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WHIZ 15ª Edição

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15ª edição 2022

COSTA GOLD

Das batalhas de rap para os

palcos da vida. Conheça

mais sobre a banda que

através da músicas

traz visibilidade

à sua quebrada

O QUE É UM LAR

PARA VOCÊ?

Os Motorhomes são uma

nova forma de moradia.

Saiba mais sobre o casal que

decidiu fazer disso

seu estilo de vida

A AMPLITUDE

DO AUDIOVISUAL

Descubra os bastidores

do cinema asiático e

entenda a ascensão

dessa dramaturgia

pelo mundo

MULHERES

SOBRE RODAS

A entrada das

mulheres nas pistas se

torna mais uma

conquista feminina


EQUIPE

EDITORA CHEFE

Isabella Livoratti

DIRETORA DE CRIAÇÃO

Laura Bernini

REDAÇÃO

Isabella Livoratti, Júlia Fernanda

Vicente, Katharina Brito, Luana

Levasier

REDAÇÃO PÚBLICITÁRIA

Ana Beatriz Narciso, Beatriz Porto,

Giovanna Piantino, Fernanda

Bozzato, Mylena Lima, Rafaella

Calloi

MARKETING CIRCULAÇÃO

Aline Destefane

MARKETING PÚBLICITÁRIO

Beatriz Castilho

DIAGRAMAÇÃO

Keilla Carvalho

Mariana Cinato

DIREÇÃO DE ARTE

Giovanna Braidotti, Julia Moscarelli,

Keilla Carvalho, Lais Hirayama,

Lucas Natale, Laura Bernini, Maria

Eduarda Tavares, Mariana Cinato

INSTITUCIONAL AGÊNCIA JUNIOR

DE COMUNICAÇÃO MACKENZIE

André Martins, Giovana Mura,

Isabella Livoratti, Karolyne Tanaka,

Laura Bernini, Rafaella Calloi,

Renata Chavasco

REALIZAÇÃO

Agência Júnior de Comunicação

Mackenzie

PROJETO GRÁFICO

Gráfica Mackenzie

EDITORIAL

A nossa 15° edição da revista da WHIZ

chega com um super assobio para

alertar que temos assuntos pendentes

para tratar. O “fiu fiu”, veio trazer

novos pensamentos para nossos

leitores que merecem conteúdo de

qualidade. Para nossa capa, trouxemos o

grupo brasileiro de rap Costa Gold,

que retrata vivências tanto pessoais

quanto coletivas em suas músicas, além

de serem donos dos hits “Nada Bom”,

“Das Arábias”, entre muitos outros.

Você já imaginou viver sobre rodas?

O motorhome faz do seu carro o seu

lar. Além disso, temos outros movimentos

que rolaram na WHIZ: falta de

acessibilidade, inclusão em campanhas

publicitárias e a ausência da

valorização do funk na sociedade.

Essa corrida de envolvimento, conta

com a participação de mulheres na

Fórmula1 e você também poderá

acelerar nos textos cruéis demais para

serem lidos rapidamente de Igor Pires.

Na cultura, a comida indígena trouxe

o sabor na edição e o entretenimento

do cinema asiático. Na moda, o

Sportlife está liderando as passarelas, já

o Cara ou Coroa, veio para expor os dois

lados da moeda com uma pauta

muito importante sobre a liberdade de

expressão. Leia nossa revista e se

divirta com os conteúdos mais diferentes.

E lembre-se: se precisar, assobie!

Equipe WHIZ.

Redatoras

Katharina Britho e Fernanda Bozzato

FOTO DA CAPA

Luiz Rebelato

Studio Photo21Sp

2


04

AUTORIZADA ..............

Todo mundo

merece um TETO

............ TÁ NA CAPA

Vivências

em rimas

16

06

NO PAÍS DAS

MARAVILHAS...........

Os obstáculos

vividos no meio

infantil

........................PERFIL

Um perfil

cruel demais

20

08

AOS OLHOS DE

MOZART........................

Das periferias

para o mundo

........BLOCO DE

NOTAS

Faça da

inclusão um novo

padrão

24

10

ADRENALINA.....................

Corra como

uma mulher

........BON APPÉTIT

HAYHU:

o ingrediente

secreto de um povo

26

12

CARA E COROA ...........

Vozes de ódio

no volume

baixo

......CHECK IN

Um lar

sobre rodas

28

14

VISTAM-SE OS BONS.....

Sport Life:

das quebradas para

as passarelas

.........SEGREDOS DE

LUMIÈRE

A imersão da Ásia

nas telas de cinema

30

3


AUTORIZADA

Todo mundo merece

um TETO

A ONG que luta para que cada cidadão possa ter uma moradia

Por Júlia Fernanda Vicente

A TETO é uma OSC (Organização da

Sociedade Civil) que busca superar a pobreza, em

busca de uma sociedade justa e integrada onde todas

as pessoas possam exercer plenamente seus direitos

e deveres e tenham oportunidades para desenvolver

suas capacidades.

Ela foi criada no Chile em 1997, onde havia

uma comunidade passando por uma situação de

vulnerabilidade, chamada Curanilahue. A história

começa com um grupo de pessoas que se voluntariaram

para transformar uma moradia em uma capela.

A construção proporcionou a oportunidade de

estabelecer uma relação diferente com os moradores.

O trabalho lado a lado deles produziu um diálogo

espontâneo e profundo, uma troca entre iguais. Mas,

foi em 2001 que o projeto se tornou oficialmente uma

ONG (Organização sem fins lucrativos) e foi nomeada

de “Un Techo para Chile” (Um TETO para Chile).

Em 2002, a OSC começou a se expandir

para outros países da América Latina, como México,

Colômbia, Equador e o Brasil. Com o crescimento

da organização em 2005, a OSC troca seu nome

para “Um TETO Para Meu País”. Já em 2012, faz a

troca definitiva, para seu nome atual: “TETO Brasil”.

4

Com o passar dos anos, a instituição

ganhou mais força e passou a

ter 7 sedes no Brasil, sendo

elas: São Paulo, Minas

Gerais, Curitiba, Goiás,

Rio de Janeiro, Bahia

e Pernambuco,

e, também, no Distrito Federal. Além de estar

presente em 18 países da América Latina.

Camila Jordan (32), Diretora E x e c u t i v a

da TETO Brasil, conta que a organização prioriza

o desenvolvimento de moradias que possam ser

construídas em formato de mutirão em um periódo

de dois dias por conta da situação emergencial em que

as famílias vivem. As moradias de emergências podem

ser desmontadas em casos de desapropriação. Elas

são feitas de madeira de pinus ou OSB, certificada

e pré-moldada e possuem dois tamanhos: 18m2 e

15m2. Ademais, são apoiadas em estacas, trazendo

um maior conforto térmico, protegendo os animais e

das possíveis inundações.

A escolha de quais comunidades serão

beneficiadas é feita através de várias etapas, sendo

que a primeira são estudos de campo para avaliar

quais comunidades estão em maior vulnerabilidade,

com a ausência de moradias dignas e direitos

básicos, como luz, esgoto e água. Em um segundo

momento, o trabalho da organização é apresentado

para a comunidade e, somente se, houver interesse

e mobilização da comunidade, que a TETO inicia

o trabalho. Segundo a CEPAL, a região da América

Latina sofreu um retrocesso de mais de 20 anos em

níveis de pobreza por conta da pandemia de Covid-19.

Tudo o que tínhamos avançado no continente, em

níveis de redução de desigualdade e pobreza, perdemos

nestes dois últimos anos”, conta a Diretora Executiva.

A TETO, é um trabalho em conjunto

de seus moradores e voluntariado. Além da

moradia, a OSC também engaja seu voluntariado

e moradores a terem um pensamento crítico,

cidadania ativa e trabalharem em conjunto

pelo desenvolvimento comunitário nas favelas.


“A nossa visão é por uma sociedade justa,

igualitária, integrada e sem pobreza, em que

todas as pessoas possam exercer plenamente

seus direitos e deveres e tenham oportunidades

para desenvolver suas capacidades”, diz Jordan.

Mariana Coelho Prado (25), Coordenadora

Regional da TETO SP, conta que queria trabalhar

com algo que lhe mostrasse outras realidades e ver

no que ela poderia ajudar e aprender durante esse

caminho. Como estudante de direito, se interessou

muito pelo direito à moradia e à cidade e esses

motivos a fizeram entrar na ONG. Mariana conta que

a TETO mudou sua vida e formou sua maneira de

ver o mundo e a sociedade. “Me possibilita ser uma

pessoa melhor, inquieta e indignada o tempo todo”.

A TETO se mantém por meio de doações

de pessoas e de empresas que acreditam no trabalho

social do trabalho e o apoiam. “Hoje, muitos dos meus

heróis e heroínas são as pessoas e lideranças que eu

vejo nas comunidades. Eles me motivam todos os dias

a continuar fazendo o que eu faço”, declara Coelho.

