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Entrevista:<br />
diretor da ComBio Energia revela perspectivas para o ano de 2023<br />
NOVOS HORIZONTES<br />
PARA A BIOMASSA<br />
DIVERSIFICAÇÃO DO SETOR<br />
ATENDE A DEMANDA<br />
CRESCENTE POR ENERGIAS<br />
RENOVÁVEIS<br />
PELO MUNDO<br />
GUERRA DESTRÓI<br />
INFRAESTRUTURA ENERGÉTICA<br />
NA UCRÂNIA<br />
ENERGIA TÉRMICA<br />
FORNALHAS AUTOMATIZADAS REDUZEM<br />
ACIDENTES DE TRABALHO
INDÚSTRIA DE GERADORES DE CALOR LTDA.
AQUECEDOR<br />
FLUIDO TÉRMICO<br />
Grelhado Móvel Suspenso;<br />
Capacidade de até<br />
15.000.000 kcal/h;<br />
Queima de combustíveis<br />
com alto teor de umidade;<br />
Aquecimento de óleo<br />
mineral e vegetal;<br />
Melhor custo benefício.<br />
Estrada Geral Pitangueira n° 1 - Agrolândia - SC<br />
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SUMÁRIO<br />
06 | EDITORIAL<br />
Bioenergia em expansão<br />
08 | CARTAS<br />
10 | NOTAS<br />
20 | ENTREVISTA<br />
24 | PRINCIPAL<br />
30 | INVESTIMENTO<br />
Energia solar<br />
34 | INFORME<br />
Fornalha automatizada<br />
36 | PELO MUNDO<br />
Energias renováveis<br />
40 | PRÊMIO REFERÊNCIA<br />
52 | DESCARBONIZAÇÃO<br />
Hidrogênio verde<br />
58 | ARTIGO<br />
64 | AGENDA<br />
66 | OPINIÃO<br />
O que esperar de resultados<br />
da COP-27?<br />
04 www.REVISTABIOMAIS.com.br
EDITORIAL<br />
A capa dessa edição traz a sede<br />
da JSIC Comex, especializada em<br />
comércio exterior<br />
BIOENERGIA<br />
EM EXPANSÃO<br />
N<br />
a <strong>Revista</strong> REFERÊNCIA BIOMAIS deste mês, apresentamos as novidades da JSIC Comex, especializada<br />
na comercialização e instalação de máquinas e equipamentos para área de biomassa<br />
de madeira. Com capacidade de produção de duas toneladas de pellets por hora, a empresa<br />
investe em novos mercados para 2023, diante do aumento na procura por energias sustentáveis,<br />
que alçaram o pellet de madeira como uma das principais fontes energéticas do mundo moderno.<br />
Em entrevista exclusiva, Roberto Véras, diretor de sustentabilidade da ComBio Energias Renováveis, fala<br />
sobre as oportunidades para o setor. Apresentamos também a cobertura completa do Prêmio REFE-<br />
RÊNCIA 2022, edição especial de 20 anos, com as empresas destaques em biomassa. O Leitor confere,<br />
também, matérias sobre energias renováveis, indústria, mercado e sustentabilidade. Uma ótima leitura,<br />
um feliz natal e um próspero ano novo a todos!<br />
EXPEDIENTE<br />
ANO IX - EDIÇÃO 54 - DEZEMBRO 2022<br />
Diretor Comercial<br />
Fábio Alexandre Machado<br />
(fabiomachado@revistabiomais.com.br)<br />
Diretor Executivo<br />
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(bartoski@revistabiomais.com.br)<br />
Redação<br />
André Nunes<br />
(jornalismo@revistabiomais.com.br)<br />
Dep. de Criação<br />
Fabiana Tokarski - Supervisão<br />
Crislaine Briatori Ferreira - Me Hua Bernardi<br />
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Mídias Sociais<br />
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Fone: +55 (41) 3333-1023<br />
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independente, dirigida aos produtores e consumidores de<br />
energias limpas e alternativas, produtores de resíduos para<br />
geração e cogeração de energia, instituições de pesquisa,<br />
estudantes universitários, órgãos governamentais, ONG’s,<br />
entidades de classe e demais públicos, direta e/ou indiretamente<br />
ligados ao segmento. A REVISTA BIOMAIS não se<br />
responsabiliza por conceitos emitidos em matérias, artigos,<br />
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direitos autorais, exceto para fins didáticos.<br />
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CARTAS<br />
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CAPA<br />
Boas empresas que oferecem serviços e produtos de qualidade acabam por diversificar suas<br />
atuações, ainda mais quando atingem uma larga escala e se voltam à sustentabilidade. É o caso da<br />
MADEC, tema da capa da edição da <strong>Revista</strong> BIOMAIS.<br />
Sérgio Oliveira - São Paulo (SP)<br />
Foto: divulgação<br />
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ENTREVISTA<br />
O Grupo MADEM é referência no setor florestal brasileiro. Gostei de conhecer mais sobre a empresa Piomade, dedicada à<br />
produção de biomassa por pellets. Mais um case de sucesso vindo do Rio Grande do Sul, com expansão dentro e fora do Brasil.<br />
Celso Monteiro - Canoas (RS)<br />
FEIRA LIGNUM<br />
A Semana da Madeira realmente cresce a cada ano, agregando variados setores que envolvem a cadeia madeireira e florestal.<br />
Parabéns pela cobertura, em especial sobre as empresas de energia renovável e biomassa que estavam com estandes na feira.<br />
Simone Caldas - Curitiba (PR)<br />
FOTOVOLTAICO<br />
Muito interessante saber que o mercado fotovoltaico está crescendo e recebendo cada vez<br />
mais investimentos. Pioneira em práticas sustentáveis, a companhia Ourolux investiu cerca de<br />
R$ 100 milhões na criação de uma nova divisão voltada ao setor. São produtos inovadores que<br />
trazem economia, baixo consumo energético e preço acessível aos consumidores.<br />
Gabriela Souza - São José (SC)<br />
Foto: divulgação<br />
www.revistabiomais.com.br<br />
na<br />
mí<br />
energia<br />
biomassa<br />
dia informação<br />
@revistabiomais<br />
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Publicações Técnicas da JOTA EDITORA<br />
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NOTAS<br />
Foto: divulgação<br />
INVESTIMENTOS EM ENERGIA<br />
Ao completar 68 anos, a Copel consolida seu posto de maior empresa paranaense executando um amplo programa<br />
de investimentos em todo o Estado. Um dos principais destaques, o programa Paraná Trifásico concluiu,<br />
até o momento, a construção de 9.896 km (quilômetros) de novas redes trifaseadas em mais de 300 municípios. A<br />
meta para 2022 deve ser alcançada com antecedência, de chegar aos 10 mil km – 40% do total que será construído<br />
pelo programa. Até o final do programa, a Copel vai investir R$ 2,7 bilhões para construir 25 mil km de redes<br />
trifásicas que substituem as antigas redes rurais monofásicas, modernizam a rede elétrica no campo e garantem<br />
acesso mais barato à rede para os consumidores rurais. Até agora mais de R$ 1 bilhão já foi destinado às obras (R$<br />
400 milhões estão sendo aplicados somente em 2022).<br />
“A cada etapa concluída, o Paraná Trifásico incrementa a infraestrutura energética do Estado, promovendo<br />
conforto e desenvolvimento”, explica o presidente da Copel, Daniel Slaviero. Ele destaca que a iniciativa contribui<br />
para garantir segurança energética à população e aos setores produtivos. “As redes trifásicas contribuem para que<br />
o Paraná possa crescer, gerar empregos e se desenvolver cada vez mais”, acrescenta.<br />
OBRAS POR REGIÃO<br />
Mais de 300 municípios paranaenses já foram beneficiados pelo Paraná Trifásico. A região centro-sul concentra<br />
a maior parte das redes construídas: 2.247 km entregues até agora, com destaque para os municípios de Ortigueira,<br />
que já recebeu 180 km de novas redes, Palmeira (169 km) e Reserva (147 km). Ponta Grossa, por sua vez,<br />
está com 137 km de redes. Em seguida vem o oeste, que já recebeu 1.726 km de novas redes. Cascavel concentra<br />
158 km de redes, Guaraniaçu, 95 km, e Assis Chateaubriand, 76 km. Na região leste, foram concluídos 1.702 km de<br />
redes trifásicas. Rio Branco do Sul, com 210 km de novas redes, é o principal beneficiado, seguido por Lapa (192<br />
km) e Bocaiúva do Sul (150 km).<br />
No noroeste, a Copel concluiu 1.639 km de redes entregues, com destaque para Nova Cantu, com 91 km<br />
construídos, Campina da Lagoa (83 km) e Tuneiras do oeste (74 km). No norte a nova estrutura chega a 1.440 km:<br />
Londrina concentra 88 km, Cândido de Abreu, 84 km e Ivaiporã, 80 km. Por sua vez, a região sudoeste, possui<br />
1.142 km de redes do programa: Francisco Beltrão e Chopizinho receberam 80 km de redes cada um e o município<br />
de Verê, 72 km.<br />
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BIOGÁS<br />
A geração de energia verde por meio da captação e do tratamento do biogás gerado nos aterros sanitários da<br />
CRVR (Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos) do Grupo Solví está em expansão no Rio Grande do<br />
Sul. Agora, a Biotérmica Energia está presente em mais três UVS (Unidades de Valorização Sustentável) da empresa:<br />
Santa Maria, Victor Graeff e Giruá. As inaugurações de Giruá e Victor Graeff foram em setembro, e em Santa Maria<br />
a inauguração aconteceu em outubro. Todos os eventos contaram com a participação dos gestores das unidades,<br />
autoridades locais, além de seus respectivos prefeitos de cada município e representantes da câmara de vereadores<br />
e da comunidade. Para essas novas térmicas, o investimento total foi de R$ 25 milhões. Esse foi o primeiro projeto entregue<br />
do plano de investimentos da CRVR, que prevê mais de R$ 1 bilhão nos próximos 5 anos no desenvolvimento<br />
de tecnologias que ofereçam melhorias ao meio ambiente, impactando também a comunidade de maneira positiva<br />
com a geração de novos empregos e valorização de resíduo.<br />
Para o ano de 2023, a UVS de São Leopoldo da CRVR também deve ganhar sua biotérmica. Dessa forma, todas<br />
as UVS da CRVR irão gerar energia elétrica verde a partir dos resíduos orgânicos depositados nos aterros sanitários.<br />
“É muito gratificante conseguir reaproveitar e gerar valor com itens que são considerados resíduos pela sociedade”,<br />
destaca a Supervisora da Biotérmica de São Leopoldo da CRVR, Andressa Schummacher.<br />
Na cerimônia de inauguração das biotérmicas de Giruá e Victor Graeff, Leomyr Girondi, diretor-presidente da<br />
CRVR, agradeceu a parceria com os municípios e o empenho de todos os colaboradores que fizeram com que o<br />
projeto se concretizasse. O superintendente técnico da CRVR, Rafael Salamoni, também aproveitou a oportunidade<br />
para ressaltar a importância de transformar resíduos em energia: “Dessa forma, demonstramos na prática que todas<br />
as nossas ações estão baseadas em nosso grande compromisso com o meio ambiente e a sociedade.”<br />
A CRVR recebe os resíduos sólidos urbanos e dispõe adequadamente em aterro, preservando solo e água. Os<br />
resíduos orgânicos se decompõem, iniciando o processo de geração de gás, que é canalizado e enviado para a purificação.<br />
Na etapa seguinte, são abastecidos os motores a combustão com o gás metano proveniente da decomposição<br />
dos resíduos, e os motores geram energia elétrica. Esta energia é enviada para a rede elétrica.<br />
Foto: divulgação<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
11
NOTAS<br />
SEMINÁRIO ESG<br />
O Campus da Indústria da FIEP (Federação das Indústrias<br />
do Estrado do Paraná), em Curitiba (PR), recebeu em outubro<br />
o Seminário Executivo de Prática de ESG e Sustentabilidade,<br />
promovido por três instituições referenciais no assunto: a<br />
Paraná Metrologia, a UNILIVRE (Universidade Livre do Meio<br />
Ambiente), e o SESI Paraná (Serviço Social da Indústria). O<br />
evento foi voltado para empresas, áreas governamentais e<br />
estudantes. “Estamos vivendo uma das mais severas crises<br />
climáticas dos últimos 200 anos. Não a maior da história do<br />
planeta, porque seguramente nosso planeta já viveu várias<br />
crises climáticas e algumas seguramente mais caóticas e<br />
catastróficas do que essa. Mas, do ponto de vista de nossa<br />
espécie, da humanidade, é a maior que já enfrentamos.<br />
Cientistas e estudiosos, órgãos e institutos multilaterais da<br />
ONU são unânimes em alertar que se trata de uma crise de<br />
extinção”, alarmou Carlos Alberto Tavares Ferreira, presidente<br />
da FUNTAFE (Fundação Tavares Ferreira), que desenvolve atividades relacionadas à ecocultura, educação, ciência e meio ambiente.<br />
Ferreira comandou o painel: ESG I – Desafios e Perspectivas de Financiamento ESG e Créditos de Carbono no contexto das Economias<br />
Verdes e Azuis. “Essa alteração climática poderá causar a extinção de grande biodiversidade de fauna e da flora. Correm o risco<br />
de extinção vários biomas e grande diversidade de espécies, inclusive um grande risco para a própria espécie humana.”<br />
A sigla ESG (em inglês) significa questões ambientais, sociais e de governança. Um dos temas que estão relacionados é a mitigação<br />
de gases de efeito estufa pela chamada pegada de carbono. O palestrante explica que é preciso estruturar e modernizar os<br />
processos produtivos para diminuir a degradação causada pelo ser humano no meio ambiente e criar medidas atenuantes. “Créditos<br />
de carbono são instrumentos, mecanismos e ferramentas de geração de valores e recursos que promovam efetivamente a proteção,<br />
recuperação e preservação socioambiental. Hoje, créditos de carbono, ESG e crise climática são palavras e temas indissociáveis, não<br />
há como falar ou tratar de um, sem falar e tratar de todos”, pontua.<br />
Sendo assim, como mitigar as pegadas de carbono? “O ideal é que não poluíssemos, ou que conseguíssemos auto mitigar nossas<br />
próprias pegadas, mas como isso é tecnicamente e no cotidiano praticamente impossível, os créditos de carbono são um importante<br />
instrumento socioeducativo e punitivo, para aqueles que poluem muito e que ainda não conseguem zerar os impactos negativos<br />
que causam no meio ambiente e no planeta. Sendo assim, é fundamental que o hemisfério norte, que foi e é o maior gerador de<br />
emissões de gases de efeito estufa, arquem com os custos da recuperação e preservação socioambiental, em outras proporções e<br />
medidas, mas num mesmo círculo de reflexão, a mesma coisa acontece com as estruturas produtivas e de negócios, que afetam a<br />
comunidade e os biomas onde estão inseridos.”<br />
Com base nessa espécie de multa paga por quem mais polui, os créditos de carbono seriam recursos aplicados na preservação<br />
do meio ambiente. “São recursos para serem usados na preservação, as águas que bebemos, os solos que nos alimentam e as florestas,<br />
rios e mares que nos geram oxigênio e vida.”<br />
Ferreira relata, ainda, que há esforços em vários locais do mundo como Europa, China e EUA (Estados Unidos da América), que já<br />
aderiram à agenda de uso consciente dos recursos do planeta e buscam alternativas ao grande consumo dos combustíveis fósseis,<br />
um dos maiores vilões. Segundo ele, o Brasil está na contramão: houve algum avanço na consciência social, mas falta regulamentação,<br />
legislação e boa vontade. “Todo ser humano, todo brasileiro precisa entender que ser ambientalista não é ser de esquerda ou de<br />
direita, mas é ser responsável com a vida, com nossos filhos e com as próximas e futuras gerações.”<br />
A responsabilidade, segundo o palestrante, é da sociedade, mas também individual e de cada organização. “Cada um de nós<br />
deve buscar entender e mitigar sua pegada e igualmente nossas empresas e negócios. O ESG é para isso, para entendermos o risco<br />
do negócio e para pensarmos em como podemos trabalhar para ajustar e equilibrar cada um dos itens do tripé de nossa empresa ou<br />
empreendimento.”<br />
Além disso, o Paraná está tomando a dianteira no país, com o lançamento dos primeiros passos: Projeto Paraná NET Zero; com<br />
ações que podem ser aderidas pelas empresas do Estado. “Se implementarmos verdadeiramente o ESG em todas as indústrias e empresas<br />
do Paraná, e se tivermos o apoio de nossos governos, podemos sensibilizar nossa população para que cada cidadão zere, nos<br />
próximos anos, suas pegadas de carbono”, considera Ferreira.<br />
