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Cultura

Por: Bruna Jardim e Maria Andrade

“Estrangular o humor é a mesma coisa que

Ilustração: Margarida Antunes

Existem limites no humor? Existem temas dos quais não

devemos rir? Temos o direito de censurar qualquer coisa

dita pelos humoristas? À conversa com o jornal Sentinela,

António Raminhos e Marco Horácio falam da

evolução da sociedade, em relação ao humor, e dos limites

que a mesma impõe, cada vez mais, na sua profissão.

A

definição e interpretação

de humor

é diferente em

todos os dicionários e para

todas as pessoas. Para muitos

significa “rir ou fazer o

outro rir”. Para outros, fazer

humor pode não ter piada nenhuma.

A verdade é que não

há uma definição clara de humor

que possa incluir todas as

piadas e todos os humoristas.

Já se perguntaram o que

é que vos faz rir? A resposta

nem sempre é tão clara. Para

Marco Horácio, “o humor é

uma coisa simples” e, por

isso, “o sorriso advém da

simplicidade das situações

e também da forma como

nós as olhamos”. Já António

Raminhos afirma que

aquilo que o faz rir é o que

o “apanha na curva” e o

“nonsense, coisas sem sentido,

que também é uma

alternativa à realidade”.

Os limites do humor existem.

São pessoais e intransmissíveis.

Cada um tem os

seus próprios limites e cabe

aos espectadores respeitar

todo o trabalho envolvido

no humor. “Varia de pessoa

para pessoa, e lá por haver

limites não tenho que

fazer uma cruzada para

apanhar quem fez uma piada

que não achei graça”,

explica António Raminhos.

Como diz Marco Horácio,

“o humor é arte, é uma coisa

criativa” e não é feito “para

magoar”. O objetivo, segundo

o artista, é divertir o público

e “cabe ao humorista

saber avaliar o público que

tem à sua frente e trabalhar

o humor à volta disso”. Conta

ainda que, cada vez mais,

aparecem diferentes tipos de

humor, “humor negro que

brinca com o cancro, brinca

com pedofilia”, entre outros

temas, “mas há um público

para isso”. Nota que “as pessoas

estão muito mais sensíveis”

e “ à procura da crítica

e qualquer coisa que se

brinque, encaram sempre

não como uma brincadeira,

mas como algo ofensivo”.

António Raminhos e Marco

Horácio percorrem o país

a fazer espetáculos de comédia

e estão entre os grandes

nomes do humor português.

“ Somos um país

que nos faz repetir

muito, é tipo rir

para não chorar,

portanto é um país

também muito fértil

em situações no

dia a dia que nos

fazem sorrir e rir”

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