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POR GRAZIELI
GONÇALVES
# E c o l o g i a
NATURAL ORGANIC
REDUCTION (NOR)
Vamos desvendar os
mistérios da redução
orgânica natural. Saiba
mais sobre seus
processos.
# Meioambiente
# Meioambiente
UMA CASA DE
COMPOSTAGEM
HUMANA NO
BRASIL
Primeira prospota do
m0delo de
sepultamento no
país. Veja simulação.
# S a l v e a n a t u r e z a
TRANSCEDER
E S E V O C Ê P U D E S S E V I R A R S O L O ?
S E R I A E S S A S U A D E S T I N A Ç Ã O ?
REVISTA TRANSCEDER l EDIÇÃO 01 l
2023
Recompose é uma empresa pioneira no mundo, se
tornando a primeira casa funerária licenciada para
as práticas de compostagens em um corpo humano.
Localizada na Cidade de Seattle nos Estados Unidos,
Recompose foi fundada pela arquiteta Katrina
Spade.
E se você pudesse virar
solo?
A casa foi inaugurada no ano de 2020, sob rigorosa
aprovação de lei do Estado de Washigton que
permitiu o novo modelo de sepultamento depois de
longo processo de construção baseado em testes e
estudos, que ainda começaram no programa de
Mestrado em Arquitetura da University of
Massachusetts Amherst no ano de 2011.
“A questão era: como fazemos esse processo
funcionar com os humanos? Porque já funcionava
com os animais. E como o tornamos apropriado
para os humanos, dada a maneira como abordamos
as mortes e as cerimônias de rituais?” disse Katrina
Spade, fundadora e CEO da empresa Recompose
em uma entrevista aberta.
"A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.
Me deem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.
A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?
Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho...
Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi."
(Santo Agostinho)
EDIÇÃO 01
TRANSCEDER
E S E V O C Ê P U D E S S E V I R A R S O L O ?
lá leitor (a), a Revista "Transceder - E se você
pudesse virar solo?", nasceu de uma experiência pessoal
em um de meus poucos encontros que tive com a morte.
A partir de uma experiência triste em me despedir de uma
mulher incrível na minha vida, vi ali além do sofrimento,
uma despedida linda, reconfortante, na qual todos
passaremos um dia. Acredito que a arquitetura teve um
papel crucial para esse sentimento de acolhimento e
entrega, ainda que com a temida presença da morte.
Deste modo, passei a crer ainda mais na arquitetura como
uma ferramenta de condição em si mais do que um
instrumento construtivo palpável. Principalmente dada as
pesquisas pela qual meu trabalho se aprofundou!
Como muitos, não tinha a percepção do quão um corpo
humano poderia prejudicar a natureza, entre tantas
outras questões a cerca de enterrar ou cremar um corpo.
Esses questionamentos me fizeram até repensar sobre a
forma como gostaria de morrer...
Compostar um corpo humano pode vir a ser considerada
uma maneira de devolver a natureza o que ela nos
proporcionou em vida. Assim, espero que em breve as
pessoas possam encarar o método como uma prática
convencional como as já existentes.
REVISTA TRANSCEDER l EDIÇÃO 01 l 2023
Índice
0
1
MORTE:
Por que evitamos o inevitável?
Evolução - Curiosidades - Fatos
RESSIGNIFICAR:
Aspectos atuais das principais casas
funerárias da capital Belo Horizonte
Dados - Pesquisas - números
0
2
0
3
REDUÇÃO ORGÂNICA NATURAL:
Introdução ao processo
Animação - Segredo - Custos
JABOTICATUBAS:
Região de Jaboticatubas como objeto de
estudos de implantação
Inserção - Acessos - Relevância
0
4
0
5
PROPONDO UM ESPAÇO DE TRANSCEDÊNCIA:
Modelo de construção no Brasil
Estudos - Implantação - Volumetrias
Grazieli Gonçalves
Orientado/ corrigido: Profª. Sandra Fiuza
REVISTA TRANSCEDER l EDIÇÃO 01 l 2023
REVISTA TRANSCEDER l EDIÇÃO 01 l 2023
Eles costumam ser encontrados em
conjunto, em fileiras ou em círculos. Há
menires em quase todo o mundo, erguidos
por diferentes culturas e em períodos
diferentes, desde a pré história até o
século 19. Originalmente, eram empregados
para usos cerimoniais, religiosos, fúnebres e
para a demarcação de território” (JOHNNI
LANGER, 2000).
O historiador Johnni Langer, da
Universidade do Paraná (Unespar) diz que
os menires poderiam vir a ser as primeiras
manifestações de rituais fúnebres que a
sociedade pode ter tido.
