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Sociedade

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Fotografia: Bruna Jardim

“Ser agricultor é empobrecer alegremente”

Por: Bruna Jardim

2022 foi um ano muito difícil para a agricultura. Para além dos problemas já antes

mencionados, como a falta de apoios e a não valorização do produtor, acrescentou-se

a seca e a falta de mão de obra. Em Ala, os problemas não são diferentes.

Ala é uma aldeia em

Macedo de Cavaleiros,

pertencente

ao distrito de Bragança. Lá, o

dia começa bem cedo. Ligam-

-se os motores e abrem-se os

estábulos. Às seis da manhã,

toda a aldeia está acordada,

mas em outros tempos, este

despertar tinha mais alegria.

Já há algum tempo que a agricultura

em Portugal está em

declínio. O preço do combustível

agrícola aumentou,

mas o valor que pagam ao

produtor continua o mesmo.

Devido à seca, os produtos

que antes colhiam da terra

estão secos e, os animais que

comiam em fartura, tiveram

de controlar a dieta. Os agricultores

estão desmotivados.

Óscar Alves, de 47 anos, é

agricultor desde que se lembra.

No entanto, nunca sentiu

tantas dificuldades na profissão.

Há diversos entraves

como a “comercialização”,

o “corte nos subsídios” e a

“não valorização do produto”.

Conta que têm “de

vender ao preço que eles

querem e depois comprar

ao preço que eles querem

também. Estamos naquela

fase que não temos escolha”.

Para além dos problemas enraizados

neste setor, Óscar refere

que, este ano, se acrescentou

uma dificuldade: a seca.

“Este ano foi mau

para tudo, mas mais

para a parte da pecuária

porque não houve alimento

para os animais, em

aspeto nenhum, nem para

podermos fazer reservas,

nem para eles poderem pastar.

Agora, no final do ano,

veio compor um bocadinho,

em relação aos pastos. Mas,

mesmo assim, não estamos

bem”, confessou Óscar Alves.

No entanto, Óscar não é

o único agricultor da casa.

Diana Alves tem 21 anos e

partilha com o pai o gosto

pela terra. Apesar de não ser

agricultora de profissão, Diana

sente que ainda há muito

por fazer pela agricultura.

“Primeiro, acho que é

necessário um reconhecimento

do agricultor e

do trabalho que este faz

e, com isso, a valorização

do produto para o

agricultor.”, realça a jovem.

Refere ainda que o produto

é vendido “para um intermediário

a cinquenta cêntimos,

por exemplo a cereja,

Fotografia: Bruna Jardim

e vê-se nos supermercados

a dois, três, quatro euros.

Com a castanha acontece

precisamente o mesmo”.

Ainda assim, a falta de reconhecimento

não é o único entrave

apontado pelos agricultores.

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