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SCMedia News | Revista | Fevereiro 2023

A revista dos profissionais de logística e supply chain.

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<strong>Fevereiro</strong> <strong>2023</strong><br />

4,60€<br />

Mensal<br />

39<br />

IMOBILIÁRIO:<br />

ESTÁ PRONTO PARA<br />

A REVOLUÇÃO?<br />

TRANSFORMAÇÃO<br />

DIGITAL:<br />

A ACELERAÇÃO<br />

DO INEVITÁVEL<br />

SUPPLY CHAIN:<br />

O POTENCIAL DE<br />

DIGITALIZAR<br />

GLOBAL CEO<br />

SURVEY<br />

GRÂNDOLA LOGISTICS PARK<br />

“Estamos a criar um novo hub<br />

logístico na Península Ibérica”


2<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong>


SCM Supply Chain Magazine 3<br />

dora.assis@supplychainmagazine.pt<br />

Dora Assis<br />

EDITORIAL<br />

MENOS É MAIS<br />

“As pessoas hoje conhecem o preço de tudo e o valor de nada.”<br />

Oscar Wilde<br />

As empresas têm sido confrontadas com<br />

um sem fim de perturbações, disrupções<br />

e crises. Conflitos geopolíticos, guerra<br />

na Ucrânia, crise energética, escassez de<br />

matérias-primas e bens essenciais, inflação<br />

acelerada, eventos climáticos severos,<br />

catástrofes naturais… Os fenómenos<br />

naturais e os causados pelo homem<br />

não estão a dar tréguas às cadeias de<br />

abastecimento. E é para continuar.<br />

Crise inflacionista e de confiança à parte, e<br />

sem soluções milagrosas à vista, o mundo<br />

avança e as empresas também. Por isso,<br />

trazemos-lhe empresas, projetos e pessoas<br />

resilientes, positivas e inspiradoras porque,<br />

mesmo por entre tantas dificuldades, a<br />

supply chain, a logística e as operações,<br />

encontram sempre resposta e são, por<br />

definição, boas a ultrapassar obstáculos.<br />

Uma dessas empresas é a Batch Logistics,<br />

que nasceu para responder às necessidades<br />

de entregas rápidas na última milha ou,<br />

como diz o CEO e fundador da empresa,<br />

Pedro Vasconcelos, “mais do que uma<br />

empresa de serviço de logística, a Batch<br />

acaba por ser uma empresa que está a<br />

vender tempo aos seus clientes”.<br />

Entretanto, já está confirmado que Grândola<br />

vai receber um dos maiores parques logísticos<br />

privados em Portugal, tornando-se um hub<br />

chave que irá reforçar a supply chain euroatlântica.<br />

Grândola Logistics Park é o nome<br />

da nova plataforma logística de 130 hectares,<br />

Projeto PIN (Potencial Interesse Nacional), que<br />

vai ser desenvolvido pela Qantara Capital e<br />

com um investimento inicial previsto de 500<br />

milhões de euros.<br />

Ainda a adaptar-se ao mercado nacional<br />

está também a recém-chegada Fullstep. Em<br />

entrevista à SCM, Rosario Piazza, CEO da<br />

empresa, revela que “Portugal é um mercado a<br />

que sempre estivemos atentos e acreditamos<br />

que este é o momento certo para expandir o<br />

nosso negócio no país”. É que, segundo ele, as<br />

soluções com base na inovação tecnológica são<br />

cada vez mais procuradas em Portugal.<br />

O lixo eletrónico é um dos desafios mais<br />

urgentes que na atualidade o mundo deve<br />

resolver. Fomos conhecer um projeto-piloto<br />

de redução do desperdício em monitores,<br />

levado a cabo na Nigéria. Embora o caminho<br />

ainda seja longo, menos é realmente mais,<br />

e é possível fazer do mundo um lugar<br />

verdadeiramente sustentável.


4<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

#12 #32 #50<br />

ÍNDICE<br />

FACTOS & NÚMEROS<br />

Alemanha destaca-se no fornecimento<br />

a Portugal 06<br />

LOGÍSTICA<br />

Imobiliário: Está pronto<br />

para a revolução? 08<br />

Batch Logistics: “Vendemos tempo<br />

às empresas” 12<br />

Grândola Logistics Park Euro-Atlantic 22<br />

A logística do futuro: o que esperar? 28<br />

INTRALOGÍSTICA<br />

Aprolis compra Empigest 42<br />

TECNOLOGIAS<br />

Transformação Digital: A aceleração<br />

do inevitável 44<br />

O potencial de digitalizar 48<br />

Cadeias de abastecimento e tecnologia<br />

são prioritárias 50<br />

Abaco: A tecnologia não pode ser um<br />

entrave ao crescimento 56<br />

PROCUREMENT<br />

Fullstep: “Este é o momento certo para<br />

expandir o nosso negócio no país” 32<br />

E-Waste 36<br />

TRANSPORTES<br />

Stuart: A era das entregas imediatas 64<br />

Pinto Basto transportou<br />

Aston Martin GT-3 68


SCM Supply Chain Magazine 5<br />

CARREIRA<br />

#56<br />

Global CEO Survey 70<br />

IA e Blockchain potenciam match entre empresas<br />

e candidatos 74<br />

DIÁRIO DE BORDO<br />

Quando for grande (não sei se) quero ser “Supply<br />

Chain’er”! 76<br />

O MUNDO É REDONDO<br />

“As cinco leis de ciber-segurança”, Nick Espinosa 78<br />

#64<br />

FICHA TÉCNICA<br />

Sede editor, Administração e Redação_<br />

Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />

2890-307 Alcochete<br />

T: 210 499 074<br />

Direção Geral_<br />

Filipe Barros<br />

Diretora_<br />

Dora Assis<br />

Redação_<br />

Ana Paiva, Fábio Santos<br />

Projeto gráfico_<br />

Maria João Carvalho<br />

Design Gráfico & Paginação _<br />

Laura Dias<br />

Direção Comercial _<br />

Filipe Barros<br />

Sales & Marketing _<br />

Margarida Matildes<br />

Business Development_<br />

Samantha Casas<br />

Marketing Digital_<br />

Catarina Santos<br />

Impressão _<br />

VASP DPS<br />

MLP – Quinta do Grajal,<br />

Venda Seca<br />

2739-511 Agualva Cacém<br />

Tiragem _<br />

3 mil exemplares<br />

Propriedade_<br />

SC Media Unipessoal, Lda.<br />

Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />

2890-307 Alcochete<br />

T: 210 499 074<br />

E: geral@supplychainmagazine.pt<br />

W: supplychainmagazine.pt<br />

NPC _<br />

514707143<br />

Capital Social_<br />

100,00€<br />

Participações sociais_<br />

Susana Silva<br />

Administração_<br />

Filipe Barros<br />

Registo na ERC n.º _<br />

127322<br />

Depósito Legal n.º _<br />

458604/19<br />

Os artigos assinados apenas veiculam<br />

a posição dos seus autores.<br />

Interdita a reprodução de textos e<br />

imagens sem autorização expressa.


6<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

FACTOS<br />

& NÚMEROS<br />

Exportações e<br />

importações<br />

ALEMANHA FOI UM DOS PRINCIPAIS<br />

FORNECEDORES DE BENS A PORTUGAL EM 2022<br />

A<br />

Alemanha ganhou uma posição de<br />

destaque nas exportações e importações<br />

para e de Portugal, segundo os dados do<br />

Instituto Nacional de Estatística (INE).<br />

De 2018 a 2022, foi o terceiro principal<br />

país cliente e o segundo principal fornecedor<br />

externo de bens a Portugal. Por sua vez, as<br />

exportações portuguesas para a Alemanha<br />

aumentaram 21,7% o ano passado, face a<br />

2021, atingindo 8.532 milhões de euros,<br />

o maior valor compreendido entre 2018 e<br />

2022.<br />

Quanto às empresas portuguesas que<br />

exportaram bens para a Alemanha, 6%<br />

tinham um grau de exposição ao país<br />

superior a 80%, o que corresponde a 14% das<br />

exportações nacionais para este destino. A<br />

maioria das empresas portuguesas que, em<br />

2022, exportaram bens para a Alemanha,<br />

concentravam neste mercado até um quinto<br />

das suas exportações. Este valor corresponde<br />

a 25% do total de exportações nacionais<br />

para este país.<br />

O ano de 2022 registou um incremento nas<br />

exportações (23,1%) e importações (31,2%)<br />

internacionais, face a 2021. Registaram-se<br />

aumentos nas exportações de máquinas e<br />

outros bens de capital, de combustíveis e<br />

lubrificantes, e também nas importações de<br />

material de transporte. Por outro lado, as<br />

importações de fornecimentos industriais<br />

diminuíram. •


8<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

Tendências do<br />

setor imobiliário<br />

Texto: Bruna Manguito<br />

ESTÁ PRONTO PARA<br />

A REVOLUÇÃO?<br />

Sob o mote ‘Portugal Market Outlook<br />

<strong>2023</strong> – Reshaping the Future’, a CBRE<br />

apresentou as principais tendências do<br />

setor imobiliário para <strong>2023</strong> nas diversas<br />

áreas de investimento. No segmento da<br />

logística estamos a assistir ao início de<br />

uma verdadeira revolução sustentada<br />

pelo crescimento do comércio online,<br />

estratégias de reorganização, expansão<br />

dos negócios, criação de stocks de<br />

segurança e reshoring.


SCM Supply Chain Magazine 9<br />

O<br />

setor da logística, impulsionado pela<br />

pandemia, alcançou pelo segundo<br />

ano consecutivo os 400.000 m2 em<br />

Portugal, atingindo no final do ano de<br />

2022, os 410.000 m2, a dispersar-se para<br />

fora da Região de Lisboa. Francisco Horta e<br />

Costa, Managing Director da CBRE Portugal,<br />

declarou que “se olharmos para o mercado<br />

de investimento imobiliário, o setor de<br />

logística foi responsável por cerca de 700<br />

milhões de euros de investimento, o que é<br />

absolutamente inédito em Portugal e mostra<br />

bem o que os investidores de longo prazo de<br />

produto de rendimento estão à procura”. A<br />

CBRE tem conhecimento de diversas procuras,<br />

que acumuladas excedem 500.000 m2,<br />

sustentando a expectativa de uma absorção<br />

novamente no patamar dos 400.000 m2 em<br />

<strong>2023</strong>. Contudo, a principal limitação continua<br />

no lado da oferta. A oferta nova, apesar de ter<br />

duplicado nos últimos dois anos, é ainda muito<br />

inferior à procura. Não obstante, continuam<br />

a ser desenvolvidos projetos à medida do<br />

ocupante, mas surgem mais projetos de<br />

construção especulativa. Existem 207.000<br />

m2 de construção especulativa previstos<br />

para <strong>2023</strong>, dos quais 185.000 m2 ainda não<br />

têm ocupante. No entanto, a maioria destes<br />

espaços só deverão estar concluídos no final<br />

do ano e a disponibilidade é praticamente<br />

inexistente. Deste modo, uma ocupação ao<br />

nível de 2022, só seria possível com projetos de<br />

ocupação própria e pré-arrendamentos. Com a<br />

disponibilidade em mínimos históricos (1% em<br />

Lisboa e Porto), as rendas médias aumentaram


10<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

de forma generalizada em 2022: 7% em<br />

Lisboa e 16% no Porto e deverão continuar a<br />

crescer entre 5% e 10% na maioria das zonas.<br />

A renda de big box deverá atingir os 5€/m2/<br />

mês. O aumento dos custos de construção<br />

e a oferta de critérios de sustentabilidade<br />

que qualificam a oferta também sustenta a<br />

previsão de subida de rendas. Além disso,<br />

a expansão do stock de logística para fora<br />

das suas localizações mais tradicionais<br />

vai intensificar-se, com a promoção de<br />

projetos de grande escala. Depois da VGP ter<br />

desenvolvido um projeto em Santa Maria da<br />

Feira, também a Norte, a Panatonni, conta<br />

com um projeto de licenciamento em Valongo.<br />

Já em Santarém (centro), a Mercadona está<br />

a desenvolver uma plataforma logística e a<br />

Sul decorrem projetos em Sines e Grândola.<br />

Existem várias razões para esta expansão<br />

territorial, nomeadamente a disponibilidade<br />

de terrenos com dimensão, mais mão de<br />

obra e proximidade de infraestruturas de<br />

transporte. Existem menos oportunidades<br />

de investir que investidores. No entanto,<br />

prevê-se que se concretizem várias operações<br />

sobre ativos de logística em regime de<br />

forward purchase e que alguns proprietários<br />

aproveitem a dinâmica de mercado para<br />

fazer alguma rotação de portefólio. Destaque<br />

ainda para a indústria que tem beneficiado<br />

com a recente dinâmica do nearshoring e de<br />

um crescente investimento por empresários<br />

nacionais e estrangeiros. Como resposta a um<br />

endurecimento das fontes de financiamento<br />

tradicionais, muitas empresas consideram<br />

agora a hipótese de realizar operações Sale<br />

& Leaseback, como forma de ganhar liquidez<br />

para investir no próprio negócio.


Francisco Horta e Costa, Managing Director<br />

SCM Supply Chain Magazine 11<br />

5 TENDÊNCIAS QUE VÃO<br />

MOLDAR O SETOR<br />

• Crescimento do comércio online: de<br />

acordo com a Euromonitor, a taxa de<br />

penetração do comércio online era 4,5%<br />

antes da pandemia, passou para 8,2% em<br />

2022 e espera-se que alcance 11% em<br />

2026. Este crescimento tem impulsionado<br />

uma elevada procura de espaços por<br />

parte de empresas do setor logístico e da<br />

distribuição.<br />

• Estratégias de reorganização: têm sido<br />

um dos maiores motores da absorção.<br />

Muitos grandes ocupantes têm vindo<br />

a reorganizar a sua rede logística,<br />

avançando com projetos desenvolvidos à<br />

medida. Por outro lado, estes movimentos<br />

têm permitido libertar espaços para<br />

arrendamento num mercado pautado<br />

pela escassez. Foram exemplos em 2022<br />

a Sonae na Azambuja, o Aldi na zona de<br />

Montijo-Alcochete e o Lidl em Famalicão.<br />

• Expansão dos negócios: tem sido um caso<br />

particular das cadeias de distribuição<br />

alimentar.<br />

• Criação de stocks de segurança: a<br />

pandemia, e posteriormente a guerra na<br />

Ucrânia, com as consequentes disrupções<br />

que provocaram nas cadeias logísticas,<br />

reforçaram a necessidade de criar stocks<br />

de segurança, logo, mais ocupação de<br />

espaço de armazenagem e logística.<br />

• Reshoring: surge igualmente como<br />

resposta à necessidade de ter maior<br />

controlo sobre a cadeia de distribuição e<br />

consiste em aproximar o local de produção<br />

ou montagem do local de consumo. É<br />

uma tendência que tem beneficiado a<br />

atividade produtiva em Portugal e que<br />

em imobiliário se reflete principalmente<br />

na criação de novas unidades fabris e<br />

expansão de outras já existentes. •


12<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

Batch Logistics<br />

Texto: Fábio Santos<br />

“VENDEMOS<br />

TEMPO ÀS<br />

EMPRESAS”<br />

Olhando para a metade cheia do<br />

copo, a pandemia trouxe várias<br />

inovações, fez desenvolver muitas<br />

soluções tecnológicas, e trouxe<br />

novos modelos de negócio para as<br />

empresas, na sua maioria, ligados<br />

ao e-commerce. Uma das empresas<br />

que surgiram durante essa época foi<br />

a Batch Logistics, para responder às<br />

necessidades de entregas rápidas<br />

na última milha.


