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Sentinela Impresso

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Grande Reportagem

Grande reportagem

Hora da ação

“ Eu peço uma

cadeira de rodas

e dão-me uma cadeira

de rodas. A

questão é que existe

uma grande morosidade.

Eu posso

estar dois anos à

espera de uma cadeira

de rodas.”

Apesar da ajuda do Estado,

a falta de acessibilidade ainda é

grande e a mudança é urgente.

Para além disso, o fornecimento

de recursos não se verifica

em todos os casos. Para

Paula Costa, presidente da

ACAPO na delegação do Porto,

tal fenómeno constitui uma

grande adversidade, tendo em

conta que são “instrumentos

muito caros, e nem toda a

gente consegue adquirir”.

António Almeida, funcionário

da APD do Porto, confirma

este ponto: “O Governo

gastou comigo uma pequena

fortuna. Uma cadeira como

a minha de liga leve custa

perto de 5 mil euros. Se fosse

eu a comprar seria uma situação

muito complicada, porque

não tenho o orçamento

necessário para comprar

uma cadeira que fosse leve

o suficiente para a transportar

de forma autónoma para

o meu carro. Provavelmente

iria desistir dessa ideia.”

Hoje em dia, Catarina

Oliveira já sabe lidar com

a deficiência e é capaz de se

deslocar sozinha, no entanto,

reconhece que há vários locais

onde encontra obstáculos

que impossibilitam a sua mobilidade

e que existe, portanto,

um trabalho muito grande

a ser feito. Começando pelos

transportes públicos, que em

alguns casos até se encontram

preparados, Catarina fala da

dificuldade em aceder a esses

transportes: “Nós temos

um autocarro que é acessível,

mas nós não conseguimos

muitas vezes deslocarmo-nos

na cidade de forma

independente para chegar

e para sair do autocarro”.

Dulce Espinho, enquanto

assistente social, confessa

que “gostava que houvesse

uma residencial muito virada

para as pessoas com

deficiência visual, o apoio

à habitação, os centros

ocupacionais”.

Mas as dificuldades não

são só ao nível das infraestruturas.

A inserção no mercado

de trabalho é também um

grande problema que precisa

de mudança, uma vez que o

ideal de igualdade de oportunidades

não é respeitado.

“Regra geral uma pessoa

que tem uma deficiência tem

muito mais dificuldade em

arranjar emprego. As pessoas

cegas e com baixa visão

podem trabalhar, óbvio que

há profissões que não podem

desempenhar, mas podem

trabalhar. Não é limitativo

como outras deficiências,

mas efetivamente sabemos

que há muito pouca oferta.

É importante nós darmos

Fotografia: Maria Andrade

resposta aos adultos com

deficiência. Têm 18 anos e

agora?”, questiona Dulce.

Kelita Antunes admite que

muitos empregos já lhe foram

negados pela falta de condições

das empresas: “Eles ligavam,

diziam que o currículo

estava bom, mas pediam

desculpa e diziam: « vamos

ter de recusar porque o edifício

não tem elevador, o edifício

tem quatro escadas, o

edifício não tem casa de banho

própria, o edifício não

está preparado para pessoas

com mobilidade reduzida. »

Até que tive de ingressar no

apoio ao cliente, que era o sítio

que estava mais preparado

e que me dava possibilidades

de trabalhar em casa”.

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