do Shopping Iguatemi,<br />
em São Paulo. A obra, publicada pela Matrix Editora, é assinada<br />
pelo cientista social, jornalista e escritor Thales Guaracy.<br />
João Doria com seu livro nas mãos<br />
Erh Ray, Ênio Vergeiro e Raul Doria<br />
Michel Temer<br />
Armando Ferrentini e João Doria<br />
Wilson Ferrari, Ângelo <strong>de</strong> Sá Jr. e Walter Zagari<br />
Paulo Zoéga e Fernanda Chiavone<br />
Mario D’Andrea<br />
Ênio Vergeiro, Rino Ferrari, Luiz Carlos Dutra e Esdras Maciel<br />
Thales Guaracy e João Doria<br />
Luiz Lara e Mario Anseloni<br />
Angelo Derenze, Claudio Ferreira e Raul Doria<br />
Livraria da Travessa ficou completamente lotada<br />
Joyce Hasselmann e Bia Doria<br />
João Doria, Clarice e Armando Ferrentini<br />
Julio Anguita, Eduardo Fischer e Guilherme Paulus<br />
Roberto Duailibi<br />
Padre Júlio Lancellotti<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 43
we<br />
mkt<br />
jaikishan patel/Unsplash<br />
Acorda, Jack Daniel’s<br />
“O uísque é o melhor amigo do homem:<br />
é um cachorro engarrafado” .<br />
Vinicius <strong>de</strong> Moraes<br />
Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />
Conheci o uísque <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa. Bauru,<br />
Avenida Rodrigues Alves, 979, telefone<br />
792. Início dos anos 1950. Nas melhores casas<br />
da cida<strong>de</strong> era costume ter uma garra <strong>de</strong><br />
Old Parr para os momentos <strong>de</strong> celebrações.<br />
Já para os momentos triviais, o velho, bom<br />
e confiável Cavalo Branco. White Horse.<br />
Nos bailes <strong>de</strong> Carnaval do Bauru Tênis<br />
Clube, os homens, boa parte <strong>de</strong>les, e para<br />
não pagar o uísque mais caro do clube, levavam<br />
numa garrafa <strong>de</strong> guaraná Antarctica<br />
algumas doses... Dentre outros, meu pai<br />
Carlos, e meus tios Zézito e Zé<strong>de</strong>Franco.<br />
Em São Paulo, as novida<strong>de</strong>s foram se revelando.<br />
Numa certa época, o Ballantine’s.<br />
De uma forma fugaz, o Pinwinnie, com<br />
seu gosto característico e o roxo na embalagem,<br />
ocupou algum espaço. Mas, repito,<br />
por pouco tempo.<br />
E, enquanto isso, correndo por fora, em<br />
raia própria, e <strong>de</strong>ntre os bourbons, foi se<br />
impondo o Jack Daniel’s. Até hoje o meu<br />
preferido. E agora, neste preciso momento,<br />
o mais conhecido e admirado uísque bourbon<br />
do mundo, Jack Daniel’s, diante <strong>de</strong> seu<br />
maior <strong>de</strong>safio. Vamos lá!<br />
Tudo começa com um escravo do Tennessee,<br />
que ensinou Jack Daniel a fazer<br />
aquele tipo <strong>de</strong> uísque. Descoberta recente<br />
<strong>de</strong> autora <strong>de</strong> uma escritora afro-americana,<br />
Fawn Weaver.<br />
Em férias em Cingapura, Fawn leu<br />
sobre “Nearest” Green, um escravo que<br />
passou a receita do Jack Daniel’s a Jack<br />
Daniel. Decidiu passar a limpo. Pegou um<br />
avião em Los Angeles e foi para Nashville.<br />
Inscreveu-se em três tours na <strong>de</strong>stilaria,<br />
e, nada... Nada <strong>de</strong> se falar <strong>de</strong> “Nearest”<br />
Green... Foi atrás, recorreu a livros, bibliotecas<br />
e mais documentações, resgatou a<br />
linha do tempo entre Green e Daniel, e<br />
concluiu: Green não apenas ensinou a ciência<br />
e a arte <strong>de</strong> produzir um <strong>de</strong>terminado<br />
tipo <strong>de</strong> uísque a Jack Deniel, como foi<br />
o primeiro mestre <strong>de</strong>stilador negro dos<br />
Estados Unidos, trabalhando para Jack.<br />
Conclusão, <strong>de</strong>vidamente contratada pela<br />