SCM Supply Chain Magazine 13<br />

Foi no início de 2021, logo após um ano<br />

que abalou o mercado, que surgiu a Batch<br />

Logistics, uma empresa 100% portuguesa<br />

especializada em entregas rápidas – duas<br />

horas, same day e next day. A empresa atua<br />

em todo o país, incluindo ilhas, e procura<br />

não só ser uma solução para as dificuldades<br />

logísticas das empresas, mas também ir ao<br />

encontro das necessidades e expectativas dos<br />

clientes.<br />

Em entrevista à SCM, Pedro Vasconcelos,<br />

CEO e fundador, conta-nos que “mais do<br />

que uma empresa de serviço de logística, a<br />

Batch acaba por ser uma empresa que está<br />

a vender tempo aos seus clientes”, pois o<br />

caminho que fazem com as marcas abrange<br />

todo o processo logístico, desde o momento<br />

em que há uma venda na sua plataforma<br />

online até ao momento em que a encomenda<br />

é devidamente entregue ao cliente. “Estamos<br />

a tirar este peso de uma atividade que para<br />

as marcas acaba por ser secundária, uma vez<br />

que a venda já está feita, e assim devolvemos<br />

tempo às mesmas para que se possam focar<br />

naquilo em que são realmente boas, como o<br />

desenvolvimento do negócio, em marketing ou<br />

em desenvolvimento de produto”.<br />

Para atingirem estes objetivos, o CEO<br />

aponta que contam com um know-how de<br />

uma equipa com um vasto background em<br />

desenvolvimento de produto, tecnologia<br />

e operações, e uma tecnologia de ponta<br />

totalmente diferenciadora.<br />

DA PRIMEIRA À ÚLTIMA MILHA<br />

A Batch começou com as entregas rápidas,<br />

focadas numa área restrita, e hoje chega a<br />

toda a Europa, através de parceiros. Pedro<br />

Vasconcelos conta que querem ser cada vez<br />

mais um serviço chave-na-mão que completa<br />

Pedro Vasconcelos, CEO e fundador Batch<br />

todas as etapas do processo logístico, e ter<br />

um serviço multidisciplinar que seja capaz de<br />

satisfazer todas as vertentes que as marcas<br />

necessitam.<br />

“Tipicamente temos aqui um desafio<br />

grande”, considera, “porque as marcas olham<br />

para este processo como um processo<br />

altamente ineficaz e burocrático, mas aquilo<br />

que melhor define a Batch é que nós estamos<br />

aqui a ‘limpar o pó’ à logística”. Para além<br />

disso, aponta que muitas empresas ainda têm<br />

a ideia correta do conceito de outsourcing,<br />

mas “nós compreendemos as dores por ser<br />

algo com a perceção altamente errada, e nós<br />

estamos a mudar essa perceção e a ser capazes<br />

de a mudar, o que é bastante gratificante”.<br />

“Tudo começa com uma integração do site,<br />

e tem a vantagem, das poucas que há no<br />

mercado, de poder ser feita em menos de 10<br />

minutos”, possibilitando que um retalhista<br />

integre a plataforma da Batch e que a partir<br />

daí consiga iniciar o seu processo de last mile.<br />

“Depois, a nível de fulfillment, apresentamos<br />

toda uma solução vasta de controlo de<br />

qualidade de stock, de armazenamento, de<br />

análise de dados para ajudarmos os retalhistas


14<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

a gerirem melhor o seu stock, e temos<br />

introduzindo gradualmente novos serviços<br />

para sermos cada vez mais competidores”,<br />

acrescenta o CEO. “Queremos que a logística<br />

deixe de ser vista como um problema, e<br />

queremos que seja encarada como uma solução<br />

moderna e eficiente”.<br />

Em janeiro, enquanto celebravam dois anos<br />

de existência, já estavam a sentir uma maior<br />

procura por parte dos clientes, para que<br />

ficassem com as suas operações, especialmente<br />

por parte dos clientes atuais, e esse número<br />

“tem vindo a aumentar depois desta highseason”.<br />

Pedro Vasconcelos considera que<br />

possa ter a ver com o “network effect”, por<br />

empresas que falam entre si e que partilham as<br />

suas dificuldades.<br />

Ao nível do tipo de empresas, a Batch<br />

trabalha com empresas de toda a dimensão, e<br />

já conta com quase 300 marcas portuguesas<br />

nas suas operações, e “é muito interessante<br />

poder fazer esse caminho com as marcas e<br />

vê-las a posicionarem-se e a cimentarem-se no<br />

mercado”.<br />

Um dos entraves que ainda sentem é ao<br />

nível das pequenas e médias empresas, porque<br />

muitas ainda não se sentem confiantes em<br />

delegar as suas operações, pelo que começam<br />

apenas por fazer os envios. “O que nós estamos<br />

a ver é cada vez mais marcas, que começam<br />

connosco apenas a fazer envios, a vir para o<br />

nosso armazém, e isso foi visível agora depois<br />

do Natal”.<br />

Em alturas mais movimentadas, de high<br />

season, ou de peak season, “as marcas<br />

percebem que não têm os recursos, não têm<br />

a tecnologia, não têm os processos, para lidar<br />

com volumes grandes, acabam por perder<br />

muito tempo, não ser eficientes e perder<br />

vendas”, explica o responsável.<br />

No final de dezembro de 2022, durante o<br />

pico anual de atividade de muitas empresas,<br />

depararam-se com uma dificuldade: a<br />

incerteza. “Estávamos um pouco sem saber<br />

o que viria aí, porque para poder projetar é<br />

preciso dados, e os dados que temos para trás<br />

não são muito relevantes tendo em conta o<br />

cenário em que nos encontramos”, caracteriza<br />

Pedro Vasconcelos.<br />

Começaram a preparar esta high season<br />

quase no primeiro semestre de 2022, para que<br />

tudo corresse da melhor forma, esperando<br />

capitalizar 30 a 40% do volume entre<br />

novembro e dezembro. “E assim foi”, revela,<br />

“este trabalho de preparação foi bastante<br />

útil porque foi uma altura realmente forte,<br />

acabámos por fazer mais do que 30% do<br />

volume durante essas semanas, e acabou por<br />

correr muito bem”. A tecnologia que utilizam<br />

é desenvolvida em casa e, através dela,<br />

conseguem adaptar os recursos humanos<br />

de que dispõem aos aumentos de volume e<br />

“permite-nos aguentar escala, ser mais rápidos<br />

e mais eficientes”.<br />

“É UM JOGO DE MILÍMETROS”<br />

Enquanto solução “white label”, Pedro<br />

Vasconcelos olha para a Batch “como o<br />

próprio departamento dentro das empresas”,<br />

pelo que têm de se adaptar e perceber qual<br />

é a filosofia e a maneira de trabalhar das<br />

empresas, e como tal, cada marca envia um<br />

manual de preparação das encomendas para<br />

que a encomenda saia como se estivesse a sair<br />

de uma loja. “Há marcas que querem pôr um<br />

pouco de perfume na roupa, ou uma mensagem<br />

mais personalizada, e nós temos de conseguir<br />

dar resposta”.<br />

Também se adaptam aos serviços de<br />

copacking para datas especiais, como


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16<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

Dia dos Namorados, Dia do Pai, Natal, e<br />

outras campanhas específicas, ou situações<br />

mais pontuais em que o consumidor recebe<br />

um brinde por comprar determinado artigo<br />

ou quantidade, e isso também traz alguma<br />

exigência ao processo, pois “nós não podemos<br />

falhar com o brinde, porque isso vai trazer<br />

reclamações”.<br />

Para que a marca também possa ter<br />

visibilidade sobre este processo, contam<br />

com uma plataforma onde o cliente tem<br />

visibilidade sobre toda a sua operação, de<br />

forma autónoma e autossuficiente. Defende<br />

que é importante ter em conta a constante<br />

atualização, e para isso procuram saber as<br />

necessidades de cada parceiro, deixam-<br />

-no testar novas funcionalidades e fazem<br />

questionários de satisfação. “Esta parte de<br />

experiência de utilizador é muito importante<br />

para nós”.<br />

“Nenhum passo do processo logístico<br />

pode ficar descuidado. Desde o momento em<br />

que um produto chega até ao momento em<br />

que vai para a prateleira e que é preparado,<br />

nós costumamos dizer que é um ‘jogo de<br />

milímetros’, e todos esses passos têm de estar<br />

devidamente digitalizados e otimizados para<br />

conseguirmos ser eficientes”.<br />

ENTREGAS À PRIMEIRA TENTATIVA<br />

Pedro Vasconcelos considera que uma das<br />

particularidades que distinguem a Batch é<br />

a inovação, e procuram manter alta a taxa<br />

de sucesso na primeira entrega, conseguida<br />

através de um melhor contacto com o cliente<br />

final. “Um cliente que receba uma encomenda<br />

através da Batch, se quiser reagendar, não<br />

precisa de ligar para nós para fazer esse<br />

reagendamento, é feito no seu telemóvel,<br />

numa página, em dois, três cliques”, explica<br />

o CEO, acrescentando que isso faz com que,<br />

para o cliente, seja uma experiência mais<br />

satisfatória, devido à rapidez e conveniência,<br />

imprimindo em simultâneo eficiência aos<br />

processos da Batch, sem ser necessário<br />

aumentar demasiado a equipa.<br />

A Batch apresenta uma taxa de sucesso<br />

na primeira entrega de 97%, e considera<br />

que isso se deve a não levar o cliente para<br />

uma nova plataforma, mas sim aproveitar as<br />

plataformas em que o cliente já está presente<br />

“e não precisar de inventar a roda”, como é o<br />

caso do Whatsapp. “Toda a jornada, a partir<br />

do momento em que uma encomenda é posta<br />

em trânsito até que é entregue, o cliente vai<br />

recebendo notificações no seu whatsapp, e se


SCM Supply Chain Magazine 17<br />

não estiver em casa basta o cliente dizer ‘não<br />

estou’ ou clicar num botão, e faz com que o<br />

estafeta não tenha de ir, e que o cliente possa<br />

reagendar a sua encomenda”, explica, “isto é<br />

benéfico para as duas partes, e são coisas como<br />

estas que nos fazem ter graus de satisfação<br />

altíssimos, por parte do cliente final, que no<br />

final do dia é o que interessa ao retalhista”.<br />

Graças à grande densidade populacional<br />

das áreas urbanas, conseguem fazer várias<br />

entregas por hora, mas enfrentam dois<br />

desafios:<br />

• Transporte – perceber qual o melhor a<br />

utilizar, se uma mota, se uma bicicleta, ou<br />

mesmo a pé. “É um desafio muito grande<br />

que nós olhamos e analisamos e em que<br />

estamos a fazer progressos”;<br />

• Sustentabilidade – já têm algumas entregas<br />

a serem feitas de forma sustentável e estão<br />

em testes durante <strong>2023</strong>, procurando atingir<br />

uma quota de pelo menos 50% das suas<br />

entregas em Lisboa de maneira sustentável<br />

ainda este ano. “Agora prende-se mais com<br />

a questão das próprias baterias das motas<br />

e a capacidade que aguentam, e de sermos<br />

capazes de ter a infraestrutura montada”.<br />

LOGÍSTICA INVERSA<br />

Ao mesmo tempo, aproveitam as viagens para<br />

o caso de ser necessário agendar alguma<br />

devolução, apesar de ser algo que procuram<br />

evitar. “Já há muitas coisas que se podem fazer,<br />

cada vez mais, para minimizar as devoluções:<br />

cada vez melhores descrições de produtos,<br />

colocarem medidas, tamanhos ou fotografias”,<br />

aponta. Isto é um trabalho que também<br />

fazem com os parceiros, e muitos já trabalham<br />

bastante essa área, destacando-se o setor<br />

têxtil. “A devolução é uma dor, e nós acabámos<br />

por desenvolver uma solução – não só pelo<br />

custo, mas por todo o trabalho administrativo<br />

que é preciso ter”.<br />

Pedro Vasconcelos explica que todo o processo<br />

de devolução é moroso, e traz custos associados,<br />

e não só a nível monetário, mas também “falar<br />

com o cliente, agendar a devolução, receber o<br />

produto, e o tempo todo que o produto está neste<br />

processo e que não está disponível para venda,<br />

que em média acaba por ser uma a duas semanas.<br />

O que nós fizemos foi criar aqui uma solução<br />

muito rápida, em que em três cliques o retalhista<br />

consegue agendar uma devolução, e depois<br />

nós acabamos por incluir as recolhas dessas<br />

devoluções nas rotas dos nossos estafetas”.


18<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

MAIOR PROXIMIDADE E<br />

IMEDIATISMO<br />

A Batch conta com uma darkstore em Lisboa,<br />

na região de Alvalade, e planeia abrir uma<br />

nova na região do Porto, ainda em <strong>2023</strong>.<br />

Porém, apesar de serem uma solução cada<br />

vez mais utilizada para a distribuição urbana,<br />

as darkstores estão a enfrentar dificuldades<br />

ao nível da inflação dos preços do mercado<br />

imobiliário, e Pedro Vasconcelos acredita que<br />

as marcas devem ter este valor de fulfillment<br />

em conta nas suas estruturas de custos, de<br />

modo a que continuem a ser competitivas:<br />

“para as marcas, uma das coisas que têm de ter<br />

consciência é que se querem esta proximidade,<br />

se querem esta competitividade e acrescentar<br />

este valor, então isso tem um custo, e é<br />

preciso ter esse custo em conta quando fazem<br />

o seu planeamento financeiro”.<br />

“Sem dúvida que as darkstores são uma<br />

tendência, e ainda o último relatório do Shopify<br />

sobre tendências para <strong>2023</strong> explicava que o


SCM Supply Chain Magazine 19<br />

consumidor quer duas coisas: transparência<br />

no seu processo de last mile e rapidez. E 46%<br />

dos consumidores que não tenham essas duas<br />

componentes no mesmo local vão comprar<br />

a outro lado”, comenta o CEO. “As empresas<br />

têm cada vez menos margem de manobra para<br />

errar com o cliente. Há cinco ou dez anos as<br />

entregas numa semana eram perfeitamente<br />

aceitáveis”. Hoje, reina o imediatismo. já não<br />

só por parte do cliente final, mas também das<br />

empresas. “As marcas querem um parceiro<br />

que lhes dê respostas imediatas e que ao final<br />

do dia lhes tenha resolvido o problema. E um<br />

problema é uma encomenda atrasada, é uma<br />

encomenda que não saiu corretamente, é<br />

quando os clientes se queixam… e fazem-no<br />

diretamente à marca”.<br />

EXPANSÃO NACIONAL<br />

Em <strong>2023</strong>, com a chegada a uma nova cidade,<br />

esperam crescer três vezes em volume, e<br />

aumentar cada vez mais a rentabilidade<br />

das suas operações, com o objetivo de se<br />

tornarem uma empresa sustentável. Quase<br />

semanalmente olham para os dados para ver<br />

se os seus objetivos estão a ser cumpridos,<br />

pensando em novas maneiras de atingir os<br />

objetivos a que se propuseram.<br />

“Acreditamos que a Batch está para ficar<br />

no panorama nacional, e esperemos nós,<br />

internacional, durante muitos anos, e temos<br />

um objetivo: continuar a reforçar a equipa,<br />

e os quadros da equipa”, avança Pedro<br />

Vasconcelos, pois olhando para a sua carreira<br />

profissional, “não interessa se estamos a<br />

vender detergentes, casas ou trotinetes.<br />

O que interessa aqui são as pessoas e a<br />

qualidade das pessoas”.<br />

“Ao nível da darkstore do Porto, sem dúvida<br />

que vai ser um desafio muito interessante<br />

para a Batch, pois acaba por ser uma nova<br />

cidade, um novo mercado e novas dinâmicas”,<br />

aponta o responsável, considerando que vão<br />

ter situações diferentes das de Lisboa, desde<br />

a meteorologia e tráfego urbano aos próprios<br />

hábitos culturais. “Coisas desse género têm<br />

impacto na operação, e podemos ter que<br />

repensar algumas coisas que até hoje não<br />

eram realidade, mas estamos muito positivos<br />

com o que está para vir”.<br />

Para além do Porto, Pedro Vasconcelos<br />

adianta ainda que estão a avaliar a<br />

possibilidade de se expandirem para<br />

as capitais de distrito, não através de<br />

darkstores, mas pelo menos com uma nova<br />

frota que lhes permita chegar lá. “Isto<br />

também é uma novidade que introduzimos


20<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

no nosso plano de expansão e que esperamos<br />

poder materializar na segunda metade de<br />

<strong>2023</strong>”.<br />

TENDÊNCIAS PARA <strong>2023</strong><br />

Num olhar mais estratégico, destaca duas<br />

tendências para <strong>2023</strong>. Se por um lado, os<br />

últimos eventos globais trouxeram um<br />

ambiente de incerteza, com aumentos nas<br />

taxas, para o consumidor final isso também se<br />

irá refletir, reduzindo o rendimento disponível<br />

das famílias, “o que faz com que o consumidor<br />

seja mais exigente e selecione melhor onde<br />

vai gastar o seu dinheiro”. Acabam por ser<br />

decisões cada vez mais pensadas e, ao nível<br />

dos envios, o CEO aponta que isso reflete-se<br />

em dois pontos fundamentais: custo e rapidez,<br />

sendo fundamental haver essa transparência<br />

para que o consumidor saiba quanto irá gastar<br />

e quando terá o produto.<br />

A nível mais macro, outra tendência será<br />

os aumentos de stock. “Se há um ano ou dois<br />

estávamos a dizer que ter pouco stock era<br />

a nova tendência, hoje, como os produtos<br />

demoram mais tempo a chegar, as marcas<br />

acabam por precisar de fazer um melhor<br />

planeamento do seu stock”, área onde a Batch<br />

também procura dar suporte, através da<br />

análise de dados e de ferramentas próprias.<br />

“As empresas vão ter de ‘fazer mais com<br />

menos’, e eu acho que em alturas de crise é<br />

onde se aplica mais. Vão ter de repensar todos<br />

os seus parceiros, todas as suas estratégias”,<br />

conclui Pedro Vasconcelos. •


SCM Supply Chain Magazine 21


22<br />

LOGÍSTICA<br />

Grândola Logistics<br />

Park Euro-Atlantic<br />

Texto: Dora Assis<br />

“ESTAMOS A<br />

CRIAR UM NOVO<br />

HUB LOGÍSTICO NA<br />

PENÍNSULA IBÉRICA”<br />

O Grândola Logistics Park Euro-Atlantic<br />

(GLPEA), cuja construção arranca em <strong>2023</strong>,<br />

quer ser o hub estratégico na cadeia de<br />

abastecimento global. Considerado Projeto<br />

PIN, este empreendimento logístico e<br />

industrial, que vai nascer em Grândola, é<br />

o maior investimento já feito em Portugal<br />

numa plataforma logística verde.


