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Mr. Vuitton redesenhou o baú revolucionando a “arte de
viajar”! No século 19 ele traz de volta “la joie de vivre”
parisiense. Em toda trajetória da maison, artistas do
momento foram convidados para dar suas “pinceladas”
neste símbolo do poder. As múltiplas releituras das icônicas
bolsas foi uma receita de sucesso mantida por Ghesquière.
Qualidade, modernidade e tradição com um sopro de glamour
são ingredientes indispensáveis. “Um luxo superlativo que
muitas vezes não se vê” declara a embaixadora Catherine
Deneuve, a preferida do chairman Bernard Arnault.
Em 1888, cria a estampa “Damier” inspirada num tabuleiro
de xadrez, quadriculado em bege e marrom. O logotipo
esculpido a mão.
A capital estava em plena expansão sob reinado do Imperador
Napoleão III que junto ao Barão Haussmann construía uma
“Nova Paris”. Fabuloso projeto urbano: avenidas, quarteirões,
grandiosos prédios iluminados e parques inspirados no Hyde
Park de Londres. A Opéra Garnier – Sarah Bernhardt brilhava
nos palcos. Todos liam Flaubert, Beaudelaire... Os franceses
redescobriam “la joie de vivre”! Festas, opulência e fausto nas
roupas femininas. A expansão das redes ferroviárias e viajar
era a nova aventura. Os ricos e elegantes deviam dobrar cuidadosamente
suas vestimentas e guardá-las em baús. O baú
representava um “tesouro”, era sinônimo de “poder”!
Louis Vuitton revolucionava “A Arte de Viajar”. A exposição
“Volez, Vaguez, Voyagez” (“Voe, Navegue, Viaje”) em 2012
no Musée des Arts Décoratifs, mostra de forma suntuosa
toda esta trajetória. Em 2021, é comemorado o bicentenário
do nascimento do fundador. Nada menos de 200 créateurs são
convidados para interpretar este “objeto”. Total liberdade,
realidade e fantasia, o belo associado ao prático, a arte ao
funcional, que são alguns leitmotivs da marca.
Realmente, Nicolas Ghesquière se sente um estilista
de sorte por poder trabalhar com tantos recursos, realizar
suas criações com absoluto perfeccionismo, e com chave de
ouro seus espetaculares desfiles. As passarelas são galerias
de arte. Moda e arquitetura como um todo. A escolha da
locação vai influenciar diretamente o processo criativo das
coleções e vice-versa.
Então viagens em ritmo non-stop. Ele está sempre pronto
para fazer as malas e embarcar. Os lugares muitas vezes guardados
no coração de viagens feitas há alguns anos. As mulheres
líderes, pioneiras, que evoluem em seu tempo, são um ponto
de partida. Ele gosta do estranho, da surpresa nada óbvia, o
contraditório. O passado e o presente projetado no futuro,
a história real e o sonho sublime, a natureza e o concreto.
O MAC de Niterói foi um destes. A arquitetura modernista
de Oscar Niemeyer emoldurada de verde e azul. “Eu tive a
impressão que a vegetação explodia do asfalto”.
No terminal TWA (Aeroporto Internacional J. Kennedy,
NY, EUA) projetada pelo finlandês Eero Saarinen foi uma
espécie do laboratório de Jurassic Park. O espaço estava sendo
totalmente reformado e plantadas centenas de árvores.
A Foundation Maeght (Saint-Paul de Vence, França),
belíssimo hôtel particulier onde se reuniam Braque, Miró
Giacometti, o perfume silvestre e frescor artístico. O Miho
Museum (Koka, Shiga, Japão) projetado por um Impei, verdadeiro
santuário com vista para o vale de uma outra cidade.
Responsável, dedicado e um apaixonado por Louis
Vuitton, “a maior benção é sobretudo poder estar fazendo o que
mais gosto”, Nicolas Ghesquière não nega a possibilidade de
um dia lançar uma etiqueta com seu nome... E cita Rimbaud:
“A vida é um outro lugar.”
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