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Opinião

O Mundial da falta de direitos humanos, e um cheque

rechonchudo para o acompanhar

OPINIÃO

Maria Barradas

O Mundial da vergonha foi

inaugurado dia 20 de novembro

com uma derrota do Catar,

mas, apesar da merecida

derrota, não é suficiente para

desvalorizar as suas vitórias

monetárias e a derrota de todos

aqueles que priorizam os

bons dos direitos humanos.

Claramente, essas pessoas

não são nem os jogadores,

nem os treinadores, nem as

federações ou a própria FIFA

em si. Num mundo futebolístico

de cheques rechonchudos,

com mais do que cinco

zeros à direita, a cegueira

é rainha. Fazem vista grossa

para cada um dos lados, e

olham em frente como se de

cavalos com palas nos olhos

se tratassem. Mais vale um

burro, que cavalo hipócrita.

E mesmo com a primeira

derrota do Catar, o mundo

perdeu com a localização deste

mundial. As famílias dos

6500 trabalhadores que morreram

nos últimos 10 anos,

somente para a preparação de

um campeonato de futebol,

perderam. O feminismo, a comunidade

LGBT, a imprensa

e consequentemente a liberdade

de expressão, perderam.

Meter o Catar no mapa, um

país que viola os direitos que

qualquer ser humano devia

poder dar como garantidos e

que nada quer saber de futebol,

sob as circunstâncias em

que se encontra, é um perfeito

disparate, no mínimo. Primeiro

comprometem-se em

cumprir aquilo que já deviam

cumprir há muito tempo e,

meses, semanas até, antes do

início do mundial, mudam de

registo e impõe que milhares

de pessoas se ajoelhem perante

o que é seu por direito. Dar

a oportunidade às mulheres

não cataris de conduzir quando

as próprias habitantes não

possuem a mesma possibilidade

é desafiar os conceitos

de sororidade e feminismo.

Um cartão vermelho não

só para a FIFA, mas para todos

aqueles que compactuam

com um mundial que só pode

ser descrito como vergonhoso.

E a questão que se coloca é a

seguinte: como é que se bane

a Rússia de participar neste

grande campeonato de futebol

como castigo pelas atrocidades

da guerra que o país começou

contra a Ucrânia e não

se proíbe o Catar de realizar

um evento desta dimensão?

É bastante claro que ninguém

associado ao mundo

do futebol parece estar preocupado

em promover algo

que está intrinsecamente

ligado ao ódio. É de admirar

que ninguém com influência

no meio se tenha

chegado à frente para anunciar

a sua não participação.

Se houver quem disser

que história está a ser feita,

tem toda a razão. Mas ninguém

disse que a história é

sempre boa, afinal aquela

que aprendemos na disciplina

de história nem sempre o é.

Rola a bola no mundial,

mas os direitos humanos

ficaram fora de jogo.

ESTATUTO EDITORIAL

O Sentinela é um jornal

académico de cariz generalista,

realizado no âmbito da

licenciatura em Ciências da

Comunicação da Faculdade

de Letras da Universidade do

Porto. Guiado pelo lema “de

vigia pela verdade”, somos

um jornal que se segue pelos

parâmetros da inclusão, tentando,

sempre que possível,

informar de acordo com a visão

dos diferentes núcleos sociais.

O nome Sentinela surge

desta forma, de uma maneira

de estar que nos caracteriza:

estamos sempre em alerta para

mostrar ao público as diferentes

versões da mesma história.

Para além da versão impressa,

o jornal Sentinela

possuí também uma versão

online. Faz scan do

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REDATORES:

Bruna Jardim, Carla Silva, Maria Andrade, Pedro

Pimparel Serafim e Rita Silva

FOTOGRAFIA:

Bruna Jardim e Maria Andrade

DESIGN:

Bruna Jardim

REVISÃO:

Carla Silva, Maria Andrade, Pedro Pimparel Serafim e

Rita Silva

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