Além das moradias de emergência, também

existem outras ações, como: os centros de captação

de água da chuva, que é acoplado às moradias de

emergência; a horta comunitária, um projeto que

busca a autossuficiência alimentar da comunidade; o

lavatório comunitário, que busca a higienização das

mãos antes de entrar na comunidade, garantindo assim

mais proteção em questão de doenças virais; o refeitório

comunitário, pode atender até 40 pessoas por ciclo de

refeição, com o objetivo de combate a fome

que cresceu muito devido a pandemia

e a sede comunitária; que

realiza atividades

comunitárias em busca do desenvolvimento coletivo.

Edite Vieira (35), líder comunitária da

comunidade City, diz que antes da TETO sua

vida era uma vida normal de dona de casa, com o

pensamento só na família e de quem passava o tempo

todo na comunidade, mas sem expectativa. Ela

conta que depois da chegada da TETO, ela ganhou

uma perspectiva de vida e viu que poderia estudar.

Edite, conta que a OSC foi como um amparo, e que

logo na primeira ação na comunidade construiu

14 moradias e realizou o sonho de várias famílias.

“Eu estava paralisada e a TETO esteve

comigo. Hoje eu sei que posso chegar aonde eu

quiser. Eles impactaram as mulheres da comunidade.

Eles dão aquele empurrãozinho para chegarmos

aonde queremos”, fala a líder comunitária.

A TETO já trabalhou em mais de 150 favelas

brasileiras, apoiou 4587 famílias, realizou mais de 178

projetos comunitários e teve mais de 76 mil voluntários

nos últimos 15 anos. “Hoje eu consigo entender que a

mulher negra, pobre e periférica pode estar onde ela

quiser. As coisas não estão no nosso pensamento, elas estão

a partir de onde nós colocamos nossos pés”, diz Edite.

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NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Os obstáculos vividos

no meio infantil

A falta de inclusão e seu prejuízo na vida de crianças

com deficiência

Por Luana Levasier

Segundo pesquisa feita pelo Censo Escolar

no ano de 2020, o Brasil possui 1,3 milhão

de crianças deficientes na Educação Básica.

Seja nas escolas regulares ou na educação

especial, a vida de pessoas com deficiência sempre

terá mais obstáculos no meio social e acadêmico,

esses que, muitas vezes, podem ser evitados

com preparo adequado das instituições de ensino.

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Não é novidade que a estrutura de praticamente

todos os ambientes foram feitas para pessoas sem limitações

físicas, no entanto atualmente estão surgindo

meios de facilitação que visam atender as necessidades

dos deficientes. Um dos espaços em que a acessibilidade

deveria ser uma certeza é a escola, mas, infelizmente,

muitos pais de crianças deficientes optam por

matriculá-las em escolas especiais por falta de acessibilidade

e estrutura adequada nas escolas regulares.

Reginaldo Pacheco, Presidente do CRPI Guarujá

(Centro de Recuperação de Paralisia Infantil e Cerebral

do Guarujá) aponta: ‘’O ambiente escolar tem

que estar preparado, sem barreiras arquitetônicas e com

engenharia adequada. As rampas têm que estar com boa

inclinação, portas com tamanho ideal e banheiros acessíveis’’.

Além da parte estrutural, o Presidente enfatiza

a importância de profissionais preparados para dar

a retaguarda a esses alunos: ‘‘As escolas possuem tutores

que cuidam da parte pedagógica dessas crianças,

mas é necessário outros profissionais para as que dependem

de ajuda para se alimentar e realizar higiene

pessoal’’. Quando a criança deficiente entra em contato

com outras, principalmente na escola, ela percebe

que possui algumas barreiras que as outras não têm.

Não é incomum que a criança que apresenta

limitações seja excluída justamente por conta da

desinformação das crianças em relação a deficiências.

‘’As escolas têm que preparar os colegas para

as características da criança com deficiência, pois,

às vezes, por falta de entendimento, acabam praticando

bullying ou a deixando afastada. Por isso, é

importante que esses temas sejam abordados e explicados

na sala de aula’’, acrescenta Reginaldo.

Ademais, as crianças com o Transtorno do Espectro

Autista costumam apresentar dificuldade em formar

laços no ambiente escolar, dificultando a aprendizagem.

Geralmente, os sintomas do autismo são percebidos a

partir dos três anos de idade, quando a criança passa a ter

mais interação social e a realizar tarefas mais complexas.

Além disso, costumam ter problemas na comunicação,

como não saber usar palavras para expressar

seus sentimentos ou demorar mais do

que a média para começar a falar corretamente.

Por esses fatores, a fonoaudióloga Patricia Fiorim,

que trabalha para a APAAG (Associação de Pais e

Amigos dos Autistas), informa: ‘’As crianças no Espectro

Autista, em muitos casos, necessitam de uma assistente

terapêutica dentro da escola. Os profissionais

precisam fazer cursos para entender essas crianças e suas

necessidades. Dessa maneira, elas conseguem um melhor

desenvolvimento comportamental e intelectual’’.

Apesar das barreiras, o convívio social é muito importante

para a criança autista, que deve ser incentivada a

brincar e se conectar com seus colegas. Todavia, é necessário

preparar a criança para os momentos de integração,

o que deve vir de seus pais. Eles devem ensinar

a criança a brincar em grupo, dividir seus brinquedos,

a como reagir quando alguém faz ou diz algo que não

é de seu agrado, entre outros ensinamentos que visam

melhorar sua qualidade de vida no âmbito social.

A inclusão da criança deficiente visual é tão

importante quanto qualquer outra, e deve contar com

pessoas que estão dispostas a entendê-la tanto como indivíduo

com limitações quanto pessoa que por muitas

vezes consegue ser independente. Tamires Bastos, mestra

em Educação pela Universidade Federal do Maranhão,

comenta sobre a supervalorização do olhar em

sua dissertação: ‘’Filósofos como Aristóteles e Locke,

acreditavam profundamente que a visão era o sentido

mais importante e afirmavam que só através dela poder-se-ia

ter conhecimento apropriado do mundo’’.

A pedagoga também aborda sobre os conceitos

impostos às pessoas com a deficiência: ‘’Quando

a deficiência visual é posta em discussão, muitas vezes

é relacionada a uma vida na escuridão, e isso ocorre

porque em diversas situações a cegueira é associada a

fechar os olhos e ficar no escuro’’. Dessa forma, por

mais que algumas pessoas tenham limitações e precisem

de apoio, deve-se reconhecer suas capacidades

e não vê-las como seres indefesos, e sim como pessoas

que apesar de precisarem de alguns cuidados especiais,

são capazes de viver vidas felizes e de sucesso.

A compaixão e conhecimento são essenciais para

que a inclusão de crianças deficientes nas escolas e em

qualquer outro ambiente. Não deixe de ajudar pessoas

deficientes que estejam precisando de uma mão, e nunca

deixe de buscar cada vez mais conhecimento sobre

suas limitações, pois dessa forma, serão cada vez mais

acolhidos de forma adequada aonde quer que estejam.

7


AOS OLHOS DE MOZART

DAS PERIFERIAS

PARA O MUNDO

Um pouco mais sobre o Funk, o gênero musical muito

marginalizado por vir das comunidades, cada vez mais

conquistando seu espaço na sociedade.

Por Júlia Fernanda Vicente e

Katharina Brito

A

estética brasileira é repleta de cultura que

se aprimora a cada dia pela população,

ganhando admiração até de outros

países. Foram anos de muita censura e luta até

recebermos o verdadeiro respeito pela música

brasileira, no qual cada verso simboliza

uma conquista.

O Brasil é um país de diversidade, onde

a música emociona e encanta os corações de cada

um, sendo ela marcante em momentos

específicos da história. A origem dos bailes funk

começou com o Canecão, conhecido como

‘’Baile da Pesada’’, que juntava os jovens

cariocas. O som era uma mescla da música

eletrônica e hip hop, com letras que passavam

a visão do cotidiano no subúrbio carioca.

No começo dos anos 90, criou-se um

espaço que retrata a realidade da violência urbana, a

qual atingia significativamente a periferia.

Para Priscila Rebeca de Oliveira Gomes (42),

Vice-Presidente da ONG Rede Funk Social e

que atua no município de São Gonçalo, Rio de

Janeiro. Sendo assim, o papel do funk até hoje,

visa incentivar os jovens por meio da

inclusão com base nos acontecimentos

cotidianos. Faz mais de 20 anos que o projeto

enxerga esse estilo musical como

ferramenta de transformação.

Infelizmente o país ainda tem muito

preconceito com o gênero, não compreendendo

que ele transforma a vida de muitos jovens que

não têm oportunidades de crescer na sociedade.

Priscila acredita que a desvalorização acontece

principalmente pelo fato de vir da favela. “A

gente viu o projeto social como uma maneira de

descriminalizar o funk. É muito fácil alcançarmos

os jovens através do funk, pois é algo que eles

gostam”, diz a Vice-Presidente.

Existem diversos projetos criados na periferia

com intenção de acolher e dar voz para que jovens

acreditem em seus sonhos. Thiago de Paula (33),

Produtor de Mobilizações da Arena Dicró e Diretor

do Passinho Carioca, trabalha em uma companhia

que visa fazer com que os jovens tenham o funk

como uma fonte de renda, envolvendo o teatro e

dança.

