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Grande reportagem

Política

Posteriormente, ingressou

no corpo docente da antiga

Escola Superior Colonial, atual

ISCSP, onde assumiria a

direção mais tarde, em 1958.

A tese “O Problema Prisional

do Ultramar”, editada em

1954, recebeu um prémio

pela Academia das Ciências

de Lisboa. Em 1956, Adriano

revelou-se um dos mais importantes

pensadores da Universidade

e da vida nacional,

com a sua obra “Política Ultramarina”.

No ano seguinte,

e até 1959, Adriano Moreira

fez parte da delegação portuguesa

às Nações Unidas.

Acabou, entretanto, por se

aproximar do Estado Novo,

quando foi chamado para o

Governo, por António Oliveira

de Salazar. Inicialmente,

ocupou o cargo de subsecretário

de Estado da Administração

Ultramarina e, um ano

depois, em 1961, tornou-se

ministro do Ultramar, posição

em que se manteve até 1963.

Nessa altura, começava a

Guerra Colonial, em Angola.

O seu mandato ficou marcado

pelo conjunto de reformas

que pôs em prática, entre as

quais a reabertura do campo

de concentração do Tarrafal,

em Cabo Verde. A abolição

do Estatuto dos Indígenas

(que não permitia aos habitantes

das colónias adquirir a

nacionalidade portuguesa), o

alargamento da cidadania, e

o direito a todos os portugueses

de entrarem, circularem e

se estabelecerem em qualquer

parte do território nacional,

foram outras medidas adotadas

pelo então ministro do

Ultramar. Para além de tudo

isso, Adriano Moreira fundou

ainda o ensino superior nas

colónias, com o arranque dos

Estudos Gerais Universitários,

em Angola e Moçambique.

As suas decisões entraram

em discórdia com as políticas

de Salazar, que afirmou que

mudaria de ministro se Adriano

não as alterasse. A isso,

Adriano Moreira respondeu:

Fotografia: Wort Lu

Vossa Excelência acaba de mudar de ministro”

Após ser demitido, regressou

à vida académica, no ano

de 1965, e tornou-se presidente

da Sociedade de Geografia.

Em agosto de 1968, casou-se

em Sintra com Mónica Isabel

Lima Mayer, com quem teve

seis filhos, António, Mónica,

Nuno, João, Teresa, e Isabel

Moreira, atual deputada.

A seguir à Revolução do 25

de Abril, foi saneado das funções

oficiais e esteve exilado

no Brasil, onde foi convidado

para dar aulas na Universidade

Católica do Rio de Janeiro.

Em 1977, voltou para

Portugal e aceitou o convite

para aderir ao Centro Democrático

e Social, a que presidiu

entre 1986 e 1988, e

temporariamente entre 1991

e 1992. Foi também deputado

(1980-1985) e vice-presidente

da Assembleia da República,

entre 1991 e 1995.

No ano de 2014, Adriano

Moreira foi uma das 70

personalidades que defenderam

a reestruturação da

dívida pública como a única

forma de sair da crise.

Advogado de formação,

professor catedrático e estudioso

de política internacional,

escreveu várias obras nas

áreas do Direito, da Ciência

Política e das Relações Internacionais.

Em 2020, lançou a

obra “A Nossa Época - Salvar

a Esperança”. No mesmo

ano, em dezembro, sofreu

um desgosto com a morte do

seu filho de 47 anos, Nuno

Moreira, vítima de enfarte.

Adriano Moreira teve

um percurso académico e

político dividido entre dois

regimes, tendo sido ministro

do Ultramar, no período

da ditadura, e uma personalidade

de referência do

Centro Democrático Social

(CDS), em democracia.

Adriano foi o político com

maior longevidade da história

democrática portuguesa.

Montagem: Rita Silva

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