Hadrien Fraissinet, CEO da Qantara Capital<br />

SCM Supply Chain Magazine 23<br />

Logistics Park Euro-Atlantic” é o<br />

nome da nova plataforma logística de 130<br />

“Grândola<br />

hectares, que acaba de ser considerada<br />

Projeto PIN (Potencial Interesse Nacional) e<br />

promete ser um player-chave para a indústria<br />

a nível internacional. O GLPEA é desenvolvido<br />

pela Qantara Capital. O investimento inicial<br />

previsto é de 500 milhões de euros.<br />

O município de Grândola vai assim receber<br />

um dos maiores parques logísticos privados em<br />

Portugal, tornando-se um hub chave que irá<br />

reforçar a supply chain euro-atlântica.<br />

Os 130 hectares da futura plataforma<br />

serão divididos em megalotes, com um total<br />

de 670.000 metros quadrados de área de<br />

construção destinados a logística, indústria<br />

e serviços, 300.000 metros quadrados para<br />

infraestruturas adjacentes e 330.000 metros<br />

quadrados para áreas verdes.<br />

O GLPEA está ligado à via rápida IC1, a<br />

8 km do centro do município de Grândola e<br />

da autoestrada A2, a 100 km de Lisboa. O<br />

projeto tem também ligação ferroviária direta<br />

ao Corredor Internacional Sul, que por sua vez<br />

liga o porto de Sines a Espanha. Com estação<br />

ferroviária privada, funcionará como uma<br />

plataforma intermodal e, segundo a promotora,<br />

“uma porta de entrada para a Europa e para o<br />

Atlântico”.<br />

Em declarações à Supply Chain Magazine<br />

Hadrien Fraissinet, CEO da Qantara Capital,<br />

explica que “a posição de Portugal no mundo,<br />

próximo do Atlântico, mas ligado à Europa, é<br />

uma das mais atraentes localizações que se<br />

pode ter” para o desenvolvimento de projetos<br />

industriais e logísticos e para as cadeias de<br />

abastecimento globais.


24<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

INTEGRAÇÃO NAS CADEIAS<br />

INTERNACIONAIS<br />

Extrapolando para a situação que atualmente se<br />

vive no mundo, Hadrien Fraissinet lembra que<br />

“as rotas e ligações com a Rússia para já estão<br />

fechadas e ninguém sabe exatamente como vão<br />

ficar as relações com a China, que é no momento<br />

outra das grandes incógnitas”. Portanto, na ótica<br />

do investidor, o CEO da Qantara Capital não tem<br />

dúvidas que “é preferível estar num país que nos<br />

confere algum grau de certeza e de estabilidade<br />

e tentar isolar, tanto quanto possível, elementos<br />

que escapam ao nosso controlo”.<br />

Sobre o impacto que o projeto irá ter na<br />

indústria e na logística, tanto em Portugal como<br />

na Europa, o gestor não tem dúvidas que será<br />

grande. “Primeiramente na região onde se insere,<br />

o Alentejo, pois irá criar postos de trabalho e,<br />

tanto do ponto de vista social como económico,<br />

numa perspetiva muito positiva”.<br />

Na sua visão, Portugal precisava de novas<br />

infraestruturas, mais verdes, mais flexíveis,<br />

para poder possa servir um amplo número de<br />

empresas e necessidades. “Durante os últimos<br />

25 anos, sempre que alguém perguntava sobre<br />

logística em Portugal, a resposta era Espanha,<br />

e isto era algo que nunca compreendi. Portanto,<br />

quando aqui cheguei, enquanto investidor<br />

quis perceber porque é que a resposta para<br />

Portugal era Espanha. E o que eu vejo agora<br />

é que se criarmos algo grande, flexível,<br />

com boas infraestruturas, podemos não só<br />

ajudar e impulsionar a economia doméstica,<br />

como também integrar o país nas cadeias<br />

internacionais”. E detalha: “o novo corredor<br />

ferroviário de Sines para Madrid e depois<br />

para a Alemanha é algo muito importante,<br />

pois sabemos que 80% do tráfego de Sines é<br />

ferroviário, e foi por isso que quando andámos<br />

à procura de terrenos fizemo-lo em parceria<br />

com a IP e com o município de Grândola, pois<br />

para nós era fundamental a ligação à ferrovia”.<br />

SUSTENTABILIDADE NO CENTRO<br />

DAS PREOCUPAÇÕES<br />

Mas para além destes impactos, tanto a nível<br />

interno como internacionalmente, há um outro<br />

aspeto que Hadrien Fraissinet aponta como<br />

fundamental e que passa por desenvolver<br />

a plataforma logística do futuro. “Temos a<br />

possibilidade de criar a plataforma logística<br />

mais verde que é possível aos dias de hoje: algo<br />

que interessa ao governo, aos futuros ocupantes<br />

dos espaços e aos operadores. Vamos criar algo<br />

de raiz e é muito mais fácil implementar estas<br />

componentes numa construção nova do que<br />

quando estamos a adaptá-las a uma estrutura<br />

que já existe. Para nós é fundamental que<br />

toda e qualquer construção nesta plataforma<br />

tenha preocupações ambientais e certificação<br />

verde”. Dentro da lógica de green building é de<br />

salientar a aposta em energia solar e na análise<br />

e consumo inteligente dos vários recursos e,<br />

no que diz respeito ao transporte, “teremos<br />

estações de carregamento de hidrogénio verde,<br />

que virá de Sines, e também elétricas, ou seja,<br />

quando os camiões e carrinhas reabastecerem,<br />

será com energias verdes e renováveis”.<br />

Não menos importante é a questão da<br />

sustentabilidade do ponto de vista social.<br />

Além dos postos de trabalho que serão<br />

criados, estimados em 1.000, “queremos ter a<br />

certeza de que as pessoas e as suas famílias<br />

sairão ganhadoras”.<br />

Portanto, do projeto faz parte a criação<br />

de um jardim de infância no espaço, áreas<br />

dedicadas à educação mas também à formação.


SCM Supply Chain Magazine 25


26<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

“É um envolvimento social que nos parece<br />

muito importante criar, para que Grândola<br />

permaneça tão encantadora quanto é hoje,<br />

mas que a população beneficie diretamente da<br />

riqueza que ali irá ser gerada, para que todos<br />

ganhem: o ambiente, a economia, mas também<br />

a população local”.<br />

O mundo e as cadeias de abastecimento têm<br />

estado em agitação e acelerada mudança desde<br />

2020. E todos os eventos entretanto registados<br />

têm, no entender do nosso interlocutor<br />

destacado “a importância estratégica do<br />

corredor comercial euro-atlântico, onde<br />

Portugal está a tornar-se protagonista. A escala,<br />

a localização e a intermodalidade do GLPEA<br />

refletem esta nova realidade”. Hadrien está<br />

convencido que “com o GLPEA estamos a criar<br />

um novo hub logístico na Península Ibérica”.<br />

A CBRE Portugal vai assessorar a Qantara<br />

Capital no processo de promoção e<br />

comercialização do GLPEA e Nuno Torcato e<br />

Miguel Alvim, respetivamente diretor da área<br />

de Industrial e Logística e diretor da área<br />

de Promoção Imobiliária da CBRE Portugal,<br />

comentam que “o GLPEA surge para dar<br />

resposta a uma crescente procura de espaços<br />

de dimensão, flexíveis e alinhados com os mais<br />

altos padrões a nível de ESG. Portugal é cada<br />

vez mais um destino de players internacionais<br />

e as características específicas deste projeto,<br />

bem como as suas extraordinárias ligações<br />

rodoviárias e ferroviárias ao Porto de Sines,<br />

assim como a Lisboa, Porto e Espanha, irão<br />

ajudar a consolidar Portugal como destino<br />

preferencial para empresas industriais e<br />

intervenientes do setor de supply chain a nível<br />

mundial”.<br />

A construção do GLPEA deverá arrancar já<br />

em <strong>2023</strong>, com o início das operações previsto<br />

para 2024. •


SCM Supply Chain Magazine 27<br />

Ficha técnica:<br />

• Superfície do parque: 1.270.000 m2<br />

• Área de construção: 670.000 m2<br />

• Infraestrutura adjacente: 300.000 m2<br />

• Áreas verdes: 330.000 m2<br />

• Altura do edifício: 15m<br />

• Estacionamento de contentores e de camiões<br />

• Estações de carregamento elétrico e de<br />

hidrogénio para veículos particulares e<br />

comerciais<br />

• Serviços de utilidade pública<br />

• Ligação à linha de média tensão REN<br />

• Parque de painéis solares<br />

• Reservatório de água + Estação de Tratamento<br />

de Água (ETAR)<br />

• Conexão de internet fibra ótica<br />

• Segurança e acessos<br />

• Vigilância CCTV centralizada<br />

• Incêndio de primeira resposta e unidade<br />

médica no local<br />

• Rodovia: ligação direta ao IC1<br />

• Ferrovia: conexão direta com a Linha do Sul<br />

• Heliporto / Drone pad


28<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

Tendências<br />

A LOGÍSTICA DO FUTURO:<br />

O QUE ESPERAR?<br />

A entrada num novo ano é sempre uma<br />

boa altura para fazer balanços, estabelecer<br />

metas e preparar os negócios para todas as<br />

oportunidades que poderão surgir. Num<br />

mundo em constante mudança, é importante<br />

que qualquer empresa que se queira destacar<br />

e ganhar vantagem competitiva se mantenha<br />

a par de todas as novas tendências no setor<br />

onde atua e esteja recetivo e preparado para<br />

se adaptar. Só assim continuará a conseguir<br />

corresponder àquilo que o mercado e os<br />

consumidores esperam.


Mariana Jota, Diretora de Estratégia da Vonzu<br />

SCM Supply Chain Magazine 29<br />

É<br />

impossível refletir acerca das principais<br />

tendências para o setor da logística e<br />

distribuição sem mencionar a crescente<br />

preocupação ao nível da sustentabilidade.<br />

Perante o cenário de emergência climática<br />

que estamos a viver e tendo em conta<br />

o crescimento exponencial do comércio<br />

digital, questões como a descarbonização<br />

e a redução da emissão de gases poluentes<br />

são preocupações crescentes para os<br />

consumidores. Esta preocupação deverá ser<br />

entrosada dentro das próprias empresas, que<br />

terão de procurar a melhor forma de adaptar<br />

as suas operações para que se tornem mais<br />

amigas do ambiente.