Essas iniciativas buscam acolher os

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jovens por meio da cultura, dando esperança e espaço

para pessoas que são menos favorecidas. Elas

oferecem todo o tipo de apoio com a ajuda

de profissionais dispostos a garantir melhorias

onde não chega o poder público. Ensinam a

vida como um todo, cidadania, política e

participação em importantes mudanças. A dança

do passinho carioca, por meio do acesso político,

se tornou Patrimônio Cultural e Imaterial

do Rio de Janeiro.

Thiago, o produtor, comenta sobre o impacto

direto dos trabalhos realizados na vida dos jovens,

possibilitando ajuda financeira em suas casas.

Com a companhia de dança, as famílias dos

participantes passam a ter mais acesso ao teatro

e a cultura de uma maneira geral. “Vocês

não tem noção da felicidade que é ver esses

meninos se apresentando em um teatro

lotado. Os sonhos deles passam a ser o nosso sonho

realizado”, complementa a Vice-Presidente Priscila.

O MC Douglas Vieira da Rocha Costa

(23), conta que começou a cantar aos 10 anos, e

suas maiores inspirações eram Claudinho

e Bochecha, pois ele queria transmitir uma

mensagem positiva para as pessoas assim como

a dupla. Aos 13 anos, decidiu se lançar na

carreira de funkeiro e começou a postar

vídeos cantando no Youtube. Douglas busca

mostrar o lado bom da vida em suas

músicas, que as pessoas podem alcançar

seus sonhos e, para isso, ele se inspira em sua

família e amigos, além de ver o funk como

uma forma de denunciar o mal que existe na sociedade.

Priscila, Thiago e Douglas enxergam o

funk como uma forma de luta e denúncia ao

preconceito que existe entre as classes sociais. Eles

acreditam que a música é um meio de

relatar a realidade que grande parte dos

brasileiros vivem, e que através dela, você pode

mudar a sua vida e a de outras pessoas.

“A pessoa transmite nas letras a vivência

dela. Não tem como pedir para um menino da

comunidade cantar em suas letras uma

vivência de uma pessoa da zona sul, isso não

condiz com a realidade dele”, diz Douglas.

O funk, desde sempre foi marginalizado,

mas agora com o crescimento do sucesso de

funkeiros brasileiros fora do país, aos poucos,

essa imagem está mudando. A funkeira

Anitta vem investindo pesado em sua carreira

internacional. A cantora quebrou recordes e

entrou no Guinness Books por se tornar a

primeira artista latina solo a alcançar o primeiro

lugar no Spotify mundial com o hit “Envolver”.

Assim, levando o mundo a conhecer e

apreciar a cultura brasileira.

Um dos maiores destaques

no Rock in Rio Lisboa foi o show

de Anitta, que levou a multidão

à loucura e teve a plateia

toda cantando suas

músicas. Ela dominou

a audiência televisiva

do evento e obteve

sucesso ao levar o

funk para a Europa.

O funk é

o gênero musical

brasileiro mais

ouvido fora do país,

ultrapassando

músicas tradicionais

brasileiras como

a Bossa Nova

e o Samba,

também muito

conhecidas. Mc

Fioti quebrou

recordes quando

teve seu hit “Bum Bum

Tam Tam” como o primeiro

videoclipe brasileiro a alcançar 1

bilhão de visualizações no Youtube,

mostrando mais uma vez a grandeza e

o sucesso que o funk faz no país.

“Ele executa um papel importante

em nossas vidas, ele mostra

que somos protagonistas de

nossas histórias. É uma

ferramenta política de forte

impacto nessa sociedade”,

fala Thiago.

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ADRENALINA

Entenda um pouco mais sobre a mudança que aconteceu no ano

de 1958 acerca da visibilidade e espaço das mulheres dentro do

âmbito da fórmula 1

PorJúlia Fernanda Vicente

A

primeira mulher a entrar nas pistas

da Fórmula 1, foi a italiana Maria Teresa

de Filippis, dirigindo um Maserati,

em 1958. Ela participou da competição

no mesmo ano e no ano seguinte para disputar

o Grande Prêmio da Bélgica e do GP de Mônaco.

Como Maria foi a pioneira, em um esporte

que a sociedade sempre acreditou que era para homens,

ela sofreu preconceito por ser uma mulher

que é piloto. Maria teve sua inscrição negada para o

GP da França, quando Tote Roche, diretor da prova,

disse: “uma mulher tão bela não deveria usar nenhum

capacete que não fosse um secador de cabelo”.

Com a carreira curta na F1, Filippis ficou

fora do ramo do automobilismo por alguns

anos, até ter sua volta em 1979, onde ela ingressou

no Club of Former F1 Grand Pix Drivers.

Um clube que contava com a união de Ex-pilotos

de Fórmula 1, lá ela foi vice-presidente do clube

e, também, presidente do clube de Maserati.

Nos anos 90, décadas após o pioneirismo de

Maria, Lella Lombardi foi a segunda e última piloto

a correr a F1. Ela foi a primeira e única mulher

a pontuar no campeonato, no GP da Espanha.

Há mais de 40 anos não há mulheres no Grid

da Fórmula 1. Outras três tentaram chegar às pistas da

F1, sendo elas, a sul-africana Derisée Wilson, a italiana

Giovanna Amati e a inglesa Divina Galica, mas

elas não conseguiram se classificar para a competição.

10


Visando a equidade no automobilismo, a

W Series, é um campeonato de fórmula exclusivo

para mulheres. O ano de estreia foi 2019, onde

foram disputadas seis corridas. Já em 2020 o campeonato

foi cancelado por conta da pandemia de

Covid-19 e teve seu retorno em 2021. A Campeã

de 2019 e 2021 foi a inglesa Jamie Chadwick.

Além do automobilismo ser um lugar visto como

“um espaço de homens”, ele também tem um custo

muito alto. “Nesse ramo, você gasta mais do que ganha,

então, sempre tem que procurar patrocinadores. Não é

um ramo que está de mão abertas para as mulheres” diz,

Nanami Tsukamoto, piloto de drift e Rali, no Japão.

Por isso, a W series é “free to enter”, que significa

sem custos para entrar, buscando eliminar as barreiras

financeiras na Fórmula 1. Além disso, todos os carros do

campeonato são mecanicamente idênticos, assim, nenhuma

piloto sai em vantagem, pois todas competem no

mesmo nível e o que as diferenciam são suas habilidades.

Para a temporada de 2021 o campeonato

trouxe algumas mudanças. Em parceria com a Fórmula

1, aconteceram oito etapas junto com a competição,

nos mesmos finais de semana e circuitos.

Bruna Tomaselli é a única representante

brasileira e sul-americana a competir na W Series,

tendo sua primeira participação em 2021.

A brasileira conta que desde criança gostava e tinha

amor por carros. Com 7 anos ganhou do seu pai seu

primeiro kart. Ela diz que no começo era uma brincadeira,

mas depois ela e a família começaram a ir

para a pista todo final de semana e conforme o tempo

foi passando, ela entrou nas no mundo das competições

de Kart, passou por todas as categorias e

com quinze anos começou a competir na fórmula.

Foi na pista de kart que Nanami Tsukamoto

teve contato com o automobilismo. No começo,

como o automobilismo é um ramo caro, ela pegava

os equipamentos emprestados ou ganhava, além disso,

ela começou a treinar sozinha. Foi com trinta

anos que a piloto brasileira, que vive no Japão, competiu

profissionalmente no Rali pela primeira vez.

O machismo é um dos principais fatores responsáveis

pela falta de mulheres nas pistas. A presença

feminina nos paddocks vem crescendo cada vez mais,

mas ainda está longe da igualdade da presença masculina.

“É algo histórico, desde sempre tivemos mais homens

do que mulheres competindo. A tendência

é cada vez termos mais mulheres”, diz Tomaselli.

Muitas mulheres sonham em correr nas

pistas mas deixam esse sonho de lado pela hostilidade

no esporte e pela falta de mulheres

na principal categoria do automobilismo.

“Alguns homens não gostam e não acreditam que

perderam para uma mulher”, declara Nanami.

Além de piloto, Tomaselli se formou em jornalismo.

“A faculdade é um plano B, eu sempre gostei

de jornalismo e é algo que dá para trabalhar com

esporte também”. Bruna Tomaselli é comentarista

da ‘‘Fórmula E’’ no SporTV, ela conta que em

suas transmissões que consegue juntar sua experiência

como piloto e seu conhecimento como jornalista.

O Brasil tem grandes nomes nas corridas como:

Bia Figueiredo, a única mulher a vencer a F-Renault;

a jovem Antonella Bassani, de quinze anos que é piloto

de kart; Débora Rodrigues, piloto da Copa Truck; Julia

Ayoub, outra jovem de dezesseis anos, a primeira brasileira

a competir no Mundial de Kart e, também, campeã da

categoria feminina do Troféu Ayrton Senna de Kart; Suzanne

Carvalho, fez história sendo campeã brasileira e sul-

-americana da categoria B da Fórmula 3. A primeira mulher

que conquistou esse título foi Graziela Fernandes que

fez história no automobilismo em 1960 e ficou em terceiro

lugar na prova feminina das 100 milhas da Guanabara.

