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TALK 36

Edição 36 da TALK

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Mr. Vuitton redesenhou o baú revolucionando a “arte de

viajar”! No século 19 ele traz de volta “la joie de vivre”

parisiense. Em toda trajetória da maison, artistas do

momento foram convidados para dar suas “pinceladas”

neste símbolo do poder. As múltiplas releituras das icônicas

bolsas foi uma receita de sucesso mantida por Ghesquière.

Qualidade, modernidade e tradição com um sopro de glamour

são ingredientes indispensáveis. “Um luxo superlativo que

muitas vezes não se vê” declara a embaixadora Catherine

Deneuve, a preferida do chairman Bernard Arnault.

Em 1888, cria a estampa “Damier” inspirada num tabuleiro

de xadrez, quadriculado em bege e marrom. O logotipo

esculpido a mão.

A capital estava em plena expansão sob reinado do Imperador

Napoleão III que junto ao Barão Haussmann construía uma

“Nova Paris”. Fabuloso projeto urbano: avenidas, quarteirões,

grandiosos prédios iluminados e parques inspirados no Hyde

Park de Londres. A Opéra Garnier – Sarah Bernhardt brilhava

nos palcos. Todos liam Flaubert, Beaudelaire... Os franceses

redescobriam “la joie de vivre”! Festas, opulência e fausto nas

roupas femininas. A expansão das redes ferroviárias e viajar

era a nova aventura. Os ricos e elegantes deviam dobrar cuidadosamente

suas vestimentas e guardá-las em baús. O baú

representava um “tesouro”, era sinônimo de “poder”!

Louis Vuitton revolucionava “A Arte de Viajar”. A exposição

“Volez, Vaguez, Voyagez” (“Voe, Navegue, Viaje”) em 2012

no Musée des Arts Décoratifs, mostra de forma suntuosa

toda esta trajetória. Em 2021, é comemorado o bicentenário

do nascimento do fundador. Nada menos de 200 créateurs são

convidados para interpretar este “objeto”. Total liberdade,

realidade e fantasia, o belo associado ao prático, a arte ao

funcional, que são alguns leitmotivs da marca.

Realmente, Nicolas Ghesquière se sente um estilista

de sorte por poder trabalhar com tantos recursos, realizar

suas criações com absoluto perfeccionismo, e com chave de

ouro seus espetaculares desfiles. As passarelas são galerias

de arte. Moda e arquitetura como um todo. A escolha da

locação vai influenciar diretamente o processo criativo das

coleções e vice-versa.

Então viagens em ritmo non-stop. Ele está sempre pronto

para fazer as malas e embarcar. Os lugares muitas vezes guardados

no coração de viagens feitas há alguns anos. As mulheres

líderes, pioneiras, que evoluem em seu tempo, são um ponto

de partida. Ele gosta do estranho, da surpresa nada óbvia, o

contraditório. O passado e o presente projetado no futuro,

a história real e o sonho sublime, a natureza e o concreto.

O MAC de Niterói foi um destes. A arquitetura modernista

de Oscar Niemeyer emoldurada de verde e azul. “Eu tive a

impressão que a vegetação explodia do asfalto”.

No terminal TWA (Aeroporto Internacional J. Kennedy,

NY, EUA) projetada pelo finlandês Eero Saarinen foi uma

espécie do laboratório de Jurassic Park. O espaço estava sendo

totalmente reformado e plantadas centenas de árvores.

A Foundation Maeght (Saint-Paul de Vence, França),

belíssimo hôtel particulier onde se reuniam Braque, Miró

Giacometti, o perfume silvestre e frescor artístico. O Miho

Museum (Koka, Shiga, Japão) projetado por um Impei, verdadeiro

santuário com vista para o vale de uma outra cidade.

Responsável, dedicado e um apaixonado por Louis

Vuitton, “a maior benção é sobretudo poder estar fazendo o que

mais gosto”, Nicolas Ghesquière não nega a possibilidade de

um dia lançar uma etiqueta com seu nome... E cita Rimbaud:

“A vida é um outro lugar.”

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