30<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

Quando pensamos em estratégias para<br />

tornar o setor mais sustentável, a adoção<br />

de veículos elétricos ou híbridos é uma das<br />

que requer maior ponderação. Para além<br />

de distribuições mais sustentáveis, recai<br />

também sobre as empresas o ónus para<br />

o uso de materiais mais ecológicos nos<br />

produtos que comercializam. Além disso,<br />

o panorama atual coloca as cadeias de<br />

abastecimento numa situação em que irão,<br />

inevitavelmente, sofrer alterações. Tendo isto<br />

em conta, o estabelecimento de percursos<br />

mais concentrados e distribuídos por áreas<br />

mais restritas – em suma, a aplicação<br />

da regionalização - terá efeitos bastante<br />

positivos nos negócios e na perceção<br />

destes por parte do público: contribuirá não<br />

só para a rapidez das entregas, como irá<br />

também reduzir consideravelmente os custos<br />

ambientais inerentes a este tipo de serviços,<br />

sem colocar em causa a sua qualidade. É<br />

importante ter sempre em mente que a<br />

exigência dos consumidores com a ética<br />

e compromisso das empresas tem vindo<br />

a aumentar e, com a oferta de produtos<br />

conscientes e sustentáveis cada vez maior,<br />

torna-se fundamental trabalhar sempre com<br />

vista a oferecer a melhor qualidade e a maior<br />

eficiência possível.<br />

O FUTURO É TECNOLÓGICO<br />

Não há dúvidas: o futuro da logística terá<br />

a sua base no tecnológico e a adoção de<br />

novas práticas neste sentido será cada<br />

vez mais recorrente. O uso, por exemplo,<br />

de inteligência artificial e mecanismos de<br />

automação em processos logísticos está a<br />

revolucionar o funcionamento das cadeias<br />

de abastecimento, não apenas ao nível da<br />

gestão dos armazéns, mas também no que<br />

diz respeito à própria distribuição e recolha<br />

de encomendas. A verdade é que este tipo<br />

de tecnologia veio para facilitar inúmeros<br />

processos, nomeadamente no que toca à<br />

execução de tarefas metódicas de forma mais<br />

rápida e à agilização de diversos processos,<br />

tornando-se um complemento de valor à mão<br />

de obra humana.<br />

Com o aumento generalizado das vendas<br />

online, aumenta também a quantidade<br />

de dados com os quais as empresas têm<br />

de trabalhar. É exatamente neste sentido<br />

que surge outra das principais tendências<br />

atuais no setor: o uso de Big Data. A<br />

crescente capacidade tecnológica de analisar<br />

o crescente volume e complexidade de<br />

dados fornece, não apenas informações<br />

valiosas sobre os clientes do negócio em<br />

questão, como ainda permite a avaliação e a<br />

otimização de processos, sempre com vista<br />

a melhorar a satisfação dos mesmos face às<br />

suas entregas.<br />

Quando o tema é a adoção deste tipo<br />

de práticas, são ainda muitos os que se<br />

encontram reticentes por desconhecimento<br />

ou por pensarem que estas tecnologias<br />

virão substituir o trabalho humano. É<br />

verdade que a tecnologia desempenha<br />

um papel cada vez mais proeminente no<br />

funcionamento de inúmeras empresas dos<br />

mais diferentes setores. Ainda assim, é<br />

importante compreender que a sua função<br />

passa por apoiar e complementar o trabalho<br />

humano e facilitar processos mais mecânicos


SCM Supply Chain Magazine 31<br />

e metódicos, aliviando a carga de trabalho das<br />

pessoas e possibilitando-lhes um maior foco<br />

em tarefas de escopo maior.<br />

SEGURANÇA E TRANSPARÊNCIA<br />

Ora, se as previsões são de um setor cada<br />

vez mais digitalizado, é impossível passar<br />

ao lado do tema da privacidade de dados.<br />

Fugas de informação de clientes são algo<br />

que se deve sempre temer neste setor.<br />

Torna-se, portanto, fundamental investir em<br />

soluções e parceiros que garantam, não só a<br />

segurança dos dados de todos os envolvidos<br />

nas empresas, mas também procurar manter<br />

a máxima transparência com os clientes ao<br />

longo de todo o processo. Cada vez mais os<br />

clientes valorizam a partilha de informações<br />

como a localização exata da sua encomenda,<br />

o percurso que fará até ao seu destino e o<br />

tempo estimado para a entrega, pelo que, se<br />

o objetivo é ganhar novos clientes, fidelizar<br />

os antigos e ter a confiança de ambos, apostar<br />

neste tipo de prática deverá estar na lista de<br />

prioridades.<br />

Em suma: sustentabilidade, tecnologia<br />

e segurança serão as grandes temáticas a<br />

ter em mente para este novo ano. Todas<br />

estas tendências já começam a impactar o<br />

setor e devem começar a ser tidas em conta<br />

pelas diferentes empresas de logística e<br />

distribuição, para que não fiquem para trás<br />

numa indústria em tão rápido progresso. •


32<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

PROCUREMENT<br />

Fullstep<br />

Texto: Fábio Santos<br />

“ESTE É O MOMENTO<br />

CERTO PARA<br />

EXPANDIR O NOSSO<br />

NEGÓCIO NO PAÍS”<br />

Criada há mais de 20 anos em Espanha, a<br />

Fullstep é especialista em soluções digitais<br />

end-to-end, consultoria e outsourcing de<br />

relação entre as empresas e fornecedores,<br />

a primeira plataforma espanhola a<br />

chegar ao mercado vizinho. Ao longo das<br />

últimas décadas, a tecnológica tem vindo<br />

a desenvolver a sua plataforma Source-<br />

-to-Pay e a adaptar-se aos desafios dos<br />

clientes, tendo chegado ao nosso país no<br />

ano passado.<br />

Recém-chegada ao nosso país, a Fullstep<br />

está ainda a adaptar-se ao mercado, pois<br />

embora se encontre “mesmo ao lado”,<br />

tem as suas diferenças e especificidades<br />

próprias. Em entrevista à SCM, Rosario Piazza,<br />

CEO da empresa, revela que “Portugal é um<br />

mercado em que sempre estivemos atentos e<br />

acreditamos que este é o momento certo para<br />

expandir o nosso negócio no país”.<br />

O responsável justifica, apontando que estas<br />

soluções, com base na inovação e tecnologia,<br />

são cada vez mais procuradas em Portugal.<br />

“A digitalização de empresas está a estender-<br />

-se a mais segmentos, e isto é especialmente<br />

notório no nosso setor de aprovisionamento.<br />

Para responder a esta necessidade, estamos à<br />

procura dos parceiros certos para se juntarem<br />

a nós”.<br />

Ao longo dos mais de 20 anos de existência,<br />

conta que têm sido confiados por grandes<br />

empresas multinacionais, e que “isto ‘obrigou-<br />

-nos’ a aceitar o desafio de nos adaptarmos a


SCM Supply Chain Magazine 33<br />

tempo às exigências de um mercado muito<br />

exigente”, revela.<br />

MERCADO EM CONSTANTE<br />

MUDANÇA<br />

A adaptação ao mercado foi feita “tanto<br />

através do alargamento progressivo do âmbito<br />

funcional, como através da adaptação do<br />

desenvolvimento, desenho, infraestrutura<br />

e segurança da plataforma”, explica-nos<br />

Rosario Piazza, e “graças a isto, ainda hoje<br />

somos a única empresa espanhola que pode<br />

verdadeiramente competir com os grandes<br />

gigantes globais da tecnologia no segmento<br />

da plataforma Source-to-Pay”.<br />

A plataforma da Fullstep é construída a<br />

partir do zero, de forma a “facilitar a integração<br />

com qualquer ERP no mercado e outras<br />

ferramentas do ecossistema”, combinando<br />

o know-how de 20 anos de gestão digital e<br />

otimização dos processos de compra e da


34<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

cadeia de abastecimento com a inovação<br />

tecnológica contínua. “É muito importante<br />

para nós que a solução esteja perfeitamente<br />

adaptada ao cliente, às suas necessidades e aos<br />

seus sistemas”, defende Rosario Piazza.<br />

Independentemente do seu tamanho, cada<br />

vez mais empresas “optam por implementar<br />

soluções tecnológicas que as ajudam a<br />

ultrapassar tempos convulsivos e incertos<br />

como os que se verificam há já algum tempo”,<br />

o que leva a que a Fullstep se mantenha no<br />

crescimento das empresas. “Acreditamos que os<br />

ambientes em mudança são uma oportunidade<br />

para as organizações que não têm medo de se<br />

reinventarem concebendo novas estratégias,<br />

impulsionando a inovação através da<br />

tecnologia ou readaptando os seus processos”.<br />

Para conseguirem ajudar as empresas a<br />

obter este crescimento, Rosario Piazza defende<br />

que o devem “à nossa oferta global e flexível,<br />

tornando a atividade de compra de qualquer<br />

empresa mais eficiente, segura e lucrativa,<br />

com uma abordagem de 360º. Este é um<br />

dos aspetos-chave que nos diferencia como<br />

empresa”. O CEO considera que por contarem<br />

Rosario Piazza, CEO da Fullstep<br />

com várias soluções que se interligam ao<br />

invés de uma única, “podemos empreender<br />

melhorias específicas ou abordar projetos<br />

integrais onde os nossos serviços (consultoria e<br />

outsourcing) se complementam uns aos outros,<br />

multiplicando o valor da tecnologia”.<br />

A plataforma funciona como uma ferramenta<br />

dinâmica que vai sendo adaptada às exigências<br />

do mercado, sendo “versátil e configurável<br />

às necessidades de cada empresa, bem como


SCM Supply Chain Magazine<br />

35<br />

escalável, ou seja, a sua configuração por<br />

módulos permite a seleção das aplicações a<br />

implementar na empresa de acordo com a fase<br />

do ciclo de despesas, e de acordo com uma<br />

estratégia e objetivos específicos”, explica<br />

Rosario Piazza.<br />

CHEGADA AO MERCADO<br />

PORTUGUÊS<br />

A empresa tem prestado serviços e<br />

implementado a sua tecnologia em empresas<br />

portuguesas e filiais de empresas europeias.<br />

“Esta experiência permitiu-nos confirmar a<br />

adequação das nossas soluções ao mercado<br />

português e conhecê-lo melhor”, destacando<br />

que apesar da sua proximidade e afinidades<br />

com Espanha, “é um mercado com as suas<br />

próprias particularidades”.<br />

Embora os mercados tenham as suas<br />

diferenças, considera fundamental que<br />

“Espanha e Portugal concordem na<br />

necessidade de fazer progressos decisivos<br />

na transformação digital”, e nesse sentido<br />

acrescenta ainda que “no meio da era digital,<br />

a empresa que não implementar um plano<br />

de transformação digital no seu plano de<br />

crescimento corre o risco de ficar para trás<br />

e perder os importantes benefícios de ter<br />

finalmente atingido a maturidade digital”.<br />

A Fullstep está concentrada na importância<br />

de “encontrar e escolher os parceiros certos<br />

para nos acompanharem nesta expansão”,<br />

defendendo que “esta vai ser uma questão-<br />

-chave”.<br />

ESTRATÉGIA E PLANOS PARA <strong>2023</strong><br />

Recentemente, a empresa apresentou um<br />

projeto de desenvolvimento do canal que<br />

começou no ano passado, tendo como objetivo<br />

a concentração nas vendas indiretas para a<br />

ajudar a ganhar capilaridade e crescer em<br />

novos mercados. “Para este fim, o canal<br />

Fullstep tem três perfis de colaboração:<br />

parceiros tecnológicos, parceiros de canal<br />

e parceiros integradores de sistemas. Os<br />

resultados desta nova estratégia de canal<br />

começaram a dar frutos, e terminámos o<br />

ano com várias alianças chave com parceiros<br />

que valorizam muito positivamente a nossa<br />

proposta no campo da digitalização dos<br />

processos de aquisição”, avança o CEO,<br />

acrescentando que em <strong>2023</strong> ambicionam<br />

expandir o número de alianças, e contar com<br />

parceiros em cada vez mais países.<br />

Regendo-se pelo objetivo que os move, de<br />

“tornar possível o progresso da sociedade”,<br />

em <strong>2023</strong> a empresa pretende, a nível<br />

mundial, “levar este modelo de crescimento<br />

sustentável através da otimização das<br />

aquisições e das relações entre empresas, a<br />

mais organizações em mais locais”, e a nível<br />

mais tático, “continuar a posicionar o seu<br />

software dentro e fora do mercado ibérico,<br />

continuando a desenvolver o canal indireto e<br />

a melhorar a sua tecnologia”.<br />

“2022 tem sido um grande ano para nós.<br />

Encerramos o ano com um aumento muito<br />

significativo do volume de negócios em<br />

comparação com 2021, e um aumento de<br />

30% na nossa carteira global de clientes”<br />

notou Rosario Piazza, um crescimento<br />

que também se sentiu ao nível do capital<br />

humano, com um aumento de mais 20% de<br />

novos colaboradores na equipa. “Estamos<br />

muito orgulhosos do que estamos a alcançar<br />

ano após ano, e esperamos continuar este<br />

crescimento nos próximos anos, com base<br />

na nossa estratégia de expansão através do<br />

canal do parceiro”, conclui o CEO. •


36<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

PROCUREMENT<br />

E-waste


SCM Supply Chain Magazine 37<br />

Texto: Dora Assis<br />

NOVOS PADRÕES PARA<br />

UM PROCUREMENT<br />

SUSTENTÁVEL<br />

A MMD, especialista em monitores e parceira<br />

da Philips Monitors, completou com sucesso<br />

na Nigéria um projeto-piloto para a redução<br />

sustentável do desperdício em monitores.


38<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

Podem monitores defeituosos ser reciclados<br />

de forma sustentável e com ganhos<br />

económicos? O projeto-piloto da PREVENT<br />

Waste Alliance, uma iniciativa do Ministério<br />

Federal Alemão de Cooperação Económica e<br />

Desenvolvimento (BMZ), acredita que sim.<br />

No projeto estão envolvidos alguns parceiros,<br />

aos quais a MMD se associou, como o Closing<br />

the Loop, fornecedor global de serviços de<br />

procurement sustentável, a TCO Development,<br />

organização líder mundial que atribui<br />

certificação de sustentabilidade em TI, a TCO<br />

Certified, entre outros. Em conjunto com estas<br />

entidades, a MMD desenvolveu um modelo de<br />

negócio bem sucedido sobre como estender<br />

uma solução certificada para equipamentos<br />

eletrónicos de desperdício neutro, também<br />

aplicável a monitores, estabelecendo novos<br />

padrões para um procurement mais ecológico e<br />

sustentável.<br />

O DESAFIO DO E-WASTE<br />

50 milhões de toneladas por ano. O lixo<br />

eletrónico (e-waste) é um dos desafios mais<br />

urgentes que na atualidade o mundo deve<br />

enfrentar e resolver. De acordo com um<br />

relatório da Platform for Accelerating the<br />

Circular Economy (PACE) e da UN E-Waste<br />

Coalition, os equipamentos e resíduos<br />

eletrónicos e elétricos são descartados<br />

maioritariamente através de navios, em<br />

direção a África e a países do terceiro mundo.<br />

Pelo facto de ainda existirem monitores que<br />

contêm placas de circuito integrado muito<br />

pequenas e produtos químicos queimados,<br />

como chumbo e mercúrio, que não podem ser<br />

reciclados e que, consequentemente, afetam<br />

a economia circular, são projetos deste tipo<br />

que potenciam a evolução em direção a um<br />

desenvolvimento sustentável.


SCM Supply Chain Magazine 39<br />

Pelo menos em África, grande parte destes<br />

produtos são irrecicláveis devido à falta de<br />

instalações e de recursos e equipamentos,<br />

essencialmente por não haver viabilidade<br />

económica na sua reciclagem.<br />

AUMENTAR A COMPENSAÇÃO<br />

DE RESÍDUOS<br />

Uma abordagem comprovadamente bem<br />

sucedida para mitigar e enfrentar este<br />

gigantesco desafio é o conceito de compensação<br />

do lixo eletrónico, que já é reconhecido em<br />

licitações públicas como uma solução viável<br />

para telemóveis, laptops e tablets, completando<br />

o ciclo de vida destes equipamentos.<br />

Neste modelo é adicionada uma taxa ao<br />

preço de compra de novos produtos eletrónicos,<br />

que financia a recolha de equipamentos antigos<br />

para uma reciclagem segura. As matérias-<br />

-primas, assim recuperadas, são reutilizadas no<br />

fabrico de novos produtos, tornando-os resíduos<br />

neutros.<br />

Como parte do seu compromisso para com a<br />

sustentabilidade da tecnologia que apresenta,<br />

a Philips Monitors tem vindo a apoiar o<br />

Closing the Loop e uma aliança de parceiros<br />

transnacionais – como o instituto de pesquisa<br />

Öko-Institut e. V., os parceiros nigerianos<br />

locais Verde Impacto, a Hinckley Recycling e a<br />

SRADev Nigéria – desde há cerca de um ano e<br />

meio, para construir um modelo de negócio que<br />

demonstre como o programa de compensação<br />

de resíduos pode ser estendido para a TCO<br />

Certified Edge, ou para a E-waste Compensated<br />

Certification. Como resultado, mais de 5.500<br />

monitores inutilizáveis foram recolhidos pelos<br />

parceiros para este projeto.


40<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

“Estamos satisfeitos por poder desenvolver<br />

um modelo de negócio que inclui este projeto-<br />

-piloto, que prova que o conceito bem sucedido<br />

de compensação de resíduos não funciona<br />

apenas para o segmento de telemóveis, podendo<br />

tornar financeiramente viável a reciclagem de<br />

monitores, contribuindo simultaneamente para<br />

o desenvolvimento das capacidades locais de<br />

reciclagem”, diz Stefan van Sabben, Global CSR<br />

and Sustainability Senior Manager na MMD,<br />

Philips Monitors.<br />

ECONOMIA CIRCULAR: UM<br />

CAMINHO<br />

No início do projeto, quase não havia<br />

experiência com a reciclagem de ecrãs<br />

planos na Nigéria. Monitores descartados<br />

acumulavam-se em aterros sanitários,<br />

representando um risco considerável para as<br />

pessoas e para o meio ambiente.<br />

O parceiro de reciclagem foi, por esse<br />

motivo, treinado na desmontagem manual<br />

de ecrãs planos. Este processo incluiu a<br />

remoção segura dos tubos de luz negra,<br />

que contêm mercúrio, a desmontagem<br />

segura de todos os outros componentes<br />

eletrónicos e a identificação e separação<br />

dos diferentes tipos de plásticos,<br />

incluindo aqueles que contêm perigosos<br />

retardadores de chama bromados.<br />

No final do projeto, a entidade<br />

recicladora conseguiu desmontar os ecrãs<br />

planos de forma muito segura e eficiente,<br />

reduzindo os custos necessários em<br />

mais de metade, assegurando matérias-<br />

-primas para a criação de novos produtos,<br />

e contribuindo para a circularidade<br />

económica. Embora o caminho ainda<br />

seja longo, estes são primeiros<br />

passos encorajadores para um futuro<br />

verdadeiramente sustentável. •<br />

Marcos do projeto:<br />

• Realização de 4<br />

formações presenciais<br />

e virtuais sobre<br />

desmontagem manual e<br />

segurança ocupacional a<br />

recicladores.<br />

• Recolha e processamento de<br />

30 toneladas de lixo elétrico<br />

e eletrónico de origem local<br />

na Nigéria (ultrapassagem do<br />

objetivo do projecto em 10<br />

toneladas).<br />

• Parcerias com 4<br />

agentes locais a<br />

jusante e 1 caso<br />

de reutilização.


SCM Supply Chain Magazine 41<br />

Benefícios de integrar um ERP<br />

SAP com um sistema de Picking<br />

ERP sistema de gestão empresarial.<br />

Sistema de picking é um software para gerir<br />

e acompanhar o inventário, encomendas e<br />

outras operações logísticas.<br />

Maior eficiência operacional<br />

Dados de stocks são atualizados<br />

em tempo real e automaticamente,<br />

melhorando o planeamento de produção,<br />

de compras e de distribuição.<br />

Maior visibilidade<br />

Visão mais clara e precisa da<br />

cadeia de aprovisionamento, compra<br />

de mercadorias até à entrega ao<br />

cliente, dando às empresas maior<br />

visibilidade das operações.<br />

Maior flexibilidade<br />

Maior adaptação às mudanças no mercado<br />

e análise da evolução dos pedidos dos<br />

clientes, com partilha em tempo real entre<br />

os dois sistemas.<br />

Redução de custos<br />

Reduz os custos do armazenamento e<br />

transporte de produtos, pois permite um<br />

planeamento mais eficiente dos processos<br />

logísticos empresariais.<br />

Melhoria do atendimento ao cliente<br />

Visão imediata e precisa do stock,<br />

fundamental para responder aos pedidos<br />

dos clientes melhorando o cumprimento<br />

dos prazos de entrega.<br />

Human focused<br />

Technology experts<br />

Email: geral@seidor.pt<br />

Telefone: 214177921


42<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

INTRALOGÍSTICA<br />

Aprolis compra<br />

Empigest<br />

Texto: Bruna Manguito<br />

UMA ESTRATÉGIA DE<br />

CRESCIMENTO ACELERADO<br />

A Aprolis, divisão do grupo Monnoyeur dedicada ao<br />

aluguer de longa duração de equipamentos multimarca<br />

no segmento da movimentação de cargas na Europa e<br />

na Ásia, acaba de reforçar a sua posição na Península<br />

Ibérica com a aquisição da Empigest. Este passo<br />

permitirá à empresa faturar 80 milhões de euros entre<br />

Portugal e Espanha e mais de 500 milhões na Europa,<br />

duplicando a sua faturação em apenas três anos.