<strong>de</strong>stilaria, Fawn segue escrevendo a verda<strong>de</strong>ira<br />
história <strong>de</strong> um dos uísques mais<br />
emblemáticos do mundo.<br />
Porém, como diria Paulinho da Viola,<br />
“Ai, porém” – sempre tem um, porém – nos<br />
ensinamentos <strong>de</strong> Green, para aquela cor e<br />
gosto, a presença <strong>de</strong> um... Fungo! Isso mesmo,<br />
fungo. E neste exato momento, o hoje<br />
conhecido Fungo do Etanol, mais conhecido<br />
como fungo do uísque, é figura presente<br />
em muitas <strong>de</strong>stilarias.<br />
E a gritaria que repercute e reverbera em<br />
todo o mundo localiza-se no Condado <strong>de</strong><br />
Lincoln, Tennessee. On<strong>de</strong> os moradores,<br />
cansados e revoltados, reclamam <strong>de</strong> uma<br />
crosta escura que foi tomando conta <strong>de</strong> residências,<br />
carros, placas <strong>de</strong> estradas, comedouros<br />
<strong>de</strong> passarinho, e tudo o mais que fica<br />
ao ar livre. Águas das piscinas, também,<br />
cheirando a Jack Daniel’s...<br />
Para envelhecer seu famoso e consagrado<br />
uísque, cuja produção não para <strong>de</strong> crescer,<br />
a <strong>de</strong>stilaria precisa construir mais e<br />
mais Barrelhouses – casas <strong>de</strong> barris – que<br />
as novas Barrelhouses trariam para a cida<strong>de</strong><br />
– mais <strong>de</strong> U$S 1 milhão em impostos... E<br />
aí instalou-se uma megaconfusão.<br />
Segue a briga, cresce a fama <strong>de</strong> Jack<br />
Daniel’s, e mais alguns dias e ninguém fala<br />
mais nisso. Mas, se for uma empresa competente<br />
e madura, e consciente do valor <strong>de</strong><br />
sua marca, certamente a Jack Daniel’s encontrará<br />
uma outra forma <strong>de</strong> envelhecer<br />
seu uísque, sem precisar disseminar seu<br />
“flavor” por toda a comunida<strong>de</strong> e vizinhança.<br />
Desafio <strong>de</strong> branding que empresas maduras<br />
e consistentes superam com relativa<br />
facilida<strong>de</strong>. Ou não?!<br />
Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />
é consultor <strong>de</strong> marketing<br />
famadia@madiamm.com.br<br />
44 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
supercenas<br />
Paulo Macedo paulo@propmark.com.br<br />
Fotos: Divulgação<br />
Gabriella Savino e Mauro Yoshida, atletas da modalida<strong>de</strong> calistenia, emprestam imagem para a campanha Encante-se pelo caminho , da Track&Field, que lança sua nova coleção<br />
LIFESTYLE<br />
Conectada ao universo wellness, a marca Track&Field usa a diversida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> momentos na campanha Encante-se pelo caminho, criada<br />
pela sua in house, que apresenta imagens dos esportistas Gabriella<br />
Savino e Mauro Yoshida, <strong>de</strong> calistenia, produzidas na Casa<br />
das Cal<strong>de</strong>iras, na capital paulista. Os atletas profissionais Brendon<br />
Bressan e Marina Ferrari, <strong>de</strong> corrida <strong>de</strong> montanha, foram fotografados<br />
na Pedra do Baú, na Serra da Mantiqueira, em São Bento do<br />
Sapucaí (SP). “Mais do que apresentar novos produtos, nosso propósito<br />
é promover um estilo <strong>de</strong> vida mais ativo e saudável por meio<br />
<strong>de</strong> todas as iniciativas da marca”, esclarece a executiva Laura Marquez,<br />
head <strong>de</strong> marketing da Track&Field.<br />
ALADAS<br />
A plataforma Aladas, criada pela empresária Daniela Graicar, da<br />
agência <strong>de</strong> PR Pros, organizou encontro no último mês <strong>de</strong> março<br />