Foto: divulgação<br />
12 www.REVISTABIOMAIS.com.br
BIOENERGIA<br />
Em uma comparação entre o setor sucroenergético e a agroindústria da palma de óleo, pesquisadores de quatro<br />
instituições brasileiras apontam que o dendê possui acentuada capacidade para imobilização do carbono atmosférico,<br />
reflorestamento de áreas degradadas, cultivo em solos ácidos e pobres, restauração do balanço hídrico e liberação de<br />
oxigênio. O artigo: Dendê no Brasil - potencial para o sistema produtivo de óleo vegetal mais sustentável do planeta; foi<br />
escrito por André Bernardo, Márcio Turra de Ávila, ambos da UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos); Edson Barcelos<br />
da Silva, da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária); Jayr de Amorim Filho, do ITA (Instituto Tecnológico<br />
de Aeronáutica); e Rafael Silva Capaz, da UNIFEI (Universidade Federal de Itajubá).<br />
De acordo com os autores, muitas destas possibilidades encontram correspondência na indústria de açúcar e etanol.<br />
“A cana-de-açúcar e a palma de óleo são culturas que expressam profunda similaridade no que se refere ao fornecimento<br />
de seus principais produtos (caldo de sacarose e óleo vegetal, respectivamente) e de resíduos”, observam os pesquisadores.<br />
Em linhas gerais, os autores pontuam que a agricultura familiar e a população rural sofrem impacto positivo no entorno<br />
dos empreendimentos agroindustriais com a palma de óleo, em decorrência da oferta de trabalho de qualidade e com<br />
salários superiores aos vigentes na região, da melhoria da segurança alimentar e do bem estar das famílias pelo aumento<br />
da renda domiciliar, e da consequente redução da pressão sobre os recursos naturais, notadamente na caça, pesca, extração<br />
ilegal de madeira, carvão, etc., pelo atendimento das necessidades mínimas da comunidade em função da massa<br />
salarial que passa a circular locorregionalmente, gerando diversas oportunidades do ponto de vista socioeconômico.<br />
Também defendem que a comparação da ocupação das áreas degradadas atuais com práticas de décadas ou séculos<br />
atrás não faz o menor sentido. As críticas que se fazem à cultura do dendê equivalem esta iniciativa à implantação da<br />
cana na Zona da Mata no século XVI ou do café na Mata Atlântica no século XIX. Tal equivalência em 2022 não deveria ser<br />
considerada. No entanto, é absolutamente necessário entender que o aproveitamento econômico sustentável de áreas<br />
degradadas pode ser ferramenta de proteção ambiental ao gerar oportunidades à comunidade que vive no local, não<br />
sairá de lá e precisa de alternativas sustentáveis de renda. A simples proibição de qualquer atividade na Amazônia Legal,<br />
ignorando as necessidades econômicas da sua população, não apresenta fundamento contributivo. Apesar disso, há uma<br />
insistência pouco racional na estratégia. Dessa forma, é plenamente possível a aptidão do Brasil para o cultivo do dendê e<br />
o fomento de sua agroindústria, com reais condições de vir a ostentar os plantios mais sustentáveis do planeta, defendem<br />
os articulistas.<br />
Foto: divulgação<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
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NOTAS<br />
ENERGIA EÓLICA<br />
Projetos de PD&I (pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação) conduzidos por petroleiras, serão importantes para<br />
que o Brasil conheça melhor seus recursos para geração de energia eólica no mar e possa impulsionar essa nova fonte em meio<br />
à transição energética global, concluíram em seminário realizado recentemente, os agentes do setor de energia e representantes<br />
do governo brasileiro. A energia eólica offshore virou objeto de interesse de empresas como Petrobras, Shell e Equinor, que<br />
veem nela uma alternativa para descarbonizar seus portfólios no Brasil aproveitando sua experiência em alto mar e potenciais<br />
sinergias com operações de exploração e produção de petróleo e gás.<br />
“A agência reguladora ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) já contabiliza dez projetos de<br />
PD&I de petroleiras dedicados a identificar e desenvolver soluções para geração eólica offshore”, disse Symone Araújo, diretora<br />
da agência, durante seminário. Segundo ela, os projetos relacionados a compromissos contidos nos contratos de exploração e<br />
produção das petroleiras, ganharam mais incentivo após atualização regulatória, que permitiu que os investimentos pudessem<br />
ser direcionados a temas da transição energética, como hidrogênio e captura de carbono. “É muito relevante esse movimento.<br />
Entendemos que há um papel relevante da cláusula de pesquisa, desenvolvimento e inovação [nos contratos] para que a gente<br />
possa cada vez mais acelerar e estar on board no processo de transição energética”, disse Symone.<br />
Gustavo Pires Ponte, representante da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), lembrou que a cessão de uso de recursos no<br />
mar será gratuita para atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, conforme decreto assinado pelo governo no<br />
início deste ano para desenvolver a geração eólica offshore.<br />
O MME (Ministério de Minas e Energia) vem avançando com a regulamentação necessária para que os projetos comecem a<br />
sair do papel. Atualmente, os empreendimentos eólicos offshore em licenciamento no IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente<br />
e dos Recursos Naturais Renováveis) somam 169 GW (gigawatts) de potência. Grandes grupos de energia e petroleiras<br />
vêm estudando oportunidades na fonte, que pode se tornar uma alternativa para a produção de outros combustíveis do futuro,<br />
como hidrogênio verde.<br />
“Esses projetos de pesquisa e desenvolvimento vão nos ajudar na superação desses desafios todos, como na formação de<br />
mão de obra. Há um desafio de se conhecer melhor o recurso eólico no mar. Precisamos reduzir as incertezas, porque ainda<br />
nos baseamos em dados de modelos de satélite. A Petrobras é um ótimo exemplo, com recursos de P&DI, fizeram a medição de<br />
ventos no mar”, afirmou Gustavo.<br />
A Shell está conduzindo estudos sobre a fonte focados em entender os recursos eólicos no Brasil, a fim de desenvolver<br />
tecnologias que sejam mais compatíveis com a realidade nacional”, disse Camila Brandão, gerente do programa de pesquisa e<br />
desenvolvimento tecnológico em geração renovável da Shell Brasil.<br />
Foto: divulgação<br />
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BENEFÍCIOS DO ICMS<br />
O governador Rodrigo Garcia, de São Paulo, anunciou no final de novembro a alteração do regulamento do ICMS<br />
(Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de serviços relacionados à bioenergia. O objetivo é fomentar o<br />
uso de combustíveis renováveis e aumentar a competitividade no mercado paulista. Na ocasião, o governo paulista<br />
também assinou o acordo de cooperação com a ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), visando<br />
o aproveitamento de energia solar fotovoltaica, aquisição de energia do mercado livre e implementação de usinas<br />
solares para a geração e compensação de créditos de energia elétrica nos prédios públicos.<br />
“O incentivo fiscal é um instrumento que promove desenvolvimento econômico, pois encoraja setores estratégicos<br />
do Estado a contribuir com novas práticas. Hoje estamos fazendo uma escolha pela sustentabilidade e pela perspectiva<br />
de mudança da matriz energética do Estado de São Paulo”, disse Rodrigo Garcia.<br />
O benefício de diferimento do ICMS vale para operações internas com biogás e biometano quando o gás natural<br />
for consumido em processo de industrialização em usina geradora de energia elétrica. Neste caso, o lançamento do imposto<br />
é realizado apenas no momento em que ocorre a saída da energia do estabelecimento industrializador e permite<br />
maior fôlego financeiro para as empresas produtoras. A medida faz parte do PPE 2050 (Plano Paulista de Energia) para<br />
que o Estado alcance a neutralidade das emissões líquidas de gases de efeito estufa em diferentes setores. A ação também<br />
vai ao encontro dos compromissos internacionais, Race to Zero e Race to Resilience, que São Paulo assinou com a<br />
ONU (Organização das Nações Unidas), e do PAC-2050 (Plano de Ação Climática), lançado durante a COP27, no Egito. O<br />
decreto foi publicado no Diário Oficial do Estado e já está em vigor.<br />
Foto: divulgação<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
15
NOTAS<br />
ENERGIA SOLAR<br />
A Vila Restauração, localizada em Marechal Thaumaturgo (AC), na Reserva Extrativista do Alto Juruá, foi escolhida<br />
por uma empresa de energia para o desenvolvimento de uma experiência de autossuficiência energética.<br />
Atualmente, os 200 habitantes deste local isolado no Acre recebem fornecimento energético contínuo gerado<br />
por placas solares.<br />
A (Re)Energisa, empresa do grupo de setor energético voltada para o desenvolvimento de soluções em<br />
energia solar, contou com ajuda da unidade acriano e R$ 20 milhões em investimentos para conseguir deslocar<br />
os equipamentos necessários para a instalação de geradores com backup de 828 kW/h (quilômetros por hora)<br />
- quatro racks de baterias, de 207 kW/h cada, instalados em contêiner com sistema de refrigeração e combate a<br />
incêndio próprios - .<br />
O principal objetivo era criar capacidade de armazenamento suficiente para atender as 222 unidades conectadas<br />
à recém criada rede. Para isso, a empresa precisou instalar na região um conjunto de 580 placas solares<br />
fotovoltaicas, com capacidade de 325 kWp. Para garantir o sistema limpo, dois geradores a biodiesel foram substituídos<br />
por baterias de lítio para armazenamento de energia.<br />
Gustavo Buiatti, diretor de desenvolvimento, negócio e tecnologia da (Re)Energisa, explica que esse arranjo<br />
entre captação e armazenamento energético é que torna o projeto uma experiência relevante, ao gerar energia<br />
limpa numa pequena unidade de fazenda solar para atender apenas às necessidades dos moradores locais. "Você<br />
despacha para a bateria e deixa ela fazer o serviço, porque ela é muito dinâmica e traz a qualidade para o sistema<br />
elétrico", explicou Buiatti.<br />
Após a implementação do projeto, a (Re)Energisa monitora o sistema instalado no Acre de forma remota, a<br />
partir da sede na cidade de Uberlândia (MG). Até o momento, foram gerados mais de 1,33 GW/h (Gigawatts por<br />
hora) na comunidade, que também conta com 840 kW/h armazenados.<br />
Buiatti diz que há um mercado a ser explorado para esse tipo de geração de energia, além de que o armazenamento<br />
por bateria é uma solução sustentável. "Estamos mapeando consumidores que precisam ter esse<br />
aumento de disponibilidade de energia. A partir daí, criamos uma solução específica para aquela demanda",<br />
completou.<br />
Foto: divulgação<br />
16 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Foto: divulgação<br />
LÍDER EM PRODUÇÃO<br />
O Rio Grande do Norte é o Estado líder em produção de energia eólica no Brasil. A força dos ventos impulsiona aerogeradores<br />
gigantes, que cortam os céus do litoral ao sertão potiguar. A produção local, de todos os parques do estado,<br />
está integrada ao sistema interligado nacional - sistema de produção e transmissão de energia elétrica do país-, que<br />
escoa a produção de acordo com as demandas de cada região.<br />
Em operação desde 2014, o complexo eólico Campos dos Ventos, na cidade interiorana de João Câmara, foi o primeiro<br />
parque de uma das empresas que mais investiram em parques eólicos no Estado, e uma das maiores companhias do<br />
segmento de energia renovável do país, que tem sede em Campinas (SP).<br />
No Estado, a companhia construiu 423 turbinas eólicas em 33 parques, uma capacidade instalada para gerar 840 MW<br />
(megawatts) de energia. Já são 250 empregos criados em cidades como João Câmara, Parazinho, Touros, São Miguel do<br />
Gostoso e Baía Formosa.<br />
Recentemente, executivos da empresa inauguraram um escritório local em Natal, demonstrando intenção de continuar<br />
investindo no Estado, que tem tudo que é necessário para produzir energia limpa, não-poluente.<br />
"O Rio Grande do Norte é um Estado fundamental, estratégico para o Brasil. O que atrai investimento e vai continuar<br />
atraindo é o potencial de vento. Então a gente tem vento o ano inteiro, tem muito bem definido os períodos de vento,<br />
o que facilita a gente planejar pra poder gerar energia limpa", explica Francisco Galvão, diretor de operação da CPFL<br />
Renováveis.<br />
A produção beneficia não só o próprio Rio Grande do Norte, mas consegue ser escoada para outras regiões.<br />
"O Rio Grande do Norte não é uma ilha. A gente não está isolado do resto do país. A energia que é produzida aqui, ela<br />
não é consumida aqui. Toda essa energia gerada a partir dos parques eólicos, por exemplo, elas entram em uma grande<br />
rede nacional. Então essa energia que está sendo produzida aqui pode ser consumida no Rio Grande do Sul, em São Paulo.<br />
Só que depois ela é distribuída para um sistema abaixo, que são as distribuidoras. E aqui no Rio Grande do Norte, no<br />
nosso caso, temos o grupo Neoenergia, que distribui para todos nós, para a população de maneira em geral. E é bom que<br />
seja assim", afirma Darlan Santos, diretor-presidente do CERNE (Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia).<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
17
NOTAS<br />
Foto: divulgação<br />
FÁBRICA DE PAINÉIS<br />
Foi inaugurada no final de outubro em Cascavel (PR) a indústria Sengi Solar, maior fábrica de painéis solares<br />
fotovoltaicos do Brasil. A unidade no oeste do Paraná recebeu investimentos de R$ 220 milhões e vai gerar mais<br />
de 1.500 postos de trabalho diretos e indiretos.<br />
A fábrica conta com equipamentos automatizados de última geração e capacidade produtiva de 3.600 módulos<br />
por dia, o que representa 500 MWp (megawatts-pico) por ano. Operando em três turnos, a empresa possui<br />
potencial para produzir uma placa fotovoltaica a cada 23s (segundos). Com esse volume, os painéis fotovoltaicos<br />
fabricados na indústria poderão gerar 63 GW/h/ano (gigawatts por hora, por ano).<br />
Contando com engenharia de produto nacional e com aporte também na pesquisa e inovação, a Sengi Solar<br />
desenvolveu uma linha de produtos de alta eficiência e durabilidade. Os módulos fotovoltaicos são produzidos<br />
com insumos provenientes de fornecedores de diferentes partes do mundo.<br />
A instalação da planta em Cascavel também deve estimular a reindustrialização nacional com foco em produtos<br />
do futuro, destacou o presidente das empresas do Grupo Tangipar, Daniel da Rocha. “Esta é a primeira de<br />
muitas fábricas que virão, porque ela também representa um estímulo à inovação e ao fortalecimento do setor<br />
fotovoltaico no Paraná e no Brasil.”<br />
O Grupo Tangipar, controlador da nova unidade, acredita que o aumento da demanda por insumos industrializados<br />
para a fabricação de módulos solares viabilizará novas fábricas vinculadas à cadeia de suprimentos do<br />
silício, vidro, polímeros e metalurgia.<br />
A nova unidade industrial do grupo paranaense, que tem inserção internacional e faturamento anual próximo<br />
a R$ 3 bilhões, vai ampliar a oferta de produtos de energia renováveis de alta tecnologia, expandindo os níveis de<br />
qualidade e atendimento no mercado nacional.<br />
18 www.REVISTABIOMAIS.com.br
SERRAS E FACAS INDUSTRIAIS<br />
Quem usa as<br />
facas DRV,<br />
está pronto para<br />
picar todos os<br />
tipos de madeira!