SCM Supply Chain Magazine 43<br />

Com a aquisição da Empigest, a Aprolis<br />

reforça a sua posição “num mercado<br />

de alto potencial e, mais importante,<br />

contribui para o enriquecimento da nossa<br />

especialização a nível europeu”, explica o<br />

CEO da Aprolis, Benjamin de Castelnau. Esta<br />

conquista faz parte de uma estratégia rápida<br />

de crescimento da Aprolis, que fez duas<br />

significativas aquisições desde 2021, no Reino<br />

Unido, com a Impact Handling e em Itália<br />

com a CGM – Movincar. No entanto, quando<br />

questionado sobre estender o negócio ao<br />

mercado americano o responsável declarou<br />

que “ainda queremos crescer na Europa. A<br />

nossa prioridade é primeiro crescer nos seis<br />

países onde já estamos presentes (França,<br />

Reino Unido, Itália, Luxemburgo, Espanha e<br />

Portugal) graças à diversificação de novos<br />

materiais e aquisições locais”, não deixando<br />

de mencionar que “talvez um dia os Estados<br />

Unidos da América” façam parte dos planos<br />

de expansão da empresa.<br />

PRONTOS PARA INVESTIR<br />

A recuperação pós-pandemia e a guerra na<br />

Ucrânia, entre outros fatores, motivaram<br />

a espiral inflacionária e a consequente<br />

desaceleração do consumo que se tem<br />

registado nos países ocidentais, incluindo<br />

Portugal. Contudo, Benjamin de Castelnau<br />

garante que “estamos muito cautelosos com a<br />

situação atual. A inflação ainda está presente<br />

em todos os nossos países. No entanto, os<br />

nossos clientes estão a fazer muitos pedidos<br />

e esperamos comparativamente a 2022, um<br />

forte crescimento em <strong>2023</strong>”. Assim, presente<br />

em Espanha e Portugal desde 2017, a Aprolis<br />

prevê atingir com a aquisição da Empigest<br />

mais de 80 milhões de euros de faturação na<br />

Benjamin de Castelnau, CEO da Aprolis<br />

Península Ibérica e mais de 500 milhões de<br />

euros na Europa, o que lhe permitirá duplicar<br />

a faturação em apenas três anos. De facto, a<br />

empresa desenvolveu uma larga experiência<br />

no aluguer de equipamentos a longo prazo<br />

nos setores da distribuição e indústria em<br />

Portugal nos últimos 15 anos, em especial<br />

com os equipamentos da marca Crown,<br />

o que resultou num volume de faturação<br />

de mais de 20 milhões de euros em 2022.<br />

Atualmente, a Empigest gere uma frota de<br />

2.400 máquinas em contratos de aluguer de<br />

longa duração e conta com 140 empregos.<br />

A equipa está totalmente envolvida no<br />

processo de aquisição e integração nos<br />

projetos da Aprolis em Portugal e o CEO<br />

da Empigest, Carlos Carvalho, foi nomeado<br />

responsável por Portugal. “A Empigest já<br />

é líder no mercado português. Confiamos<br />

totalmente na equipa de gestão existente e<br />

a nossa estratégia será apoiá-los nos seus<br />

planos de crescimento. A nossa plataforma<br />

europeia irá oferecer mais serviços e<br />

um forte apoio financeiro aos clientes<br />

portugueses”, remata o CEO da Aprolis. •


44<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

TECNOLOGIAS<br />

Inovflow<br />

Texto: Bruna Manguito<br />

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL:<br />

A ACELERAÇÃO DO INEVITÁVEL<br />

A pandemia acelerou a transformação digital em diversos setores da cadeia de abastecimento,<br />

obrigando as empresas a adotarem novas tecnologias para se adaptarem ao atual cenário.<br />

Neste contexto, a Inovflow teve um papel fundamental ajudando as organizações a<br />

implementarem sistemas mais eficientes e digitais.


Paulo Leite de Magalhães, Founder & CEO da Inovflow<br />

SCM Supply Chain Magazine 45<br />

A<br />

pandemia mudou radicalmente a<br />

forma como as empresas operam, com<br />

um impacto significativo nas cadeias<br />

de abastecimento a nível global. Neste<br />

sentido, a tecnologia serviu como aliada<br />

na mitigação dos desafios e na melhoria<br />

da eficiência das organizações. Paulo<br />

Leite de Magalhães, founder & CEO da<br />

Inovflow, declarou que “com tecnologias<br />

mais precisas e mais avançadas, as cadeias<br />

de abastecimento conseguiram melhorar<br />

a eficiência, permitindo uma visibilidade<br />

mais clara, uma decisão mais informada com<br />

melhor identificação de padrões e tendências<br />

na procura, e, também, uma logística mais<br />

eficiente, o que permitiu uma melhor e mais<br />

rápida resposta à mudança”.<br />

Segundo o responsável, o primeiro passo<br />

para responder às necessidades das empresas<br />

é perceber o seu contexto e identificar<br />

como a tecnologia as poderá auxiliar, “a<br />

personalização, integração e escalabilidade<br />

são pontos fundamentais para nós no processo<br />

com os nossos clientes”. Assim, as soluções<br />

desenvolvidas pela Inovflow são adaptadas às<br />

necessidades específicas de cada negócio e são<br />

projetadas para serem eficientes e otimizar os<br />

processos, resultando em ganhos de tempo e<br />

produtividade. A integração é também um fator<br />

crucial para a empresa, que procura melhorar<br />

e tornar os processos mais eficazes, integrando<br />

a sua tecnologia com outras soluções que<br />

os clientes já possam possuir. Por fim, a<br />

escalabilidade é outro ponto muito importante<br />

para a tecnológica, “sabemos que as empresas<br />

quando investem, querem investir em soluções<br />

que sejam duradouras e escaláveis”, garante<br />

Paulo Leite de Magalhães.<br />

TENDÊNCIAS E DESAFIOS<br />

De acordo com o founder & CEO da Inovflow,<br />

a implementação e desenvolvimento de<br />

software ERP é uma das principais áreas de<br />

atuação da empresa, que tem um impacto<br />

significativo nos mais diversos setores de<br />

atividade, como nas empresas de distribuição,<br />

produção, serviços, construção e logística<br />

e transportes. “O denominador comum


46<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

destes projetos é a procura de melhorias na<br />

produtividade e eficiência das operações, que<br />

normalmente apresentam um elevado fluxo<br />

de informações e processos diários”, afirmou<br />

Paulo Leite de Magalhães. O responsável<br />

destacou ainda que, com a transição para a<br />

Cloud, tem crescido a procura deste tipo de<br />

solução, “atualmente, a Cloud é vista como<br />

uma opção que ajuda à competitividade,<br />

modernização e digitalização das empresas.<br />

A pandemia acelerou significativamente<br />

esta tomada de consciência e esta transição,<br />

ainda que tenhamos um longo caminho pela<br />

frente no tecido empresarial português”.<br />

Outra área em destaque é o analytics, com<br />

a crescente necessidade de controlo de<br />

dados sobre os negócios, “temos desenhado<br />

à medida projetos de Business Intelligence<br />

para que as organizações tenham um maior<br />

conhecimento sobre o negócio, de acordo com<br />

as suas necessidades”. O CEO referiu também<br />

o aumento exponencial dos ciberataques nos<br />

últimos anos, o que tem levado as empresas<br />

a perceberem o risco que a ausência de<br />

cibersegurança pode impactar na gestão e<br />

continuidade dos negócios, o que se reflete<br />

no “aumento da procura de projetos onde os<br />

prestadores de serviços geridos encarregam-<br />

-se da sua cibersegurança, muitos recorrendo<br />

a SOC’s externos”. Quanto ao estado atual do<br />

setor da tecnologia e a sua evolução, Paulo<br />

Leite de Magalhães afirmou que tem assistido<br />

a um crescimento muito acentuado da Cloud<br />

e do SaaS (Software-as-a-service), “o mercado<br />

está a mudar e a procura por soluções que<br />

permitam escalar os negócios de forma mais<br />

simples tem sido maior, que é o caso da Cloud<br />

em comparação às soluções on-premises,<br />

que têm arquiteturas mais complexas”.<br />

Desta forma, acredita que a Cloud será uma<br />

tendência no futuro e que as organizações irão<br />

adotar cada vez mais esta solução, mas alerta<br />

para os desafios associados à cibersegurança,<br />

com os ataques a aumentar e com foco nesta<br />

tendência.<br />

APOSTAR NA INOVAÇÃO<br />

PARA EXPANDIR<br />

A Inovflow foi pelo sétimo ano consecutivo<br />

reconhecida pelo IAPMEI com o estatuto<br />

de PME Excelência. Este reconhecimento<br />

é visto pela empresa como uma prova da<br />

solidez e desempenho económico-financeiro,<br />

bem como da sua posição cada vez mais<br />

competitiva no mercado. De acordo com<br />

Paulo Leite de Magalhães, esta distinção<br />

representa “a dedicação das nossas equipas<br />

e a cultura que vivemos todos os dias.<br />

Mantemos o espírito que tínhamos há 12<br />

anos quando começamos este projeto:<br />

consciência nos detalhes em tudo aquilo<br />

que fazemos, com motivação e orgulho<br />

por contribuir para o desenvolvimento<br />

do nosso tecido empresarial e o foco no<br />

cliente e nas suas necessidades”. A empresa<br />

está empenhada em manter esta posição<br />

privilegiada no mercado e tem a certeza de<br />

que, com os novos desafios que aí vêm, vão<br />

ser novamente reconhecidos com o estatuto<br />

de PME Excelência. De facto, a empresa tem<br />

uma forte aposta na inovação tecnológica, e<br />

os seus próximos passos são a prova disso.<br />

A empresa adquiriu recentemente a SLIM<br />

Business Solutions, uma Software House<br />

bracarense, e vai agora iniciar o processo


SCM Supply Chain Magazine 47<br />

de integração, reforçando a sua presença<br />

e oferta na região Norte com soluções de<br />

gestão, suporte e manutenção, IT e, também,<br />

de cibersegurança. Paulo Leite de Magalhães<br />

afirma que esta aquisição foi um passo muito<br />

importante face a uma das áreas de negócios<br />

que querem reforçar: o desenvolvimento de<br />

soluções de software de gestão, para melhor<br />

responder às necessidades dos seus clientes e<br />

dos clientes do Canal de Parceiros Primavera,<br />

com soluções personalizadas e adaptadas às<br />

necessidades específicas de cada um. Outra<br />

das apostas da Inovflow é o EKON, uma<br />

solução Cloud da Cegid direcionada para o<br />

Mid-Market. A empresa será um dos parceiros<br />

pioneiros no lançamento desta solução em<br />

Portugal. Além disso, a Inovflow quer e vai,<br />

também, apostar na internacionalização das<br />

suas soluções já que com a aquisição da SLIM<br />

Business Solutions, deterá 47% da totalidade<br />

do negócio no mercado internacional. Por fim,<br />

o founder & CEO da Inovflow assegura que<br />

“estamos certos de que estamos no caminho<br />

certo e que, com a nossa dedicação e aposta<br />

na inovação tecnológica, vamos continuar a<br />

crescer e a expandir o nosso negócio, sempre<br />

com o objetivo de oferecer as melhores<br />

soluções aos nossos clientes”. •<br />

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48<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

TECNOLOGIAS<br />

O potencial de<br />

digitalizar<br />

DIGITALIZAÇÃO<br />

DAS CADEIAS DE<br />

ABASTECIMENTO<br />

COMO CATALISADOR<br />

DA ECONOMIA<br />

NACIONAL<br />

Perante o contexto em que nos<br />

encontramos, de volatilidade nas<br />

cadeias de abastecimento, vivemos uma<br />

oportunidade única para as empresas<br />

portuguesas ganharem dimensão<br />

internacional. Para tal, há que criar nas<br />

organizações um ADN de inovação,<br />

de testagem e risco, de não ter medo<br />

de falhar. E, com isso, estarem mais<br />

próximas do sucesso. Como? Desde logo,<br />

através da digitalização de processos.<br />

Um aspeto crucial para quem assumir<br />

comportamentos menos conservadores,<br />

através do gosto pelo risco.<br />

Vivemos tempos disruptivos nas cadeias de<br />

abastecimento global. A pandemia, numa<br />

primeira fase, as tensões com a China e a<br />

guerra na Ucrânia exigem, agora, respostas<br />

regionais, através da clusterização dessas<br />

mesmas cadeias, com a inerente diminuição<br />

da sua extensão e, como consequência,<br />

da importância de destinos localizados no<br />

Sudeste Asiático.<br />

Ora, tudo isto é uma ótima oportunidade<br />

para o tecido empresarial português, o qual<br />

deve levar em consideração um conjunto<br />

de vantagens estratégicas. Destaque para<br />

a geografia, numa zona intermédia, entre<br />

a América do Norte e a Europa ou o Médio<br />

Oriente; as ligações por mar, que podem fazer<br />

do nosso país a porta de entrada de grande<br />

parte do comércio mundial e; também um fuso<br />

horário que facilita os contactos, ao longo de<br />

um dia normal de trabalho, seja com os EUA<br />

ou com o Médio Oriente.<br />

Em face desta situação privilegiada, cabe às<br />

empresas nacionais perceber o seu potencial<br />

como players de primeira grandeza ao nível<br />

do abastecimento. Mas tal envolve ousadia e<br />

pensamento estratégico. Num momento em<br />

que Portugal recebe valores avultados, no<br />

âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência,<br />

com forte relevo para as vertentes de<br />

inovação, modernização e desenvolvimento<br />

empresarial, os gestores nacionais têm aqui<br />

margem para assumir riscos. Dessa forma,<br />

exige-se-lhes visão e massa crítica para<br />

tomarem decisões.


SCM Supply Chain Magazine 49<br />

É, pois, fundamental assumir uma apetência<br />

para fugir aos métodos desfasados que ainda<br />

fazem parte de muitas organizações. E tal<br />

deverá fazer-se através da digitalização de<br />

processos, com a definição de um bom roadmap<br />

e, dessa forma, com a definição de atividades.<br />

Mais a fundo, estes projetos de digitalização<br />

da cadeia de abastecimento implicam a adoção<br />

de três pilares: a visibilidade, o planeamento<br />

e a execução – com as respetivas soluções<br />

que permitam acompanhar e trabalhar estas<br />

mesmas dimensões.<br />

Estas ferramentas trarão condições para<br />

tomadas de decisão de forma fundamentada<br />

e consciente. Mas há, ainda, que encontrar<br />

soluções que permitam trabalhar e alimentar<br />

as dimensões acima expressas. Desde logo,<br />

a criação e implementação de cronogramas<br />

de transformação bem definidos no tempo,<br />

com prazos de execução devidamente<br />

esquematizados, definição sobre a utilização de<br />

métricas, bem como dos critérios a considerar<br />

para os objetivos do projeto serem alcançados.<br />

Nesse sentido, há que encontrar soluções,<br />

não só do lado do produto, mas também na<br />

consciencialização para a melhoria destes<br />

processos. O que implica uma maior dinâmica<br />

no interior das organizações, perante o<br />

choque de mentalidades que se verifica,<br />

com a ascensão de novas gerações, mais<br />

orientadas para a análise de dados, e que têm<br />

de transformar esses dados num contexto de<br />

negócio, para depois, os decisores de topo<br />

definirem os passos a seguir.<br />

Tiago Fernandes, Senior Business Developer (Industry 4.0), SAP<br />

Em suma, as organizações devem ser capazes<br />

de saber gerir a mudança. Não só por via de<br />

uma capacidade de inovação, como também<br />

pela forma como as equipas de gestão definem<br />

a estratégia, estruturada com base nas três<br />

grandes premissas já referidas. É ainda<br />

fundamental melhorar o conhecimento técnico<br />

dos próprios instrumentos nos processos<br />

de negócio (os quais tantas vezes não estão<br />

devidamente maduros), como também na<br />

alteração dos hábitos de trabalho e cultura<br />

empresarial. Por fim, é necessário, sem demora,<br />

encontrar alternativas à forma como as equipas<br />

de gestão definem a estratégia.<br />

Que se encontrem soluções para a economia<br />

portuguesa, a qual, demasiadas vezes, tem<br />

um perfil amedrontado e uma mentalidade<br />

conservadora. Urge fazê-lo, assim queiram as<br />

empresas nacionais estar na linha da frente<br />

e aproveitar a conjuntura geopolítica que se<br />

apresenta, tirando partido dos mecanismos<br />

que lhes permitem ter a robustez financeira<br />

que, de outra forma, não seria viável. •


50<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

TECNOLOGIAS<br />

Estudo Capgemini<br />

CADEIAS DE<br />

ABASTECIMENTO E<br />

TECNOLOGIA SÃO<br />

PRIORITÁRIAS<br />

Texto: Dora Assis<br />

Segundo um novo estudo do<br />

Capgemini Research Institute, a<br />

atual situação de instabilidade<br />

económica que se tem feito sentir<br />

está a fazer com que as empresas<br />

tenham uma abordagem cautelosa<br />

em relação aos investimentos a<br />

realizar. Conheça os principais<br />

indicadores.