REVISTA TRANSCEDER l EDIÇÃO 01 l 2023
Assim como na pré-história,
a sociedade sempre
procurou dar significado e
relevância as despedidas
da vida com rituais e
cerimônias.
Os Egípcios, por
exemplo
mumificavam os
corpos porque
acreditavam que
não entrariam na
existência eterna
sem que o
espírito, que
denominavam de
KA, pudessem
voltar ao corpo.
Por isso, o corpo
tinha que ser
sempre preservado
e embalsado.
REVISTA TRANSCEDER l EDIÇÃO 01 l 2023
E já para os Gregos
Antigos, que viam a
morte como uma
eternidade do sono
profundo e a encaravam
como um rito de
passagem entre a vida
e o descanso eterno,
praticavam rituais
sagrados que tinham a
intenção de garantir
paz e tranquilidade a
alma e posteriormente
inumavam os corpos em
terrenos ou ilhas
vizinhas.
Os Romanos por sua vez,
que eram homens (e
mulheres), que
acreditavam na
ressurreição e na vida
após a morte, faziam
dos seus rituais um
local de descanso que
marcavam a passagem da
vida na terra para a
eternidade. Logo depois
enterravam seus corpos
em muralhas nos limites
de suas terras.
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Com a chegada do mundo clássico, o Cristianismo influenciou para
que seus corpos fossem enterrados em igrejas, representando ali
uma segregação de classes sociais. Onde, quanto mais perto das
igrejas fossem enterrados os corpos, mais chances de salvação
aquelas almas teriam, o que também significava que mais posses de
bens capitais em vida ele/ela possuíra.
Previamente com a chegada da idade média, criaram-se então
cemitérios, como locais específicos para a deposição e exoneração
de corpos. Mas até esse conceito, a sociedade passou por longas e
complexas construções de moral para enfim, ceder a construção de
um espaço destinado para a finitude da vida.
Outro período histórico que concretizou o pensamento sobre a
morte, foi o período do Renascimento, em que houve um grande
movimento artístico que tratava sobre diversos temas da
antiguidade, e dentre eles, a retratação da morte. Onde podemos
citar importantes artistas como Leonardo da Vinci (1452-1519) -
Michelangelo Buonarroti (1475-1564) · Rafael Sanzio (1483-1520) ·
Donatello (1368-1466), entre outros que integravam o movimento.
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Por influência da guerra,
nos anos do século XIX, os
americanos então adotaram
o modelo de funerárias
como espaços para a
preparação dos corpos para
os enterros.
E somente no ano de 1935, nos
países da Europa, com ideias
baseadas na experiência humana e
não no simbolismo doutrinal que
denominavam os religiosos, foi que
surgiu então a prática da cremação
de corpos como alternativa para os
sepultamentos pós a morte
(FRANCISCO MANUEL PINTO
ROCHA, 2012/2013)
REVISTA TRANSCEDER l EDIÇÃO 01 l 2023
Não falar sobre a morte,
é vista quase que como
uma maneira de afastála
de nós. É como se
conversar sobre o
assunto nos atraísse
para perto da mesma. E
muitas questões
culturais, tratadas de
forma concisa
anteriormente nos
favoreceram para este
pensamento. E por este
motivo, é impossível não
falar sobre a morte sem
fomentar a influência
das religiões e seus
costumes sobre a
mesma.
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A arquitetura faz parte
de vários processos da
vida, e assim não seria
diferente com a morte.
Ela está presente e tem
um papel bastante
importante nesse
desempenho . Ela faz
um marco entre esse
exercício de passagem
da vida para a morte.
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Situação atual das
necrópoles de bh
Escultura no túmulo do Cemitério Senhor do
Bonfim - Belo Horizonte (2012)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
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De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), sobre pesquisa
populacional de Belo Horizonte; a capital
apresentou 2,7 milhões de habitantes até o
ano de 2020.
Já nas pesquisas também realizadas pelo
IBGE/2020, sobre Cidades com maior
índice de óbitos em Minas Gerais, Belo
Horizonte apareceu em primeiro lugar.
Obviamente por ser a cidade mais
populosa do Estado.
E ainda segundo o IBGE, Belo Horizonte têm
mais de 2 mil óbitos por mês. E está entre as
cinco capitais do país com mais mortes entre
pesquisas realizadas do ano de 2008 a 2020.
As pesquisam também apontam que os
números de óbitos são maiores entre
mulheres nas mortes em gerais. E a faixa
etária de idades variam entre idosos de
70 anos ou mais em ambos os sexos.
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GRÁFICO DE MORTES EM BELO HORIZONTE
Fonte: IBGE
B
Os
elo Horizonte e
a região do entorno contém hoje
mais de 20 cemitérios no total.
