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6. ORIGEM DOS ADUBOS

Ao contrário do que muitos pensam, os solos do Brasil têm, em

geral, uma baixa fertilidade. Baixa fertilidade? Sim!

Os solos brasileiros são solos muito

intemperizados, ou seja, solos velhos, que

sofreram lixiviação de nutrientes e acúmulo de

elementos tóxicos.

Contudo, temos boas condições de clima na maior parte de nosso

território, onde podemos cultivar mais de uma cultura por ano a

céu aberto, fato impossível em clima temperado, onde o intenso

frio mata as plantas ou inibe o crescimento.

Todavia, existe em nosso país regiões com solos de média a alta

fertilidade natural, como em parte do centro-sul do Brasil com

solos originados de basalto, e interior da região Nordeste, onde

o clima seco com poucas chuvas resultou em menor lixiviação de

nutrientes (perda) e pouca acidificação.

Para produzir mais, temos que melhorar a fertilidade do solo, via

adição de adubos e calcários. Mas, muitas pessoas acham que

não é conveniente utilizar fertilizantes (adubos químicos), por se

tratarem de compostos não naturais, que diminuem a qualidade

dos alimentos e poluem a natureza. Assim, vamos aqui discutir

um pouco sobre os adubos e os possíveis problemas decorrentes

do uso dos mesmos.

Mas o que acontece com o Na + , K + , Ca ++ e Mg ++ perdidos através

da lixiviação? Bem, certamente que a alta concentração de sódio

(Na + ) nos mares e oceanos tem haver com essas perdas. O Na +

hoje existente nos oceanos e mares veio em sua maior parte do

solo. Sabemos também que K + e Na + precipitam com o Cl - quando

ocorre a secagem de lagos e mares, formando depósitos de KCl

e NaCl, atualmente explorados na fabricação do adubo cloreto de

potássio (KCl), que é um dos mais usados na agricultura em todo

o mundo.

Os adubos contendo fósforo também são em sua maioria

originados de deposição desse elemento em sedimentos, lagos e

mares, assim como ocorre com o calcário. Atualmente existem,

no mercado de adubos, rochas sedimentares apenas moídas

chamadas de fosfatos naturais [Ca 3

(PO 4

) 2

], que vem sendo muito

empregados na agricultura orgânica e convencional.

Desta forma é possível concluir que a maioria dos adubos (K e

P), e dos corretivos da acidez (que também são fonte de Ca e Mg),

têm origem em rochas sedimentares, ou seja, fontes naturais.

Estas rochas são simplesmente moídas ou tratadas quimicamente

para a produção dos adubos.

Os adubos nitrogenados (N) são produzidos de maneira diferente,

sendo em sua maioria, sintetizados a partir do N 2

(do ar), H 2

(do

gás natural ou carvão) e CO 2

(subproduto da indústria do petróleo).

A ureia sintetizada é o adubo mais comum de N utilizado pelos

agricultores. Contudo, a ureia também é uma das formas de

excreção do N pelos animais, sendo encontrada em abundância

nos resíduos orgânicos, reforçando mais uma vez que grande

parte dos adubos utilizados na agricultura são compostos

encontrados na natureza ou semelhantes.

Mas na natureza, não apenas a aplicação de adubos fornece

nutrientes às plantas. Existem também alguns organismos

“auxiliares” na captação e absorção de nutrientes, do ar ou mesmo

das rochas que formam o solo (ver detalhes no módulo Biologia do

Solo).

Esse fato é bom tanto para as plantas quanto para as bactérias,

pois ao mesmo tempo em que as plantas recebem o nitrogênio

que as bactérias retiram do ar, as bactérias recebem compostos

orgânicos que as plantas produzem. É uma troca de nutrientes,

onde ambos os organismos se beneficiam. Esse processo é

chamado de “fixação biológica do N”.

A simbiose com bactérias fixadoras de N é tão importante para

algumas plantas, que no caso da soja, por exemplo, não se faz

mais adubações nitrogenadas (adubos com N), de forma que todo

o N que a cultura necessita é fornecido pelas bactérias. Mas é

necessário, que antes de se plantar a cultura da soja, as bactérias

(conhecidas por Rhizobium), sejam inoculadas na semente,

através de um produto chamado inoculante.

Atualmente, o agricultor aproveita essa fixação de N, pensando

também na próxima cultura. Assim, existem algumas plantas

leguminosas de inverno (como o trevo, a ervilhaca, etc.), que

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

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