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C2PC - Ensaio projetual sobre um Centro Comunitário de Cultura Contemporânea no Centro Histórico de João Pessoa

Trabalho de Conclusão de Curso em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba defendido em 2022. Autor: João Luiz Carolino de Luna. Orientador: Carlos A. Nome. "Foram analisadas práticas excludentes na distribuição de equipamentos culturais públicos em João Pessoa. Mostrou-se submetida ao interesse de um mercado turístico, associada a escolhas de locais com baixa acessibilidade, ao desenvolvimento espraiado e a processos envolvendo expulsão de comunidades locais. O Centro Histórico, além de concentrar uma importância simbólica, apresenta manifestações culturais que ocupam espaços livres públicos, são nesses espaços que toma-se consciência da capacidade da ação coletiva na revolução da vida cotidiana. A cultura como instrumento de luta pelo direito à cidade motiva este ensaio de um espaço catalisador na produção de novas utopias, um centro comunitário de cultura contemporânea no Centro histórico da cidade."

Trabalho de Conclusão de Curso em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba defendido em 2022. Autor: João Luiz Carolino de Luna. Orientador: Carlos A. Nome.

"Foram analisadas práticas excludentes na distribuição de equipamentos culturais públicos em João Pessoa. Mostrou-se submetida ao interesse de um mercado turístico, associada a escolhas de locais com baixa acessibilidade, ao desenvolvimento espraiado e a processos envolvendo expulsão de comunidades locais. O Centro Histórico, além de concentrar uma importância simbólica, apresenta manifestações culturais que ocupam espaços livres públicos, são nesses espaços que toma-se consciência da capacidade da ação coletiva na revolução da vida cotidiana. A cultura como instrumento de luta pelo direito à cidade motiva este ensaio de um espaço catalisador na produção de novas utopias, um centro comunitário de cultura contemporânea no Centro histórico da cidade."

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Como ordem máxima da consumação do capital no espaço,

a isotopia, Rem Koolhaas no seu texto “Junkspace” (2002, In

“Junkspace with Running Room”, 2013) nos trás o conceito do espaço-lixo.

Assim como “space-junk” (lixo espacial) são os resíduos que

o ser humano abandona no universo, o “Junk-space” é o resíduo

que o ser humano abandona no próprio planeta, na própria cidade,

são frutos (ou coágulos) da própria modernização, a soma “junkie”

dos progressos científico e tecnologias globais. Para Koolhaas o

Junkspace promove a desorientação (como já foi observado) sintomas

das problemáticas contemporâneas que dessa vez se respaldam

na arquitetura.

Os junkspaces se baseiam na extensividade e assim na

perda da percepção dos limites, os “dispositivos modernizantes”

se responsabilizam por essa desorientação, ao contrário das tecnodiversidade

defendida por Yuk Hui, o Junkspace vai na direção

da homogeneização dos espaços e perda de identidade. Koolhaas

coloca o ar-condicionado como um dos maiores responsáveis pela

propagação desse tipo de arquitetura, ele isola as pessoas das suas

localidades e junto das “peles” (ao invés das tectônicas) criam bolhas,

espaços preenchidos por artificialidade. São shopping centers,

parques temáticos, cassinos, hipermercados, escritórios internacionais,

sem diferenciação, podem estar em qualquer lugar do mundo.

O fenômeno de criar ambientações semelhantes objetiva abstrair o

mundo exterior e transportar a familiaridade para um interior globalizado,

as novas tecnologias acabam por deslocar a arquitetura da

identidade e história local, como critica Rheingantz et al (2015).

Os Junkspaces então se mostram como a “arquitetonificação”

do Fora-da-Terra de Latour, se eles são os “entulhos” do progresso

da urbanização e se segundo Harvey (2014) a urbanização e o

avanço do capitalismo seguem juntos e irrefreáveis, cresce também

o lixo acumulado na Terra. Segundo o próprio Koolhaas o Junkspace

é escalonável, suas “não-estruturas” o permitem estarem sempre

de acordo com o processo de crescimento capital-urbanização.

Numa visão mais apocalíptica Koolhaas eleva o Junkspace

a preencher toda a cidade, criando uma cidade indeterminada, enquanto

espaços-lixo cada vez mais específicos e determinados, retirando

a urbanidade e imprevisibilidade da vida pública e restando

apenas o Espaço Público TM (KOOLHAAS, 2002, p. 22), a cidade se

torna um hiperespaço, a cidade cyberpunk do Blade Runner (dir.:

Ridley Scott, 1986) onde não sabemos o que é exterior ou interior,

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