ENTREVISTA<br />
Foto: divulgação<br />
ENTREVISTA<br />
ROBERTO<br />
VÉRAS<br />
Cargo: Diretor de sustentabilidade da<br />
ComBio Energia<br />
Formação: Formado em Administração<br />
e Comunicação Social, é diretor de<br />
sustentabilidade na ComBio. Também é<br />
membro do conselho fiscal do Sistema<br />
B e membro do conselho consultivo da<br />
UNESCO-SOST Transcriativa. Na COP26<br />
e COP27, participou de painéis sobre<br />
o mercado de transição energética e<br />
economia circular.<br />
PRODUTIVIDADE<br />
EM ASCENSÃO<br />
O<br />
ano de 2022 foi de muitos resultados para a ComBio Energia, eleita Best for the World na<br />
categoria Meio Ambiente. Criada em 2008 e considerada uma Empresa B (que tem como<br />
modelo de negócio o desenvolvimento social e ambiental) desde 2014, a ComBio é uma das<br />
protagonistas no Brasil em fornecimento de energia proveniente de biomassa, com atuação<br />
em todo o país, contribuindo para a migração energética com a substituição do uso de combustíveis<br />
fósseis. Atualmente, as operações da ComBio Energia reduzem a emissão de aproximadamente 450 mil<br />
toneladas de CO2/ano (gás carbônico por ano). A estimativa, até 2024, é evitar que cerca de 900 mil toneladas<br />
de CO2/ano sejam lançadas na atmosfera. Diretor de sustentabilidade da ComBio, Roberto Véras,<br />
atua na empresa desde 2009. Nessa entrevista exclusiva à <strong>Revista</strong> REFERÊNCIA BIOMAIS, Véras detalha as<br />
perspectivas para a empresa diante do cenário atual da biomassa no Brasil e no mundo.<br />
20 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Como foi o ano de 2022 para a ComBio Energia?<br />
O ano de 2022 foi muito bom para a ComBio, tanto<br />
pela entrega de nossas operações em andamento, como<br />
pela perspectiva de aumento da produção futura. Um<br />
destaque para o ano foi o fechamento de dois contratos<br />
com a Ingredion, uma empresa norte americana que<br />
produz insumos à base de milho. Esses projetos são de<br />
grande porte, e terão uma capacidade instalada de 300<br />
ton/h (toneladas por hora). Serão duas caldeiras de 100<br />
ton/h no município de Mogi Guaçu (SP), e duas caldeiras<br />
de 50 ton/h em Balsa Nova (PR). Essa quantidade nos leva<br />
a um parque de caldeiras de praticamente 800 ton/h de<br />
capacidade nominal instalada.<br />
Houve algum novo investimento em estrutura,<br />
sede, produtos ou serviços que queiram enfatizar?<br />
Podemos destacar a mudança de nossa sede, em<br />
São Paulo (SP), para um novo escritório, um espaço de<br />
1000 m² (metros quadrados), totalmente reformado e<br />
com capacidade para comportar até 150 pessoas. Nosso<br />
escritório administrativo em Piracicaba (SP) também cresceu<br />
com o aumento no número de colaboradores locais<br />
para atuar em nossos projetos na região: uma unidade<br />
de vapor com a Klabin, uma área de plantio de eucalipto<br />
e, a novidade de 2022, o nosso laboratório de pesquisa<br />
e desenvolvimento ComBio. O laboratório da ComBio<br />
expande a nossa estratégia com biomassa, pois passamos<br />
a oferecer para o mercado análises laboratoriais de<br />
biomassa, cinzas e águas de processos.<br />
Além disso, foram realizados também<br />
investimentos em maquinário florestal,<br />
o que nos leva hoje a um parque de<br />
máquinas de mais de cinquenta equipamentos,<br />
dentre picadores, escavadeiras<br />
e colheitadeiras.<br />
europeu, construindo estações de liquefação do gás para<br />
poder exportar e suprir, assim, a demanda causada pela<br />
guerra. Esse movimento traz um aumento natural no<br />
preço do combustível, que evidencia ainda mais a baixa<br />
competitividade do gás natural quando comparado à<br />
biomassa. Embora a própria biomassa também tenha<br />
sofrido um aumento em seus preços, ela não perdeu<br />
competitividade, uma vez que o gás natural, que é a<br />
alternativa da biomassa na geração de energia térmica,<br />
inflacionou ainda mais.<br />
Qual a perspectiva da empresa e do setor da biomassa<br />
para 2023?<br />
O mercado de biomassa no Brasil é muito amplo,<br />
com cenários muito diferentes a depender da região.<br />
No Estado de São Paulo, por exemplo, já existem muitas<br />
indústrias com caldeiras à biomassa. Temos um setor<br />
com bastante demanda, que concorre, por exemplo, com<br />
papel e celulose. Já o bagaço de cana-de-açúcar pode ser<br />
usado também na geração de energia elétrica; a ComBio,<br />
que produz energia térmica, tem nessa área uma concorrência<br />
de uso.<br />
E como isso afeta a produção da empresa?<br />
Para que não haja nenhum tipo de limitação, não<br />
ficamos dependentes de nenhuma biomassa específica.<br />
Então, o bagaço de cana-de-açúcar e o cavaco de<br />
madeira, por exemplo, que são os mais conhecidos,<br />
Como a guerra na Ucrânia e o<br />
cenário mundial vêm afetando o<br />
mercado?<br />
A guerra da Ucrânia trouxe uma<br />
grande movimentação no mercado de<br />
combustíveis, porque afeta diretamente<br />
o fornecimento de gás natural da Rússia<br />
para países da Europa, em especial a<br />
Alemanha. Com isso, países como os<br />
EUA (Estados Unidos da América), por<br />
exemplo, passam a ter interesse em<br />
exportar gás natural para o continente<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
21
ENTREVISTA<br />
usamos em nossa estratégia, porém não são os únicos. A<br />
vantagem de operar no Brasil é que somos uma potência<br />
agrícola, que produz uma série de resíduos em diferentes<br />
atividades, muitas vezes até subaproveitados, sem um<br />
olhar adequado de destinação. O mercado de resíduos<br />
tem muitas oportunidades que não foram olhadas com<br />
atenção e não possuem ainda a tecnologia para extrair,<br />
processar e queimar na caldeira. A parte central da nossa<br />
estratégia é pesquisar novas opções de biomassa e viabilizar<br />
essas alternativas não convencionais como combustível<br />
para nossas operações.<br />
De que forma o movimento ESG (ambiental, social<br />
e de governança) e a busca por energias sustentáveis<br />
incentiva a produção e a competitividade da ComBio?<br />
A preocupação das empresas em se enquadrarem e<br />
atenderem a agenda de ESG aquece muito o mercado<br />
onde atuamos, principalmente porque quando decupamos<br />
a sigla e olhamos para a parte de meio ambiente, o<br />
principal fator ofensivo da indústria é a emissão de gases<br />
de efeito estufa. Hoje no Brasil, a geração de energia<br />
elétrica e energia de transporte já possuem uma matriz<br />
com muitas opções renováveis. O principal ofensor nessa<br />
emissão de carbono é a geração de energia térmica, que,<br />
por meio de uma caldeira, é preciso queimar algum tipo<br />
de combustível para aquecer um sistema de água. Para<br />
o perfil de cliente onde atuamos, as alternativas que<br />
eles têm são o óleo BPF, o gás natural ou a biomassa,<br />
sendo as duas primeiras combustíveis fósseis, enquanto<br />
a biomassa é renovável. Quando olhamos para empresas<br />
de setores como papel e celulose, mineração, alimentos e<br />
bebidas ou fábrica de pneus, a maior parte de suas emissões<br />
– que podem chegar até a 90% – vem da queima de<br />
combustíveis fósseis em caldeiras, que é o principal ponto<br />
a ser atacado em um projeto de redução de emissões.<br />
Dado que a biomassa é a única alternativa renovável para<br />
geração de energia térmica, a única forma de redução<br />
de emissões para essas grandes empresas é migrar para<br />
uma caldeira à biomassa. É o único caminho viável para<br />
alcançarem o net zero. Ou elas migram sua operação para<br />
uma caldeira à biomassa ou terão que comprar muitos<br />
créditos de carbono para atingirem sua neutralidade.<br />
A vantagem de operar no<br />
Brasil é que somos uma<br />
potência agrícola, que produz<br />
uma série de resíduos em<br />
diferentes atividades, muitas<br />
vezes subaproveitados na<br />
geração de biomassa<br />
22 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Máquinas e equipamentos<br />
para a indústria de<br />
PELLETS DE BIOMASSA<br />
•Capacidade de produção<br />
acima de 1.5 TPH
PRINCIPAL<br />
NOVOS MERCADOS<br />
PARA A<br />
BIOMASSA<br />
EMPRESA INVESTE EM<br />
DIVERSIFICAÇÃO PARA<br />
ATENDER A INDÚSTRIA<br />
DE PELLETS<br />
FOTOS EMANOEL CALDEIRA<br />
24 www.REVISTABIOMAIS.com.br
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
25
PRINCIPAL<br />
C<br />
om capacidade de produção de duas<br />
toneladas de pellets por hora, a JSIC Comex<br />
– especializada na comercialização e<br />
instalação de equipamentos e máquinas<br />
para área de biomassa de madeira – está investindo<br />
em novos mercados para 2023, diante do aumento<br />
significativo da procura por energias sustentáveis, que<br />
vislumbram no pellet de madeira uma das principais<br />
fontes para gerar energia limpa. “A indústria vai precisar<br />
fazer novos investimentos e aumentar a capacidade<br />
de produção para atender a demanda de mercado,<br />
tanto nacional, quanto internacional. Nossas expectativas<br />
são atender nossos clientes que desejam aumentar<br />
suas capacidades de produção, em seguida ajudar a<br />
montar novas plantas em todo o Brasil. Estamos preparados<br />
para atender nossas importações e o mercado<br />
brasileiro. Sabemos da demanda na Ásia, Europa e EUA<br />
(Estados Unidos da América), já que nossos clientes estão<br />
se movimentado em investimentos e infraestrutura<br />
para atender esse setor em pleno crescimento”, projeta<br />
Dalclis Azevedo, gerente da JSIC Comex.<br />
Com sede em Curitiba (PR), a empresa trabalha<br />
com importação e exportação de máquinas, peças<br />
de reposição, equipamentos, plantas completas de<br />
produção, desenvolvimento de projetos e consultoria<br />
técnica. “Distribuímos máquinas, peças e prestamos su-<br />
26<br />
www.REVISTABIOMAIS.com.br
porte técnico aos nossos clientes. Assim que adquirem<br />
nossos equipamentos, a equipe técnica pré-agendada<br />
faz a instalação e startup das máquinas e do processo.<br />
Em seguida, há um treinamento da equipe interna do<br />
cliente que vai operar a máquina para que saibam todos<br />
os processos para conseguir a melhor performance<br />
de produção”, enfatiza Dalclis.<br />
Importante destacar, ainda, que esse trabalho reflete<br />
diretamente na imagem que a empresa possui<br />
no mercado. "Estamos falando de uma empresa séria<br />
e competente, que entrega o que promete e ainda<br />
presta assistência qualificada. Estamos há mais de um<br />
ano trabalhando com a JSIC Comex e estão sempre<br />
disponíveis quando precisamos. Os recomendo com<br />
tranquilidade e segurança", elogia Ademir Beraldin, diretor<br />
da indústria de pellets Vesúvio, de Araucária (PR)<br />
–, que se tornou referência no processo de peletização,<br />
com equipamentos instalados em uma planta modelo<br />
muito bem estruturada na região metropolitana de<br />
Curitiba.<br />
MARCA RECONHECIDA<br />
O ano de 2022 reforçou o posicionamento da JSIC<br />
Comex no mercado industrial de pellets. “Nossa marca<br />
é reconhecida e citada quando se fala em investimentos<br />
na produção de biomassa de madeira. Substituímos<br />
outras máquinas adquiridas por clientes que não<br />
funcionavam adequadamente. Nossos equipamentos<br />
dão segurança e isso é essencial no mercado. Temos<br />
muito orgulho de vê-los aumentar suas plantas para<br />
instalação de mais máquinas e dobrar a capacidade<br />
de produção. Nossos clientes já sinalizaram o aumento<br />
das plantas e a aquisição de novas máquinas para 2023.<br />
É um orgulho sermos procurados com um feedback positivo<br />
de que nossos equipamentos atendem as expectativas”,<br />
ressalta Dalclis.<br />
Outro ponto alto do pós-venda são as equipes técnicas<br />
da Retsul de Santo Augusto (RS), parceiros que<br />
atendem os clientes da JSIC Comex praticamente 24h<br />
(horas) por dia prestando consultorias, serviços técnicos,<br />
suporte e manutenções periódicas. “Todos nossos<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA 27
PRINCIPAL<br />
clientes possuem um canal direto de comunicação<br />
com a equipe técnica 24h por dia. Sempre que possível,<br />
nossa equipe de vendas faz uma visita técnica nas<br />
plantas dos clientes antes da instalação da máquina<br />
para dar suporte e consultoria, avaliar a matéria-prima,<br />
instalações, consumo de energia e capacidade de produção”,<br />
destaca Dalclis.<br />
Esse aspecto também é reconhecido pela Dimetal,<br />
empresa de Ibaté (SP). “Conhecemos a JSIC há cerca de<br />
2 anos, quando adquirimos uma peletizadora entregue<br />
conforme o contrato. Todas as vezes que necessitamos<br />
de garantia, ou até peças de reposição, fomos prontamente<br />
atendidos pela empresa”, relata Antonio Donizetti<br />
Ferreira, gerente geral da Dimetal.<br />
“A equipe da JSIC Comex conhece muito das máquinas<br />
e isso facilita as soluções de problemas iminentes<br />
à produção. Por estes motivos, devemos fazer novas<br />
aquisições de máquinas junto a JSIC e certamente indicaremos<br />
para possíveis compradores interessados em<br />