Dentro da cidade se localizam
quatro cemitérios públicos que
são eles; Cemitério Senhor do
Bonfim, Cemitério da Paz,
Cemitério da Consolação e o
Cemitério da Saudade. Os
mesmos são distribuídos pelas
regiões da capital e são de
responsabilidades
administrativas da Prefeitura.
particulares totalizam-se
em três; Cemitério Bosque da
Esperança, Cemitério Parque
da Colina e o Cemitério
Israelita, exclusivamente para
povos dos costumes e
tradições.
A média de custos para os
cemitérios públicos de Belo
Horizonte são de R$8.000,00 e
para os particulares variam
entre 20 a R$40.000,00.
De acordo com a prefeitura da
cidade, a média de enterros em
Belo Horizonte nos cemitérios
públicos são de 5 a 8
sepultamentos diários.
Durante a pandemia esses
números chegaram a mais de
40 sepultamentos por dia.
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MAPEAMENTO DOS CEMITÉRIOS EM BELO HORIZONTE
Cemitérios Privados na Capital
Cemitérios Públicos na Capital
Base cartográfica; PBH
Mapa produzido pela autora
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MAPEAMENTO DOS CEMITÉRIOS EM BELO HORIZONTE
Produzido pela autora
Cemitérios Públicos na Capital
Cemitérios Privados na Capital
Os principais cemitérios das
regiões de Belo Horizonte são;
Terra Santa Cemitério Parque de
Sabará, Cemitério Municipal de
Sabará, Cemitério Parque da
Cachoeira Betim, Jardins
Cemitério Parque Betim,
Cemitério Parque Retiro da
Saudade Betim, Cemitério
Municipal de Macacos Nova
Lima, Cemitério Parque – Nova
Lima, Cemitério Municipal
Parque da Ressurreição,
Vespasiano, Cemitério Belo Vale
São Benedito, Cemitério da
Glória Contagem, Cemitério
Parque da Cachoeira Betim e
Cemitério Parque Renascer,
Contagem.
Até o ano de 1940 todos os
sepultamentos de Belo
Horizontes eram realizados no
Cemitério Senhor do Bonfim, o
tornando assim a necrópole mais
antiga da capital. Construído em
1897 em uma área de mais de
160 mil m², o cemitério possui
hoje mais de 219 mil inumados e
mais de 17 mil sepultaras.
Por seguir e obdecer o traçado da
cidade, o cemitério se tornou
palco de estudos de diversas
áreas do conhecimento. Em 1977
foi tombado pelo IEPHA por
conter obras de artes de estilos
diversos, desde a Belle Époque, o
Art Déco, ao modernismo
brasileiro.
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R E D U Ç Ã O O R G Â N I C A N A T U R A L
- N O R
REVISTA TRANSCEDER l EDIÇÃO 01 l 2023
COMPARAÇÕES ENTRE OS MÉTODOS ATUAIS
ENTERRO
Procedimento
Fonte de energia:
Consumo de água:
Tempo do processo:
Valores:
Resíduos/ Impactos
ambientais
Manutenção
Enterrar o corpo em um caixão de madeira ao solo ou em
jazigos dentro do próprio chão.
Nenhum
Nenhum
6 horas de duração após a liberação do corpo.
Cemitério público - R$8.000,00.
Cemitérios privados - R$20.000,00.
600 litros de necrochorume por kg. Uma pessoa de 70 kg
pode produzir mais de 40 mil litros do líquido que se infiltra
nos lençóis freáticos.
Todo cemitério tem de passar por manutenções
ocasionalmente. O que também pode acrescentar nos
valores de custos.
CREMAÇÃO
Procedimento
Fonte de energia:
Consumo de água:
Tempo do processo:
Valores:
Resíduos/ Impactos
ambientais
Manutenção:
O corpo é incinerado a uma temperatura de mais de 900
graus Celsius.
Nenhum
Uma hora para o procedimento.
R$6.000,00 em média
242 kg de dióxido de carbono. Só nos EUA, pelo menos 360
mil toneladas são lançadas por ano na atmosfera.
Nenhum
REDUÇÃO ORGÂNICA NATURAL
Procedimento
O corpo é levado a um ambiente projetado para a
acelerar o processo de decomposição natural do corpo.
Fonte de energia:
Consumo de água:
Tempo do processo:
Valores:
Resíduos/ Impactos
ambientais:
Manutenção:
180 Litros por corpo
Em média 60 dias ou 10 semanas
$7.000,00 (estimado em mais de $35.000,00 no Brasil)
1 m³ de solo por corpo que serve como adobo para plantas.
Nenhum