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CARA E COROA

A internet, a voz dos opressores e a resiliência dos oprimidos:

saiba a diferença entre os limites da liberdade de expressão e do

discurso de ódio e suas consequências

Por Luana Levasier

Dentro da internet, não é incomum se

deparar com situações em que uma pessoa

direciona uma ofensa ou ataque à outra e se

esconde atrás do direito à liberdade de expressão,

quando. Por mais que a sociedade tenha evoluído

bastante em relação à preconceitos e estigmas, nos

últimos anos, ainda há pessoas que confundem

a autonomia para falar e o discurso de ódio.

Antes de mais nada, é preciso saber o que

diferencia o discurso de ódio da liberdade de

expressão: ‘’De acordo com a lei, o que diferencia

esses dois é justamente a finalidade. A liberdade de

expressão, que é um direito constitucional, nos garante

a possibilidade de emitir opiniões e pensamentos.

Porém, esse direito encontra limite no direito das

outras pessoas e na regulamentação sobre o que é e o

que não é crime’’, afirma a advogada Bruna Andrade,

CEO da startup “Bicha da Justiça”, que foi criada

com o intuito de dar assistência jurídica à indivíduos

da comunidade LGBTQIA+ vítimas de preconceito.

Uma parcela dessas pessoas não buscam

justiça quando são vítimas de ataques virtuais,

justamente por não conhecerem seus direitos.

Segundo, uma pesquisa feita pela Bicha da

Justiça, cerca de 80% das vítimas de preconceito

temem que o profissional que irá conduzir o processo

também seja preconceituoso, o que as afasta ainda mais

de obter justiça. Além disso, há diversos profissionais

na advocacia privada que fizeram cursos sobre causas

envolvendo vítimas LGBTQIA+. A doutora Bruna,

aconselha os estudantes de Direito que gostariam de

defender as pessoas da comunidade vítimas de ataques

virtuais: “O primeiro pilar é entender a fundo as pessoas,

a causa e as dores da comunidade LGBTQIA+ para

que a defesa seja feita de forma adequada. O segundo

pilar é a empatia e o acolhimento. Em terceiro, vem

a resiliência, essencial para a advocacia de minorias’’.

A internet, especialmente as redes sociais,

deram voz para todos os tipos de pessoas, basta elas

acessarem suas contas e já podem escrever qualquer

coisa que tiverem vontade. Se há 20 anos atrás você

comentava com a sua sala de aula que iria no show de

seu cantor favorito, hoje em dia você pode escrever isso

apenas uma vez e milhares de pessoas ficarão sabendo.

O mesmo acontece com as nossas opiniões, o que pode

se tornar um problema quando ela ofende alguém.

12


Com a ascensão da internet, o Direito teve

que ser “importado’’ para que fosse válido no mundo

digital, e apesar de não ter sido uma mudança simples,

passou por melhorias nos últimos anos. “Para cada

ato jurídico praticado no contexto da Internet, será

necessário proceder à técnica de “tradução”. Isso não

ocorreu de forma escorreita, na medida em que, na

ausência de trabalhos científicos sérios a lhe orientar,

a jurisprudência demonstrou-se vacilante e errática no

que toca à definição dos critérios que orientariam a

aplicação do “velho Direito” à nova realidade”, menciona

Cláudio Colnago em sua tese de doutorado em Direito.

Dessa forma, o discurso de ódio que antes podia durar

segundos, agora pode ficar eternizado dentro da internet,

e certamente pode sofrer consequências jurídicas.

Os direitos de todos os cidadãos devem ser

devidamente respeitados, além disso, devem se sentir

protegidos e respeitados apenas por serem quem são.

‘’O filósofo do direito Jeremy Waldron defende assim

que o Estado tem o dever de promover um certo

sentimento de segurança coletivo que permita a cada

indivíduo levar sua vida sem o medo de ser ofendido,

discriminado e hostilizado’’, explica o mestre em

Direito Matheus Assaf em sua dissertação apresentada

à Universidade Federal de Minas Gerais. Se esconder

atrás de um computador ou celular é muito fácil, e é

por conta desse anonimato que grande parte das pessoas

que despejam ódio na internet continuam fazendo-o.

A liberdade de expressão, diferentemente do discurso

de ódio, não deve causar medo de suas consequências

ao ser realizada, assim, é justamente este sentimento

que muitas vezes acaba por diferenciar estes dois.

Outro fato extremamente relevante neste

contexto é a quantidade de pessoas que cometem

suicídio ou entram em depressão por conta de ataques

na internet. Um dos exemplos é o caso de Lucas Santos,

um adolescente de 16 anos, filho da cantora Walkyria

Santos. O rapaz foi encontrado morto após ser alvo de

comentários homofóbicos no TikTok. Segundo dados

da pesquisa Vigitel 2021, cerca de 11% da população

brasileira é diagnosticada com depressão, o que só

piora com o cenário do despejo de ódio na internet.

Dessa forma, independentemente das

consequência legais que o discurso de ódio disfarçado

de liberdade de expressão carrega, um dos aspectos mais

importantes que o ser humano deve ter é a empatia. Com

ela, o indivíduo não precisa pensar duas vezes antes de

conter suas palavras ao pensar em uma opinião ofensiva.

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VISTAM-SE OS BONS

Sport Life:

Das quebradas para as passarelas

Conheça o estilo e movimento que une personalidade,

conforto e esporte no mundo

da moda

Por Isabella Livoratti

A origem do Sport Life

A

moda streetwear, que surgiu em meados dos

anos 80, é considerada um dos movimentos

mais importantes da contemporaneidade. Ela

surgiu como uma alternativa de representar a cultura

urbana nas roupas e acessórios, dessa forma, houve

uma expansão e aderência muito rápida neste estilo

de vestimenta. Logo, essa tendência deixou de ser

apenas da “rua”, como exemplifica seu nome, e passou

a ser apresentada em passarelas, devido às marcas

desse estilo de roupa terem conseguido alcançar uma

grande relevância no cenário da moda. Uma delas, por

exemplo, que surge justamente por causa desse tipo

de vestimenta e é conhecida até hoje, é a “Supreme”.

Ao longo dos anos, esse estilo se fortaleceu

cada vez mais, começando a ser usado por artistas,

principalmente rappers, e ganhando espaço nos

desfiles, sendo representados por marcas como Gucci,

Balenciaga, Louis Vuitton, entre outras. O Streetwear,

por ter se tornado tão grande e relevante, acabou sofrendo

com diferenças étnicas e culturais, assim, acabaram

surgindo “subcategorias” dentro dessa tendência.

Uma dessas vertentes originárias da “Roupa de

Rua” foi o “Sport Life”, esse movimento, consiste em

utilizar roupas esportivas, corta-ventos, camisas de time

para montar um visual com a pegada Street. Esta nova

tendência, como o nome mesmo já diz, não está ligada

apenas ao jeito de se vestir, mas também ao estilo de vida

das pessoas. Assim, o Brasil foi um dos pioneiros nessa

moda, visto que, nas periferias do país, já era notório

esse tipo de vestimenta devido a correria do cotidiano.

Além da facilidade dessas roupas e o conforto que elas

passam para quem fica fora de casa durante o dia, outro

ponto importante é destacar a valorização de algumas

marcas de luxo dentro desse movimento, trazendo a

questão da ostentação vista nas letras de funk e trap.

As representações culturais do movimento

A moda Sport Life, ganhou muito palco na

sociedade brasileira, pois ela se adequou perfeitamente

às correntes artísticas que ganhavam espaço no

Brasil durante sua entrada no país. O crescimento

dos estilos de música, Funk e Trap, coincidiram

exatamente com a chegada dessa pegada mais esportiva

nas roupas, já que a maioria dos representantes desses

estilos musicais vêm de comunidades. Dessa forma,

o Sport Life passa a ser um movimento não só de

moda, visto que, se uniu ao cenário social de uma

classe brasileira, que é deixada à margem dentro do

espectro cultural e detém a maioria da população.

“As camadas que estão abaixo sempre tentaram

chegar no mesmo patamar de representatividade,

então ver elas conseguindo isso com o Sport Life é

incrível” diz Breno Zanetti, que atua em relações

públicas na Hugo Boss. Breno explica, que existem

influencers e trappers que vem de classes sociais

mais baixas e trazem essa representação do estilo

das comunidades para o grande público, fazendo

com que essas pessoas ganhem um espaço de fala

que não tinham antes. “Para as pessoas, verem um

influencer usando uma roupa que elas se identificam

é incrível. Se você parar pra pensar, nós temos

nossos modelos, então os trappers e personalidades

que usam este estilo são muito importantes para

quem aderiu ou já fazia parte desse movimento”.

Além disso, o estilo Sport Life também tem

representação própria no seu modelo de foto, sempre

combinando elementos modernos com filtros mais

vintages, trazendo até algumas inspirações dos anos

2000, que nos últimos meses virou tendência nas

redes sociais. Os editoriais característicos desse estilo,

trazem sempre marcas das comunidades que foram

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o berço do movimento, sendo que alguns ensaios

chegam a ser feitos dentro de favelas, buscando

mostrar explicitamente a origem dessa tendência.