peletizadoras”, recomenda Antonio.<br />
LANÇAMENTOS<br />
Dalclis Azevedo enfatiza ainda os lançamentos e<br />
pontos altos da empresa ao longo desse ano. “Temos<br />
dois modelos principais de peletizadoras com capacidade<br />
de produção de duas toneladas por hora. Nossos<br />
clientes, por meio de uma consultoria junto a JSIC, podem<br />
optar pelo modelo mais vantajoso com sua linha<br />
de produção e a qual se adapta mais facilmente a cada<br />
processo. Temos peças de reposição disponíveis a um<br />
preço acessível dentro da média de preços de mercado<br />
e prezamos pela alta qualidade de materiais e de<br />
rendimento.”<br />
De acordo com o gerente da JSIC Comex, existem<br />
opções na taxa de compactação das matrizes, oferecendo<br />
a oportunidade ao cliente de peletizar, tanto<br />
com biomassa de eucalipto, quanto de pinus, apenas<br />
fazendo a troca da matriz. “Em cerca de 2h (horas), a<br />
planta pode substituir a produção de biomassa de<br />
pinus para eucalipto, e vice-versa. Sabemos que existem<br />
dificuldades para adquirir matéria-prima e essa<br />
opção é uma saída para o processo não parar”, exemplifica<br />
Dalclis.<br />
MECANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO<br />
A industrialização diminui custos de produção do<br />
pellet, tornando o resultado final mais competitivo e<br />
econômico. “As duas toneladas produzidas por hora,<br />
em média, por nossas máquinas possuem custos mais<br />
baixos se comparado com máquinas de grande porte,<br />
que necessitam de maior aporte financeiro e recursos.<br />
Outra vantagem é que temos peças de reposição dis-<br />
28 www.REVISTABIOMAIS.com.br
poníveis a qualquer momento e uma equipe técnica<br />
atendendo nossos clientes full time. Outro ponto positivo<br />
é que cada melhoria significativa que conseguimos<br />
podemos usar em todas as plantas. É um ciclo de melhoria<br />
contínua que podemos compartilhar”, assegura<br />
Dalclis.<br />
Como importadora, a JSIC atende de forma ampla<br />
todo o Brasil, com estudos para atuar em países latinos<br />
como Argentina, Peru e Equador. “Existem vários projetos<br />
Brasil afora para peletizar outros tipos de materiais<br />
como bagaço de cana-de-açúcar, casca de arroz, casca<br />
de amendoim, casca de coco, caroço de açaí, entre outros.<br />
Hoje, nossos clientes se concentram nas regiões<br />
sul e sudeste, onde há mais quantidade de biomassa<br />
de pinus e eucalipto.”<br />
7 ANOS NO BRASIL<br />
Especializada em comércio exterior, a JSIC Comex<br />
está no Brasil desde 2015, atuando com importações<br />
e exportações. “Há 2 anos, investimos massivamente<br />
na indústria de biomassa de madeira. Sabemos onde<br />
estamos e onde queremos chegar. Temos know-how<br />
para ajudar nossos clientes na exportação e distribuição.<br />
Conseguimos atender na entrada do processo de<br />
A JSIC Comex está investindo<br />
em novos mercados para<br />
2023, diante do aumento<br />
na procura pelo pellet de<br />
madeira como uma das<br />
principais fontes energéticas<br />
em vários setores da<br />
economia<br />
transformação, meio e na saída (embalagem e distribuição),<br />
ou seja, do início ao fim da produção. Para os<br />
próximos anos, devemos aumentar a oferta de nossos<br />
produtos e quem sabe também atuar na área de biomassa<br />
de ração”, prospecta o gerente da empresa.<br />
Em relação ao momento atual de expansão das<br />
demandas de mercados e investidores pelo mundo,<br />
em especial diante do movimento de ESG (social, ambiental<br />
e governança) que prioriza energias renováveis,<br />
Dalclis Azevedo acredita que o panorama é animador.<br />
“Vemos positivamente o cenário mundial de consumo<br />
de energias renováveis. No Brasil, este ainda é um setor<br />
em expansão e em início de industrialização. Será<br />
um prazer para a JSIC Comex olhar para trás, daqui uns<br />
anos, e ver a cooperação que exercemos para desenvolver<br />
um mercado específico. Vamos estar preparados<br />
para atender essa demanda de industrialização e<br />
a longo prazo devemos participar mais da distribuição<br />
também.”<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
29
INVESTIMENTO<br />
ENERGIA<br />
SOLAR<br />
30 www.REVISTABIOMAIS.com.br
INVESTIMENTOS EM ENERGIA SOLAR NOS<br />
TELHADOS ULTRAPASSAM R$ 32,7 BILHÕES<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
31
INVESTIMENTO<br />
O<br />
s investimentos privados em sistemas<br />
de geração própria de energia solar em<br />
telhados e pequenos terrenos atingiram<br />
R$ 32,7 bilhões somente este ano no<br />
país. Segundo mapeamento da WIN Solar, distribuidora<br />
de equipamentos fotovoltaicos pertencente ao<br />
Grupo All Nations, os recursos aplicados nos projetos<br />
em residências, comércios, indústrias e propriedades<br />
rurais saltaram de R$ 44 bilhões acumulados em<br />
janeiro para R$ 76,6 bilhões no final de outubro, um<br />
crescimento de 74%.<br />
De acordo com o mapeamento, feito com base<br />
nos dados oficiais da ANEEL (Agência Nacional de<br />
Energia Elétrica) e da ABSOLAR (Associação Brasileira<br />
de Energia Solar Fotovoltaica), entre janeiro e<br />
outubro deste ano, a potência acumulada na última<br />
década da geração própria de energia solar cresceu<br />
55,5%, passando de 9 GW (gigawatts) para 14 GW,<br />
igualando assim a capacidade da usina de Itaipu, a<br />
segunda maior do mundo.<br />
Já o nível de emprego no setor desde 2012<br />
subiu de 260 mil postos de trabalho acumulados<br />
em janeiro para 420 mil em outubro, aumento de<br />
61,5%. Segundo a WIN Solar, o número de sistemas<br />
instalados em telhados e pequenos terrenos cresceu<br />
136%, saltando de 720 mil em janeiro para mais de<br />
1,7 milhão em agosto.<br />
Os aportes acumulados<br />
na última década<br />
cresceram 74% em<br />
2022, saltando de R$<br />
44 bilhões em janeiro<br />
para R$ 76,7 bilhões<br />
em outubro<br />
Para Camila Nascimento, diretora da WIN Solar,<br />
o avanço dos projetos fotovoltaicos no país reflete a<br />
busca dos consumidores por alternativas sustentáveis<br />
para reduzir gastos na conta de luz. “A energia<br />
solar é atualmente um investimento bastante<br />
rentável e ajuda a aliviar o orçamento das famílias<br />
brasileiras e ampliar a competitividade das empresas”,<br />
explica.<br />
“Os consumidores brasileiros que pretendem<br />
instalar sistemas de energia solar em residências e<br />
empresas têm menos de dois meses para solicitar o<br />
sistema fotovoltaico antes das mudanças de regras<br />
aprovadas pelo congresso nacional”, avisa Camila,<br />
que também é coordenadora estadual da ABSOLAR<br />
no Rio de Janeiro.<br />
Pela nova Lei nº 14.300/2022, publicada no<br />
início deste ano, há um período de transição que<br />
garante até 2045 a manutenção das regras atuais aos<br />
consumidores que fizerem a solicitação de acesso<br />
do sistema de geração própria de energia solar até o<br />
final de 6 de janeiro de 2023.<br />
32 www.REVISTABIOMAIS.com.br
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econhecidas há 10 anos no mercado nacional e sul-americano,<br />
as fornalhas da IMTAB vêm se destacando<br />
neste ano com uma novidade que reduz a possibilidade<br />
de acidentes de trabalho na geração de energia<br />
térmica: é o sistema de acendimento automatizado.<br />
“O processo automático das fornalhas, através do sistema<br />
de resistência, funciona sem a necessidade de intervenção de<br />
um operador. Com isso, reduzimos a possibilidade de erros,<br />
acidentes e falhas humanas no processo, uma demanda do<br />
mercado que atendemos com êxito. Tanto que estamos com<br />
bastante procura de clientes novos e clientes já existentes,<br />
alguns fazendo uma espécie de retrofit de suas fornalhas”,<br />
explica Joel Padilha, diretor comercial da IMTAB.<br />
Com sede em Agrolândia (SC), a IMTAB é reconhecida<br />
pelas soluções sustentáveis na transformação de biomassa<br />
em energia térmica. “Com estrutura de fábrica adequada para<br />
atender as demandas do mercado, já executamos mais de<br />
340 projetos em toda a América do Sul. Para 2023, estamos<br />
avaliando projetos na Argentina, Paraguai, Uruguai e Peru.<br />
Nossa especialidade é avaliar a necessidade do cliente, projetar<br />
e executar, com soluções voltadas para geração de energia<br />
térmica com fontes sustentáveis como biomassa vegetal,<br />
resíduos industriais, urbanos e agrícolas”, detalha Joel.<br />
FORNALHA DE CALCINAÇÃO<br />
Outro processo que se destacou ao longo de 2022, segundo<br />
o diretor comercial da IMTAB, foi o lançamento da fornalha<br />
de calcinação da cal. “É voltada para queima da pedra da<br />
cal. A procura também tem sido grande, pois só existia uma<br />
empresa fornecedora – que não é focada em biomassa como<br />
a IMTAB.”<br />
Os geradores de calor são os grandes destaques de know-<br />
-how da empresa. Com o aquecimento do mercado, a IMTAB<br />
diversificou e se preparou para avançar com responsabilidade<br />
e estrutura na fabricação de caldeiras e aquecedores de<br />
fluido térmico. “Dessa forma, atuamos nos setores madeireiro,<br />
alimentício, de cervejarias, fertilizantes, mineração, papel e<br />
celulose, química, têxtil e grãos. Desde a pandemia, tivemos<br />
um aumento na busca pela matriz energética de biomassa,<br />
em especial após os conflitos na Europa e no corte do fornecimento<br />
de gás por parte da Rússia. Com isso, leva vantagem<br />
o pellet brasileiro, que tem maior poder calorífico ocupando<br />
menos espaço (em metros cúbicos de matéria-prima) do que<br />
o cavaco de madeira, beneficiando muito a logística marítima<br />
e de exportação”, explica Joel.<br />
O diretor comercial destaca ainda a ampliação fabril da<br />
IMTAB para aumentar a gama de produtos no mercado –<br />
como a caldeira flamotubular –, avançando em caldeiras de<br />
pequeno e médio porte. “É um nicho de mercado carente de<br />
um bom fabricante, com boa tecnologia”, ressalta o diretor<br />
comercial da IMTAB.<br />
Imagem: divulgação<br />
34 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Experiência e competência<br />
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PELO MUNDO<br />
ENERGIAS<br />
RENOVÁVEIS<br />
36 www.REVISTABIOMAIS.com.br
GUERRA DESTRÓI INFRAESTRUTURA<br />
ENERGÉTICA NA UCRÂNIA<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
37
PELO MUNDO<br />
I<br />
niciada em fevereiro deste ano, a guerra<br />
entre Rússia e Ucrânia vem causando um<br />
impacto devastador na infraestrutura de<br />
energia renovável do país. De acordo com<br />
Emine Dzheppar, primeira vice-ministra das<br />
Relações Exteriores da Ucrânia, cerca de 90%<br />
da infraestrutura de energia eólica da Ucrânia<br />
e entre 40% a 50% de sua infraestrutura de<br />
energia solar foi destruída.<br />
A energia solar e eólica representou 7%<br />
do consumo de energia da Ucrânia em 2021,<br />
segundo a TEK, uma empresa de comércio de<br />
energia ucraniana. Atualmente, o Ministério da<br />
Energia da Ucrânia não fornece um detalhamento<br />
das fontes de consumo de energia do<br />
país devido às restrições da lei marcial.<br />
As autoridades ucranianas acreditam que<br />
os ataques de drones e mísseis de cruzeiro em<br />
todo o país feitos pela Rússia estão sendo cui-<br />
Segundo dados das<br />
relações exteriores da<br />
Ucrânia, cerca de 90% da<br />
infraestrutura de energia<br />
eólica do país e 50%<br />
de energia solar foram<br />
destruídas pela guerra<br />
38 www.REVISTABIOMAIS.com.br
dadosamente orquestrados para atingir infraestruturas<br />
importantes à medida que a Ucrânia<br />
entra no inverno. Ao atingir usinas termelétricas,<br />
subestações de eletricidade, transformadores<br />
e oleodutos, as forças russas impactam<br />
diretamente a capacidade dos ucranianos de<br />
acessar energia, água e internet.<br />
ALTERNATIVAS NA ÁFRICA<br />
Diante deste cenário crítico, líderes europeus<br />
estão se dirigindo a capitais africanas,<br />
ansiosos por encontrar alternativas ao gás<br />
natural russo. Com isso, despertam esperanças<br />
entre seus colegas na África de que a Guerra da<br />
Ucrânia possa modificar a relação desigual do<br />
continente com a Europa, atraindo uma nova<br />
onda de investimentos em gás, a despeito da<br />
pressão para migrar para fontes de energia<br />
renováveis.<br />
Em setembro, o presidente da Polônia foi<br />
ao Senegal em busca de negócios com gás.<br />
O premiê alemão, Olaf Scholz, chegou em<br />
maio à procura da mesma coisa, afirmando ao<br />
parlamento de seu país que a crise energética<br />
exige "que trabalhemos com países onde há<br />
possibilidade de desenvolver campos de gás",<br />
ao mesmo tempo cumprindo promessas de<br />
redução das emissões de gases causadores do<br />
efeito estufa.<br />
"A guerra provocou uma virada total. A<br />
narrativa mudou", declarou Mamadou Fall Kane,<br />
assessor energético do presidente do Senegal.<br />
A enxurrada de manifestações de interesse por<br />
parte da Europa está levando a projetos energéticos<br />