para <strong>de</strong>bater temas que cercam o universo da mulher. O evento foi<br />
transmitido pelo YouTube com apoio da revista Exame. Marcaram<br />
presença Maria Clara Dias, repórter <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo e negócios<br />
<strong>de</strong> Exame, e Dani Junco, fundadora da B2Mamy.<br />
Letícia Suher, da agência Sr. Jorge, acredita na expansão para Portugal: “Crescimento”<br />
Maria Clara Dias (Exame), Daniela Gaicar (Pros e Aladas) e Dani Junco (B2Mamy)<br />
INTERNACIONAL<br />
Criada em 2019 pela CEO e growth business Letícia Suher, a<br />
agência Sr. Jorge, responsável pelo atendimento no país às marcas<br />
Suvinil, Vagas.com, Vagas for Business, Liber e Reciclus,<br />
está trabalhando na internacionalização <strong>de</strong> marcas brasileiras<br />
em Portugal e projeta novos negócios e crescimento para este<br />
ano <strong>de</strong> <strong>2023</strong>. “Internacionalizar uma marca é uma ação cheia <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>talhes e <strong>de</strong>safios”, resume Letícia, que constatou a oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> expansão ao ler a pesquisa do Alto Comissariado para<br />
Migrações (ACM) <strong>de</strong> Portugal que afirma que 65% das empresas<br />
abertas em Portugal foram criadas por brasileiros.<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 45
última página<br />
Freepik<br />
time “shit”<br />
stalimir vieira<br />
Eu sei que a piada é velha. Mas o assunto<br />
<strong>de</strong> que vou tratar também é. De 1975,<br />
quando iniciei em propaganda, até o fim<br />
da década <strong>de</strong> 1990, ninguém parecia muito<br />
preocupado com timesheet. Era tão evi<strong>de</strong>nte<br />
a paixão com que os profissionais<br />
abraçavam o seu trabalho, que ninguém<br />
suspeitava que matássemos o tempo. Na<br />
verda<strong>de</strong>, até costumávamos matar, mas<br />
era sempre pelo bem da tarefa que estava<br />
sendo cumprida.<br />
Não era incomum abandonar<br />
a mesa <strong>de</strong> trabalho no meio da<br />
tar<strong>de</strong> e nos enfiarmos numa livraria,<br />
on<strong>de</strong> ficávamos horas folheando<br />
livros diversos, <strong>de</strong> arte,<br />
<strong>de</strong> moda, <strong>de</strong> fotografia etc. Ou,<br />
quem sabe, entrarmos num cinema<br />
e prestarmos bem atenção<br />
em algumas sequências inspiradoras<br />
<strong>de</strong> um filme qualquer.<br />
Pelo menos nas agências que<br />
forjaram as minhas convicções<br />
sobre criação em publicida<strong>de</strong>,<br />
jamais alguém perguntou quanto tempo<br />
eu gastara para criar <strong>de</strong>terminada peça<br />
ou campanha.<br />
Primeiro, porque habitualmente era<br />
bastante rápido, pela qualida<strong>de</strong> do resultado<br />
final. Claro que reclamávamos dos<br />
prazos inúmeras vezes, mas, com prazo ou<br />
sem prazo, metíamos a mão na massa vigorosamente,<br />
e nos saíamos bastante bem,<br />
principalmente por amor ao trabalho e respeito<br />
por nossos superiores, gente capaz<br />
<strong>de</strong> fazer melhor e mais rápido do que nós.<br />
“A primeirA<br />
vez que ouvi<br />
fAlAr em<br />
timesheet<br />
<strong>de</strong> perto foi,<br />
ironicAmente,<br />
numA AgênciA<br />
em que eu<br />
erA sócio”<br />
A primeira vez que ouvi falar em timesheet<br />
<strong>de</strong> perto foi, ironicamente, numa agência em<br />
que eu era sócio. Alguém, muito preocupado<br />
com controle <strong>de</strong> custos e formação <strong>de</strong> preço,<br />
trouxe a novida<strong>de</strong>, e instalou o sistema.<br />
Como não era minha área <strong>de</strong> ascendência,<br />