Sport Life e as marcas

Esse foi um movimento que surgiu da

população para as marcas, e não o contrário,

como acontece normalmente. Breno explica como

foi o movimento das marcas recebendo o Sport

Life: “quem está no mundo da moda precisa

estar atento, então essas pessoas estão sempre nas

redes, para que assim que elas enxergarem uma

tendência consigam usar aquilo da melhor maneira

para defender o que sua marca quer mostrar.”

Uma das linhas de luxo que mais chamou

atenção desde o começo dessa tendência no Brasil, foi a

Lacoste, visto que ela foi a marca mais discutida entre os

precursores dessa moda. Entre os trappers que aderiram

a esse estilo de roupa, ela foi a mais citada nas músicas,

chegando a bombar nas redes sociais por conta da música

“Rei Lacoste”, do cantor MD Chefe. A composição

fala da marca, trazendo uma ideia de ostentação

diretamente ligada a ideia de sair das comunidades e

conquistar novos espaços adquirindo peças de luxo.

Além disso, a parceria entre Adidas e Gucci,

com essa pegada Sport Life, chamou muita atenção para

a forma a qual esse estilo impactou as marcas. “Quando

a gente ia pensar que existiria essa parceria? Nunca!

Esse é realmente um momento de enxergar o sucesso

das marcas e a compatibilidade entre as duas para entrar

no mundo Sport Life, ganhando palco e tentando

antecipar o que o público quer” , exemplifica Zanetti.

Outros grandes destaques dentro desse

movimento são os próprios estilistas brasileiros, como

por exemplo: Neguinho de Favela, um dos principais

personagens na disseminação desse estilo no Brasil. Um

garoto nascido na periferia do Rio de Janeiro e que,

sempre foi apaixonado por moda. O estilista, além de

criar peças que sigam o estilo Sport Life e divulgar essa

moda por meio de suas redes sociais, é a personificação de

todo esse movimento. Por conta dele, as especificidades

do estilo de esporte brasileiro estão se espalhando pelo

mundo, e tende a ganhar cada vez mais visibilidade.

O futuro do Sport Life

O estilo, que já ganhou o coração de

diversas pessoas, é uma promessa para este ano,

visto que ele ganhou força junto com um dos

momentos mais importantes do esporte: a Copa

do Mundo. Dessa forma, as projeções para o

Sport Life são de crescimento e consolidação

desse estilo de vestimenta entre variados públicos.

“O Sport Life vai ser para sempre grande na minha

visão, não consigo imaginar que esse movimento diminua

nos próximos anos, acho que ele só tem a se estabilizar e que as

pessoas vão olhar, gostar e utilizar sempre”, finaliza Breno.

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TÁ NA CAPA

Rap, um ritmo que vem conquistando cada dia mais seu

espaço na sociedade. Conheça mais sobre Costa Gold e como suas

músicas impactam jovens e adultos.

Por Júlia Fernanda Vicente

O

Costa Gold é um grupo de rap que foi criado

em 2012 e desde então conquista o Brasil

com suas músicas e hits. Nascidos de um

momento em que esse estilo musical ainda não era tão

grande e valorizado quanto é hoje, os meninos sempre

buscaram exaltar suas inspirações e trazer reflexões

em suas músicas, o que é uma característica do rap.

O grupo é formado por Lucas Predella, Caio

“Nog” e DJ Cidy. Donos dos hits “Nada bom”, “Das

arábias”, e “Apita”, além de serem responsáveis por

seis álbuns de sucesso, entre eles, “155”, “300”

e “Auge”, que estouraram no Brasil e contaram

com a participação de grandes cantores brasileiros

como: Haikaiss, Xamã, Marechal e Cynthia Luz.

Com mais de 1 bilhão de views no Youtube e

1 milhão e meio de ouvintes mensais no Spotify, eles

carregam uma estética única e consolidada tanto em

seus videoclipes, como em suas músicas e roupas. A

revista WHIZ, trouxe um pouquinho da história dessa

banda, contada pelos integrantes Predella e Nog.

Como vocês se conheceram e como

a banda surgiu?

Predella - Eu e o Nog jogávamos basquete

profissional, eu pelo Palmeiras e ele pelo Pinheiros.

Então, já nos conhecíamos por vista, aí depois de um

tempo eu parei de jogar e comecei a fazer rap. Eu era

da Batalha do Beco e um dia o Nog ‘colou lá’ para

batalhar. O mais curioso disso tudo é o basquete,

porque nós jogávamos na mesma liga e anos depois a

gente acabou se encontrando, desenvolvendo uma

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amizade e em seguida o Nog já entrou no Costa Gold.

vive, aí a gente tenta levar isso para a música.

Por que o nome “Costa Gold”?

Predella - Eu tive a vontade de criar um

coletivo de Mc’ s, que carregasse o nome da minha

quebrada, o lugar de onde eu vim. Também queria

mostrar que na minha quebrada tinha Mc ‘s que

valiam ouro. Costa Gold é o lugar mais valioso.

Qual vocês acham que foi o impacto do TikTok

na viralização das músicas “Apita” e “Se essa bunda”?

Nog - 100%. Eu acho que essas músicas foram

criadas voltadas para o TikTok, sem perder a essência do

grupo, lógico. A gente sempre tem conceito em tudo o

que fazemos. Nós sempre paramos para pensar o porquê

estamos fazendo aquilo e não apenas para seguir o fluxo.

Criamos “Se essa bunda” e “Apita” totalmente voltada

para o fator TikTok. Em “Apita”, cada parte que eu rimo

é uma parte da semana, e o que eu pensei foi: “um desses

dias da semana vai viralizar, não sei qual, mas um vai”.

Qual vocês consideram que foi a

música que lançou o Costa Gold para o Brasil?

Nog- Acho que tiveram algumas,

foi uma construção. Teve a “Alameda

weed”, aí lançamos o “Cypher”, e aí veio

“Nada bom”, que pegou muita visualização.

Predella – “Nada bom 2”, “Das arábias

1” e “Cypher Deffect” marcaram bastante.

Como foi a produção da última

música “The Cypher deffect 3”, junto com o

Tz da Coronel, Major RD e André Nine?

Nog- Acho que foi uma música que a gente

remou um pouco contra a maré. Emplacamos dois

Qual é a maior diferença da banda que

começou há 11 anos atrás e a banda de agora?

Predella- Hoje em dia nós temos uma agenda

de trabalho, coisa que lá atrás nós não tínhamos.

Nog- O profissionalismo que nós criamos e

nosso amadurecimento. A nossa essência continua

a mesma, e é isso que torna a gente Costa Gold.

Vocês consideram que tivemos um avanço

no rap nacional?

Predella- Sim, com certeza. A gente começou há

11 anos atrás, quando esse avanço já estava começando

e que hoje em dia é tão nítido. Agora, você vê o rap

nacional superar números de artistas gringos e ganhar

prêmios. Você vê o rap no Rock in Rio, em todos os

eventos, com números grandes e dominando as playlists.

Nog- Você vê os MCs no CD da Anitta,

participando do POP, e isso é algo que não tinha antes.

Vocês têm alguma inspiração?

Nog- Uma das maiores características do

Costa Gold é exaltar nossas referências e as pessoas

que nos inspiraram a ser quem somos. Nós tivemos

o privilégio de fazer música com nossos ídolos.

Predella- Temos nossas inspirações diárias

também, é muito feito do que a gente ouve e

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hits para o TikTok, um seguido do outro, e

estávamos querendo sair disso, porque nós

fazemos de tudo um pouco. Uma parada que

a gente sempre fez foi o rap de mensagem, de

reflexão, o rap que a gente sempre pregou e que

precisamos dele para respirar. Então a música

foi basicamente isso, a gente rimando com os

MCs que a gente admira e produzindo uma

‘parada’ necessária. Ela tem uma outra proposta.

Predella- O “Cypher” carrega

uma mensagem muito bonita e nós temos

muito orgulho. Eu acho que é uma

das músicas mais legais do Costa Gold.

No final da entrevista, após os

meninos relatarem sua trajetória, fizemos

uma brincadeira ping pong, que consiste em

responder as perguntas com a primeira coisa

que vier à sua cabeça. Segue aqui as respostas:

Álbum favorito

Predella - Esse é o clima (Turma do Pagode)

Nog- Ready to Die (The Notorious Big)

Música favorita

Predella – Vago - Costa Gold (versão Rap Box)

Nog – Nada Bom pt 3

Show inesquecível

Predella - YO!MUSIC festival com participação do

Marechal

Nog – Os shows da turnê do Cacife Gold

Feat marcante

Predella - Don L

Nog - Caveirinha

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PERFIL

UM PERFIL

CRUEL DEMAIS

Conheça mais sobre Igor Pires, o autor que encantou o Brasil

Por Isabella Livoratti

Igor Pires, autor brasileiro que com apenas 26 anos

já conquistou livros Best Sellers, prêmios e o mais

importante: o coração de milhares de brasileiros.