novos ou que estão sendo acelerados, e<br />
fala-se em mais ainda por vir.<br />
GÁS NATURAL<br />
A esperança nas capitais africanas é que a<br />
demanda europeia leve ao financiamento de<br />
instalações de gás não apenas para exportação,<br />
mas para o consumo interno. A questão assume<br />
importância enorme em algumas partes do<br />
continente.<br />
Ministros do governo italiano vêm acompanhando<br />
executivos da Eni, uma das maiores<br />
empresas energéticas do mundo, para a Argélia,<br />
Angola, República do Congo e Moçambique,<br />
onde um terminal de gás natural operado<br />
pela empresa deverá começar a fornecer gás à<br />
Europa. A Eni discute com o governo moçambicano<br />
a possibilidade de construção de um<br />
terminal adicional.<br />
Alguns líderes africanos lamentam que foi<br />
preciso uma guerra a milhares de quilômetros<br />
de distância, na Ucrânia, para lhes conferir<br />
poder de barganha em negócios energéticos,<br />
descrevendo o que enxergam como dois pesos<br />
e duas medidas. Afinal, por centenas de anos<br />
a Europa usou não apenas gás natural, mas<br />
também combustíveis muito mais sujos, como<br />
o carvão, para alimentar uma era de industrialização<br />
e formação de impérios.<br />
O argumento principal dessas lideranças<br />
da África é que os países menos desenvolvidos<br />
deveriam ter liberdade de usar mais gás nos<br />
próximos anos, a despeito da crise climática e<br />
da necessidade de o mundo reduzir o consumo<br />
de combustíveis fósseis, porque seus cidadãos<br />
merecem um padrão de vida mais alto e acesso<br />
maior a fontes confiáveis de eletricidade e<br />
outros serviços básicos. Mas, segundo eles, os<br />
credores europeus e internacionais tornaram<br />
isso caro demais.<br />
Líderes europeus frequentemente parecem<br />
pregar aos africanos sobre a importância de<br />
reduzir emissões de dióxido de carbono, mas<br />
oferecem pouca ajuda financeira para ajudá-<br />
-los a criar alternativas energéticas verdes. Ao<br />
mesmo tempo, a Europa continua a produzir<br />
emissões muito maiores que a África. "Poucos<br />
meses atrás, os mesmos europeus que estavam<br />
nos pregando sermões dizendo não ao gás,<br />
vieram dizer que agora querem um meio-termo",<br />
ponderou Amani Abou-Zeid, comissária<br />
de energia e infraestrutura da União Africana.<br />
"Estamos tentando sobreviver. Mas, em vez<br />
disso, estamos sendo infantilizados."<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
39
PRÊMIO REFERÊNCIA<br />
20ª EDIÇÃO DO PRÊMIO<br />
REFERÊNCIA PREMIA EMPRESAS<br />
QUE SE DESTACARAM EM 2022<br />
FOTOS EMANOEL CALDEIRA<br />
40 www.REVISTABIOMAIS.com.br
O<br />
Prêmio REFERÊNCIA completou 20 anos<br />
e contemplou as empresas que mais se<br />
destacaram no setor em 2022. Entre elas,<br />
empresas do setor de biomassa e energias<br />
renováveis.<br />
A vigésima edição contou com celebração especial<br />
no final do mês de novembro, no restaurante Porta<br />
Romana, em Curitiba (PR), com a presença de 140<br />
convidados. Organizada pela JOTA Editora, responsável<br />
pela publicação das revistas: REFERÊNCIA FLORES-<br />
TAL, REFERÊNCIA INDUSTRIAL, REFERÊNCIA CELULOSE<br />
& PAPEL, REFERÊNCIA PRODUTOS DE MADEIRA e<br />
REFERÊNCIA BIOMAIS, a premiação é um marco para o<br />
segmento e atrai a cada ano mais indicados e interesse<br />
do público em relação aos vencedores.<br />
Os critérios para a seleção dos vencedores são<br />
muito ponderados, desde as indicações recebidas<br />
por clientes, parceiros, anunciantes e personalidades<br />
do setor, passando pela avaliação realizada internamente<br />
pelos membros da organização do evento.<br />
Muito além do prêmio, o objetivo é valorizar quem<br />
mais trabalhou para o fortalecimento e crescimento<br />
da indústria de biomassa e geração de energia<br />
limpa. É reconhecimento dado para uma empresa ou<br />
associação, mas que reflete no trabalho de todos os<br />
que fazem o setor mais forte e representativo para a<br />
economia nacional. “A importância crescente que o<br />
setor confere à premiação é uma alegria enorme para<br />
nós, assim como um reconhecimento do trabalho que<br />
realizamos há mais de duas décadas em prol do fortalecimento<br />
da indústria madeireira de base florestal<br />
nacional e geração de energia sustentável. Prova disso<br />
é o grande número de indicações recebidas todos os<br />
anos”, celebra Fábio Machado, diretor comercial da<br />
JOTA Editora.<br />
PAINEL SUSTENTABILIDADE<br />
O evento de premiação teve início com o Painel<br />
Sustentabilidade, que reuniu quatro especialistas do<br />
setor de base florestal para analisar aspectos do panorama<br />
brasileiro e internacional. A primeira apresentação<br />
foi de Deryck Pantoja Martins, diretor técnico<br />
da AIMEX (Associação das Indústrias Exportadoras de<br />
Madeiras do Estado do Pará), que gera mais de 7 mil<br />
empregos, com média anual de aproximadamente<br />
US$ 200 milhões em exportação e faturamento anual<br />
de R$ 946,8 milhões.<br />
“Mesmo o Brasil tendo 59% de seu território com<br />
áreas florestais – a segunda maior do mundo, atrás<br />
apenas da Rússia -, nossa participação é de apenas 4%<br />
no mercado mundial de produtos florestais, estimado<br />
em US$ 350 bilhões, segundo dados da CNI (Confe-<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
41
PRÊMIO REFERÊNCIA<br />
deração Nacional da Indústria). Ou seja, temos muito<br />
a crescer no setor, com imenso potencial. Nas últimas<br />
décadas, a oferta de matéria-prima industrial teve<br />
aumento nas florestas plantadas e queda nas florestas<br />
nativas. Entre 2019 e 2021, conseguimos estabilizar as<br />
exportações de madeira no Pará, na faixa de US$ 200<br />
milhões anuais”, destacou Deryck.<br />
O diretor apresentou ainda o balanço das exportações<br />
de janeiro a outubro de 2022, com alta de 106%<br />
e US$ 318 milhões exportados. “Ao todo, foram 237<br />
mil toneladas de madeira e crescimento de 28%. Os<br />
principais produtos exportados são pisos e decks, seguidos<br />
de madeira serrada e painéis de MDF (fibras de<br />
madeira aglomerada), tendo como principais destinos<br />
EUA (Estados Unidos da América), França, Holanda,<br />
Dinamarca e Bélgica.”<br />
TENDÊNCIAS PARA O MERCADO<br />
Na sequência, Paulo Pupo, superintendente executivo<br />
da Abimci (Associação Brasileira da Indústria<br />
de Madeira Processada Mecanicamente) abordou o<br />
tema: Mercado e tendências para madeira processada.<br />
“O Brasil tem meio bilhão de ha (hectares) de<br />
florestas, somos um Brasil florestal, mas ainda não<br />
madeireiro, com apenas 2% de florestas plantadas<br />
e 98% nativa. Aumentou a demanda e o consumo<br />
da madeira processada. Em relação ao plantio de<br />
eucalipto, temos 7,46 milhões de ha em todo o país, a<br />
maior parte em Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso<br />
do Sul. Já no plantio de pinus, temos 1,7 milhão de ha<br />
com a liderança do Paraná, seguido de Santa Catarina<br />
e do Rio Grande do Sul. Coincidentemente, a região<br />
sul concentra 90% da indústria de madeira processada”,<br />
explicou Paulo.<br />
O especialista enfatizou ainda a mudança no perfil<br />
econômico da floresta. “Temos baixo crescimento da<br />
área de florestas plantadas frente à demanda de consumo.<br />
Um aumento efetivo de áreas para agricultura e<br />
pressão por terras agrícolas, além de redução de áreas<br />
de pequenos produtores. Concentração de áreas<br />
Pedro Bartoski Jr., da <strong>Revista</strong> REFERÊNCIA, Rafael Mason, do CIPEM, Deryck Pantoja Martins, da AIMEX, Paulo Pupo, da Abimci,<br />
Evaldo Braz, da Embrapa Florestas e Fábio Machado, da <strong>Revista</strong> REFERÊNCIA<br />
42 www.REVISTABIOMAIS.com.br
destinadas ao segmento papel e celulose, e ciclos<br />
florestais que estão diminuindo, com maior produção<br />
de madeira fina."<br />
Como oportunidades e desafios, Paulo Pupo<br />
destacou que é preciso a padronização técnica e<br />
normativa dos produtos, para garantir isonomia no<br />
mercado. "Como potencial de crescimento, temos a<br />
recuperação da construção civil e o déficit habitacional<br />
pelo país, além da demanda reprimida para uso de<br />
produtos estruturais. Os desafios são a manutenção<br />
do crescimento da atividade econômica, da inflação e<br />
das taxas de juros.<br />
MANEJO SUSTENTÁVEL<br />
As duas últimas apresentações do painel foram de<br />
Evaldo Braz, pesquisador da EMBRAPA FLORESTAS,<br />
e Rafael Mason, presidente do CIPEM (Centro das<br />
Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do<br />
Estado de Mato Grosso). Enquanto Evaldo abordou:<br />
A prática do manejo sustentável de florestas naturais;<br />
Rafael apresentou o tema: Mercado da madeira nativa<br />
de Mato Grosso. “A produtividade e a implementação<br />
dos planos de manejo sustentável podem ser<br />
melhoradas. Com isso, precisaremos integrar pesquisa<br />
e legislação, saindo da taxa fixa de 30 m3 (metros cúbicos)<br />
por hectare que temos na Amazônia, uma taxa<br />
que faz sentido em outros locais do país, mas que é<br />
extremamente baixa para aquele bioma”, ponderou<br />
Evaldo.<br />
Rafael Mason destacou, que no Mato Grosso, existem<br />
hoje 4,2 milhões de ha de áreas manejadas, com<br />
compromisso com o governo estadual de chegar a 6<br />
milhões de ha de madeira via manejo florestal. Entre<br />
eles, manejos do segundo ciclo, de 35 anos atrás.<br />
“Tivemos um crescimento de 30% na nossa demanda<br />
em 2020, ano passado chegamos a 50%, algo<br />
inimaginável até então. Nesse ano e para 2023, não<br />
teremos o mesmo crescimento, mas há uma estabilidade.<br />
O desafio hoje é a mudança do consumidor<br />
final buscando nossos produtos: os produtos que<br />
tiveram elevação nos preços precisaram de retração<br />
posterior, com queda de 30% nos valores. Hoje, a demanda<br />
maior é nos produtos de baixo valor comercial,<br />
como espécies mais baratas. Com isso, a exportação<br />
também foi afetada diante da guerra na Ucrânia, além<br />
dos custos em fretes e logística”, explanou Rafael.<br />
A seguir, confira as empresas de biomassa e do<br />
setor de energias renováveis que ganharam o Prêmio<br />
REFERÊNCIA 2022:<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
43
PRÊMIO REFERÊNCIA<br />
Pedro Bartoski Jr., diretor executivo da <strong>Revista</strong> REFERÊNCIA,<br />
entrega o Prêmio REFERÊNCIA para Juliano Vieira de Araújo,<br />
presidente da Abimci<br />
ABIMCI<br />
A ABIMCI comemora 50 anos em 2022, amplamente reconhecida<br />
pelo extenso trabalho em prol da indústria madeireira<br />
e defesa dos interesses do setor. A entidade é a principal<br />
fonte de informações para organismos governamentais<br />
brasileiros e estrangeiros, referencial para a imprensa, universidades<br />
e entidades setoriais. "Estamos diante de muitos<br />
desafios no mercado e no consumo. Mas acreditamos no<br />
potencial das pessoas envolvidas em nossa cadeia florestal<br />
e industrial, além dos nossos associados", enalteceu Juliano<br />
Araújo, presidente da ABIMCI.<br />
ENEBRA ENERGIA<br />
A Enebra Energia atua no fornecimento de biomassa de<br />
eucalipto e supressão nativa em todas as suas formas, oferecendo<br />
uma fonte de energia sustentável às indústrias por<br />
meio de florestas próprias certificadas. É uma das empresas<br />
premiadas pelo notável trabalho desenvolvido em 2022,<br />
além do crescimento no setor de cavaco para biomassa, na<br />
região centro oeste do país. “A Enebra é uma empresa jovem,<br />
foi criada no Mato Grosso por mim e pelo meu sócio Nedil<br />
de Lima Junior, às vésperas da pandemia. Desenvolvemos o<br />
cavaco a partir de madeiras que não tinham mais uso, com<br />
uma das maiores e mais modernas operações do mundo na<br />
picagem e no processamento dessa madeira”, disse Guilherme<br />
Elias, sócio-proprietário da Enebra Energia.<br />
Guilherme Elias (esq), Nedil Lima (dir), sócios da Enebra Energia,<br />
recebem o Prêmio REFERÊNCIA de Diego Vieira, diretor da DRV<br />
José Carlos Haas Junior, diretor da Haas Madeiras recebe o Prêmio<br />
REFERÊNCIA de Tiago Correa, gerente comercial da Effisa<br />
HAAS MADEIRAS<br />
Com início da operação de uma fábrica própria de pellets<br />
em 2022, uma moderna unidade fabril de 50 mil m² (metros<br />
quadrados) de área construída em Venâncio Aires (RS), a<br />
Haas Madeiras conta com estrutura capaz de produzir 2,5 mil<br />
toneladas de pellets por mês, que também abriga o depósito<br />
dessa biomassa que a empresa investe nos últimos anos.<br />
"Temos 49 anos e estamos nos transformando nos últimos<br />
tempos. O pellet de madeira não é tão novo no mercado,<br />
mas temos uma fábrica de ponta trabalhando com eucalipto.<br />
Somos a primeira fábrica totalmente informatizada integrada<br />
em uma serraria de grande porte que trabalha com eucalipto.<br />
Fico feliz pelo reconhecimento", agradeceu José Carlos Haas<br />
Junior, diretor da Haas Madeiras.<br />
44 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Fabiane Piovesan recebendo o Prêmio REFERÊNCIA das mãos de<br />