SCM Supply Chain Magazine 51<br />

De acordo com o estudo “Advancing<br />

through headwinds: Where are<br />

organizations investing?”, a maioria das<br />

empresas (89%) considera que as disrupções<br />

nas cadeias de abastecimento são o principal<br />

risco para o crescimento dos seus negócios,<br />

maior mesmo do que o aumento dos preços<br />

das matérias-primas ou a crise energética.<br />

A resiliência das cadeias de abastecimento<br />

é, por isso mesmo, uma das principais<br />

prioridades e 43% das empresas tenciona<br />

ampliar os seus investimentos nesta área.<br />

A outra área para onde serão canalizados<br />

os investimentos é a tecnologia (39%), de<br />

modo a permitir que as empresas reduzam<br />

custos e apoiem assim as suas estratégias de<br />

transformação digital.<br />

No âmbito deste estudo, o Capgemini<br />

Research Institute inquiriu responsáveis de<br />

2.000 empresas líderes de mercado com mais<br />

de mil milhões de dólares de receitas anuais,<br />

em 15 países, durante os meses de novembro<br />

e dezembro de 2022, e analisou quais as suas<br />

estratégias de investimento nos próximos 12<br />

a 18 meses para as áreas da transformação<br />

digital, das cadeias de abastecimento,<br />

do talento & das competências, e da<br />

sustentabilidade.<br />

Aiman Ezzat, CEO do Grupo Capgemini<br />

afirma a este propósito: “Os líderes<br />

empresariais em todo o mundo estão a<br />

concentrar os seus investimentos nas<br />

áreas que podem continuar a impulsionar<br />

a transformação dos seus negócios. Neste<br />

sentido, devem aproveitar as oportunidades<br />

que a tecnologia oferece, não só para tornar<br />

os seus negócios mais eficientes, sustentáveis<br />

e resilientes, mas, mais importante do que<br />

isso, para permitir que as suas empresas<br />

possam crescer a longo prazo. É também<br />

essencial investir no talento que será<br />

capaz de concretizar estas transformações<br />

dos modelos de negócio e das cadeias<br />

de valor, sem sacrificar a experiência dos<br />

colaboradores. Estas áreas de investimento<br />

são vitais para as organizações não só<br />

resistirem ao ambiente incerto que vivemos,<br />

mas também para se tornarem mais fortes e<br />

resilientes no futuro”.<br />

INVESTIMENTO EM<br />

TECNOLOGIAS E DIVERSIFICAÇÃO<br />

As disrupções nas cadeias de abastecimento<br />

são encaradas por 89% das organizações<br />

como o principal risco ao crescimento dos<br />

seus negócios nos próximos 18 meses, à<br />

frente do aumento dos preços das matérias-<br />

-primas (67%) e da crise energética (64%).<br />

Para colmatar esta situação, 43% dos<br />

gestores inquiridos planeiam este ano, e<br />

nos próximos, aumentar os investimentos<br />

nas suas cadeias de abastecimento. Uma<br />

média de 10,4% em comparação com os<br />

níveis atuais. Estes responsáveis planeiam<br />

direcionar os investimentos para a melhoria


52<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

das tecnologias aplicadas às cadeias de<br />

abastecimento (para alcançarem níveis<br />

acrescidos de agilidade, transparência e<br />

visibilidade das cadeias de abastecimento)<br />

e à diversificação (bases de fornecedores,<br />

produção e parceiros de transporte).<br />

As iniciativas eleitas para alcançar a<br />

diversificação das cadeias de abastecimento<br />

incluem o onshoring ou o nearshoring de<br />

modo a permitir aproximar os centros de<br />

produção da procura, regionalizar as bases<br />

de fornecedores e diversificar os centros de<br />

produção e, assim, reduzir a dependência de<br />

uma única região geográfica. Os países da<br />

Europa Ocidental planeiam investir mais na<br />

diversificação das cadeias de abastecimento,<br />

enquanto os países da região da APAC<br />

(Ásia e Pacífico) planeiam investir mais em<br />

tecnologias para as otimizarem.<br />

Como forma de fazer face à atual<br />

conjuntura económica, as empresas estão a<br />

avaliar a forma como a tecnologia as pode<br />

ajudar a impulsionar o crescimento e a<br />

criar valor rapidamente. Segundo o estudo,<br />

39% dos inquiridos planeiam aumentar o<br />

investimento em tecnologia nos próximos<br />

12 a 18 meses, e uma proporção semelhante<br />

tenciona mantê-lo. O investimento em<br />

tecnologia tem como objetivo reduzir custos<br />

e acelerar os tempos da tomada de decisões<br />

apoiando-se para tal na cloud, nos dados e na<br />

análise. De modo a protegerem ainda mais os<br />

seus negócios no próximo ano, quase metade<br />

dos gestores inquiridos pelo estudo, revelou<br />

que também planeia aumentar os seus<br />

investimentos em cibersegurança.


SCM Supply Chain Magazine 53


54<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

Segundo o estudo, nos últimos 12 a 18<br />

meses, devido às condições adversas do<br />

mercado, mais de metade das organizações<br />

já reduziram os seus investimentos na área<br />

da sustentabilidade ambiental.<br />

Apenas 33% estão a considerar aumentá-los<br />

nos próximos 12-18 meses, embora se tratem<br />

de valores muito pequenos no bolo total dos<br />

investimentos. Consequentemente, menos<br />

de um terço das empresas estão no caminho<br />

certo para alcançarem os seus Objetivos de<br />

Desenvolvimento Sustentável. No entanto,<br />

as empresas dos EUA e da China estão a<br />

considerar aumentar os seus investimentos<br />

(41% e 53% respetivamente) nos próximos 18<br />

meses, o que deverá atenuar o decréscimo<br />

registado no ano passado nestas regiões. A<br />

pressão crescente sobre os investimentos em<br />

desenvolvimento sustentável pode, em parte,<br />

ser explicada pelo facto de a maioria dos<br />

gestores em todo o mundo o considerar como<br />

uma obrigação dispendiosa e não como um<br />

investimento no futuro.<br />

Além disso, 74% dos gestores inquiridos no<br />

âmbito do estudo revelaram que a procura<br />

de produtos e serviços sustentáveis diminuiu<br />

e que muitos clientes não estão agora<br />

disponíveis para pagar mais por estes produtos<br />

e serviços no atual contexto macroeconómico.<br />

As empresas devem, no entanto, tornar o<br />

investimento em sustentabilidade uma das<br />

suas principais prioridades e acelerarem a<br />

sua transição para uma economia assente no<br />

menor consumo de energia e na utilização<br />

mais eficiente dos recursos, porque estes<br />

são investimentos no futuro. Vários estudos<br />

efetuados concluem que sustentabilidade<br />

e resultados financeiros estão longe de se<br />

excluírem mutuamente.<br />

Na verdade, as empresas que fizeram<br />

das questões ambientais uma prioridade<br />

já apresentam níveis de desempenho<br />

superiores aos da média dos setores de<br />

atividade a que pertencem.<br />

PESSOAS: MAIORES<br />

INVESTIMENTOS EM TRABALHO<br />

REMOTO E HÍBRIDO<br />

O estudo revela também que em <strong>2023</strong><br />

os gestores tencionam direcionar a<br />

maior parte dos seus investimentos na<br />

área do talento para as estratégias e<br />

políticas relacionadas com os modelos de<br />

trabalho híbrido e remoto, e com formas<br />

de promoverem os níveis de flexibilidade<br />

e de equilíbrio crescentes que os seus<br />

colaboradores cada vez mais procuram<br />

no dia a dia. De facto, 65% dos gestores<br />

inquiridos revelaram que planeiam<br />

investir e implementar opções de trabalho<br />

híbrido para os seus colaboradores, e<br />

61% em opções permanentes de modelos<br />

de trabalho remoto para as funções<br />

que exigem menos supervisão e menos<br />

trabalho em equipa.<br />

No entanto, de acordo com o estudo, as<br />

empresas preveem reduzir o investimento<br />

em áreas críticas tais como a experiência<br />

dos colaboradores (39%), a formação (36%)<br />

e a diversidade (35%) nos próximos 12 a 18<br />

meses. Porém, as marcas que pretendem<br />

manter-se atrativas na captação de talento,<br />

e face à forte concorrência e escassez que<br />

se faz sentir no mercado e que limita as<br />

perspetivas de crescimento das empresas,<br />

têm todo o interesse em manter e aumentar<br />

os seus esforços nestas áreas. •


SCM Supply Chain Magazine 55


56<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

TECNOLOGIAS<br />

Abaco Consulting<br />

Texto: Fábio Santos<br />

A TECNOLOGIA<br />

NÃO PODE SER<br />

UM ENTRAVE AO<br />

CRESCIMENTO<br />

Durante o planeamento de uma solução<br />

é essencial que tenhamos em conta a<br />

sua importância para a estratégia de<br />

crescimento empresarial. Soluções a curto<br />

prazo irão trazer novas preocupações, mais<br />

tarde ou mais cedo, e se essa área for crucial,<br />

poderá vir a ser um entrave. À conversa<br />

com Nuno Figueiredo, board member –<br />

sales & marketing da Abaco, este defende<br />

a importância de a tecnologia conseguir<br />

acompanhar o desenvolvimento do negócio,<br />

e dos seus benefícios para antecipar<br />

problemas e minimizar riscos.


Nuno Figueiredo, Board Member – Sales & Marketing da Abaco<br />

SCM Supply Chain Magazine 57<br />

Fundada em 2004, a Abaco opera como<br />

uma empresa generalista, dedicada<br />

aos softwares de gestão empresarial.<br />

Inicialmente com apenas seis pessoas, hoje<br />

conta já com cerca de 150, tendo há pouco<br />

mais de um ano integrado o grupo alemão<br />

valantic, uma das empresas com maior<br />

crescimento no setor da transformação digital<br />

na Europa. “A sua missão assemelha-se muito<br />

à nossa: estão muito focados em tudo o que é<br />

a excelência na parte de cadeias logísticas, de<br />

abastecimento, indústria… e por isso foi um<br />

match simples entre o que oferecem e a oferta<br />

da Abaco”, defende.<br />

“Desde cedo, a estratégia foi especializarem-<br />

-se neste setor de Operation & Manufactoring<br />

Experts, abrangendo indústria, operações,<br />

cadeias logísticas, etc.”, explica Nuno Figueiredo.<br />

A TECNOLOGIA NÃO TEM<br />

FRONTEIRAS<br />

A chegada ao grupo permitiu que a Abaco<br />

obtivesse vantagens a nível internacional,<br />

através de uma maior abrangência de<br />

concursos ganhos pela valantic, mas também<br />

pelo acesso a tecnologias que ainda não<br />

estavam disponíveis em Portugal. “Nós<br />

também queremos participar nestes projetos<br />

de outra envergadura, para ter contacto<br />

com soluções que neste momento não são<br />

exequíveis em Portugal, e depois trazer esse<br />

know-how para cá”, indica o responsável.<br />

Nesse sentido, a Abaco está a aproveitar<br />

as novas competências através da criação de<br />

alguns centros de competência em Portugal,<br />

para trabalhar para projetos internacionais,<br />

mas também para o mercado nacional.<br />

“Estamos a aproveitar esta oportunidade, com<br />

as potencialidades que temos em Portugal.