Ele contou para a WHIZ momentos importantes de sua

carreira, como é o seu processo criativo e até deixou

um gosto de quero mais falando sobre seus planos

para o futuro.

1. O livro “Textos cruéis demais para

serem lidos rapidamente” foi sua estreia

triunfante, já que logo de cara você

lançou um best seller. Qual foi seu

sentimento em relação a criação e sucesso deste livro?

Eu comecei a escrever o tcd1 (Textos cruéis

demais para serem lidos rapidamente) sem muitas

expectativas de que se tornasse um sucesso, acho

que por essa razão, inclusive, que o livro se saiu tão

bem. Ele vem de um lugar despretensioso, mas de

bastante honestidade. Eu coloquei para fora tudo o

que estava sentindo depois de um término horrível.

Sabe quando você quer apenas vomitar tudo o que

carregou por muito tempo e não conseguiu? Então. O

sucesso foi inesperado e para falar a verdade continua

sendo. É muito louco ver que meus textos conversam

com as pessoas; que meus sentimentos não estão

sozinhos, pelo contrário: têm em quem se apoiar.

2. Seus livros além de textos são

repletos de ilustrações, esses desenhos são

reflexos do que os poemas representam?

Elas têm diferentes significados em

cada livro?

São ilustrações que conversam com os textos e

funcionam quase que como uma simbiose do que estou

querendo dizer. Eu converso com a ilustradora, passo

um briefing de como imagino aqueles sentimentos

na ilustração e ela transforma isso na linguagem

dela, na maneira como ela enxerga aquele texto.

Para cada livro, traçamos uma narrativa diferente,

de forma que caiba dentro do conceito da obra.

3. Como trabalhar em conjunto com

outros artistas para o processo de criação

das ilustrações?

Eu particularmente gosto muito porque

é um momento em que outra pessoa, além das

editoras, podem ler meus textos. É um parâmetro

hahaha. Eu gosto também de ver como a linguagem

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visual consegue expandir ainda mais a linguagem

verbal. É um trabalho muito bonito, de artistas se

encontrando e se conectando por um proposito final.

fosse um demérito. Acho que eu também enfrento

muitos preconceitos, o mercado editorial não é fácil

e ainda há pouca representatividade dentro dessa área.

4. Os seus 4 textos são sobre

experiências vivenciadas por você? Qual seu

processo de criação?

Sim! Mas também são

histórias que escuto por aí. Eu sou

um bom ouvinte, então acaba que

muitos textos partem de situações

que vi meus amigos passarem; minha

família. Ainda assim, meu trabalho

é bastante autoral. Tem muito

das minhas relações e da minha

vida cotidiana no meu trabalho.

5. Desde seu primeiro

livro “Textos cruéis demais

para serem lidos rapidamente”

até o seu mais novo “Todas as coisas

que te escreveria se pudesse”. Você

sente que seu jeito de escrever

evoluiu ou mudou de alguma forma?

Muito! É engraçado porque você

evolui, se transforma, avança conforme a

idade e consequentemente sua escrita também.

Assim como a maneira como você enxerga o

mundo e as coisas do mundo, a palavra ganha outras

formas, significados. Você entende que é muito mais

interessante alterar a forma, substituir o verbo, trocar

o sujeito. Por exemplo, hoje em dia eu tenho escrito

de uma maneira ainda mais livre. Se antes eu não

colocava letra maiúscula nos meus textos, hoje eu não

coloco nem pontuação. Mas é uma questão de estilo,

de encontrar o que você gosta e bagunçar com isso.

7. Além de sempre organizar eventos

públicos, você é sempre muito ativo nas

redes sociais e sempre busca estar em

contato com as pessoas que admiram

seu trabalho. Você sente que é importante

se comunicar com seu público e

escutar o que eles têm a

dizer sobre seus livros?

Sim, demais! Porque eu não

tive esse contato com meus autores

favoritos durante a adolescência

e penso que se tivesse tudo seria

diferente. É importante estar

próximo dos seus leitores para que eles

entendam que você é uma pessoa como

qualquer outra, sabe? Retirar-se desse

palco é importante e te humaniza.

Eu gosto de ouvir histórias, então

escutá-los é sempre um prazer.

8. Os seus textos foram para além dos

livros e a um tempo atrás você se tornou

host do Podcast “Cruéis demais”,

que traz poesias narradas dos livros e

conteúdos relacionados a amor,

relacionamentos e cotidiano. Como foi esta

experiência do mundo dos podcasts para você?

Eu sou apaixonado por narrar textos

hahahaha se eu pudesse, teria começado antes.

6. Ser escritor e ter reconhecimento

não é uma tarefa fácil. Então me conta:

qual

na sua carreira?

foi o maior desafio que você enfrentou

Eu enfrento e continuo enfrentando os

olhares das pessoas quando digo a elas que sou

escritor. Há, sempre, alguém que me olha com

aquela expressão de “coitado”, como se ser artista

21


Acho que é uma

maneira divertida

e prática das pessoas

me acompanharem,

saberem do meu

trabalho. Você pode

ouvir um texto num

dia ruim e ficar bem,

você pode escutar

uma poesia quando

volta do trabalho, você

pode se conectar com algo bonito

durante o dia a dia que às vezes é

brutal. Eu acho que o podcast é uma ótima

ferramenta para sair da rotina estando no mesmo lugar.

9. Este ano você também está sendo

um dos apresentadores do podcast “clube

do pé na bunda” junto com a Gabi Fernandes

e o João Doederlein, onde os

três contam as histórias

de foras já tomados

mais doidos da

história. Como

você se sente com

a participação

neste podcast? É

uma experiência

diferente

“Cruéis

do

demais?”

Foi uma

experiência

maravilhosa porque

eu me diverti muito!

Dei boas risadas com

aqueles dois. É muito

legal participar de

um projeto em que

você se sente à

vontade para ser

você mesmo, sem

uma fórmula ou

uma regra. O “clube

do pé na bunda”

foi justamente esse

projeto. Nele pudemos

f a l a r

das nossas

felicidades,

amarguras, desejos... eu

sinto falta. Espero que tenha outra temporada.

10. Que os seus livros se tornaram gigantes e

conquistam um espaço enorme

no cenário literário, a gente já sabe. Mas

que agora estrearão como uma peça, é uma

ideia completamente inovadora. Conta

para a gente quais suas expectativas para essa nova fase?

Eu não posso dar muitos detalhes,

mas dizer que estou muito

feliz e honrado com os rumos

que meu trabalho estão

tomando. Vai ser incrível poder

ver uma história que deu tão

certo nos palcos pelo Brasil.

11. Você gostaria de

deixar uma palavrinha ou algum

conselho para quem deseja

entrar no mundo da escrita?

Escrevam sem medo!

E sejam fortes para

bancar a decisão de

serem artistas. É

difícil, mas também

é um privilégio. Dos

grandes. Dos corajosos.

Dos que amam viver.

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BLOCO DE NOTAS

Faça da inclusão

um novo

padrão

Veja qual o papel das marcas com suas publicidades inclusivas

Por Katharina Brito

As campanhas publicitárias, têm o poder de

conquistar o público através do planejamento

e do marketing utilizado por uma marca. Elas

podem variar de diversas maneiras, trazendo visibilidade

para questões importantes e pouco representadas. Sendo

assim, a publicidade inclusiva faz com que temas poucos

representados fiquem marcados na memória das pessoas,

alertando, reeducando-as e fazendo com haja uma discussão

sobre pautas essenciais, assim, ganhando uma maior

audiência em prol de mudanças positivas na sociedade.

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Dove

E se pudéssemos #QuebrarOsEsteriótipos - Dia

Internacional da Mulher

Quebrando estereótipos e acabando com o preconceito,

a campanha da Dove, reforça a autoestima

para mulheres que sofrem opressão, tentando

atingir um padrão de beleza imposto pela sociedade

durante o ano. A propaganda mostra que devemos

quebrar esses tabus com o tempo e temos que ficar

à vontade com o nosso natural. Além disso, outra

pauta importante é quando mostram que não deveríamos

usar a palavra “beleza” para discriminar,

distorcer e desiludir.

Avon

Mês Violeta

Uma grande marca que aderiu à publicidade inclusiva

foi a Avon. Em uma de suas propagandas, ela

reúne mulheres de diversas etnias. Com o passar

dos anos, a empresa abre espaço para representatividade

dessas mulheres que sofrem com o preconceito.

Além disso, a Avon lançou o movimento

“Mês Violeta” como forma de acolhimento à comunidade,

oferecendo apoio médico e disponibilizando

conteúdos educacionais didáticos, assim

garantindo fontes seguras às mulheres.

Extra

30 anos de Extra

Atualmente, milhares de marcas estão trabalhando

com tradutores, incluindo as pessoas com deficiências

e facilitando o cotidiano dessa parcela social.