Mario Sergio Lima, proprietário da MSM Química<br />
PIOMADE<br />
Soluções sustentáveis são chave para o desenvolvimento<br />
do setor e da sociedade, por isso a Piomade alcançou lugar<br />
de destaque em 2022. O ano foi marcado pela inauguração<br />
da nova fábrica de pellets da empresa. As soluções e biomassa<br />
se tornaram essenciais para vários segmentos, além do<br />
próprio setor florestal, que supre caldeiras e outros equipamentos<br />
que necessitam de calor como a madeira em pellets.<br />
Trabalhar por um mundo mais sustentável é trabalhar para<br />
que o setor florestal seja cada dia mais forte e necessário. “É<br />
uma honra receber essa premiação. Um agradecimento especial<br />
aos que acreditam nesse mercado e aos nossos colaboradores,<br />
que nos auxiliam no crescimento da nossa indústria”,<br />
declarou Fabiane Piovesan, diretora da Piomade.<br />
VETORIAL<br />
Com ampla experiência no mercado desde 1969, o Grupo<br />
Vetorial atua no setor minério-siderúrgico, produzindo<br />
carvão vegetal e ferro gusa, além de extração de minério de<br />
ferro. No setor de energia renovável, produz carvão vegetal<br />
com sustentabilidade, exclusivamente de florestas plantadas<br />
renováveis, com aproveitamento de material lenhoso para<br />
a produção do Ferro Gusa Verde. "Atuamos há mais de 50<br />
anos em siderurgia e, nos últimos 25 anos, estamos atuando<br />
com produtos altamente sustentáveis no Mato Grosso do Sul,<br />
exportando o ferro gusa para o mundo todo. Agradecemos<br />
termos sido reconhecidos pelo Prêmio REFERÊNCIA", celebrou<br />
Mario Cleiro de Sousa, diretor de operações da Vetorial.<br />
Mario Cleiro Sousa, após receber o Prêmio de Deryck Martins,<br />
diretor técnico da AIMEX<br />
Entre as empresas premiadas<br />
estão grandes indústrias de<br />
biomassa, como cavaco e pellets<br />
de madeira, que impulsionam as<br />
formas renováveis de energia no<br />
setor florestal<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
45
CLICK PRÊMIO REFERÊNCIA<br />
Paulo Pupo,<br />
da Abimci<br />
Crislaine Briatori, Fabiana Tokarski e<br />
Mayara Laurindo, da Jota Editora<br />
Marcele Coelho,<br />
da Jota Editora<br />
Fabiane Piovesan, Maria Beatriz<br />
e João Piovesan, da Piomade<br />
Evaldo Braz,<br />
da Embrapa Florestas<br />
Francisleine Machado, Fernanda Machado<br />
e Fábio Machado, da Jota Editora<br />
Mylena Passig e Suelen Alves,<br />
da Woodflow<br />
Letícia Souza e Fábio Washington,<br />
da Solution Focus<br />
Giovane Savian e<br />
Marcos Antônio Cheuchuk, da Pesa<br />
Milton Watanabe e Willian Watanabe,<br />
da Watanabe Comércio de Máquinas<br />
Ângela Dias e Silvana Dias,<br />
da Agro Florestal Sepac<br />
Diogo Dias Greca, Thiago Dias Ceschin e<br />
Gabriel Silveira, da Agro Florestal Sepac<br />
46 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Alexandre Coutinho e Rafael Boiani,<br />
da MIP Florestal<br />
Toni Casagrande<br />
Felliphe Marinho Costa e Sigfrid Kirsch,<br />
da Sindusmad<br />
Deryck Martins,<br />
da AIMEX<br />
Everson Stelle,<br />
da Montana Química<br />
Rafael Mason,<br />
da CIPEM (MT)<br />
Gilberto de Sousa e Thiago Felippi,<br />
da Felipe Diesel<br />
Edinei Blasius e Taciana Blasius,<br />
da B2 Madeiras<br />
Wilson Andrade,<br />
da ABAF (BA)<br />
Mário Sousa e Vânia dos Santos,<br />
da Vetorial Siderurgia<br />
Valéria Brizola e Luiz Carlos Crimaco,<br />
da Informa Markets<br />
Patrícia Nazário,<br />
da Rede Mulher Florestal<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
47
CLICK PRÊMIO REFERÊNCIA<br />
Kleber Mafra e Márcio Molleta,<br />
da Himev<br />
Marcos Araújo,<br />
da Mendes Máquinas<br />
Ronaldo Lins e Sidnei Kaefer,<br />
da Manos Implementos<br />
Marise Senff de Araújo e Juliano Vieira<br />
de Araújo, da Abimci<br />
Jeferson Souza,<br />
da Oregon<br />
Cristiane Oliveira Henriques e Antônio<br />
Carlos Henriques, da A.C. Henriques<br />
Guilherme Elias e Vanessa Elias,<br />
da Enebra<br />
Ana Lídia e Nedil Lima,<br />
da Enebra<br />
Camile e Carla Bartoski<br />
Igor Rover e Niege Rover,<br />
da Relvaplac Compensados<br />
Ailson Loper,<br />
da APRE<br />
Roberta Pitta e Marco Pitta<br />
48 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Emily Hoffelder e Mario Sergio Lima,<br />
da MSM Química<br />
Mariana Schuchovski,<br />
da Rede Mulher Florestal<br />
Diego Ricardo Vieira<br />
e Liliane Cordeiro, da DRV<br />
João Ricardo Pavin e<br />
Michele Cordeiro, da DRV<br />
Alexandre Falce, Rafael Milarch<br />
e Sérgio Jr., da Lion Equipamentos<br />
Clara Machado, Vanessa Machado<br />
e Cláudio Machado<br />
Marluci Paludo e Maicos Zucchi,<br />
do Grupo Paludo<br />
Diogo Paludo,<br />
do Grupo Paludo<br />
Odete Paludo e Rui Paludo,<br />
do Grupo Paludo<br />
Rodrigo Ferrari e Tatiana Paludo Ferrari,<br />
do Grupo Paludo<br />
Danielle Paludo,<br />
do Grupo Paludo<br />
Joel Rosa e Wesley Baticini,<br />
da Gell Tecno Solution<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
49
CLICK PRÊMIO REFERÊNCIA<br />
Martin Kemmsier,<br />
da Birka<br />
Rodrigo Contesini e<br />
Evanderson Marques, da Logmax<br />
Gustavo Milazzo e Cristiane Milazzo,<br />
da GCM Trade - Woodflow<br />
Dalclis Azevedo,<br />
da JSIC Comex<br />
Liamara Mortari e Alfredo Berros,<br />
da Sauerland<br />
Gisele Cristina Santos e Giullian<br />
Fernanda Silva, da GCM Trade - Woodflow<br />
Edina Moresco,<br />
da Embrapa Florestas<br />
Keila Angélico e David Kretski,<br />
da Adami<br />
Diogo Lorenzetti,<br />
da Neocert<br />
Rafael Nanami,<br />
da Lion Equipamentos<br />
Enridimar Gomes,<br />
da Vetorial Siderurgia<br />
Leila Simon e Ricardo Simon,<br />
da Lufer Forest<br />
50 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Luciane Evangelista e<br />
Joaquim de Almeida, da Marrari<br />
Matheus Demuner,<br />
da Demuner Marcenaria<br />
Robson Lemos,<br />
da Bonardi Química<br />
Amanda Marini Piton,<br />
da Marini Compensados<br />
José Carlos Júnior,<br />
da Haas Madeiras<br />
Bruno Pereira,<br />
da Remsoft<br />
Tiago Correa da Rosa,<br />
da Effisa<br />
Gerson Penkal e Carlos Augusto,<br />
da Jota Editora<br />
Dario Pires Machado Filho,<br />
da Indumec<br />
Egídio Felippi,<br />
da Lacombe Turbinas<br />
Marcos Gaveliki,<br />
da Tecmater<br />
Pedro Bartoski Jr. e Fábio Machado,<br />
da Jota Editora<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
51
DESCARBONIZAÇÃO<br />
HIDROGÊNIO<br />
VERDE<br />
COMBUSTÍVEL É ESSENCIAL NA TRANSIÇÃO<br />
PARA A ECONOMIA DE BAIXO CARBONO<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
52 www.REVISTABIOMAIS.com.br
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
53
DESCARBONIZAÇÃO<br />
F<br />
undamental para o processo de descarbonização<br />
no setor industrial, o hidrogênio<br />
verde é produzido a partir da eletricidade<br />
gerada por fontes de energia renováveis.<br />
Ao longo dos próximos anos, o objetivo é trocar<br />
o hidrogênio produzido a partir de fontes fósseis<br />
pelo hidrogênio verde, que não emite carbono.<br />
O hidrogênio é obtido a partir de água em<br />
um processo chamado eletrólise, que divide as<br />
moléculas e separam o hidrogênio do oxigênio.<br />
Por utilizar fontes energéticas limpas, o processo<br />
se torna sustentável. O hidrogênio verde contribui<br />
para o cumprimento das metas do Acordo de Paris<br />
– tratado internacional sobre mudanças climáticas,<br />
adotado em 2015 por 196 nações, que incentiva<br />
formas e financiamentos que reduzam o impacto<br />
das mudanças climáticas.<br />
Monica Saraiva Panik, diretora de relações<br />
institucionais da ABH2 (Associação Brasileira de<br />
Hidrogênio), explica que a atual demanda por<br />
hidrogênio verde é diretamente ligada às metas de<br />
descarbonização e de mudanças climáticas acordadas<br />
pelos países. Ele substitui a energia de fontes<br />
poluidoras e outros insumos fósseis.<br />
Até o final de 2017, o hidrogênio era visto como<br />
alternativa aos combustíveis tradicionais apenas<br />
pelo setor de transportes. “Com essa tomada de<br />
consciência de que o hidrogênio pode descarbonizar<br />
simultaneamente quase todos os setores<br />
da economia, principalmente indústrias de difícil<br />
descarbonização e também o transporte, o setor de<br />
hidrogênio ganhou muito mais visibilidade e maior<br />
volume de investimentos a nível mundial”, explica<br />
Monica.<br />
LARGA ESCALA<br />
Edmar Almeida, professor da UFRJ (Universidade<br />
Federal do Rio de Janeiro), lembra que o proces-<br />
54<br />
www.REVISTABIOMAIS.com.br
so de inclusão do hidrogênio verde na produção<br />
começou pelas indústrias que hoje consomem<br />
hidrogênio no seu processo de produção. “Na Europa,<br />
já há muitos projetos em implementação nos<br />
segmentos de refino e químico. Eles estão substituindo<br />
o gás pelo hidrogênio verde”, exemplifica.<br />
O professor conta, que segundo levantamento<br />
da AIE (Agência Internacional de Energia), há mais<br />
de 100 programas em implementação no mundo,<br />
principalmente na Alemanha, na Espanha, nos EUA<br />
(Estados Unidos da América), na China e agora no<br />
Brasil. Segundo ele, a primeira fábrica de hidrogênio<br />
verde no Brasil deverá entrar em funcionamento<br />
no final de 2023. O projeto é da Unigel, que<br />
atua no segmento de fertilizantes e amônia, e será<br />
instalado na Bahia.<br />
Edmar Almeida afirma que o hidrogênio verde<br />
será usado principalmente nos setores de refino de<br />
petróleo, químico, cerâmico e de transportes. Na<br />
Hidrogênio Verde contribui<br />
para o cumprimento das<br />
metas do Acordo de Paris,<br />
Tratado Internacional<br />
Sobre Mudanças<br />
Climáticas, adotado em<br />
2015 por 196 nações<br />
Agradecemos a todos os nossos<br />
parceiros e amigos que estiveram<br />
em nosso lado neste ano,<br />
Que 2023 seja repleto de novas<br />
conquistas e realizações.<br />
Desejamos a todos um<br />
Feliz Natal e próspero Ano Novo!<br />
(19) 3496-1555<br />
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DESCARBONIZAÇÃO<br />
indústria, pode ter diferentes finalidades, como uso<br />
como matéria-prima ou energético. Também pode<br />
ser utilizado diretamente em gás, na mistura de<br />
combustíveis convencionais, como o gás natural,<br />
na forma de combustível sintético, como amônia e<br />
metanol, ou em pilhas a combustível para produção<br />
de energia elétrica.<br />
“Hoje ainda não se usa hidrogênio verde em<br />
grande escala na indústria porque o custo é muito<br />
alto em relação ao gás natural”, comenta. Com o<br />
avanço das tecnologias e a queda no custo das<br />
energias renováveis, que inclui também aquela<br />
gerada por biomassa, o professor acredita que o<br />
hidrogênio verde será fundamental na descarbonização.<br />
APOIO FINANCEIRO<br />
Sayonara Eliziario, professora do curso de engenharia<br />
de energias renováveis da UFPI (Universida-<br />
Produzido a partir da<br />
eletricidade gerada<br />
por fontes renováveis,<br />
o hidrogênio verde<br />
é fundamental<br />
para o processo de<br />
descarbonização no<br />
setor industrial<br />
56 www.REVISTABIOMAIS.com.br
de Federal do Piauí), entende que, apesar do futuro<br />
promissor, há diversos desafios a serem superados<br />
para a expansão do uso do hidrogênio verde na<br />
indústria brasileira. Ela cita três: reduzir o custo<br />
na geração de energia renovável; consolidar um<br />
mercado consumidor, com segurança regulatória,<br />
para o produto; e construir uma infraestrutura de<br />
produção e distribuição, o que inclui estações de<br />
abastecimento e expansão de fontes de energias<br />
renováveis.<br />
Almeida enxerga, ainda, um outro desafio.<br />
Segundo ele, é preciso desenvolver no Brasil e no<br />
mundo uma indústria de bens e serviços apta a<br />
produzir e fornecer eletrizadores, equipamentos<br />
necessários para a produção em larga escala do<br />
hidrogênio verde. Ele estima que esse desenvolvimento<br />
é uma questão de tempo, de 10 a 15 anos.<br />
“Hoje, o grande problema é que o custo dos<br />
equipamentos ainda é elevado e a viabilidade econômica<br />
ainda é desafiadora, mesmo com o preço<br />
de geração da energia caindo”, avalia Almeida.<br />
Para que as empresas desse setor possam se<br />
desenvolver é preciso também apoio financeiro<br />
para investir numa tecnologia que ainda não está<br />
madura. “Linhas de crédito e financiamento a<br />
fundo perdido para amortizar parte do custo do<br />
financiamento serão necessários numa fase inicial,<br />
como está acontecendo na Europa. É necessário,<br />
também, criar uma política para dar um impulso<br />
inicial à indústria do hidrogênio verde, coisa que<br />
o governo está tentando fazer por meio do Plano<br />
Nacional de Hidrogênio”, aponta Almeida.<br />
Outro ponto, defende o professor, é o fortalecimento<br />
do mercado de carbono no Brasil. “É importante<br />
que o Brasil faça seu dever de casa e crie seu<br />
mercado de carbono para compensar ou premiar<br />
as empresas que fizeram esse esforço de investir no<br />
hidrogênio”, indica o professor.