58<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

Nós temos excelentes profissionais no<br />

setor de IT, e sabemos que em termos de<br />

custos somos competitivos com a Europa<br />

central, por isso estamos a aproveitar estas<br />

vantagens, e também as capacidades de<br />

comunicação, para criar aqui centros de<br />

competência que, no fundo, nos permitem<br />

também crescer a um ritmo diferente, e cada<br />

vez mais cavar o fosso da diferenciação com a<br />

nossa concorrência”.<br />

O responsável considera ainda que esta<br />

exposição internacional e acesso a novas<br />

tecnologias mais desenvolvidas e mais<br />

inovadoras poderá ainda ser benéfico<br />

para a atração de talento, que é uma das<br />

preocupações do setor. “A luta pelo talento<br />

é uma das principais lutas que temos no<br />

mercado”, afirma, notando que há cinco ou<br />

seis anos a concorrência que tinham era entre<br />

parceiros SAP, e que as pessoas iam trocando<br />

entre empresas, mas desde pouco antes da<br />

pandemia que esta área tomou outro rumo.<br />

“O trabalho remoto começou a ser aceite,<br />

indiferenciadamente, então estamos a ter<br />

uma concorrência de empresas multinacionais<br />

que contratam aqui para trabalhar<br />

exclusivamente lá para fora, e nós sabemos<br />

que as rates são diferentes, e conseguem<br />

oferecer condições de trabalho, salariais, e<br />

mesmo ao nível de work-life balance a que<br />

nós não estávamos habituados”, comenta.<br />

Por outro lado, como essas fronteiras e<br />

diferenças culturais no setor das tecnologias<br />

de informação “já estão um bocadinho<br />

minimizadas”, a internacionalização está<br />

facilitada, enquanto que noutros setores, mais<br />

produtivos, é necessária uma maior adaptação<br />

a questões como as leis de trabalho ou os<br />

próprios costumes. “No caso do IT, eu diria<br />

que, dentro do continente europeu não existe<br />

uma grande clivagem cultural”.<br />

Mesmo assim, apesar de não se sentir tanto<br />

esta barreira, “é complicado uma empresa<br />

portuguesa ganhar um projeto de relevância<br />

lá fora”, mas têm alguns exemplos de grande<br />

dimensão e de longa data. “O que hoje está<br />

a acontecer é que nós estamos a conseguir<br />

participar em projetos de outra envergadura<br />

através dos projetos que a valantic ganha”,<br />

explica Nuno Figueiredo, e enquanto 2022<br />

ainda foi um ano de “conhecimento mútuo<br />

entre as empresas”, tem a expectativa de que<br />

“em <strong>2023</strong> já haja alguma participação mais<br />

massiva nestes projetos”.<br />

NECESSIDADE DE DIGITALIZAÇÃO<br />

A digitalização tornou-se uma prioridade<br />

cada vez maior, e mostrou ser um acelerador<br />

de crescimento para as empresas, de tal<br />

maneira que, se há 10 anos o crescimento<br />

era algo visível e que permitia às empresas<br />

concorrentes perceber esse avanço e reagir,<br />

“hoje, quando damos por isso, vemos o<br />

nosso concorrente a faturar o triplo de nós<br />

no espaço de um ano. Ou seja, não temos<br />

espaço, nem podemos ‘dar borlas’ à nossa<br />

concorrência. Temos, efetivamente, de<br />

automatizar, inovar, agilizar, e as empresas<br />

que não souberem fazer isto, neste momento<br />

podem estar numa situação mais complicada,<br />

dependendo do setor de negócio. Nos setores<br />

mais competitivos, eu diria que é inevitável”.<br />

Este investimento, no entanto, não<br />

deverá ser olhado como algo facultativo<br />

ou de menor prioridade, e “a folha Excel já<br />

não chega. Temos de ter aqui ferramentas<br />

robustas”. Nuno Figueiredo aponta dois<br />

vetores muito importantes para a adoção de<br />

um software de gestão robusto:<br />

• Quando existe uma diversidade de setores<br />

de negócio, como grupos económicos que


SCM Supply Chain Magazine 59<br />

incluem hospitais, escolas ou empresas<br />

produtivas, para lidar com todas estas<br />

realidades;<br />

• A internacionalização, pois afirma que<br />

“tem de haver softwares que sejam<br />

capazes de responder aos requisitos legais<br />

e fiscais e às especificidades de cada país e<br />

da mesma maneira, em todos os países em<br />

que a organização está presente”.<br />

O responsável reconhece que “não é fácil<br />

para uma empresa que tenha um crescimento<br />

rápido estar preparada a priori para esse<br />

crescimento”, e muitas vezes surgem pedidos<br />

de empresas que ganharam projetos de<br />

grande dimensão e que precisam de soluções<br />

que consigam responder, e acompanhar,<br />

esse aumento. “Temos, e cada vez mais vejo<br />

isto, empresas a prepararem-se a priori com<br />

softwares que nos dizem ‘o nosso plano<br />

a cinco anos é este, e eu não quero que o<br />

software seja um entrave a um crescimento,<br />

e não quero pensar nisso daqui a três anos’”.<br />

Como exemplo, houve um cliente que<br />

faturava 80 milhões e que, após 10 anos, já se<br />

aproximam dos mil milhões. “Não vou dizer<br />

CONNOSCO


60<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

que foi o nosso software de gestão que foi<br />

responsável por este crescimento, mas posso<br />

garantir que nunca tiveram de pensar se o<br />

software os estava a acompanhar ou não. Era<br />

algo que já estava garantido”.<br />

EVOLUÇÃO DA<br />

TRANSIÇÃO DIGITAL<br />

Mesmo antes da pandemia, já se falava de<br />

transformação digital, mas a crise sanitária<br />

veio realçar a importância deste investimento.<br />

Ao nível da aceleração na digitalização dos<br />

processos, Nuno Figueiredo aponta duas<br />

tendências muito fortes: a inteligência<br />

artificial e a automatização de processos.<br />

“Eu diria que esta transformação digital<br />

veio muito para esta parte de automatização,<br />

a parte de IA, e se quiserem também<br />

para uma parte de cooperação entre as<br />

empresas”, comenta, “o facto de termos<br />

tudo digitalizado também permite que as<br />

empresas possam colaborar entre si, uma<br />

vez que já temos a informação, esta pode<br />

correlacionar-se, e nós já vemos hoje em dia<br />

cadeias de abastecimento, ou seja, o chamado<br />

network supplier, em que todas as fases do<br />

abastecimento já estão interligadas, ou seja,<br />

desde o produtor ao transportador, a quem<br />

recebe. Por isso eu acho que a colaboração vai<br />

ser também, ou é já, uma tendência, porque<br />

a partir do momento em que nós temos a<br />

informação disponível, podemos partilhá-la.”<br />

Comparativamente ao que acontecia antes,<br />

em que as empresas tinham sistemas sem<br />

ligação ao exterior, com os cenários cloud e<br />

de mobilidade, o acesso à informação passou<br />

a ser “uma questão de permissão”, em que<br />

as empresas podem colaborar cada vez mais<br />

com os parceiros, clientes, fornecedores e<br />

até mesmo com a concorrência. “Acho que os<br />

cenários colaborativos win-win são também<br />

já um reflexo do que a digitalização pode<br />

trazer, e esta partilha de informação, e a sua<br />

acessibilidade e o processamento em larga<br />

escala, é outra tendência”.<br />

O QUE DIZEM OS LIVROS<br />

A evolução tecnológica e as recentes<br />

questões de incerteza nas cadeias de<br />

abastecimento também alteraram a forma<br />

como o planeamento das empresas passou a<br />

ser feito. Se há poucos anos “os livros” diziam<br />

que este era feito com alguns meses de<br />

antecedência, nalguns casos passou a ser feito<br />

semanalmente.<br />

Nuno Figueiredo considera que “os livros<br />

continuam corretos, só não preveem estas<br />

situações de exceção, e se queremos ter um<br />

planeamento fidedigno temos de ter umas<br />

cautelas que antes não tínhamos”. Dando o<br />

exemplo do setor automóvel, nota que este<br />

trabalhava com um modelo de Just In Time e<br />

Just In Sequence, e que todas essas estratégias<br />

para ter stock quase zero, levaram a graves<br />

problemas na cadeia de abastecimento.


SCM Supply Chain Magazine 61<br />

PREVISIBILIDADE<br />

“No fundo demos aqui um passo atrás.<br />

Conseguíamos ter visibilidade de entrega, era<br />

algo que às vezes até recebíamos um link para<br />

seguir a encomenda, desde a produção até<br />

ao last mile”, e considera que isso deveu-se à<br />

informação já não estar tão apurada quanto<br />

antes. “Há coisas que já não são previsíveis.<br />

Os tempos já não são aqueles que eram,<br />

porque nós baseávamo-nos muito nos dados<br />

anteriores, e era normal que uma encomenda<br />

demorasse 15 dias a fazer determinado<br />

percurso, mas hoje temos restrições que não<br />

tínhamos, e são estas coisas que nós não<br />

controlamos”.<br />

“Normalmente, o que acontecia era que<br />

nós geríamos com o retrovisor”, compara o<br />

responsável, “imagine conduzir um carro a<br />

olhar apenas para o retrovisor. Porquê? Porque<br />

os dados que nós tínhamos era do que passou”.<br />

Durante a pandemia, quando se deu uma<br />

anormalidade nas cadeias de abastecimento,<br />

as empresas perceberam que usar apenas os


62<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

dados anteriores para planear já não seria um<br />

modelo totalmente replicável, e como tal,<br />

“começamos a ter um vidro da frente do carro”,<br />

e a utilizar ambos para poder “conduzir” a<br />

estratégia empresarial.<br />

Nuno Figueiredo recorda ainda que, antes,<br />

“um processo de MRP (Material Requirements<br />

Planning (MRP), básico, nalguns softwares,<br />

tinha que ser corrido durante a noite, porque<br />

não havia capacidade de processamento<br />

para todas as variáveis que existiam na<br />

organização, em horário laboral, caso<br />

contrário ninguém trabalhava por haver<br />

um consumo excessivo da máquina”. Este<br />

processo, hoje, é corrido três a quatro vezes<br />

por dia, porque entretanto a informação<br />

renova-se, bem como os dados.<br />

“Nós hoje temos modelos preditivos que<br />

analisam os dados do que se passou, mas<br />

conseguem fazer uma previsão para a frente<br />

de como o mercado se irá comportar, como é<br />

que as encomendas se vão comportar, etc. E<br />

nós já começamos a ter projetos de analytics<br />

com esta parte preditiva”, explica.<br />

O responsável dá o exemplo de como este<br />

tipo de modelos preditivos veio transformar<br />

a distribuição, através da análise de tráfego<br />

nas autoestradas, condições meteorológicas,<br />

eventos culturais, entre outros. “Temos<br />

exemplos muito interessantes de previsão de<br />

tráfego, nas autoestradas, e que conseguem<br />

correlacionar as condições meteorológicas,<br />

os eventos culturais… imagine, um jogo de<br />

futebol, como num clássico entre Benfica e<br />

Porto, é natural que a 2ª circular tenha mais<br />

trânsito naquele dia, e conseguir correlacionar<br />

todos estes eventos para perceber se é<br />

preciso termos as portagens todas abertas<br />

ou se podemos ter um fluxo menor, quantos


SCM Supply Chain Magazine 63<br />

portageiros é preciso, quando é que se<br />

pode fazer manutenção, ou seja, todas estas<br />

variáveis depois dão-nos aqui uma excelência<br />

na operacionalização, uma otimização de<br />

custos e de recursos”.<br />

Também ao nível das operações, outra área<br />

que estão a desenvolver é ao nível de process<br />

mining, em que o software consegue perceber<br />

os processos da empresa, perceber se está de<br />

acordo com as melhores práticas do mercado,<br />

e identifica onde pode otimizar, os bottlenecks<br />

do processo e sugere melhorias. “Isto é muito<br />

interessante, na parte SAP nós estamos numa<br />

fase de migração para a nova versão até<br />

2027, e as empresas estão a aproveitar esta<br />

transição para fazerem esta otimização, ou<br />

seja, quando forem para o novo sistema, já<br />

vão com os processos otimizados”, revela o<br />

responsável da Abaco.<br />

“Nós só temos de dizer onde é a fonte de<br />

dados, o que é que precisamos de ir buscar,<br />

onde é que lemos os eventos culturais… Isto<br />

depois tem interfaces, nós não vamos fazer<br />

introdução manual, fazemos interfaces para<br />

um determinado site onde consigamos extrair a<br />

previsão meteorológica, dos eventos culturais,<br />

fica tudo “digerido” e depois temos o algoritmo<br />

a calcular”, conclui Nuno Figueiredo. •


64<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

TRANSPORTE<br />

Last mile<br />

Texto: Bruna Manguito<br />

A ERA DAS<br />

ENTREGAS<br />

IMEDIATAS E<br />

SUSTENTÁVEIS<br />

Dada a explosão do e-commerce,<br />

serviços de entrega imediata,<br />

infraestruturas envelhecidas e<br />

frotas motorizadas desatualizadas,<br />

a logística urbana encontra-se<br />

num ponto de viragem, sendo<br />

crucial repensar a abordagem às<br />

entregas de last mile. À vista disso,<br />

a Stuart lança em parceria com a<br />

DPD Portugal, o serviço DPD Now,<br />

que promete oferecer uma nova<br />

experiência de entrega imediata,<br />

conveniente e flexível.


SCM Supply Chain Magazine 65<br />

Com um perfil centrado na liderança e no<br />

desenvolvimento de equipas, Pau Palacios<br />

assumiu a posição de diretor de operações<br />

da Stuart com a missão de consolidar e<br />

impulsionar o seu crescimento no mercado<br />

espanhol e português, respetivamente. “Estou<br />

muito entusiasmado com a oportunidade de<br />

fazer parte da equipa da Stuart. O setor da<br />

last mile está a viver um momento crucial,<br />

e o facto de a Stuart colocar o binómio<br />

tecnologia-operações no centro do seu<br />

negócio, torna-a numa empresa especialmente<br />

atrativa e competitiva”. De acordo com o<br />

novo diretor de operações da Stuart Espanha<br />

e Portugal, a empresa irá alavancar a sua<br />

tecnologia para apoiar a otimização da rede<br />

e melhorar a experiência dos clientes através<br />

da partilha da frota entre mercados verticais<br />

Pau Palacios, Diretor de Operações Stuart Espanha e Portugal<br />

e ofertas, consolidando o seu posicionamento<br />

no mercado B2B de entregas on demand<br />

como líder europeu, oferecendo os seus<br />

serviços tanto a empresas como clientes


66<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

SMB. “Estas são as principais coordenadas<br />

do nosso caminho para fornecer a melhor<br />

qualidade de serviço através da nossa frota de<br />

mensageiros”, afirmou Pau Palacios.<br />

NOVA EXPERIÊNCIA DE<br />

ENTREGAS ON DEMAND<br />

Uma das claras preocupações da Stuart é<br />

desenvolver uma logística sustentável de<br />

última milha, “o principal pilar do nosso<br />

caminho para a sustentabilidade é a nossa<br />

tecnologia. Desenvolvemos nos últimos<br />

sete anos algoritmos internos que permitem<br />

à nossa plataforma otimizar a rede de<br />

mensageiros com o objetivo de reduzir a<br />

distância de viagem dos veículos para cada<br />

pacote individual entregue”. Segundo o<br />

diretor de operações, o posicionamento<br />

B2B através dos mercados verticais, como<br />

restaurantes, supermercados e retalho,<br />

proporciona à Stuart um nível mais elevado<br />

de oportunidades para otimizar a rede em<br />

comparação com os players tradicionais,<br />

que se concentram em um único vertical.<br />

Além disso, as equipas de operações da<br />

empresa estão concentradas na transição<br />

para uma frota de veículos ecológicos<br />

através de parcerias com fornecedores<br />

de veículos de baixas emissões, como<br />

bicicletas, ciclomotores elétricos, entre<br />

outros. “A otimização da nossa rede é<br />

fundamental para garantir a sustentabilidade<br />

das nossas operações e o bem-estar do<br />

planeta. Acreditamos que a tecnologia é a<br />

chave para um futuro mais sustentável e<br />

eficiente”, declarou Pau Palacios. No entanto,<br />

considera que a transição para uma logística<br />

sustentável de última milha apresenta<br />

desafios, como a disponibilidade limitada<br />

de veículos ecológicos e a necessidade de<br />

adaptar a infraestrutura das cidades para<br />

permitir o uso desses veículos.<br />

De forma a superar estas adversidades<br />

e alcançar os objetivos propostos, a Stuart<br />

está “a trabalhar em parceria com várias<br />

entidades”. Prova disso é a colaboração<br />

entre a Stuart e DPD Portugal para a<br />

criação de um novo serviço de entregas,<br />

a DPD Now, que entra agora em Portugal<br />

para oferecer uma nova experiência de<br />

entrega imediata, conveniente e flexível.<br />

Pau Palacios explicou que “esta parceria<br />

é uma das nossas principais alavancas de<br />

crescimento para o mercado português, já<br />

que pensamos que a associação entre a nossa<br />

tecnologia e conhecimento operacional do<br />

mercado e do cliente da DPD pode conduzir<br />

a grandes resultados”. Com o DPD Now, as


SCM Supply Chain Magazine 67<br />

duas empresas unem-se para proporcionar<br />

às marcas e às empresas portuguesas um<br />

serviço de entrega de encomendas on<br />

demand, com prazo de entrega de uma hora<br />

após a encomenda, nas áreas do retalho<br />

e dos serviços no geral, no próprio dia ou<br />

programado sete dias por semana com slots<br />

horárias para entregas que se estendem até<br />

às 22 horas. A parceria entre a DPD e a Stuart<br />

vem, assim, dar resposta ao crescimento dos<br />

volumes de entregas, resultado dos novos<br />

desafios trazidos pela pandemia e da maior<br />

exigência dos consumidores em receber as<br />

suas encomendas com prazos cada vez mais<br />

curtos. Quanto ao funcionamento do serviço,<br />

o primeiro passo passará pelo registo da<br />

encomenda no portal DPD ou no DPDShip.<br />

Após esse passo, o sistema gere e atribui<br />

estafetas para o pedido efetuado. Através da<br />

aplicação para smartphones, o cliente pode<br />

seguir as encomendas desde o momento da<br />

recolha até à entrega. Ademais, receberá<br />

notificações por SMS em tempo real quanto<br />

ao estado de entrega (recolhido, em entrega<br />

e entregue).<br />

METAS AMBICIOSAS PARA<br />

EXPANSÃO NACIONAL<br />

A Stuart está presente em seis países,<br />

incluindo Portugal, onde está a operar<br />

em várias cidades, como Lisboa, Porto,<br />

Amadora, Sintra, Cascais, Oeiras e Loures.<br />

De acordo com Pau Palacios, a empresa está<br />

focada em consolidar a sua presença onde<br />

já está a operar, estando também à procura<br />

de novos locais para prestar serviços e<br />

atrair novos players locais. Sobre as novas<br />

soluções de entrega que poderão surgir<br />

este ano, o diretor de operações relevou<br />

que “após o desenvolvimento de novas<br />

soluções de entrega, procurando aumentar<br />

a velocidade de entrega nos últimos anos,<br />

os clientes procuram agora encontrar<br />

o equilíbrio certo entre velocidade e<br />

eficácia de custos. Dependendo dos<br />

mercados verticais que abordamos,<br />

detetamos diferentes tendências”. Para os<br />

restaurantes, por exemplo, a Stuart oferece<br />

soluções de entrega personalizadas e<br />

eficientes, enquanto nos supermercados<br />

e no retalho, a empresa está focada em<br />

entregas precisas e no próprio dia, em<br />

colaboração com a DPD Portugal. Pau<br />

Palacios deslindou ainda alguns dos<br />

próximos projetos e investimentos da<br />

Stuart para este ano: “Estamos a avançar<br />

no nosso crescimento, tanto nas áreas<br />

metropolitanas de Lisboa como do Porto,<br />

enquanto procuramos a nossa próxima fase<br />

de expansão através dos nossos principais<br />

parceiros. Adicionalmente, estamos a<br />

estudar com a DPD outras alavancas para<br />

reforçar a nossa colaboração com o objetivo<br />

de sermos um fornecedor “único” de<br />

soluções de entrega de última milha para<br />

retalhistas em Portugal”. •


68<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

TRANSPORTE<br />

Asian Le Mans Series<br />

Texto: Dora Assis<br />

PINTO BASTO<br />

TRANSPORTOU<br />

ASTON MARTIN GT-3<br />

Este ano, tudo se alinhou na grelha de<br />

partida para o arranque da temporada <strong>2023</strong><br />

do Asian Le Mans Series. Mas, para o regresso<br />

à velocidade depois da desaceleração<br />

imposta pela pandemia, foi necessário fazer<br />

chegar os veículos ao Autódromo do Dubai,<br />

como foi o caso desta operação levada a cabo<br />

pela Pinto Basto.