Nas redes sociais, o uso do ‘‘#PraCegoVer’’,

uma ferramenta que descreve as imagens para deficientes

visuais em conteúdos publicados, é adotado

cada vez mais pelas empresas com intuito de

de auxiliar os deficientes visuais. Outro exemplo

de inclusão é a campanha de comemoração dos 30

anos da rede de supermercados Extra. Nele, Fabiana

Karla, uma tradutora de Língua Brasileira de

Sinais (Libras), aparece no canto da cena reproduzindo

todo texto dito ao longo do comercial.

Johnson’s

Para nós e para todas as mães, todo bebê é um

Johnson’s

A marca Johnson ‘s Brasil, que garante a saúde e o

bem estar para bebês e crianças, lançou uma propaganda

em homenagem ao Dia das Mães. A campanha

mostra um bebê com Síndrome de Down protagonizando

uma linha de produtos. Este é um ótimo

exemplo de como derrubar barreiras que impedem

a inclusão de pessoas, além de conseguir cativar os

telespectadores com o sorriso contagiante do bebê.

Santos FC

Propaganda do Santos

A parceria do time com a Umbro foi uma homenagem

ao Outubro Rosa. A marca lançou uma linha

de camisetas rosas para a prevenção ao câncer

de mama, com a intenção de incentivar as mulheres

a buscarem cuidados médicos e se atentar aos

riscos que todas podem enfrentar. Parte do lucro

obtido foi destinado a Instituição (Federação

Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio

a Saúde da Mama), que age no combate à doença.

Brahma

Quem é o nome N º1 do futebol?

A publicidade de produtos direcionados ao público

masculino sempre enfatizou o corpo feminino

de forma sexualizada e sedutora. Essa objetificação

se tornou cada vez mais estereotipada aos olhos de

uma sociedade alienada e masculinizada. Um clássico

exemplo disso são as propagandas midiáticas

de cerveja, que utilizavam a mulher e o seu corpo

como um artifício para apresentar e vender seus

produtos. Porém, no ano da copa, esse padrão

foi quebrado. Para enfatizar todos os aspectos que

envolvem ser mulher, Marta, a principal jogadora

da seleção brasileira, protagonizou as propagandas

da marca de cerveja Brahma, quebrando os

arquétipos machistas nas propagandas de bebidas.

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BON APPÉTIT

HAYHU:

o ingrediente secreto

de um povo

As raízes da comida indígena que permanecem

vivas até hoje e a falta de representatividade

desses povos no cenário brasileiro

Por Isabella Livoratti

A

culinária pode ser definida

por: conjunto de pratos

e comidas específicas

de uma região. Dessa forma, no

Brasil divesas etinias influenciaram

na alimentação típica do país. A

cultura indigena sempre esteve presente

em vários aspectos da sociedade, e na

comida não é diferente, a maneira de comer

alimentos e de temperar com iguarias muito

se descende dos povos originários brasileiros.

Mesmo que com o tempo a culinária tenha

sofrido modificações, visto que o Brasil é um

país diversificado culturalmente, produtos como

mandioca, milho, frutas, peixes e ervas vem dos

costumes indígenas. Os povos brasileiros sempre

tiveram o hábito de utilizar ingredientes locais

para incrementar seus pratos, tal técnica é usada

até os dias atuais, já que o Brasil é um grande

produtor nas áreas de plantação e agropecuária.

A região que mais apresenta influências da

alimentação indígena é o Norte do país, mas há

resquícios dessa cultura por toda parte. O ponto

principal é que neste lugar as comidas típicas sofreram

menos interferência de outros povos, já que essa é uma

área com uma infraestrutura de difícil acesso. Sendo

assim, pratos bem tradicionais como, por exemplo:

tucupi, pirão, tacacá, ainda são muito consumidos,

e carregam as receitas originais das tribos.

Além disso, em diversos momentos comemos

alimentos de matriz indigena sem nem saber que eles

descendem desses povos. Comidas típicas de festa

junina, maneiras de preparar a mandioca, a banana

e até mesmo a famosa moqueca, são originários da

alimentação indígena. Por isso, vamos apresentar para

vocês receitas que vem desses povos e você não sabia.

A festa Junina traz diversas iguarias de

origem indígena, como: o bolo de milho, a canjica,

a pamonha, que são elementos muito fortes na

cultura brasileira. A canjica, por exemplo, sofreu

alterações externas com o tempo. A especiaria, que é

de herança do povo Tupinambá, tradicionalmente

era feita apenas com milho branco cozido,

mas os europeu adicionaram a

receita açúcar, canela, entre

outros ingredientes.

Uma das

comidas deliciosas

dos índios é a

paçoca. O doce

que sempre está

presente nas

festas de meio

de ano vem

da culinária

indígena.

U m a

curiosidade

s o b r e

26


é que seu nome é de origem tupi ‘‘po-çoc’’, que

significa ‘‘esmigalhar’’. Outro ponto interessante

da paçoca é que dentro das aldeias ela também

é preparada com farofa de peixe ou carne.

O Chimarrão, bebida muito conhecida

no Sul do Brasil e em países como Uruguai e

Argentina, também se originou dos índios. A erva

mate, que é o elemento principal do chimarrão,

era usada pelos povos Quíchuas, Aimarás e

Guaranis. Ela foi levada ao sul do país, por colonos

portugueses, espanhóis, alemães e italianos que

moravam nesta região e se afeiçoaram pela bebida.

O Pirão também é de grande relevância dentro

da culinária indígena, acompanhado de moqueca, o

prato faz sucesso como um dos mais marcantes da

culinária brasileira. A iguaria surgiu da visão do

índio de não desperdiçar comida. A receita,

feita a partir da farinha de mandioca e

do caldo de peixe, era realizada com

ingredientes como pequenos peixes

e até cabeça de peixes grandes.

Outro ponto importante da

culinária dos índios é a necessidade

de representação desses povos no

cenário atual brasileiro. Mesmo

sendo uma das principais matrizes

da alimentação do país, a primeira

pessoa a se tornar chefe de cozinha

indígena só conseguiu essa classificação

em 2016, depois de muita luta e esforço.

A pouca representatividade e a falta de

divulgação de como os índios são importantes

para nossa cultura e para formação

da sociedade, contribui

para um cenário em

que os indígenas sejam

deixados à margem da

sociedade, e ainda hoje sejam

vistos casos de preconceito étnicocultural.

Dessa forma, é necessário

reforçar a relevância desses povos não

só na culinária, como também em

outros aspectos culturais do nosso país.

Além disso, os povos originários

vêm sofrendo cada vez mais ataques dentro

de suas próprias terras. Só no ano de 2021 foram

denunciados 1.294 casos de tentativa de invasão às

terras indígenas, segundo o Comitê Indigenista

Missionário (Cimi), um dado que preocupa a Funai

(Fundação Nacional dos

Índios) e faz com que os

índios não se sintam

seguros dentro de

sua própria aldeia.

“O Brasil é

o único país que não dá valor às suas

raízes, mas todos são um pouco índios.

Existe violência contra a cor da pele,

mas o espiritual é só um, o que

importa mais é o ser da pessoa,

todos são a mesma coisa”.

Afirma José Carlos Lucas,

60 anos, músico e médico

espiritual indígena,

em uma entrevista ao

blog “Observatório

do Terceiro Setor”.

Glossário:

Hayhu - Amor.

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CHECK IN

Um lar sobre rodas

Conheça a história do casal Alessandra Ki e Léo Tomasi

sobre sua nova jornada vivendo em um motorhome

Por Katharina Brito

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Imagina viver em um lugar estável, sem preocupa-

ções com a distância e alcançar aonde quer chegar

de dentro de sua casa. Não parece algo tão sim-

ples, mas nada impossível para quem deseja viver sem

formalidades e conhecer o mundo com o seu próprio

conforto, criando recordações do aconchego do seu

lar. Assim, os motorhomes se tornaram uma alter-

nativa para quem sonha com todos esses requisitos.

Para entrar nessa vida, é preciso ter muita cer-

teza do que deseja e sentir que está realizado com isso.

Foi assim que o casal, Alessandra Ki e Léo Toma-

si, começaram a questionar seu cotidiano monótono.

Dúvidas começaram a surgir para a dupla e eles atra-

vés de pessoas que viviam em motorhomes chegaram

a conclusão de que deveriam se permitir viver, assim,

criaram um projeto de dar a volta ao mundo de carro.

Com o objetivo traçado, era necessário uma estratégia

de planejamento para que por meio dele pudessem

ser feitos os cálculos estimados de viver este so-

nho. O casal começou guardando R$500,00 por mês,

diminuindo gastos supérfluos e focando em aprimorar

suas carreiras para obterem um retorno monetário en-

quanto estão na estrada, todo esse processo chegou a

levar quatro anos. Para esta mudança, pouco a pouco

se aprofundaram em seus hobbies com um questio-

namento: “Se você não precisasse agradar ninguém

e nem precisar de receita, o que você faria ?”, para

entender o que os motivava e os fazia se sentir livres.

Sobre o AffonsInho

Quando o ponto é transformar um carro

em uma casa, existem vários passos. Motorhome

são sempre veículos grandes. Normalmente veículos

como um Camper (Land Rover Defender) ou

qualquer de tamanho convencional que dentro

dele você consiga transformar em uma casa.