ARTIGO<br />
OPORTUNIDADES E DESAFIOS DO USO DE<br />
BIOMASSA COMPACTADA<br />
PARA FINS ENERGÉTICOS<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
ASTROGILDO PIRES BERNARDO<br />
UFT (Universidade Federal do Tocatins)<br />
JUAN CARLOS VALDÉS SERRA<br />
UFT (Universidade Federal do Tocatins)<br />
ÁLISON MOREIRA DA SILVA<br />
ESALQ/USP (Universidade de São Paulo)<br />
FABÍOLA MARTINS DELATORRE<br />
UFES (Universidade Federal do Espírito Santo)<br />
ANANIAS FRANCISCO DIAS JÚNIOR<br />
UFES (Universidade Federal do Espírito Santo)<br />
58 www.REVISTABIOMAIS.com.br
ERESUMO<br />
stima-se que a oferta mássica de biomassa no<br />
Brasil seja de 2898 milhões de toneladas no ano de<br />
2030. Correspondente a grande parte por resíduos,<br />
seja agrícola ou florestal, podem se tornar<br />
uma grande problemática ambiental se gerido de forma<br />
inadequada. Contudo, estes materiais possuem grande<br />
potencial energético, obtido pela combustão direta ou por<br />
tecnologias avançadas de conversão. O presente trabalho<br />
contemplou uma revisão bibliográfica sistemática,<br />
buscando consolidar dados existentes sobre métodos de<br />
aproveitamento de resíduos agrícolas e florestais para a<br />
produção de pellets, além do levantamento do mercado<br />
atual de biomassa adensada no Brasil. Concluiu-se que<br />
os pellets são biocombustíveis renováveis que possuem<br />
bom potencial energético e constituem-se uma crescente<br />
oportunidade de mercado para o Brasil, com expansão<br />
em diferentes aplicações, considerando a possibilidade de<br />
exportação.<br />
Palavras-chave: Biomassa Compactada, Pellets,<br />
Mercado de Biomassa.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A energia oriunda da biomassa residual é considerada<br />
umas das principais alternativas para substituir a dependência<br />
dos combustíveis fósseis globalmente. As atividades<br />
voltadas a agricultura e silvicultura representam 27,4%<br />
do PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil (CEPEA, 2021).<br />
Também são altamente geradoras de biomassa considerados<br />
resíduos, com potencial risco em causar problemas<br />
ao meio ambiente, se descartado de forma inadequada.<br />
Estes resíduos necessitam ser devidamente gerenciados, a<br />
fim de não promover nenhum impacto e desequilíbrio ambiental<br />
(Moreira, 2019). Lima (2020) estima que nos planos<br />
de manejo florestal sustentável, para cada 1 tonelada de<br />
madeira extraída, são geradas 2,13 toneladas de resíduos<br />
na forma de sapopemas, maravalhas, serragem, restos de<br />
troncos e galhos.<br />
Devido ao baixo custo e pronta disponibilidade os resíduos<br />
podem ser aproveitados, tendo em vista a redução<br />
de custos de produção e impactos ambientais (Costa Filho,<br />
2017).<br />
A quantidade de biomassa produzida no Brasil é<br />
expressiva, devido sua abundância de recursos naturais e<br />
aptidão agrícola e florestal. Considerada uma das fontes de<br />
produção de energia com maior potencial de crescimento<br />
(ANEEL, 2020), a biomassa é apontada como alternativa<br />
para a diversificação da matriz energética mundial. A<br />
agricultura representa 33% do potencial energético da biomassa<br />
no Brasil, grande parte representado pelo bagaço<br />
de cana, enquanto as atividades florestais correspondem<br />
a 65% (Moraes, 2017). Contudo, os resíduos de biomassa<br />
gerados nas atividades agropecuárias e florestais ainda são<br />
subutilizados. Dessa forma, a biomassa produzida necessita<br />
de avaliações mais precisas quanto ao seu potencial de<br />
utilização energético.<br />
Segundo o Centro Nacional de Referência em Biomassa,<br />
é possível classificar a obtenção da energia da biomassa<br />
em duas categorias principais: (i) tradicional, em que é obtida<br />
por meio de combustão direta de madeira, lenha, resíduos<br />
agrícolas, resíduos de animais e urbanos, para cocção,<br />
secagem e produção de carvão; ou (ii) moderna, em que é<br />
obtida por meio de tecnologias avançadas de conversão,<br />
como pirólise de biomassa, geração de eletricidade por<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
59
ARTIGO<br />
meio do gás de síntese ou na produção de biocombustíveis<br />
sólidos por adensamento (CENBIO, 2020).<br />
O presente trabalho contempla um levantamento das<br />
principais características químicas e energéticas, análise<br />
sobre a demanda mundial, normativas europeias, qualidade<br />
e mercado e produção brasileira dos pellets. com a finalidade<br />
de consolidar dados existentes sobre tecnologias<br />
de processamento de resíduos agrícolas e florestais para<br />
produção de biomassa adensada ou pellets; vislumbrando<br />
um panorama sobre a demanda energética no Brasil e as<br />
principais fontes de energia renovável; demanda mundial<br />
por pellets, exigências das normas internacionais e capacidade<br />
de produção de pellets no Brasil.<br />
MATERIAL E MÉTODO<br />
Este trabalho foi desenvolvido sobre os preceitos do<br />
estudo exploratório, através de uma pesquisa bibliográfica,<br />
por meio de uma abordagem sistêmica. Para obter-se<br />
êxito, utilizou-se para pesquisas: livros, artigos, teses,<br />
dissertações e outros. Foram consultados, também, sites<br />
de empresas e órgãos tais como: EPE (Empresa de Pesquisa<br />
Energética), MME (Ministério de Minas e Energia), ANEEL<br />
(Agência Nacional de Energia Elétrica). As bases utilizadas<br />
como fonte de pesquisa dentro da plataforma Capes<br />
foram: web of Science, Scielo e google acadêmico. As palavras<br />
chaves utilizadas para que a busca obtivesse sucesso<br />
foram: pellets; biomassa adensada; briquetes.<br />
Foi feito levantamento sobre a importância da biomassa<br />
como a principal fonte renovável na Matriz Energética<br />
Brasileira no Site da EPE e a participação das fontes<br />
renováveis na matriz elétrica brasileira junto ao site do<br />
MME; foram abordados trabalhos técnicos sobre o conceito<br />
de pellets e um estudo comparativo das suas principais<br />
características químicas e energéticas; uma análise sobre<br />
a demanda mundial por pellets, as exigências das normas<br />
europeias de qualidade e mercado de pellets e; produção<br />
brasileira de pellets.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />
Biomassa como principal fonte de energia renovável<br />
no Brasil. Estimativas apontam, que até o ano de 2050,<br />
mais de 90% da população mundial estará vivendo em<br />
países em desenvolvimento. Todavia haverá uma elevada<br />
demanda global por energia e total incentivo na busca por<br />
fontes energéticas alternativas para suprir a demanda (Moraes,<br />
2017). O Brasil, como um dos maiores produtores de<br />
biomassa do mundo, partiu de uma oferta mássica de 558<br />
milhões de toneladas em 2005, tendo uma projeção para<br />
1.402 milhões de toneladas para o ano de 2030 (EPE, 2017).<br />
De acordo com o Atlas da eficiência energética de<br />
2021 (EPE, 2021), a participação de fontes renováveis<br />
na matriz energética brasileira está entre as maiores do<br />
mundo: 45,1% da energia produzida no país vêm de<br />
fontes renováveis de energia (biomassa, hidráulica, lenha,<br />
carvão vegetal e outros), valor três vezes superior à média<br />
mundial, que é de aproximadamente 14%.<br />
O Brasil ficou 15% mais eficiente energeticamente entre<br />
2005 e 2019, com destaque para os setores residencial<br />
e de transportes. A indústria consome um terço de toda<br />
a energia produzida no país para a fabricação de seus<br />
produtos. Até 2017 era o setor que mais consumia energia,<br />
mas foi superado pelo setor de transporte por conta<br />
da crise econômica que abateu o país a partir de 2014.<br />
Eletricidade, bagaço de cana, lenha e carvão vegetal são<br />
as principais fontes de energia da indústria (EPE, 2021).<br />
As principais fontes de energia renovável no Brasil são<br />
biomassas, correspondentes a 34,1% da Oferta Interna de<br />
Energia Elétrica (OIEE) do país, com destaque para a cana-<br />
-de-açúcar (bagaço e etanol) ao qual respondem atualmente<br />
por 16,5% da matriz elétrica (MME, 2021). Contudo,<br />
lenha, carvão vegetal e outras somam 17,6% (EPE, 2021).<br />
O bom desempenho da geração de energia por biomassa<br />
é atribuído ao bagaço de cana, com crescimento<br />
de 3% em 2021 quando comparado ao ano anterior. Ao<br />
todo o Brasil produziu 3.108,6 MW médios, superando o<br />
resultado de 3.007,1 MW médios de 2018. O crescimento<br />
decorre principalmente da ampliação do número de empreendimentos<br />
dedicados à produção de energia a partir<br />
da fonte, sendo 295 usinas contabilizadas em dezembro<br />
ante 274 no mesmo mês do ano passado. A capacidade<br />
instalada também apresentou crescimento, com 13,09<br />
GW aferidos, 2% maior que os 12,82 GW anteriores (MME,<br />
2021).<br />
O principal problema da utilização de resíduos para<br />
geração de energia é a baixa densidade energética. Uma<br />
forma eficaz de solucionar esse problema é a compactação<br />
da biomassa, ou seja, produção de materiais sólidos<br />
densificados, com alta concentração de energia, denominados<br />
pellets ou briquetes (Silva et al., 2015).<br />
BIOMASSA COMPACTADA<br />
O pellet é um biocombustível granulado à base de<br />
biomassa vegetal moída e compactada em alta pressão. O<br />
calor gerado pela fricção na passagem pelos furos da matriz<br />
peletizadora provoca a transformação dos componentes<br />
lignocelulósicos. O resultado é um produto adensado<br />
de alto poder calorífico e boa resistência mecânica (ABIB,<br />
2016).<br />
60 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Para produzir o pellet, vários tipos de biomassa são<br />
utilizados. Todavia, a principal fonte de matéria-prima vem<br />
da atividade agropecuária e florestal. A transformação de<br />
subprodutos madeireiros possui baixo valor comercial e<br />
produz um biocombustível de excelente qualidade, devido<br />
ao baixo teor de cinza (Wolf; Vidlund; Andersson, 2006).<br />
Depois de recolhida e triturada, a biomassa é transformada<br />
em pó e comprimida para obter a forma final. Assim, de<br />
6 m3 (metros cúbicos) a 8 m3 de serragem ou cavacos de<br />
madeira, depois de secos, processados e comprimidos,<br />
geram 1 m3 de pellets.<br />
Alguns produtores utilizam um agente ligante (binder)<br />
do tipo lignossulfonato. Em contrapartida, têm efeito<br />
negativo no seu valor calorífico e aumentam a emissão<br />
de monóxido de carbono (AHN et al., 2014). Por isso, as<br />
normas limitam o uso desses agentes ao máximo de 2% da<br />
massa total do produto (Tarasov; Shahi; Leitch, 2013). Os<br />
biocombustíveis sólidos são comercializados internacionalmente.<br />
Sua geometria regular e cilíndrica permite ótima<br />
fluidez e facilita a automatização de processos, comerciais<br />
e industriais, de queima do produto. Além disso, é um produto<br />
de fácil manuseio, transporte e ocupa pouco espaço<br />
na armazenagem (Garcia, 2017).<br />
A biomassa desenvolvida para a combustão dos pellets<br />
tem capacidade de redução significativa das emissões de<br />
GEE. Entretanto, devido as fontes de matéria-prima serem<br />
provenientes de resíduos, ainda haverá uma contribuição<br />
significativa na redução do risco de incêndios florestais. A<br />
Tabela 3 (conferir no link ao final da publicação) apresenta<br />
as principais características dos pellets (Camargo et al.,<br />
2017).<br />
POTENCIAL FONTE DE BIOMASSA PARA<br />
PRODUÇÃO DE PELLETS<br />
No Brasil, os principais resíduos energéticos em<br />
potencial para pronto aproveitamento são os gerados no<br />
setor sucroalcooleiro e nas indústrias madeireiras. Algumas<br />
biomassas não têm grande aplicação imediata devido a<br />
custos logísticos de coleta, transformação e pesquisa aplicada<br />
(ABIB, 2016). A principal utilização do bagaço é como<br />
TECNOLOGIA,<br />
EFICIÊNCIA E<br />
