17.01.2023 Views

Sentinela Impresso

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Sociedade

Um olhar sobre a guerra

Por: Maria Andrade

Imagem

Fotografia: Daniel Rodrigues

As centenas de jornalistas que acompanham a guerra na Ucrânia tem um papel fundamental na

sua divulgação. São considerados os olhos da guerra. Rui Caria, em entrevista ao Sentinela, conta

como foram os 40 dias que esteve na Ucrânia e realça a importância da boa prática jornalística.

A

Rússia invadiu a

Ucrânia a 24 de

fevereiro e, desde

então, as várias reportagens

que passam nos canais

de informação transmitem

diferentes visões sobre a

guerra. No entanto, quanto à

cobertura dos motivos existe

uma quase unanimidade.

Rui Caria começou a sua

carreira na área da imagem

em 1990. Em 1993 tornou-

-se correspondente da TVI,

onde permaneceu como editor

e repórter de câmara até

2003. É repórter e editor de

imagem correspondente nos

Açores para a SIC Notícias

desde 2006 e colabora como

fotojornalista em vários jornais

nacionais e internacionais.

Esteve na Ucrânia durante

40 dias como enviado

especial da SIC passando pelas

zonas de maior conflito.

Caria explica que aquilo

que mais o marcou foi “precisamente

a destruição” e

constatar que “a humanidade

está nisto que vemos”. Dadas

as circunstâncias, é natural

o aparecimento de vários

pensamentos e questões, mas

afirma que o sentimento geral

“foi de estarmos a perder o

mundo”. A imparcialidade,

característica do jornalismo,

“fica um bocadinho por terra

ali”, no sentido em que não

é possível ficar completamente

indiferente à destruição e

morte de pessoas inocentes.

Lidar com a

morte não é uma

novidade nesta profissão,

mas lidar

com a morte provocada

pelo livre-arbítrio

de alguém,

pela escolha de

alguém, confunde-

-nos um pouco mais

no terreno.”

Apesar de existir uma

“competição feroz” no campo

jornalístico, quando estão

no terreno “isso dilui-se um

bocadinho”. Rui, conta ao

Sentinela, que existiu troca

de contactos e ideias de trabalho

entre as televisões que

se encontravam lá presentes.

“O que eu acho que não

podemos fazer é olhar para

estas notícias da guerra e ficar

por aquilo que vemos.”,

aconselha Caria. É essencial

procurar mais sobre determinada

história para comprovar

se é verdade, porque

“há muita manipulação, há

muita propaganda tanto da

parte da Ucrânia como da

parte da Rússia, eles são especialistas

nisso e tem que

se ter imenso cuidado.”.

Chegar ao local nem sempre

era fácil e a segurança

“é uma fantasia” quando se

trata de andar num sítio de

guerra. Nas palavras de Rui

Caria, é estar na “zona de não

conforto, a guerra é o reino

do caos”. Estar lá é sempre

muito incerto, tudo pode

mudar a qualquer momento.

A guerra “está a acontecer e

é aqui a 3400 km do continente

português, o que faz

com que esteja às portas da

Europa”, alerta o fotojornalista.

Ninguém está livre

e o conforto que temos hoje

pode desaparecer. Na Ucrânia,

nesta altura de conflito, as

comunicações são “mais ou

menos rudimentares” e não

22

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!