não quis criar caso. Até o dia em que houve<br />
uma tentativa <strong>de</strong> me submeter a medições. O<br />
tempo fechou e só não terminou em divórcio<br />
porque houve bom senso, não necessariamente<br />
da minha parte. Hoje em dia, todo o<br />
job, seja na agência, seja para um frila, vem<br />
acompanhado <strong>de</strong> um mecanismo <strong>de</strong> controle<br />
<strong>de</strong> timesheet, que o pobre criativo precisa<br />
preencher como se fosse um apontador <strong>de</strong><br />
estação ferroviária. Brochante. Começar o<br />
trabalho, acionando algum aparato medidor<br />
da “produtivida<strong>de</strong>”, me soa como <strong>de</strong>saforo.<br />
Em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>,<br />
aceito que alguém, preocupado<br />
em reunir as variáveis para a <strong>de</strong>finição<br />
<strong>de</strong> uma conta a ser paga<br />
pelo cliente, me pergunte quanto<br />
tempo usei na tarefa. Posso<br />
falar <strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong>; se achar<br />
conveniente, posso até inventar<br />
que levei mais tempo ainda.<br />
Mas não me venham com métricas,<br />
afeitas à <strong>de</strong>sconfiança estabelecida,<br />
em tempos recentes,<br />
entre os pares do nosso negócio.<br />
A normalização e a consagração do timesheet,<br />
como ferramenta imprescindível<br />
para a segurança <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>manda e<br />
a a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> quem é <strong>de</strong>mandado, são<br />
reveladoras da “evolução” <strong>de</strong> um negócio<br />
que era baseado em arte aplicada (e aí residia<br />
seu sucesso como negócio), para um<br />
negócio baseado em números.<br />
Não por acaso, propaganda é cada vez<br />
mais commodity. A originalida<strong>de</strong> da i<strong>de</strong>ia,<br />
necessária para otimizar o investimento<br />
numa mídia muito cara, vai sendo substituída<br />
pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escalar em velocida<strong>de</strong>,<br />
numa mídia muito barata. Ou seja,<br />
é preciso fazer muito e muito rápido. Antes,<br />
importava o quê; hoje, não.<br />
Stalimir Vieira é diretor da Base <strong>de</strong> Marketing<br />
stalimircom@gmail.com<br />
46 3 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark
Marcello Barbusci<br />
Para toda boa criação<br />
há uma referência.<br />
We transforme your dream<br />
Na<br />
em<br />
sua<br />
in realida<strong>de</strong> a reality<br />
impressão<br />
on no paper. papel.<br />
também.<br />
Nós transformamos seu sonho<br />
Nós We transformamos transforme your seu dream sonho<br />
em in realida<strong>de</strong> a reality on no paper. papel.<br />
“The “A qualida<strong>de</strong> quality do of paper papel e and o processo the printing <strong>de</strong> impressão process<br />
são nossas are our priorida<strong>de</strong>s priorities para for the a melhor best <strong>de</strong>livery.” entrega.”<br />
Tiago Ferrentini - Executive Diretor executivo director<br />
“The “A qualida<strong>de</strong> quality do of paper papel e and o processo the printing <strong>de</strong> impressão process<br />
são nossas are our priorida<strong>de</strong>s priorities para for the a melhor best <strong>de</strong>livery.” entrega.”<br />
Tiago Ferrentini - Executive Diretor executivo director<br />
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Tablói<strong>de</strong>s Tabloids Didáticos books yearbooks anuários recycled reciclado<br />
in a reality on paper.<br />
Newspapers<br />
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