CONFIABILIDADE
ARTIGO<br />
insumo para atender à demanda energética nas usinas sucroalcooleiras<br />
que utiliza cerca de 90% para esse fim. Mais<br />
recentemente, também tem sido observada a utilização<br />
do bagaço de cana como matéria-prima na produção de<br />
etanol de segunda geração (Moraes et al., 2017).<br />
Segundo Moraes et al. (2017), ainda que somente<br />
10% (ou menos) do bagaço de cana estejam disponíveis<br />
para outras utilizações, tal porcentagem equivale a mais<br />
de 18.700 milhões de toneladas de resíduo, um volume<br />
bastante expressivo e que supera largamente a soma de<br />
outros resíduos que se mostram disponíveis para produção<br />
de pellets no Brasil. Além disso, a queima de bagaço em<br />
caldeiras das usinas ocorre sem nenhum tratamento prévio,<br />
a despeito do seu elevado teor de umidade e elevado<br />
volume, e a sua aglomeração, na própria usina, pode elevar<br />
a densidade energética do material, aumentando sua<br />
eficiência como combustível.<br />
Os resíduos industriais de madeira são gerados desde<br />
o transporte da madeira em tora à indústria, até seu manuseio<br />
e processamento, finalizando no produto acabado.<br />
Desse processamento são gerados resíduos de diferentes<br />
formatos e características que podem ser classificados<br />
como: cavaco, cepilho, maravalhas e serragem (ABIB, 2016).<br />
Em termos mundiais, os resíduos de madeira figuram<br />
entre as principais fontes de biomassa para produção de<br />
energia, principalmente quando na forma de pellets (wood<br />
pellets). Durante o desdobro da madeira nas serrarias, o<br />
rendimento varia de 30% a 45% e em processos modernos<br />
e otimizados pode atingir 60%, em ambos os casos, a produção<br />
de resíduos é significativa (Murara Jr. et al., 2013).<br />
A biomassa adensada pode substituir com vantagens<br />
o carvão mineral sem impactar no efeito estufa. Por esse<br />
motivo, a demanda mundial por pellets de biomassa vem<br />
aumentando rapidamente na Europa (Moraes et al. 2017).<br />
A Associação Europeia de Biomassa estima que, até 2025,<br />
serão consumidos 80 milhões de toneladas de pellets.<br />
DEMANDA MUNDIAL DE PELLETS<br />
O crescimento mundial da demanda de pellets vem se<br />
dando de forma exponencial, passando de 15 milhões de<br />
toneladas em 2010 para mais de 26 milhões de toneladas<br />
em 2015, com projeção de 80 milhões de toneladas em<br />
2025 (Garcia, 2018).<br />
Os pellets são menos poluentes que os derivados do<br />
petróleo e têm sido utilizados por países que precisam reduzir<br />
suas emissões de gases do efeito estufa, para, assim,<br />
atender os acordos firmados na Conferência do Clima em<br />
Paris (Garcia, 2017). Em outros estudos, Wihersaari, Agar e<br />
Kallio (2009) e Obernberger e Thek (2010) projetaram que<br />
entre 10% e 12% de toda a madeira industrial colhida no<br />
mundo será transformada em pellets até o ano de 2025.<br />
MERCADO DE PELLETS<br />
Alguns estudos realizados para avaliar o uso de pellets<br />
na produção de energia, aponta uma economia significativa<br />
na emissão de GEE. Segundo Pinel (2015), a quantidade<br />
de CO² emitido ao longo da cadeia que abrange a<br />
produção, o transporte e a combustão, por kWh produzido,<br />
é até seis vezes inferior à de óleo combustível, no caso do<br />
aquecimento residencial, passando de 280 a 34 gCO²eq<br />
por kWh gerado. Além disso, a evolução do preço dos pellets<br />
demonstra uma grande estabilidade ao longo desses<br />
últimos anos. A taxa de crescimento anual médio do preço<br />
dos pellets foi estimada, entre 2010 e 2015, em 3,7%, na<br />
França e em 2,6%, na Bélgica, enquanto, para o gás, foi de<br />
5%, para o gás propano líquido 4,6% e para o óleo combustível,<br />
6,9% (Pinel, 2015).<br />
O aumento significativo da demanda por pellet é resultado<br />
da boa competitividade frente às outras formas de<br />
energia disponíveis no mercado. A economia anual obtida<br />
em uma residência na Bélgica, utilizando o pellet para o<br />
sistema de aquecimento residencial. O uso do pellet pode,<br />
assim, gerar uma economia de mais de 75% do orçamento<br />
anual (Quenó, 2015).<br />
A baixa volatilidade dos preços dos pellets e da biomassa<br />
comparada às energias fosseis evidenciam que os<br />
preços das commodities de bioenergia são menos voláteis<br />
do que os preços aplicados aos combustíveis fósseis e<br />
contribuem, assim, para uma maior segurança no custo da<br />
energia em longo prazo, e por um país cuja matriz energética<br />
se estabeleça diversificada (Kranzl et al., 2015).<br />
A Figura 5 (conferir no link ao final da publicação) demonstra<br />
que houve um crescimento significativo na produção<br />
de pellets no Brasil, nos últimos anos, passando de 61,5<br />
mil toneladas em 2013, para 504 mil toneladas em 2018<br />
(ABIB, 2019). Todavia, a produção ainda é pouco competitiva<br />
no mercado mundial, devido à falta de infraestrutura,<br />
baixa produtividade, juros altos e elevada carga tributária.<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
A partir dos resultados conclui-se que os pellets são<br />
biocombustíveis renováveis que possuem excelente<br />
62 www.REVISTABIOMAIS.com.br
potencial energético e baixo teor de cinzas. Além disso, é<br />
um produto de fácil manuseio, transporte e ocupa pouco<br />
espaço na armazenagem. Os pellets são excelente alternativa<br />
para mitigar a dependência dos combustíveis fósseis.<br />
A utilização da biomassa residual obtida diretamente do<br />
processamento da madeira é a alternativa mais recomendada<br />
para produção de pellets. Em detrimento de estar<br />
atrelado ao resíduo, menores custos de produção e maior<br />
índice de qualidade na produção de pellets, sem a necessidade<br />
de reprocessamento da matéria-prima e adequação<br />
granulométrica.<br />
A procura por energia limpa e renovável torna os pellets<br />
de madeira ou de outros materiais lignocelulósicos um<br />
biocombustível promissor. Sobretudo, o uso de biomassa<br />
adensada constitui-se em uma importante oportunidade<br />
de mercado para o país com grande possibilidade de<br />
expansão, considerando a possibilidade de exportar para<br />
os países europeus, o maior e o mais exigente consumidor<br />
de biomassa adensada do mundo.<br />
As projeções apontaram que até o ano de 2025 de 10%<br />
a 12% de toda a madeira industrial colhida no mundo será<br />
transformada em pellets. Constitui-se numa promissora<br />
oportunidade com produção em grande escala, baseada<br />
em plantações de eucaliptos e pinus dedicadas. É imprescindível<br />
que o Brasil assuma seu papel de protagonista na<br />
produção para abastecer o mercado interno e externo de<br />
biomassa adensada para uso energético.<br />
Para alcançar esse objetivo, um esforço específico de<br />
pesquisa deve ser realizado com envolvimento das empresas<br />
públicas, privadas e pesquisadores. A meta consiste<br />
em adquirir recursos tecnológicos nos processamentos da<br />
biomassa e alcançar os padrões de qualidade exigidos pelo<br />
mercado com fortes exigências.<br />
Link: https://downloads.editoracientifica.com.<br />
br/articles/220709457.pdf<br />
Equipamentos Industriais<br />
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AGENDA<br />
MARÇO 2023<br />
EXPOCANAS 2023<br />
Data: 29 a 2 de abril<br />
Local: Nova Alvorada do Sul (MS)<br />
Informações: https://expocanas.com.br/index.php/contato<br />
DESTAQUE<br />
MAIO 2023<br />
E-WORLD<br />
Data: 23 a 25<br />
Local: Essen (Alemanha)<br />
Informações: https://www.e-world-essen.com/en/<br />
JUNHO 2023<br />
ENASE (ENCONTRO NACIONAL DE AGENTES<br />
DO SETOR ELÉTRICO) 2023<br />
Data: 21 a 22<br />
Local: Rio de Janeiro (RJ)<br />
Informações: www.enase.com.br<br />
AGOSTO 2023<br />
FENASUCRO & AGROCANA<br />
Data: 15 a 18 de agosto<br />
Local: Sertãozinho (SP)<br />
Informações: www.fenasucro.com.br<br />
EXPOCANAS<br />
Data: 29 de março a 2 de abril<br />
Local: Nova Alvorada do Sul (MS)<br />
Informações: https://expocanas.com.br/<br />
index.php/contato<br />
Realizada em Nova Alvorada do Sul (MS),<br />
cidade com a segunda maior área de produção de<br />
cana-de-açúcar do Brasil, a Expocanas foi criada<br />
para reunir as maiores empresas e profissionais do<br />
segmento e evidenciar o que há de mais moderno<br />
para o setor, entre insumos, máquinas e equipamentos,<br />
estudos e pesquisas, inovação e tecnologia,<br />
desde o preparo da terra até a colheita. Em sua<br />
primeira edição, a intenção é que a EXPOCANAS se<br />
torne o maior evento do setor em todo o país, com<br />
mais de 58 mil m² (metros quadrados) de extensão.<br />
64 www.REVISTABIOMAIS.com.br
A <strong>Revista</strong><br />
Deseja a todos um Feliz Natal<br />
e um próspero Ano Novo!<br />
revistabiomais.com.br
OPINIÃO<br />
Foto: divulgação<br />
O QUE ESPERAR DE<br />
RESULTADOS DA COP-27?<br />
N<br />
o último mês, o Egito sediou a COP-27, a<br />
27ª Conferência da ONU (Organização das<br />
Nações Unidas) sobre Mudanças Climáticas,<br />
que teve como tema central as mudanças<br />
climáticas e a agenda 2050. Foi um dos maiores eventos<br />
no pós-pandemia para debater, discutir e propor<br />
ações para a melhoria da qualidade de vida no planeta<br />
e, em especial, o foco central voltado ao clima e à prática<br />
dos países em fazer valer os pactos iniciados neste<br />
milênio, em destaque os ODS (Objetivos do Desenvolvimento<br />
Sustentável).<br />
As principais razões do debate são as mudanças<br />
climáticas, que conforme divulgado este ano pelo<br />
IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças<br />
Climáticas), apresentaram dados que preocupam os<br />
países em relação aos efeitos climáticos no planeta e<br />
às catástrofes ambientais.<br />
Em recentes declarações, a ONU, por meio de<br />
um dos seus órgãos executivos sobre a convenção<br />
do clima, trouxe uma visão preocupante em relação<br />
às emissões, sendo que há um pacto de alcançar a<br />
neutralidade de emissões de carbono até 2050. Para se<br />
atingir a meta ambiciosa de 1,5 grau, é necessário um<br />
maior esforço de todos os países.<br />
O apelo se deve ao fato de que, na última reunião<br />
das grandes economias mundiais, revelou-se que esses<br />
países são responsáveis por 80% das emissões globais<br />
de GEE (gases de efeito estufa). Por isso, segundo<br />
analistas globais, a COP-27 deverá acontecer sob a<br />
ótica de um cenário de pressão, para que se possam<br />
alcançar as metas do Acordo de Paris.<br />
Segundo um importante relatório da The Nature<br />
Conservancy, “o aumento da frequência e intensidade<br />
desses eventos ameaçam a saúde e a segurança de<br />
milhões de pessoas ao redor do mundo, tanto por<br />
impacto direto quanto por consequências das dificuldades<br />
para produção de alimentos e acesso à água<br />
potável.”<br />
A grosso modo, especialistas pontuam que, por<br />
um lado, um grande avanço foi conquistado na COP-<br />
27, com a criação de um fundo de reparação – conhecido<br />
como Perdas e Danos – para países vulneráveis<br />
que não conseguem se adaptar às mudanças no<br />
clima. Mas por outro, temas essenciais no combate ao<br />
aquecimento global foram deixados de lado mais uma<br />
vez no texto final da COP-27, como a eliminação ou<br />
mitigação dos combustíveis fósseis.<br />
Por fim, clima, adaptação e vulnerabilidade, foram<br />
os temas mais debatidos e concorridos da COP-27.<br />
Ainda não há nenhuma certeza de resultados positivos<br />
e pactos globais a partir deste importante evento,<br />
mas o que se debateu anteriormente a isso são os<br />
acordos celebrados para uma agenda positiva 2030 e<br />
2050 nas questões socioambientais.<br />
Por Rodrigo Berté<br />
Ph.D. em Educação e Ciências Ambientais e pró-reitor de graduação do Centro Universitário Internacional Uninter<br />
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