C2PC - Ensaio projetual sobre um Centro Comunitário de Cultura Contemporânea no Centro Histórico de João Pessoa
Trabalho de Conclusão de Curso em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba defendido em 2022. Autor: João Luiz Carolino de Luna. Orientador: Carlos A. Nome. "Foram analisadas práticas excludentes na distribuição de equipamentos culturais públicos em João Pessoa. Mostrou-se submetida ao interesse de um mercado turístico, associada a escolhas de locais com baixa acessibilidade, ao desenvolvimento espraiado e a processos envolvendo expulsão de comunidades locais. O Centro Histórico, além de concentrar uma importância simbólica, apresenta manifestações culturais que ocupam espaços livres públicos, são nesses espaços que toma-se consciência da capacidade da ação coletiva na revolução da vida cotidiana. A cultura como instrumento de luta pelo direito à cidade motiva este ensaio de um espaço catalisador na produção de novas utopias, um centro comunitário de cultura contemporânea no Centro histórico da cidade."
Trabalho de Conclusão de Curso em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba defendido em 2022. Autor: João Luiz Carolino de Luna. Orientador: Carlos A. Nome.
"Foram analisadas práticas excludentes na distribuição de equipamentos culturais públicos em João Pessoa. Mostrou-se submetida ao interesse de um mercado turístico, associada a escolhas de locais com baixa acessibilidade, ao desenvolvimento espraiado e a processos envolvendo expulsão de comunidades locais. O Centro Histórico, além de concentrar uma importância simbólica, apresenta manifestações culturais que ocupam espaços livres públicos, são nesses espaços que toma-se consciência da capacidade da ação coletiva na revolução da vida cotidiana. A cultura como instrumento de luta pelo direito à cidade motiva este ensaio de um espaço catalisador na produção de novas utopias, um centro comunitário de cultura contemporânea no Centro histórico da cidade."
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Crary (2016) coloca o sonhar, a inatividade e a possibilidade
do crescimento construído pela colaboração comunitária como incompatíveis
com o capitalismo persistente e sem fronteiras. A acumulação,
a financeirização e o desperdício nos direcionam a um
colapso ambiental, que só o sonhar coletivo em mudanças radicais
é possível de se iniciar costuras de uma renovação da experiência
cotidiana. Retornamos a Bruno Latour (2020), em uma situação
apocalíptica o único sonho possível é a continuação de nossa existência,
por isso devemos reconhecer o estado de estarmos sendo
submetidos coletivamente a uma desorientação, as incompatibilidades
entre preservação da biosfera e os nossos sistemas que priorizam
a acumulação de capital e que há alternativas sistêmicas para
respeitarmos os bens comuns e as multiplicidades do viver.
2.3. NOVOS FIOS AO TERRESTRE
Fica evidente que uma exploração desenfreada dos recursos
do planeta a favor de um crescimento econômico vem causando
cada vez mais consequências devastadoras para o meio ambiente.
Tanto Berardi, quando Latour consideram as cúpulas sobre o clima
realizadas pelos líderes mundiais como marcos de uma organização
política mundial para se discutir o futuro terrestre, mas no lugar do
otimismo ambos apresentam análises preocupadas sobre o desenrolar
e as resoluções dos eventos. Berardi (2019) analisa que a reunião
do G-8 de julho de 2008 em Hokkaido, no Japão, para debater
as alterações climáticas e seus efeitos nos ecossistemas e nas populações
do planeta foi inconclusiva, símbolo da complexidade e da
perda da noção de futuro defendida pelo autor.
“Não sabendo o que dizer nem o que fazer ao final de suas
muitas reuniões emitiram um comunicado, uma resolução que
prevê apenas uma coisa: em 2050, as emissões serão reduzidas
à metade. Como? Por quê? Graças a quem e a quê?
Nenhuma resposta. Nenhuma ação política foi decidida
para se obter esse resultado, nenhum prazo intermediário foi estabelecido.
A complexidade do problema supera evidentemente
as capacidades de conhecimento e de ação da política mundial.
A política não pode mais nada. O futuro foge das mãos e da vista.
Tudo foi radicalmente alterado talvez por excesso de velocidade.
No futuro, vemos apenas as sombras terríveis de um passado
que preferiríamos esquecer.” (BERARDI, 2016, p. 96)
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