SCM Supply Chain Magazine 69<br />

A<br />

Pinto Basto foi a empresa responsável pelo<br />

embarque aéreo para a entrega de um<br />

Aston Martin GT-3 no Dubai para participar<br />

no Asian Le Mans Series. A operação, realizada<br />

com sucesso, foi feita em três embarques<br />

distintos.<br />

Com origem em Madrid, os embarques<br />

incluíram não só o automóvel, mas também<br />

14 paletes com um total de 11 toneladas com<br />

material diverso para a equipa. O destino foi<br />

o Autódromo do Dubai, circuito que recebeu o<br />

Asian Le Mans Series.<br />

“Esta operação representou mais um sucesso<br />

para o Grupo Pinto Basto, demonstrando que<br />

conseguimos concretizar operações de grande<br />

complexidade seja por via marítima, terrestre<br />

ou aérea”, afirma Tancredo Pedroso, general<br />

manager do Grupo Pinto Basto.<br />

A empresa tem um percurso histórico de mais<br />

de dois séculos e, desde a sua criação, muitas<br />

foram as atividades que foi desenvolvendo,<br />

desde os contratos dos tabacos às indústrias da<br />

porcelana. No entanto, é nos transportes que se<br />

encontra a sua linha de continuidade.<br />

O grupo português iniciou a sua<br />

internacionalização em 2002 ao estabelecer-se<br />

em Angola, estando agora a consolidar esse<br />

desafio com a abertura de novos mercados. •


70<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

CARREIRA<br />

Global CEO Survey<br />

Texto: Dora Assis<br />

EM BUSCA DA<br />

REINVENÇÃO<br />

A 26.ª edição do CEO Survey<br />

anual da PwC revela quais<br />

as pressões que os negócios<br />

enfrentam e o ritmo de<br />

mudança que as mesmas<br />

exigem. Um olhar gráfico<br />

sobre os principais números<br />

e conclusões que poderão<br />

ajudar a moldar o futuro.


SCM Supply Chain Magazine 71<br />

São críticos os desafios enfrentados pelos<br />

4.410 CEO de 105 países que responderam<br />

ao 26.º CEO Survey da consultora PwC.<br />

Os inquiridos mostram-se extremamente<br />

pessimistas com as perspetivas de evolução da<br />

economia mundial.<br />

44 CEO portugueses participaram na edição<br />

deste ano, que explora os tópicos que as<br />

empresas precisam de considerar para se<br />

manterem na corrida pelo futuro.<br />

80% dos entrevistados em Portugal acredita<br />

que a economia mundial vai recuar nos<br />

próximos 12 meses (global: 73%); 30% dos<br />

inquiridos afirma que as ciberameaças serão o<br />

fator de maior exposição do seu negócio dentro<br />

de cinco anos (global: 25%); 26% considera que<br />

o seu negócio se manterá viável por menos de<br />

10 anos (global: 39%); 75% aponta as alterações<br />

na procura do consumidor como o maior desafio<br />

à rentabilidade num período de 10 anos, um<br />

valor que nos resultados globais do inquérito se<br />

situa nos 56%.<br />

Esta incerteza quanto ao futuro cresce, a<br />

par das sucessivas conjunturas de disrupção<br />

económica, política, ambiental e tecnológica.<br />

A instabilidade do cenário macroeconómico<br />

é o que mais preocupa os executivos a curto<br />

prazo, o que se manterá para os próximos cinco<br />

anos.<br />

Portugal, por exemplo, olha para as<br />

ciberameaças como o maior fator de exposição<br />

a riscos no médio prazo.


72<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

MÚLTIPLOS DESAFIOS<br />

À RENTABILIDADE<br />

Os CEO reconhecem o potencial de um conjunto<br />

de mega tendências de longo prazo na drástica<br />

transformação do ambiente de negócios.<br />

Embora nenhum destes fatores seja<br />

uma novidade, o seu âmbito, impacto e<br />

interdependência estão a aumentar, com<br />

magnitudes variáveis entre indústrias e<br />

regiões geográficas. •


Munique<br />

9 - 12 Maio<br />

A LOGÍSTICA PORTUGUESA VOLTA A MARCAR<br />

PRESENÇA NA TRANSPORT LOGISTIC.<br />

De 09 a 12 de Maio, o stand colectivo de Portugal volta a acolher -<br />

naquela que é considerada a feira de referência mundial - as empresas<br />

nacionais que pretendem apresentar os seus serviços e soluções para o<br />

mundo da Logística, do Transporte e do Shipping. Contamos consigo?<br />

EMPRESAS CONFIRMADAS:<br />

Saiba mais em: www.supplychainmagazine.pt/eventos/logisticsportugal/<br />

Uma iniciativa exclusiva


74<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

CARREIRA<br />

Digital Talent<br />

Ecosystem<br />

IA E BLOCKCHAIN<br />

POTENCIAM MATCH<br />

ENTRE EMPRESAS E<br />

CANDIDATOS<br />

Chama-se “Digital Talent Ecosystem”<br />

(DTE), representa uma transformação<br />

no mercado de gestão do talento e foi a<br />

forma que a Neotalent encontrou para<br />

assinalar os seus 25 anos.<br />

Texto: Dora Assis<br />

A<br />

Neotalent, empresa do Grupo Novabase<br />

especializada no recrutamento e prestação<br />

de serviços na área de Tecnologias de<br />

Informação, apresenta uma nova plataforma<br />

de gestão que vem revolucionar a contratação<br />

no setor das Tecnologias de Informação.<br />

A DTE é uma plataforma online que<br />

pretende transformar a gestão de carreira,<br />

bem como a dinâmica de oferta e procura de<br />

profissionais de TI, recorrendo à Inteligência<br />

Artificial (IA) e Blockchain.<br />

O DTE tem como objetivo digitalizar o<br />

mercado de talento e a interação entre os seus<br />

vários intervenientes – desde profissionais,<br />

recrutadores, empregadores e empresas


SCM Supply Chain Magazine 75<br />

fornecedoras de talento a entidades de ensino<br />

e formação – tirando o máximo partido da<br />

tecnologia para melhorar a experiência de<br />

todos os agentes envolvidos no processo de<br />

recrutamento e desenvolvimento de pessoas,<br />

ligando-as através de um ecossistema comum.<br />

A plataforma desempenha um conjunto<br />

de funcionalidades inovadoras de seleção,<br />

avaliação e recomendação de talento para<br />

oportunidades específicas, disponibiliza<br />

suporte à progressão de carreira, e um<br />

sistema de recolha, registo e salvaguarda<br />

de informação curricular e profissional.<br />

ABORDAGEM DISRUPTIVA<br />

“A tecnologia é cada vez mais central e<br />

decisiva para o sucesso do negócio das<br />

empresas e a procura por profissionais com<br />

competências digitais escalou no nível de<br />

exigência. O desafio atual é complexo -<br />

encontrar a pessoa certa para cada desafio,<br />

na altura certa. E a resposta passa por um<br />

conhecimento profundo do mercado de<br />

recrutamento, da cultura das empresas e por<br />

uma aposta forte nas técnicas de seleção<br />

e adequação de talento. A tecnologia por<br />

detrás desta nova plataforma vai acelerar<br />

todo este processo”, refere Paulo Ribeiro de<br />

Almeida, head if innovation & transformation<br />

da Neotalent.<br />

“Temos vindo a investir muito em inovação,<br />

com uma abordagem disruptiva e inovadora<br />

para captar e reter os melhores talentos<br />

que se adequem às necessidades de<br />

projetos mais ambiciosos. Esta plataforma<br />

vai ajudar as empresas a encontrar os<br />

candidatos com o melhor fit, com base<br />

em vários inputs – exigências técnicas,<br />

características do projeto e do consultor<br />

ou da equipa, cultura do cliente, entre<br />

outros. No mês em que comemoramos<br />

25 anos de atividade, assumimos a<br />

nossa ambição: queremos contribuir<br />

para a transformação do mercado de<br />

recrutamento ibérico”, conclui.<br />

A empresa quer continuar a criar as<br />

condições e o ambiente adequados para<br />

desenvolver profissionais de TI e assegurar<br />

o melhor talento às organizações, e com<br />

o DTE consegue criar um ecossistema que<br />

reúne diferentes stakeholders do mercado<br />

de talento tecnológico; os profissionais<br />

passam a ter uma ferramenta própria<br />

de gestão de carreira; os recrutadores e<br />

gestores de talento encontram suporte<br />

no recrutamento, seleção e gestão de<br />

equipas; as empresas ganham um novo<br />

canal de acesso, validação e gestão de<br />

talento.<br />

A plataforma DTE está inserida no<br />

percurso de inovação e transformação da<br />

empresa. O Neotalent é um projeto de I&D<br />

cofinanciado pelo programa Lisboa 2020,<br />

Portugal 2020 e União Europeia, através do<br />

FEDER, que conta a participação do ISCTE<br />

e do Instituto Pedro Nunes (IPN). •


76<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

DIÁRIO DE BORDO<br />

Ana Barbosa<br />

Supply Chain Specialist<br />

QUANDO FOR GRANDE<br />

(NÃO SEI SE) QUERO SER<br />

“SUPPLY CHAIN’ER”!<br />

Se há função onde acredito que ninguém cresceu a<br />

pensar que queria muito “ser quando for grande”, é<br />

na área da Supply Chain.<br />

Cresci no seio do empreendedorismo e o<br />

frenético dia a dia das empresas do meu<br />

pai contribuiu para que o meu percurso<br />

profissional passasse pela Gestão e fosse<br />

dedicada, nos últimos 15 anos, à Supply Chain.<br />

Sabemos como é: um vício bom! Creio,<br />

verdadeiramente, ser a melhor forma de o<br />

descrever. Para quem gosta de ter a visão do<br />

todo, estar sempre no centro da ação, garantir<br />

a satisfação do cliente e muita adrenalina à<br />

mistura, está na função certa!<br />

A Supply reinventa-se todos os dias, é<br />

obrigatório, tal como para os responsáveis<br />

e profissionais da área. Há sempre alguma<br />

coisa de novo a acontecer no mundo, que nos<br />

obriga (positivamente) a evoluir e a pensar<br />

“out of the box”.<br />

Melhorar o serviço ao cliente, otimizar<br />

processos e reduzir custos é algo óbvio<br />

a ser entregue e que faz parte do nosso<br />

ADN, mas, entretanto, arrisco dizer,<br />

démodé. Porque temos muito mais para<br />

integrar na cadeia: inovação, digitalização,<br />

sustentabilidade, centralização,<br />

automação, entre outras que aparecem<br />

todos os dias em diversos formatos e<br />

exigências para nos pôr à prova enquanto<br />

excelentes profissionais.<br />

As equipas que trabalham na Supply<br />

Chain estão habituadas a muitos dados<br />

de informação, que esta chegue o mais<br />

em tempo real possível, ERP’s robustos,<br />

forecasts e operações JIT, blockchain…<br />

mas, e quando uma parte disto falha?


SCM Supply Chain Magazine 77<br />

É aí que começa, a meu ver, o mais bonito e<br />

viciante desta nossa profissão, quando temos<br />

de ser ágeis a encontrar soluções e planos de<br />

contingência para os imprevistos que o mundo<br />

nos apresenta e, muitas vezes, sem as ferramentas<br />

que seriam óbvias ou sem a informação que<br />

sempre tivemos ao nosso alcance.<br />

E o orgulho da entrega, do fazer acontecer,<br />

é tão grande que vamos sendo conquistados<br />

por esta nossa profissão, e no final não nos<br />

deixa dúvidas sobre querer (continuar a) ser<br />

“Supply Chain’er”, agora que somos grandes. •


78<br />

FEVEREIRO <strong>2023</strong><br />

O MUNDO É REDONDO, por Cláudia Brito<br />

“As cinco leis de ciber-segurança”<br />

Ideas worth spreading, TEDxFondduLac,<br />

Nick Espinosa, 0.3 millhões de visualizações<br />

“De todas as coisas seguras, a mais segura é a dúvida.”<br />

Bertolt Brecht<br />

Lei N.º 1: Se Há Uma Vulnerabilidade, Ela Será<br />

Explorada<br />

É da natureza humana. Desde o momento em<br />

que o primeiro banco foi idealizado e construído,<br />

logo alguém começou a congeminar como roubálo.<br />

Mais recentemente, desde que foi encontrado<br />

o primeiro “bug” num computador, que alguém<br />

tenta encontrar maneiras de contornar o sistema.<br />

Tanto para o bem como para o mal.<br />

Lei N.º 2: Todas as Coisas São Vulneráveis De<br />

Alguma Maneira<br />

Já não é possível assumir que algo está<br />

completamente seguro. Pirataria patrocinada<br />

pelos estados é um excelente exemplo desta<br />

verdade, em que os serviços de informação<br />

governamentais têm acedido aos sistemas dos<br />

seus oponentes, aparentemente salvaguardados.<br />

Empresas que gastam milhões em estratégias<br />

de ciber-defesa têm, apesar desse esforço, visto<br />

ataques em massa nos últimos anos.<br />

Lei N.º 3: Os Humanos Confiam Mesmo Quando<br />

Não Devem<br />

Da perspectiva de Nick Espinosa, a confiança<br />

é a nossa maior fraqueza. Confiar faz parte da<br />

experiência humana, tanto em relação às outras<br />

pessoas como a tudo o que nos rodeia. Por<br />

exemplo, confiamos que quando accionamos<br />

um interruptor, uma luz acende, ou que quando<br />

pagamos a um mecânico para nos mudar o óleo<br />

do carro, ele efectivamente o faz. A sociedade<br />

não funciona sem confiança, e é por isso que<br />

estará sempre vulnerável. Combater a confiança<br />

é um dos requisitos mais estranhos e necessários<br />

dos mecanismos de ciber-segurança.<br />

Lei N.º 4: Com A Inovaçao Vem a<br />

Oportunidade Para Explorar<br />

O mundo está cheio de mentes brilhantes,<br />

como Alexander Graham Bell, que inventou<br />

o telefone e tornou o mundo muito mais<br />

pequeno, ou Bill Gates, que criou uma<br />

plataforma global de computação conectando<br />

toda a humanidade. Contudo, cada evolução<br />

da tecnologia vem o potencial de exploração.<br />

Quando uma nova brecha na segurança é<br />

posta a descoberto, torna-se ainda pior pela<br />

lei Nº 3.<br />

Lei N.º 5: Em Caso De Dúvida, Ver Lei N.º 1<br />

Esta última lei não é um pretexto, mas o<br />

reforço de que todas as leis de ciber-segurança<br />

estão ligadas a uma vulnerabilidade de algum<br />

tipo, e esquecermo-nos deste facto só nos vai<br />

trazer problemas.<br />

A nossa capacidade de nos defendermos vem<br />

de compreendermos que a natureza humana<br />

torna estas leis imutáveis. Só pensando como<br />

um “hacker” temos a possibilidade de não nos<br />

tornarmos na sua próxima vítima.<br />

Nick Espinosa é especialista em ciber-segurança<br />

e infra-estrutura de rede há mais de 25 anos,<br />

consultor de pequenas e grandes empresas e<br />

orador reconhecido. Fundou a sua própria empresa<br />

de tecnologia aos 19 anos, que mais tarde vendeu,<br />

antes de fundar a empresa Security Fanatics. Foi<br />

co-autor do livro “best-seller” “Presa Fácil” e escreve<br />

regularmente para a Forbes, sendo membro do seu<br />

Conselho Tecnológico.


80<br />

Outsourcing Logístico<br />

Serviços<br />

Descarga e receção de mercadorias Conferência e arrumação Manipulações e<br />

Recondicionamento Etiquetagem Co-packing Kitting Picking e Embalamento<br />

Cross-docking Carregamento e Expedição de Mercadorias Carga e Descarga de Contentores<br />

Operações “One-shot” (campanhas) Controlo de Qualidade Realização de inventários<br />

Gestão de Devoluções Controlo e Manutenção de Suportes de Manuseamento<br />

Tratamento de Vasilhame e Resíduos<br />

Gesgrup, o parceiro Ideal.<br />

www.gesgrup.pt

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