Se você for viajar, dependendo do lugar

que deseja ir, precisará de um carro 4X4 que são

preparados para momentos mais aventureiros, tendo

capacidade de ir para lugares que os outros modelos

não conseguem. Por serem robustos e adaptáveis,

ganham uma possibilidade maior de lugares para

acessar. O modelo não tem nada eletrônico, ele é 100%

mecânico, para que você consiga resolver com mais

facilidade problemas futuros. Assim, Alessandra e Léo,

escolheram esse modelo de carro para cair na estrada.

Para a parte interna, que precisaria de

uma cozinha, banheiro, armário, chuveiro e uma

cama, procuraram uma empresa que trabalha com

projetos, para poder fazer modificações. Após as

mudanças: o teto do automóvel abre, a frente do

veículo tem uma barraca do tamanho de uma cama

king size, duas placas de painel solar, 2 galões de

água de 80L, além de um depósito de água suja.

Foram 6 meses para a parte interna ficar pronta,

até que ganharam a mobilidade na casa rodante. O

maior custo do casal é a alimentação, por nem sempre

cozinharem no motorhome e também pelos preços

das comidas dos lugares que visitam. A segunda maior

despesa é o combustível, no entanto, eles escolheram um

carro econômico, o que ajuda nos gastos com gasolina .

Foi preciso mais 3 meses trabalhando até

deixarem tudo para trás. O projeto iniciou-se em

junho de 2019, mas com a pandemia em março de

2020 necessitaram atrasar o processo. Por terem

se preparado financeiramente os planos mudaram

totalmente

“quando existe qualquer tipo de

dificuldade no meio do seu caminho, ou você desiste

ou encontra novos caminhos”, diz Léo Tomasi.

Durante esse período, os hobbies deixaram de

ter suas funções e começaram a fluir em momentos de

criatividade. O casal investiu em cada gosto pessoal e

aperfeiçoaram suas habilidades chegando em lugares

que nem imaginavam. Desenvolveram iniciativas para

mostrar ao mundo sua jornada, essas ideias, acabaram

se tornando fonte de renda para Léo e Alessandra.

Com séries que mostram o trajeto do Brasil

até a Guatemala e contam com 30 episódios postados

em seu instagram de viagens. Surgiu, então, a vontade

de escrever um livro para detalhar suas experiências.

Com ideias simples e sem segundas intenções foram

capazes de achar formas de se manterem de um jeito

que conquistou um público maior do que esperavam,

mostrando para seguidores a realidade de sua

jornada. Dessa forma, esses seguidores que dão força

para continuarem quando o casal realmente precisa

de ajuda, pois nem sempre estamos passando por

momentos bons é nessas horas que pequenas coisas

realmente importam. Momentos turbulentos são

difíceis de enfrentar, mas procurar o verdadeiro valor

da felicidade está fazendo valer tudo a pena para eles.

Com todo esse sucesso, abriram portas de

volta ao mundo corporativo e hoje dão consultorias

de planejamento para empresas na Guatemala, Brasil,

entre outros países. Eles também ensinam mentoria

com diversos temas, unindo sabedoria com vivências

pessoais e impactando de uma forma única a vida das

pessoas. Assim, o casal atingiu coisas sem pretensão,

como trazer uma renda que os ajudasse a se manter na

estrada, e ao mesmo tempo fazer algo com propósito.

Montando uma história diferente através de

uma felicidade sobre rodas, fazendo algo que gostam,

e que traz rendas a partir de hobbies, o casal impacta o

público que tem vontade de entrar neste estilo de vida,

ou seja, assumindo riscos e indo atrás dos seus sonhos.

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SEGREDOS DE LUMIÈRE

A IMENSIDÃO DA ÁSIA

Descubra mais sobre a internacionalização do cinema

asiático e sua busca pelo reconhecimento

Por Luana Levasier

É

inegável que o cinema asiático está atraindo cada

vez mais fãs pelo mundo, e um grande exemplo

disso é a série sul-coreana da Netflix "Round 6",

que se tornou a mais assistida da plataforma em poucas

semanas. Além disso, todos devem se lembrar do filme

‘’Parasita’’, que ganhou o Oscar de Melhor Filme em

2020. Por muitos anos, o cinema estadunidense esteve

no topo em relação a sucesso e premiações, o que

tem mudado bastante, fazendo com que o cinema de

outras regiões ganhe o reconhecimento que merece.

Uma das indústrias cinematográficas mais

amadas pelos brasileiros é a coreana, que conta com

uma legião de fãs pelo país inteiro. Este fenômeno não

é atual, mas só nos últimos anos, com a ascensão das

redes sociais, que ele passou a ser aparente. Com isso,

surgiram diversas 'fanpages' na internet com o intuito de

expressar o amor pelo entretenimento coreano. ‘’Minha

paixão pelas produções sul-coreanas começou em

2018. Um dia eu tive a sensação de que as séries e filmes

ocidentais não me satisfaziam mais completamente,

pois eu já havia assistido quase tudo que tinha a minha

disposição’’, conta a historiadora Brenda Mendes,

dona do perfil do Instagram ''@doramatica_doramas'',

que conta com mais de 71 mil seguidores. Ela também

compartilha o porque acredita que o cinema coreano é

tão popular entre os brasileiros: ‘’Essas obras possuem

inúmeras reflexões, sensação de conforto e parecem

que estão falando com você. Se você está passando por

um momento difícil, os 'k-dramas' oferecem palavras

bonitas e profundas. É como um abraço reconfortante’’.

É importante saber que o cinema asiático

não se limita à Coreia do Sul, apesar de ser o que

mais faz sucesso em nosso país. Uma das maiores

indústrias cinematográficas do mundo é a indiana,

que apesar de ser mais popular no sudeste asiático,

possui obras capazes de fazer pessoas do mundo todo

se apaixonarem. A cultura indiana é completamente

diferente da ocidental, então os filmes do país abraçam

narrativas que apenas indianos se identificariam, como

por exemplo a dinâmica dos casamentos arranjados

e a dificuldade que muitas pessoas enfrentam para se

casarem por amor, o que as tornam ainda mais tocantes.

Os short-films (curta-metragens) são muito

populares na Índia, especialmente os nacionais. O

canal do Youtube ‘’Pocket Films - Indian Short Films’’

é o maior canal indiano de short-films, que conta com

mais de 3 milhões de inscritos e um total de 1.3 bilhões

de visualizações. Saameer Mody, o criador do canal,

explica sobre a popularidade do cinema nacional na

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NAS TELAS DE CINEMAS

Índia, tendo em vista que em muitos países emergentes

o cinema estadunidense e europeu são os favoritos,

enquanto as produções próprias costumam ser deixadas

de lado: ‘’Eu costumava ver muito esse comportamento

nos indianos, mas de alguns anos para cá a Índia passou

a consumir produções nacionais muito mais do que

internacionais. Antigamente, os conteúdos locais eram

muito menos consumidos do que os americanos, mas

nossos criadores passaram a criar conteúdo de alta

qualidade e que nosso público consegue se identificar’’.

Saameer também deu algumas dicas para pessoas

inexperientes que desejam começar a produzir filmes:

‘’crie conteúdo que você realmente ama; tenha claro o

seu objetivo ou motivo de estar criando filmes; tenha

certeza de que seu conteúdo deixe o público entretido

a cada segundo; por mais que tenham desafios, tenha a

atitude ‘’Just Do It’’, não se deixe abater por obstáculos’’.

O terceiro maior cinema do mundo em

bilheteria é o chinês, ficando atrás apenas de Hollywood

(EUA) e Bollywood (Índia). O gigante tem uma história

um tanto curiosa, que foi contada pela mestra em

Estudos Interculturais Português/Chinês Fernanda

Santos em sua dissertação de mestrado: ‘’Sheldon Lu

(escritor e estudioso do cinema asiático) identifica

quatro fases essenciais da evolução do cinema nacional

chinês: a fase socialista, a fase nacionalista, a fase da

República Popular da China e a fase pós-maoísta’’.

Com base em seus estudos, sabe-se que a fase

socialista é marcada pelo início do século XX, que

pretendia distinguir-se do cinema estrangeiro, e

apresentava forte nacionalismo e oposição ao que vinha

de fora. Já em 1949, com o surgimento da República

Popular da China, o cinema passou a ser regulado pelo

Ministério da Cultura. A fase pós-maoísta marcou o

surgimento do Cinema Novo Chinês, que tem como

objetivo a reflexão sobre a história e sociedade do país,

e deu início a internacionalização das obras chinesas.

Uma grande parcela dos filmes asiáticos têm

como objetivo fazer o telespectador se identificar com

a narrativa, o que na maioria das vezes não acontece

com o público ocidental, e isso pode fazer com que

os brasileiros não deem uma chance para as obras da

região. Se identificar com a história dos personagens é

legal, mas conhecer a maneira como outras culturas e

povos vivem é mais interessante ainda. A Ásia é enorme,

e assistir seus filmes é uma maneira eficaz de obter

cada vez mais conhecimento sobre o mundo afora, e

não ficar limitado aos costumes e mindset ocidentais.

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